Etiqueta: Transparência

  • #TwitterFiles confirmam censura sobre informação verdadeira e estratégia para desacreditar especialistas incómodos

    #TwitterFiles confirmam censura sobre informação verdadeira e estratégia para desacreditar especialistas incómodos

    Já não há dúvidas: o Twitter manipulou o debate sobre a pandemia de covid-19, censurando informação verdadeira mas considerada inconveniente tanto para a Administração Trump como para a Administração Biden. A revelação foi feita esta segunda-feira, no âmbito dos chamados “Twitter Files”, por David Zweig, autor que publica artigos de investigação. Segundo Zweig, o governo dos Estados Unidos pressionou outras redes sociais a censurarem conteúdos sobre covid-19. No caso do Twitter, antigos executivos da rede social tomaram a decisão de considerar que apenas os dogmas das autoridades públicas de saúde eram “A Ciência”, mesmo que outras visões de cientistas e médicos estivessem correctas. Zweig questionou: “Como teria sido esta pandemia e o seu rescaldo, se tivesse havido um debate mais aberto no Twitter e noutras plataformas das redes sociais — para não falar da imprensa mainstream — sobre as origens da covid, sobre os confinamentos, sobre os verdadeiros riscos da covid em crianças, e muito mais”?


    Nas novas revelações dos chamados “Twitter Files” – que têm desvendado antigas práticas de censura aplicadas pelo Twitter –, fica provado que aquela rede social censurou informação verdadeira sobre a pandemia de covid-19.

    Antigos funcionários e executivos do Twitter também censuraram contas de médicos e especialistas com visões e soluções diferentes das adoptadas pelo governo norte-americano na gestão da pandemia. Segundo as novas revelações, até contas de utilizadores comuns foram alvo de censura, sendo suprimida informação com dados oficiais verdadeiros da CDC (Centers for Disease Control and Prevention).

    Estas novas informações sobre censura aplicada pelo Twitter no passado, foram feitas esta tarde por David Zweig, autor que publica artigos de investigação, nomeadamente na revista The Atlantic, New York Magazine e Wired.

    Na segunda parte dos “Twitter Files”, já tinha sido tornado público que a rede social criou no passado listas negras para censurar contas de alguns utilizadores, incluindo especialistas de topo e vozes mais conservadoras. Um dos especialistas que foi alvo de censura por parte do Twitter, e que estava incluído em listas negras, foi Jay Bhattcharya, reputado professor da Universidade de Stanford e um dos três autores da Great Barrington Declaration, que defende uma gestão da pandemia de “protecção focada”, protegendo os grupos de maior risco.

    Mas muitos outros cientistas, académicos e médicos foram censurados, alguns foram mesmo banidos do Twitter, e só agora está a ser levantada a suspensão das suas contas.

    Os “Twitter Files” surgiram da vontade de Elon Musk, novo dono do Twitter, de expor as antigas práticas de censura da rede social. Musk tem estado a entregar documentos internos do Twitter a jornalistas independentes e autores para análise e publicação.

    Até agora, foi revelado que o Twitter censurou vozes conservadoras, suprimiu e desacreditou informação verdadeira sobre o escândalo envolvendo o filho do actual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

    O Twitter também censurou cientistas e especialistas de topo, executou “pedidos” do FBI e serviços de informação norte-americanos e ajudou o Pentágono a espalhar desinformação, incluindo através da criação de perfis falsos.

    A divulgação dos “Twitter Files” é feita através do Twitter, tendo sido essa a única condição acordada entre Musk e os jornalistas e autores encarregues da análise e publicação da informação.

    Mas ainda não tinha sido divulgada informação específica e detalhada sobre a censura em torno do tema covid-19, a qual é abordada nesta parte dos “Twitter Files” que foi hoje divulgada.

    Segundo Zweig, O governo norte-americano pressionou o Twitter e outras redes sociais a dar mais visibilidade a determinado tipo de conteúdos sobre covid-19 e a suprimir outro.

    A pressão sobre o Twitter para censurar conteúdos relativos à pandemia veio tanto da parte da administração de Donald Trump, como da administração de Joe Biden. Documentos internos do Twitter revelam que ambas as administrações colocaram pressão sobre antigos executivos do Twitter para moderarem os conteúdos sobre covid-19 partilhados na rede social.

    Segundo a nova informação tornada hoje pública por David Zweig, a administração de Trump manteve reuniões com representantes de redes sociais e grandes tecnológicas, incluindo do Twitter, Google, Facebook, Microsoft e outros.

    Mas a administração de Biden pediu mesmo que contas fossem banidas permanentemente e pressionou o o Twitter a censurar conteúdos sobre vacinas. Um exemplo dado é o do antigo jornalista do New York Times e escritor Alex Berenson, que fez diversos alertas sobre vacinas contra a covid-19 e foi banido pelo Twitter a pedido da Casa Branca. Berenson acabou por processar o Twitter e ambos chegaram a um acordo em Tribunal.

    Berenson alertou, diversas vezes, para o facto de as vacinas contra a covid-19 serem ineficazes a impedirem a infecção e a transmissão – como se veio a confirmar – e defendeu mesmo que as vacinas eram perigosas.

    Zweig contou: “um resumo, de Dezembro de 2022, das reuniões com a Casa Branca, de Lauren Culbertson, chefe de política pública dos EUA do Twitter, acrescenta novas provas da campanha de pressão da Casa Branca, e cimenta que repetidamente tentou influenciar diretamente a plataforma”.

    Aquela responsável do Twitter escreveu que a equipa de Biden queria que a rede social fosse mais agressiva na censura de conteúdos sobre a pandemia.

    Os antigos executivos da rede social não acataram todos os “pedidos” de censura da equipa de Biden, “mas o Twitter reprimiu opiniões – muitas de médicos e especialistas científicos – que entraram em conflito com as posições oficiais da Casa Branca”. “Como resultado, as conclusões legítimas e as questões que teriam ampliado o debate público desapareceram”, escreveu Zweig.

    A manipulação de conteúdos existia em relação a outros temas, como se tem comprovado com os “Twitter Files” e, “com a covid[-19], este preconceito inclinou-se fortemente para os dogmas do establishment“.

    Assim, “inevitavelmente, o conteúdo dissidente mas legítimo foi rotulado como desinformação, e as contas de médicos e outros foram suspensas tanto por tweetar opiniões como por informações comprovadamente verdadeiras”.

    Um dos alvos de censura e perseguição foi Martin Kulldorff, um reputado epidemiologista da Universidade de Medicina de Harvard e co-autor da Great Barrington Declaration, quando escreveu a sua opinião, como especialista, acerca das vacinas contra a covid-19. Apesar de a sua opinião ser a de um especialista conceituado e até estar em linha com a visão de alguns países, executivos do Twitter decidiram aplicar um aviso de “desinformação” ao tweet de Kulldorf.

    Num outro exemplo, o Twitter classificou como desinformação dados oficiais da norte-americana CDC partilhados por um verificador de factos sobre saúde.

    Curiosamente, este tweet com dados verdadeiros e oficiais da CDC foi publicado como resposta a um outro tweet, esse sim, com informação falsa, ao indicar erradamente que “desde Dezembro de 2021, a covid foi a principal causa de morte por doença nas crianças”. Esta informação é falsa mas o Twitter não só não lhe aplicou a etiqueta de desinformação como o tweet ainda se mantém na rede social e não foi apagado pelo Twitter.

    Também médicos foram visados pela censura do Twitter, simplesmente por partilharem resultados de estudos científicos verdadeiros sobre temas como as vacinas mRNA, como a comercializada pela Pfizer. Foi o caso de um médico que partilhou os resultados de um estudo que apontaram que, no caso dos jovens entre os 18 e os 39 anos, as vacinas mRNA contra a covid-19 foram associadas a situações de paragem cardíaca e não apenas miocardites.

    Um outro médico, acabou por ser banido do Twitter, após ter recebido várias etiquetas de desinformação. Um dos seus tweets era sobre um estudo científico revisto por pares que concluiu que as vacinas mRNA causam uma diminuição temporária da concentração de esperma e da contagem de espermatozoides e questionava se os reforços de vacina também tinham o mesmo efeito.

    Num outro exemplo de como era feita a moderação interna de conteúdos sobre a pandemia, um tweet onde Trump afirmou “não tenham medo da covid-19” resultou num debate sobre se devia ou não ser censurado. Jim Baker, antigo executivo do Twitter e que antes tinha trabalhado no FBI, questionou porque a afirmação de Trump não foi classificada como desinformação, levando Yoel Roth, antigo diretor de Trust & Safety do Twitter, a explicar que optimismo não era desinformação.

    Zweig conclui a divulgação desta nova parte dos “Twitter Files”, com uma série de tweets em que explica que o Twitter “tomou a decisão, através das inclinações políticas do pessoal senior e pressão do governo, de que a abordagem à pandemia das autoridades públicas de saúde – prioritizando a mitigação sobre outras preocupações – era ‘A Ciência’”.

    Toda a informação que desafiasse a visão oficial, como mostrar os riscos das novas vacinas, ou que podiam ser entendidas como estando a reduzir os riscos da covid-19, especialmente para as crianças, era sujeita a moderação ou mesmo supressão, independentemente de os factos estarem correctos ou de corresponderem a medidas que foram adoptadas em outros países.

    Zweig terminou, questionando: “Como teria sido esta pandemia e o seu rescaldo, se tivesse havido um debate mais aberto no Twitter e noutras plataformas das redes sociais — para não falar da imprensa mainstream — sobre as origens da covid, sobre os confinamentos, sobre os verdadeiros riscos da covid em crianças, e muito mais”?

    Além de Zweig, trabalharam nesta parte dos “Twitter Files” o autor Michael Shellenberger, o jornalista Leighton Woodhouse, o jornalista de investigação Lee Fang e a equipa do jornal independente The Free Press.

    [Pode ler aqui toda a cobertura do PÁGINA UM sobre os “Twitter Files”]

  • #TwitterFiles: Rede social ajudou o Pentágono a espalhar desinformação e propaganda

    #TwitterFiles: Rede social ajudou o Pentágono a espalhar desinformação e propaganda

    Depois de ser revelado pelos “Twitter Files” que o FBI punha e dispunha da rede social como se fosse uma sua “subsidiária”, ficou agora a saber-se que a rede social também ajudou o Pentágono a influenciar operações militares. Segundo a oitava parte dos “Twitter Files”, divulgada pelo jornalista de investigação Lee Fang, os anteriores executivos e funcionários do Twitter ajudaram o Pentágono a espalhar propaganda e informação falsa durante, pelo menos, cinco anos. A campanha de desinformação que o Twitter ajudou a espalhar incluiu a criação de perfis falsos e vídeos manipulados.


    O escândalo de dimensões gigantescas que está a ser exposto pela divulgação de documentos e mensagens internos do Twitter não pára de aumentar. Na oitava parte dos chamados “Twitter Files”, o jornalista de investigação Lee Fang revelou como os anteriores executivos e funcionários do Twitter ajudaram o Pentágono numa campanha de propaganda e desinformação.

    A ajuda do Twitter ao Pentágono, que durou cerca de cinco anos, permitiu que uma rede de contas falsas criadas pelo Pentágono manipulasse a opinião pública sobre os conflitos envolvendo o Iémen, o Iraque, o Estado Islâmico, a Síria e o Kuwait.

    As contas em causa publicavam frequentemente sobre as políticas das Forças Armadas norte-americanas no Médio Oriente, e mensagens desfavoráveis ao Irão. Para além da região árabe, algumas visavam profusamente a Rússia e a China.

    Estas informações, que vieram a público na noite de terça-feira, contrariam as afirmações que a gigante tecnológica fez no passado, quando anunciou estar a “investir fortemente” na transparência relativamente a “operações de informação” apoiadas pelo governo que constituíssem “comportamento coordenado de manipulação”.

    Com efeito, não só o Twitter permitiu actividade de propaganda militar pela Defesa norte-americana, como o fez durante anos. Em Julho de 2017, uma funcionária do Comando Central norte-americano (CENTCOM) – uma divisão do Departamento da Defesa – enviou à rede social uma lista de 52 contas em língua árabe para serem “whitelisted”, ou seja, terem o seu estatuto de verificação aprovado.

    Nesse mesmo dia, a empresa atribuiu-lhes ainda o “privilégio” de ficarem isentas da sinalização por spam ou “abuso”, e uma maior visibilidade e probabilidade de se tornarem “tendência”. Num dos e-mails, a CENTCOM disse que usavam as contas para “amplificar certas mensagens”.

    Embora inicialmente os perfis não escondessem ligações à Defesa norte-americana, mais tarde acabaram por se tornar totalmente ‘camufladas’ para se fazerem passar por pessoas reais. Várias das contas em questão acusavam o Irão de “ameaçar a segurança da água do Iraque” e de ficar com os “órgãos de refugiados afegãos”. Para simular a sua autenticidade, algumas tinham imagens de perfil criadas por Inteligência Artificial (denominadas deepfake). Uma delas alegava ser uma fonte de “opinião iraquiana”.

    As comunicações internas agora reveladas mostram que a rede social tinha conhecimento da operação de propaganda encetada pelas Forças Armadas norte-americanas, mas permitiu a manutenção das contas, mesmo estando em violação dos seus termos de utilização.

    De facto, muitas foram identificadas ainda em 2020, mas permaneceram activas ainda durante esse ano. Algumas só foram suspensas este ano, e outras não chegaram a ser eliminadas até hoje.

    Em Agosto passado, um relatório da Universidade de Stanford intitulado “Stanford Internet Observatory” ‘desmascarou’ a rede de propaganda que a Defesa norte-americana mantinha contra os seus “adversários” internacionais. A ‘operação’ utilizava várias redes sociais: para além do Twitter, também o Facebook e o Telegram.

    [Pode ler aqui toda a cobertura dos “Twitter Files” feita pelo PÁGINA UM]

  • #TwitterFiles: FBI cria “manto de desinformação” para apagar factos verídicos sobre filho de Joe Biden

    #TwitterFiles: FBI cria “manto de desinformação” para apagar factos verídicos sobre filho de Joe Biden

    Na sétima parte dos “Twitter Files, o escritor Michael Shellenberger revelou a campanha de desinformação levada a cabo pelo FBI e serviços de informação norte-americanos junto das redes sociais, e especialmente do Twitter, e de órgãos de comunicação social para desacreditarem informação verídica sobre o caso do portátil do filho de Joe Biden, actual presidente dos Estados Unidos, que mostrava relações promíscuas com empresas ucranianas. Ficou também a saber-se que os contribuintes norte-americanos pagaram, através do FBI, mais de 3,4 milhões de dólares ao Twitter, em pouco mais de um ano, para alegadamente compensar o tempo gasto por funcionários daquela rede social a responder às suas solicitações.


    O Federal Bureau of Investigation (FBI) e serviços de informação norte-americanos actuaram junto do Twitter e outras redes sociais e a imprensa para desacreditarem informação verídica sobre o caso do portátil de Hunter Biden, filho do actual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e então candidato presidencial.

    O escritor Michael Shellenberger divulgou ontem os “Twitter Files – Parte 7” onde demonstra como factos verdadeiros sobre os negócios de Hunter Biden na Ucrânia foram intencionalmente desacreditados para proteger a campanha de Biden para as eleições norte-americanas de Novembro de 2020.

    Segundo Shellenberger, o FBI pressionou o Twitter para que suprimisse a polémica história sobre o portátil de Hunter Biden, publicada pelo jornal New York Post em Outubro de 2020, que dava conta de negócios suspeitos entre o filho do actual presidente norte-americano e empresários ucranianos.

    A agência governamental disse mesmo a executivos da rede social que a descoberta dos conteúdos incriminatórios só poderiam constituir uma operação russa de “hack and leak” [pirataria informática e manipulação dos media]. Repetindo a narrativa da “desinformação russa”, o FBI tentou, e conseguiu, descredibilizar o caso como sendo uma “tentativa de interferência estrangeira” nas eleições presidenciais norte-americanas.

    Embora verdadeira, a notícia acabaria por ser censurada por diversas plataformas tecnológicas, incluindo o Twitter, que impediram a sua disseminação.

    A campanha de desinformação junto das plataformas de redes sociais e imprensa ocorreu antes e depois da notícia publicada no New York Post.

    Recorde-se que, no seguimento de uma intimação, o FBI se encontrava na posse do portátil de Hunter Biden desde Dezembro de 2019, após John Paul Mac Isaac, o dono de uma loja de computadores em Delaware, ter contactado a agência governamental. Sem ter obtido resposta do FBI durante meses, Mac Isaac decidiu, em Agosto de 2020, “dar” a história a Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova Iorque e antigo advogado de Trump, que posteriormente a transmitiu ao New York Post.

    Como salienta Shellenberger, muitos dos altos quadros do FBI tinham transitado em 2020 para o Twitter, com destaque para Jim Baker e Dawn Burton – que estiveram envolvidos numa investigação a Trump.

    Após o “furo” do New York Post, um dos executivos de topo do Twitter, Yoel Roth, admitiu internamente que a história “não viola claramente a nossa Hacked Materials Policy, nem está em clara violação de nenhum outro [termo]”, mas ressalvou, contudo, que “se parece bastante com uma subtil operação de fuga [de informação]”.

    Os documentos agora revelados mostram que Jim Baker respondeu questionando a autenticidade dos materiais encontrados sobre Hunter Biden, insistindo que teriam sido “hackeados” ou “fabricados”. Shellenberger considera, no entanto, “inverosímil” que Baker acreditasse realmente que os conteúdos fossem “falsos”, já que o FBI detinha o polémico portátil e um recibo assinado por Hunter Biden a comprovar que o aparelho era, de facto, seu.

    A procura por provas de uma eventual “interferência estrangeira” era então persistente: o FBI chegou a solicitar que o Twitter providenciasse informações que nem estava legalmente possibilitado de facultar, obrigando os executivos da rede social a colocar um “travão” aos pedidos da agência governamental. Na verdade, as agências de inteligência norte-americanas queriam mesmo que a rede social alterasse as suas políticas de forma a permitir a pretendida partilha de dados.

    Curiosamente, as preocupações do FBI sobre novas tentativas de “interferência estrangeira” pareciam infundadas. De facto, quando questionados pela agência – algo que aconteceu com frequência –, sobre a existência de actividade russa suspeita na rede social, os executivos do Twitter disseram ter identificado “muito pouca”.

    Este “processamento de solicitações do FBI” compensou financeiramente o Twitter, que conseguiu arrecadar mais de 3,4 milhões dólares em cerca de um ano. Num e-mail endereçado a Jim Baker em Fevereiro de 2021, um funcionário da rede social congratulou-se pelo montante auferido desde Outubro de 2019, acrescentando que seria canalizado para diversos projectos, alguns de carácter legal.

    A rede social agora liderada por Elon Musk não foi, porém, a única a enfrentar as tentativas de intromissão do FBI. O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, também chegou a admitir que a agência alertou a sua equipa, argumentando que tinha havido “muita propaganda russa nas eleições de 2016” e que uma revelação similar estaria prestes a suceder.

    Estas revelações, feitas ontem à noite, surgiram horas depois de Elon Musk, novo dono do Twitter, ter lançado uma sondagem questionando se deveria deixar a liderança da empresa. Cerca de 57,5% dos internautas, responderam que sim, sendo certo que Musk já anunciara em Novembro passado, pouco tempo após a aquisição do Twitter por 44,4 mil milhões de dólares, que não queria ser CEO (presidente executivo) de nenhuma das suas empresas, o que incluirá a Tesla e a Space X.

  • #TwitterFiles: FBI tinha na rede social uma “subsidiária” para censurar contas

    #TwitterFiles: FBI tinha na rede social uma “subsidiária” para censurar contas

    São cada vez mais preocupantes, num mundo que se quer democrático, e com liberdade de expressão, as revelações de mais um episódio dos #TwitterFiles, que mostram, em concreto, as interferências de organismos governamentais norte-americanos com política própria de censura. Na sexta série de documentos sobre as práticas da anterior administração desta rede social, ficou-se a saber que o FBI punha e dispunha do Twitter, como se fosse uma sua “subsidiária” para suspender contas por delitos de opinião, mesmo se fossem sátiras. Paradoxalmente, enquanto a imprensa mainstream quase ignora esta revelações, Elon Musk está a enfrentar um coro de críticas por suspender contas de jornalistas que insistiram em fazer doxxing, ou seja, revelar a localização exacta do avião do novo dono do Twitter.


    Enquanto a imprensa mainstream vocifera contra Elon Musk por ter suspendido temporariamente contas de jornalistas norte-americanos que revelaram a localização online do seu avião, continuam as revelações bombásticas sobre os procedimentos da anterior administração do Twitter. Ontem mesmo o novo dono da rede social já tinha feito um tweet comentando a divulgação da sexta série dos #Twitter Files, novamente a cargo do jornalista independente Matt Taibbi, com um “KABOOM”, seguido de ícones de cinco explosões.

    E, de facto, não é caso para menos. As revelações são mesmo bombásticas – ou seria, num período normal de imprensa livre e comprometida apenas com a verdade: segundo os documentos agora revelados, após as eleições presidenciais norte-americanas de 2016, o FBI e o Twitter desenvolveram uma estreita “parceria”, que aparentava mais do que uma colaboração, abarcando frequentes pedidos daquela agência governamental para que a gigante tecnológica tomasse providências em relação a contas que alegadamente partilhavam “desinformação” em períodos eleitorais. Porém, mais na linha dos democratas do que na dos republicanos.

    Elon Musk, novo dono do Twitter, tem estado a divulgar documentos internos da rede social que provam as antigas práticas de censura da empresa. Vozes do lado político mais conservador eram visadas pela censura, tal como cientistas de topo que se mostraram contra as medidas de alegado combate à covid-19.

    E nem mesmo os posts e contas de sátira e humor, independentemente de terem muitos ou poucos seguidores escapavam à censura na rede social para satisfação do FBI.

    Matt Taibbi afirma, nos tweets que começou a revelar ontem à noite, que estes contactos eram feitos de um modo tão “constante e generalizado” que o Twitter se comportava como uma “subsidiária” do FBI.

    Exemplifica: “Entre Janeiro de 2020 e Novembro de 2022, houve mais de 150 e-mails entre o FBI e o ex-chefe de Confiança e Segurança do Twitter, Yoel Roth”, acrescentando que uma grande parte destas comunicações eram advertências sobre alegadas violações das regras da rede social por parte dos utilizadores devido à difusão de desinformação eleitoral.

    Para além do FBI, a antiga administração do Twitter recebia ainda relatórios de outras agências governamentais que alertavam para conteúdos que constituíam alegada “desinformação”, incluindo uma chancela criada pelo denominado Centro para a Segurança na Internet, uma organização que actuava em parceria com o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês).

    No caso do FBI, Matt Taibbi explicou que a agência governamental começara por criar uma pequena task-force direcionada para as redes sociais – designada por FTIF – após as eleições presidenciais de 2016, quando Donald Trump derrotou a democrata Hillary Clinton. Essa “equipa”, porém, evoluiu para 80 agentes, que passaram a manter contacto com o Twitter, de modo a “identificar alegadas influências externas e quaisquer formas de interferência nas eleições”. E a actuar, claro.

    Logo em 5 de Novembro daquele ano, através de um e-mail, o Departamento de Comando de Eleições Nacionais (NECP na sigla em inglês) do FBI enviou ao Twitter uma longa lista de contas que, supostamente espalhavam desinformação sobre as eleições intercalares, e que, segundo sugeria, poderiam justificar “acções adicionais” por parte da rede social. Desta lista constava, por exemplo, a conta do actor Billy Baldwin, irmão de Alec Baldwin. A rede social respondeu prontamente, informando o FBI das providências tomadas. Hoje mesmo este actor norte-americano veio ironizar sobre a acção do FBI em silenciar a sua liberdade de expressão. “Isso é o trabalho de Elon Musk”, atirou.

    Matt Taibbi também diz não ter dúvidas, com base nos documentos disponibilizados por Elon Musk – que tem optado por ostracizar e mesmo criticar a imprensa mainstream –, de que a alegada interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 – e que teria contribuído para a vitória de Trump, suspeita que se revelaria falsa – serviu de pretexto para a criação de uma “máquina de censura” nas redes sociais. Um processo que este jornalista independente considera “análogo” ao incremento do “estado securitário” após o ataque do 11 de Setembro.

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    Em resposta a esta sexta parte dos “Arquivos do Twitter”, o FBI emitiu ontem um comunicado, salientando que “contacta regularmente com entidades do sector privado para fornecer informações específicas para as actividades subversivas, não declaradas, encobertas ou criminosas de actores malignos estrangeiros identificados”, adiantando que essas entidades é que “decidem de forma independente sobre qual a acção, se alguma, tomam nas suas plataformas e para com os seus clientes. Estas declarações do FBI foram classificadas por Matt Taibbi, na sua página de Twitter, como “desonestas em múltiplas frentes”, acusando a agência governamental de estar a fazer “controlo de opinião”, mesmo em utilizadores de redes sociais com poucos seguidores.

    O jornalista diz mesmo que aquilo que muitos começam a ver, nestas revelações, é como a existência de um “deep state” [“Estado paralelo”] é na verdade uma colaboração entre agências governamentais, empresas privadas e organizações não-governamentais (por vezes financiadas pelo Estado)”.

    Elon Musk tem ironizado com a polémica levantada pela imprensa mainstream sobre a suspensão de contas de jornalistas que fizeram doxxing.

    Desde que permitiu a divulgação de documento internos da anterior administração, nos já denominados “Twitter Files”, Elon Musk tem sido alvo de muitas críticas e de doxxing, uma forma de assédio em que é revelada na Internet a localização, em tempo real, da pessoa visada. Foi, aliás, invocando sérios riscos para a sua segurança e da sua família, que Musk alertou, no início da semana passada, que as contas que incorressem nessa prática seriam suspensas.

    No entanto, o multimilionário acabou por optar, após uma chuva de críticas das mais altas instâncias – incluindo Nações Unidas e Comissão Europeia –  pela realização de uma sondagem online, no Twitter para os seus seguidores – que já são mais de 120 milhões –, pelo que levantou a suspensão das contas. Mas não deixou de ironizar num tweet a postura da comunicação social mainstream: “Tão inspirador ver o recém-descoberto amor da imprensa pela liberdade de expressão”, escreveu Musk ontem à noite.

  • Antigo presidente-executivo do Twitter admite culpa em práticas de censura

    Antigo presidente-executivo do Twitter admite culpa em práticas de censura

    Perante a gravidade das revelações que têm sido feitas pelo caso “Twitter Files”, sobre as antigas práticas de censura da rede social, o ex-CEO da tecnológica, Jack Dorsey, veio assumir a culpa e dar algumas explicações. Dorsey defendeu que uma empresa como o Twitter deve ser resiliente contra a tentativa de controlo por parte de governos ou de empresas. Mas revelou que desistiu de tentar impor essa regra depois da entrada de um investidor activista no Twitter, no início de 2020, que pretendia afastá-lo do cargo. E alertou: “as empresas tornaram-se demasiado poderosas, e isso tornou-se completamente claro para mim com a nossa suspensão da conta de Trump”. E assume que o Twitter fez “a coisa errada para a Internet e para a sociedade”. Contudo, afastou que houvesse alguma agenda escondida ou planos ocultos por detrás das vastas práticas de censura, apesar de, na suspensão de Trump, a decisão ter sido claramente do foro ideológico e as mensagens internas apontarem para uma concertação entre executivos da rede social. Entretanto, o novo dono do Twitter, Elon Musk, sinalizou que poderão estar a caminho revelações sobre a censura que a rede social fez em torno do tema da pandemia de covid-19, com eventual envolvimento do governo norte-americano.


    Jack Dorsey, o antigo presidente-executivo do Twitter, assumiu a responsabilidade pelas práticas de censura praticadas pela rede social sob a sua liderança, que incluíram a suspensão permanente da conta do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sem que tivesse havido violação de regras da empresa.

    A reação de Dorsey foi feita no Twitter, onde remeteu para um texto publicado num blog. Esta resposta de Dorsey surge na sequência do caso “Twitter Files”, que trouxe à luz do dia documentos internos do Twitter que revelam a forma como antigos executivos da rede social censuraram contas de vozes conservadoras por motivos ideológicos, protegeram o então candidato presidencial democrata Joe Biden, e silenciaram cientistas de topo que se mostraram contra as medidas de combate à covid-19.

    Também se ficou a saber que o Twitter reunia com o FBI e outras agências de informação norte-americanas na tomada de decisões. [Pode ler aqui a cobertura do PÁGINA UM aos “Twitter Files”.]

    “Se quiserem culpar [alguém], culpem-me a mim e às minhas decisões ou falta delas”, asseverou Dorsey no seu texto. Explicando quais os princípios em que passou a acreditar, em relação ao funcionamento de redes sociais, após a sua experiência como co-fundador e líder do Twitter, Dorsey confessou que a rede social que dirigia “não atendia a nenhum” deles.

    O empresário assumiu ainda ter desistido da sua visão para a plataforma após a entrada de um accionista activista nas acções da empresa em 2020, momento a partir do qual diz ter começado a planear a sua saída.

    Dorsey não mencionou o nome do investidor mas tratar-se-á do fundo de investimento Elliot Management, de Paul Singer – um conhecido apoiante do Partido Republicano – que comprou, em Fevereiro de 2020, uma fatia de 4% do Twitter e movimentou-se para afastar o então CEO. Um acordo anunciado pelo Twitter, no início de Março, veio acentuar a perspectiva de saída de Dorsey e o reforço do poder do fundo na companhia.

    No seu texto, Dorsey começou por dizer que as redes sociais não se devem vergar ao “controlo corporativo e governamental”; a remoção de conteúdos deve ser reservada ao seu autor original, e a “moderação” deve ficar a cargo dos algoritmos.

    O empresário disse ser evidente que “os governos querem moldar e controlar o debate público” e que “usarão todos os métodos à sua disposição para o fazer, incluindo os media“. Para resistir a esse controlo, defende ser fundamental que as pessoas disponham de meios, e que esses meios sejam, em última análise, “detidos pelas pessoas”.

    Jack Dorsey

    Para Dorsey, no entanto, a suspensão da conta de Trump, tornou “completamente claro que as empresas tornaram-se poderosas demais”. O co-fundador do Twitter vê como uma ameaça que governos ou corporações possam dominar o debate público, uma vez que abre portas a um “controlo centralizado”.

    As informações expostas pelos “Twitter Files” evidenciaram um plano concertado pelos altos executivos da empresa para banir Donald Trump. Contudo, o antigo CEO da rede social disse continuar a acreditar que não existiram “más intenções ou planos ocultos”, e afirmou que a equipa agiu em concordância com “as melhores informações” que tinham na altura.

    Dorsey admitiu ainda que um dos seus maiores erros foi ter criado ferramentas para que fosse o Twitter a moderar o discurso, ao invés de ferramentas para que os próprios utilizadores o fizessem. “Acredito fortemente que qualquer conteúdo produzido por alguém para a internet deve ser permanente até que o autor original decida excluí-lo”, afirmou, acrescentando que “remoções e suspensões de conteúdo não deviam ser possíveis”.

    Elon Musk, novo dono do Twitter, tem estado a divulgar documentos internos da rede social que provam as antigas práticas de censura da empresa. Vozes do lado político mais conservador eram visadas pela censura, tal como cientistas de topo que se mostraram contra as medidas de alegado combate à covid-19.

    O empresário, que abandonou o cargo de presidente-executivo da gigante tecnológica em Novembro do ano passado, disse ser ainda seu desejo que “o Twitter e todas as empresas se tornem desconfortavelmente transparentes em todas as suas ações”. E confessou: “gostava de ter forçado mais [isso]”.

    Segundo Dorsey, a solução para um excessivo controlo corporativo e governamental do debate público passa obrigatoriamente por um “protocolo livre e aberto para as redes sociais”, que não esteja sob a alçada de uma única empresa ou grupo empresarial. E fornece alguns exemplos de projectos que, na sua opinião, estão a fazê-lo, como a Bluesky – que Dorsey fundou – e a Mastodon. O antigo CEO do Twitter comparou o seu modelo ideal a aplicar às redes sociais com a bitcoin e as redes descentralizadas, sendo que Dorsey é um adepto da criptomoeda mais valiosa do mundo.

    Um assumido defensor da libertação de Julian Assange, Jack Dorsey revelou, por outro lado, que gostava que os polémicos “Twitter Files” tivessem sido divulgados ao “estilo Wikileaks”, com “muito mais olhos e interpretações a serem considerados”.

    Elon Musk preferiu dar os documentos internos a jornalistas independentes, que os estão a analisar e a fazer as revelações, após ouvir também testemunhos de funcionários da rede social. Musk deixou completamente de lado os media mainstream, os quais critica frequentemente, acusando-os de parcialidade e falta de isenção. Aliás, poucos têm sido os grandes grupos de media a noticiar os “Twitter Files”, apesar da gravidade das revelações que têm emergido, e os que noticiam fazem-no sem dar destaque.

    person holding blue and white box

    Dorsey deixou também uma palavra relativamente aos antigos executivos do Twitter que, com as suas conversas privadas reveladas, estão entre os principais visados com a divulgação dos documentos internos da empresa. “Os ataques actuais aos meus ex-colegas podem ser perigosos e não resolvem nada”, argumentou.

    Saliente-se que Yoel Roth, o antigo chefe do departamento de Confiança e Segurança da rede social, tem sido alvo de ameaças, que se intensificaram durante o fim-de-semana, após rumores de que apoiava a pedofilia terem emergido. Na passada segunda-feira, a CNN noticiou, aliás, que o ex-funcionário do Twitter se viu mesmo obrigado a fugir de casa face a uma “tempestade de ataques”.

    Quanto ao futuro, Jack Dorsey mostrou-se otimista e confiante de que a rede social que liderou está a caminhar em direcção a compromissos de “transparência”. “Não há nada a esconder… apenas muito a aprender”, reiterou.

    Entretanto, aguardam-se novas revelações dos “Twitter Files”, antecipando-se que também surjam informações e documentos internos do Twitter sobre a censura que a rede social praticou em torno do tema da pandemia de covid-19.

    Depois de ter publicado, recentemente, um conjunto de tweets em que atacou ferozmente Anthony Fauci, conselheiro para a saúde do presidente dos Estados Unidos, Musk respondeu hoje a uma questão sobre a censura que o Twitter aplicou em torno do tema da covid-19.

    “Deixe-me adivinhar, descobriu mensagens entre executivos do Twitter e o nosso govt. [governo] (Fauci e equipa) a pressionar para a censura de alguém que não acompanhou a sua narrativa na covid?” questionou um utilizador no Twitter. Musk respondeu simplesmente com a imagem de um troféu.

    Antes, já tinha sido revelado que um dos criadores da Declaração de Great Brarrington, que defende uma gestão da pandemia concentrada na “protecção focada”, Jay Bhattacharaya, foi alvo de diversas ferramentas de censura pelos antigos executivos do Twitters. Outros cientistas de topo foram mesmo suspensos, como foi o caso do inventor da tecnologia de mRNA, Robert Malone, tendo agora Elon Musk levantado essa suspensão.

    Não foi só o Twitter que censurou cientistas e médicos durante a pandemia, tendo outras redes sociais executado acções similares, tal como grande parte dos maiores grupos de media, tendo chegado mesmo a permitir a divulgação de desinformação e artigos difamatórios sobre os “dissidentes”.

  • PÁGINA UM perde processo e, assim, Infarmed pode manter secreta troca de correspondência com a Agência Europeia do Medicamento

    PÁGINA UM perde processo e, assim, Infarmed pode manter secreta troca de correspondência com a Agência Europeia do Medicamento

    Sem mais de uma dezena de processos de intimação, PÁGINA UM não consegue ver reconhecido direito de acesso a documentos. Legislação feita à medida para proteger indústria farmacêutica em caso de problemas graves de saúde pública provocada por fármaco, a par de falta de sensibilidade do Tribunal Administrativo para reconhecer o papel determinante da imprensa, ditam a primeira derrota. Mas há outros motivos para acreditar nesta campanha do PÁGINA UM: noutro processo envolvendo o Infarmed, um despacho da juíza que analisa o acesso aos dados das reacções adversas das vacinas contra a covid-19 e do anti-viral remdesivir concordou com a audição do presidente do regulador. A audiência está marcada para o próximo mês de Janeiro.


    O Infarmed e a Autoridade Europeia do Medicamento têm agora ‘carta branca’ para eventualmente esconderem informação ao público sobre problemas com fármacos, e os jornalistas portugueses jamais podem ter pretensões de realizar análises de rotina à troca de comunicações e de documentação na posse destas entidades. Esta é, em suma, a interpretação do Tribunal Central Administrativo Sul, que negou provimento ao recurso do director do PÁGINA UM, através de um acórdão de finais de Outubro.

    Esta é a primeira derrota do PÁGINA UM, que acaba por conceder ao Infarmed o direito de manter secretos eventuais problemas com medicamentos, permitindo-lhe esconder informação relevante e/ou divulgar somente aquilo que os seus dirigentes acharem adequado, mesmo quando estejam em causa a saúde pública.

    Classified page 5 newspaper selective focus photography

    Em causa, neste processo, estava o pedido do PÁGINA UM PARA acesso “de todo e qualquer documento administrativo na posse do INFARMED que tenha sido transmitido por carta normal (em papel); por mensagem de correio electrónico, por outro qualquer sistema digital sonoro ou audiovisual pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) e outras entidades internacionais homólogas do INFARMED, desde 2020 até à presente data.”

    Recorde-se que o PÁGINA UM decidira, em Maio deste ano, recorrer ao Tribunal Administrativo de Lisboa para obrigar o Infarmed a revelar os documentos da EMA que enviara para o regulador português sobre o “corpo estranho” num lote de vacinas da Moderna. O Infarmed negou identificar o “corpo estranho”, que seria restos de mosquito, considerando ser matéria “confidencial”. O PÁGINA UM solicitou acesso a toda a documentação trocada entre o Infarmed e a EMA a partir de 2020 por ser a única forma de garantir não haver sonegação de documentação.

    Primeira página do acórdão do Tribunal Central Administrativo Sul.

    Contudo, já em finais de Junho passado, uma sentença do Tribunal Administrativo de Lisboa não dera, para este caso, razão ao PÁGINA UM, seguindo a tese do Infarmed.

    Nessa sentença, o juiz João Cristóvão considerava que, apesar dos direitos consagrados na Constituição da República e da Lei da Imprensa, o “pedido de informação apresentado” pelo PÁGINA UM “foi configurado de tal forma ampla que o torna susceptível de aceder a um universo quantitativo e qualitativo de documentos impossível de prever, mas sobre os quais impende uma presunção legal de confidencialidade.”

    O juiz referia também estar presumidamente em causa, nessa documentação, “segredo comercial, industrial ou profissional ou um segredo relativo a um direito de propriedade literária, artística ou científica”.

    O acórdão relativo ao recurso intentado pelo PÁGINA UM veio agora confirmar que, sim, a informação trocada pelo regulador português com a EMA é confidencial, beneficiando de “um regime especial” para o qual não se aplica a Lei do Acesso aos Documentos Administrativos. Ou seja, o diploma aprovado pelos políticos portugueses permite que Infarmed e EMA, em eventual articulação com as farmacêuticas, possam esconder do público casos graves que afectem a saúde pública.

    Por outro lado, o acórdão diz também que houve “falta de um mínimo de determinabilidade, quando no pedido de acesso à informação se pretende[u] toda e qualquer correspondência, entre as entidades aí referidas, por qualquer meio até à presente data”, mesmo se foi definido claramente um período temporal, e sabendo-se que essa informação pode legalmente ser disponibilizada por fases.

    Nessa medida, o acórdão, salienta que o pedido do Recorrente [director do PÁGINA UM] careceu “da devida identificação de modo a ser determinável e identificável, nem que seja para que o Recorrido/Infarmed possa fazer uso dos poderes descritos no art. 188º, nº 2 in fine [Decreto-Lei nº 176/2006], assim como para o Tribunal aferir da sua necessidade/pertinência”.

    Documento para pagamento das custas judiciais exigidas, como habitualmente, pela outra parte; neste caso, pelo Infarmed.

    Sobre o facto de o PÁGINA UM ter identificado em concreto o interesse em consultar toda a documentação que identificasse o “corpo estranho” presente num lote de vacinas contra a covid-19 da Moderna, o acórdão do Tribunal dá uma interpretação simultaneamente curiosa e preocupante: “(…) atento o princípio da proporcionalidade sempre haveria que na ponderação de interesses [divulgar ou esconder] salvaguardar informação científica e farmacêutica da qual inexiste a devida certeza de molde a evitar especulações ou receios infundados na população”.

    Em suma, para evitar especulação ou receio – infundados ou não – na população, o acórdão assinado por três desembargadores – Ana Cristina Lameira (relatora), Ricardo Ferreira Leite e Catarina Jarmela – acaba por considerar ser mais vantajoso esconder e, assim, nada se saber. No limite, morrer na ignorância. Os desembargadores também nada ponderaram sobre o direito constitucional dos jornalistas de acederem à informação, que, assim, neste caso, ficará no “segredo dos deuses”.

    Pela perda deste processo, o PÁGINA UM foi condenado a pagar as custas processuais, pelo que, além das taxas de justiça que teve de arcar (712 euros), teve o seu director que transferir mais 841,50 euros para os cofres do Infarmed.

    Saliente-se que este processo, agora perdido pelo PÁGINA UM, é independente da intimação que corre desde Maio passado no Tribunal Administrativo de Lisboa contra o Infarmed que recusa o acesso ao Portal RAM que contém as notificações das reacções adversas das vacinas contra a covid-19 e o anti-viral remdesivir. Neste caso, não há legislação que proíba o acesso, estando apenas em discussão se os dados são passíveis de serem anonimizados.

    Ainda hoje, a juíza responsável pelo processo fez um despacho a marcar uma audiência final na quarta semana de Janeiro do próximo ano para ouvir presencialmente testemunhas – o que não é situação comum –, entre as quais, com carácter de obrigatoriedade, o presidente do Infarmed, Rui Ivo Santos, por indicação do PÁGINA UM.


    N.D. Todos os encargos do PÁGINA UM nos processos administrativos, incluindo taxas de justiça e honorários de advogado, têm sido suportados pelos leitores e apoiantes, através do FUNDO JURÍDICO. Em caso de derrota, os custos podem, não incluindo honorários do nosso advogado, atingir mais de 1.400 euros. O PÁGINA UM considera que os processos, quer sejam favoráveis quer desfavoráveis, servem de barómetro à Democracia (e à transparência da Administração Pública) e ao cabal acesso à informação pelos cidadãos, em geral, e pelos jornalistas em particular, atendíveis os direitos expressamente consagrados na Constituição e na Lei da Imprensa.

  • #TwitterFiles: Trump foi banido pela administração anterior do Twitter apenas por razões ideológicas

    #TwitterFiles: Trump foi banido pela administração anterior do Twitter apenas por razões ideológicas

    Sem motivos válidos para silenciar Donald Trump, no início de 2021 os executivos do Twitter definiram uma estratégia para suspenderem a conta do então ainda presidente dos Estados Unidos. A pressão de funcionários da rede social venceu e a conta de Trump foi suspensa a 8 de Janeiro do ano passado, dois dias após a invasão do Capitólio. Enquanto isso, as contas de outros líderes políticos mundiais não foram suspensas, apesar dos conteúdos gravíssimos de alguns dos seus tweets. Esta é a mais recente revelação dos chamados “Twitter Files”, que têm demonstrado ainda como a rede social censurou vozes conservadoras, protegeu o então candidato presidencial democrata Joe Biden, e silenciou cientistas de topo que se mostraram contra as medidas de combate à covid-19.


    O Twitter decidiu banir Donald Trump a 8 de Janeiro de 2021, dois dias após a invasão ao Capitólio, apesar de os funcionários terem reconhecido explicitamente, em mensagens internas, que o antigo presidente norte-americano não tinha violado nenhuma das regras da rede social com os seus dois últimos tweets.

    Nas publicações em causa, feitas durante a manhã do dia da sua suspensão, Trump informava que não estaria presente na cerimónia de inauguração de Joe Biden. Escreveu ainda: “Os 75.000.000 grandes Patriotas Americanos que votaram em mim, AMERICA FIRST [América em primeiro], e MAKE AMARICA GREAT AGAIN [fazer a América grande outra vez], terão uma VOZ GIGANTE no futuro. Não serão desrespeitados nem tratados injustamente de forma nenhuma!!!”.

    Divulgadas durante a tarde de ontem pela jornalista Bari Weiss, as novas informações da quinta parte de “Twitter Files”, revelam as conversas entre os executivos da empresa que resultariam na eliminação da conta de Trump. [Pode ler aqui a cobertura que o PÁGINA UM tem estado a fazer deste caso.]

    Donald Trump

    Entre exclamações e congratulações, a suspensão de Trump foi efusivamente celebrada pelos funcionários da rede social. “Well this feels like a piece of history” [“bem, isto parece histórico”, comentou um deles]. Com efeito, como adianta Bari Weiss, vários membros do staff consideravam mesmo que a decisão só pecou por tardia.

    Houve, no entanto, alguns funcionários que não aprovavam a decisão. Um deles explicou: “talvez porque venho da China, percebo muito bem como a censura pode destruir o debate público”. Ao que obteve como resposta de um colega: “eu compreendo esse receio (…), mas a censura pelo Governo é muito diferente de censura ao Governo”.

    Os funcionários do Twitter não escondiam a vontade de banir Trump da rede social, e mais de 300 chegaram a redigir uma carta aberta, publicada pelo Washington Post, que instava o então presidente-executivo da empresa, Jack Dorsey, a tomar essa decisão.

    Mas havia um problema. A deliberação da equipa do Twitter responsável por ‘avaliar’ os tweets era clara: Trump não tinha violado nenhuma regra. Anika Navaroli, uma executiva da rede social, informou o staff: “[o departamento de] Segurança analisou o tweet de DJT [Donald John Trump] e determinou que não houve, desta vez, nenhuma violação das nossas regras”. 

    white ipad on red textile

    Não satisfeitos com o comunicado, menos de duas horas depois, alguns funcionários argumentaram que Trump incitou à violência de forma “codificada”. Vijaya Gadde, chefe do departamento de “Leis, Políticas e Confiança”, lançou dúvidas sobre se, os “patriotas americanos”, que Trump disse que “não iriam ser desrespeitados nem tratados injustamente de forma nenhuma” seriam os “invasores” do Capitólio. Estava assim dado o mote. Algumas horas depois, o Twitter anunciaria a suspensão por tempo indeterminado de Trump devido a “risco de incitamento acrescido à violência”.

    Depois de finalmente atingirem o seu objectivo, os funcionários do Twitter já engendravam novos actos de censura. Um membro da equipa disse que a conta de Donald Trump Jr [filho de Trump] “tinha também de ser fechada”. Outros, por seu turno, congeminaram então um combate à alegada “desinformação médica”. 

    Como destaca a jornalista Bari Weiss, a decisão de banir o antigo presidente norte-americano por “incitamento à violência” acaba por ser caricato face à ausência de reacção de tweets de outros líderes políticos com apelos directos e explícitos à violência e à discriminação.

    selective focus photography of stop road sign

    Foi o caso de um tweet do antigo primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, que afirmou em Outubro de 2020 que “os muçulmanos têm o direito de estar zangados e a querer matar milhões de franceses”. O Twitter apenas removeu a publicação por “glorificar a violência”, mas Mohamad não foi expulso da rede social.

    E há mais. Em Fevereiro de 2021, o governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ameaçou deter funcionários do Twitter na Índia por terem readmitido centenas de contas que o criticavam. Também esta situação não mereceu a suspensão da conta de Modi.

    Para além destes, Weiss refere ainda casos de dualidade de critérios do Twitter, que envolvem, por exemplo, o líder supremo iraniano, Ayatollah Khamenei, o actual presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, e o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed.

    Os antigos executivos do Twitter nunca suspenderam a conta do líder supremo do Irão, Ayatollah Khamenei,
    apesar do conteúdo de alguns dos seus tweets.

    Após a suspensão da conta de Donald Trump, algumas figuras políticas internacionais – incluindo o presidente francês Emmanuel Macron e a antiga chanceler alemã Angela Merkel – ainda chegaram a condenar a decisão. E Alexei Navalny, líder da oposição russa, qualificou, na altura, a conduta do Twitter como “um acto inaceitável de censura”. Mas a antiga administração da rede social manteve o banimento.

    Bari Weiss concluiu a quinta parte de “Twitter Files” explicando que não são as “decisões executivas” de uma rede social que estão em causa nesta investigação, mas o “poder de uma mão cheia de pessoas de uma empresa privada para influenciar o debate público e a democracia”.

  • #TwitterFiles: Musk quer Fauci no banco dos réus

    #TwitterFiles: Musk quer Fauci no banco dos réus

    No dia em que o Twitter admitiu ter criado regras exclusivas para banir o antigo presidente dos Estados Unidos Donald Trump da rede social, Elon Musk partiu para um ataque contra Anthony Fauci. Numa curta mensagem (tweet), o novo dono do Twitter escreveu de forma irónica: “Os meus pronomes são Processar/Fauci”. Antes, Musk publicara um tweet com uma imagem cómica (meme), tendo Fauci como alvo. O conselheiro-chefe para a saúde do presidente dos Estados Unidos tem sido o rosto de defesa de medidas rígidas, sobretudo durante a Administração Biden, como os confinamentos e o uso de máscaras, e também da toma obrigatória das várias doses de vacinas contra a covid-19. Musk, que lidera também a Tesla, tem estado a divulgar indirectamente documentos internos do Twitter que mostram como a rede social aplicava técnicas de censura a contas e conteúdos, incluindo de cientistas que criticavam a gestão da pandemia.


    O Twitter admitiu hoje que criou uma política nova para poder banir da rede social o antigo presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Mas, enquanto continuam a ser divulgados os “Twitter Files”, com as antigas práticas de censura aplicadas pela rede social, o novo dono do Twitter, Elon Musk, atraiu as atenções com um ataque feroz que lançou contra Anthony Fauci, o epidemiologista que abandona no final deste mês, dias depois de completar 82 anos, a liderança do Instituto de Doenças Infecciosas do país (NIAID, na sigla em inglês), e que aconselhou a Casa Branca no combate à pandemia de covid-19.

    O ataque de Musk a Fauci surge quando o Twitter está a divulgar as antigas práticas de censura aplicadas na rede social por ex-executivos, abrindo a especulação de que pode ter na manga informações sobre supressão de informação que tenha sido feita em torno do tema da pandemia de covid-19.

    Anthony Fauci, conselheiro-chefe de Joe Biden para a saúde.

    Musk, que é também co-fundador e líder da Tesla, fez na manhã deste domingo publicações provocadoras que visam Fauci, que se tornou no rosto das medidas drásticas e sem precedentes que têm sido aplicadas na pandemia de covid-19, como os confinamentos da população e a imposição de máscaras, bem como da toma das várias doses de vacinas, apesar de estas não impedirem nem a infecção nem o contágio. Fauci inspirou-se nas medidas implementadas na China no início de 2020.

    Além de ter partilhado um “meme” sugestivo com as figuras de Fauci e Joe Biden, onde se lê “Just one more lockdown, my king…” [“Só mais um confinamento, meu rei…”], Musk acrescentou uma hora depois um novo tweet: “My pronouns are Prosecute/Fauci” [Os meus pronomes são Processar/Fauci].

    Extremamente activo na sua rede social, Musk também escreveu que “o Twitter tem sido o Wormtongue para o Mundo”. Personagem (fictício) da obra do escritor J. R. R. Tolkien, O Senhor dos Anéis”, Wormtongue era o conselheiro-chefe do rei Théoden, representando alguém que não é de confiança.

    O ataque de Musk a Fauci acontece numa altura em que foram divulgados mais detalhes das operações de censura que o Twitter aplicava de forma vasta e tendenciosa ao longo dos últimos anos, e que teve como alvos desde um especialista de topo que era contra o confinamento na pandemia, como vozes do espectro político mais conservador.

    Nas informações mais recentes, tornadas públicas hoje, ficou a saber-se que os antigos executivos do Twitter criaram uma nova “política” com vista a poderem suspender permanentemente a conta do então presidente norte-americano Donald Trump, no rescaldo da invasão ao Capitólio no dia 6 de Janeiro de 2021, apesar da decisão ir contra os próprios termos da rede social.

    Estas são as principais informações que constituem a quarta parte da investigação denominada “Twitter Files”, publicada durante este sábado, e que expõe as reacções dos funcionários ao ataque ao Capitólio e subsequente escrutínio por parte de Trump e dos seus apoiantes, que foram acusados de difundir “teorias da conspiração” sobre uma alegada fraude eleitoral. Por “incitamento à violência”, o Twitter viria a expulsar o antigo presidente da plataforma em 8 de Janeiro do ano passado.

    Elon Musk tem vindo a delegar em jornalistas independentes, fora do mainstream, a tarefa de investigar e divulgar os documentos internos do Twitter. Os jornalistas têm também entrevistado funcionários da rede social. A divulgação da informação tem sido feita por partes, sempre através do Twitter, a única condição acordada entre os jornalistas independentes e Musk.

    [O PÁGINA UM tem acompanhado e divulgado as revelações tendo já publicado três notícias: sobre a primeira parte; a descoberta-surpresa que levou ao adiamento da publicação da segunda parte da informação; e sobre a segunda e terceira partes do caso.]

    A exposição de mais uma parte dos “arquivos do Twitter” ficou, desta vez, a cargo de Michael Shellenberger, activista climático e antigo candidato pelo Partido Democrata, depois dos documentos já revelados pelos jornalistas Matt Taibbi e Bari Weiss.

    A braços com pressões internas para banir Donald Trump da plataforma, o antigo CEO do Twitter, Jack Dorsey – que estava de férias na Polinésia Francesa na semana em que ocorreu o ataque ao Capitólio –, disse à sua equipa que a empresa “tinha de se manter consistente com as suas políticas, incluindo o direito dos utilizadores de regressarem ao Twitter após uma suspensão temporária”. No entanto, Dorsey acabaria por relegar grande parte das decisões a altos executivos, com destaque para Yoel Roth, antigo chefe do departamento de “Confiança e Segurança” da rede social.  

    As conversas agora divulgadas entre Yoel Roth e um funcionário cuja identidade não foi revelada, mostram o seu contentamento quando Jack Dorsey finalmente dá o seu aval para a criação do estatuto de “repeat offender”, que determinaria a suspensão permanente de um utilizador do Twitter após cinco “strikes” “[violações]” das normas, e que viria a ser aplicado para suspender a conta de Trump.

    Donald Trump era ainda presidente dos Estados Unidos quando foi alvo de políticas de censura por parte de ex-executivos do Twitter. A censura foi aplicada inclusive durante a campanha para as eleições presidenciais que acabaram por dar a vitória ao candidato do Partido Democrata, Joe Biden. O Twitter admitiu, no âmbito dos “Twitter Files”, que protegeu Biden, ao impedir a partilha de informação sobre o escândalo em torno do portátil de Hunter Biden, do filho do atual presidente dos Estados Unidos. O Twitter também censurou contas de utilizadores do espectro político conservador.

    No entanto, esta decisão foi tomada em “contra-mão” com as normas desta rede social. Como explica Shellenberger, havia uma “política de excepção” que permitia que os governantes se mantivessem na plataforma, mesmo se as suas publicações violassem as regras, pois estaria em causa matéria de interesse para o público.

    As mensagens reveladas mostram que Roth queria suspender também a conta de Matt Gaetz, um político conservador. Mas faltava-lhe um motivo. Assim, decidiu utilizar a mesma justificação que usou para expulsar Trump: “conspiração que incita à violência”.

    Além destes aspectos, a quarta parte dos “Twitter Files” revelou o pedido de Yoel Roth a um colega para que acrescentasse “stopthesteal” [“páremoroubo”] e “kraken” às “listas negras” de hashtags a serem censuradas. “Stopthesteal” aludia à manipulação das eleições que Trump e os seus apoiantes diziam ter ocorrido, e os funcionários do Twitter consideravam “notícias falsas”. Por seu turno, “kraken” foi um termo usado por proponentes da famigerada conspiração intitulada “QAnon”. 

    Shellenberger afirmou que os funcionários do Twitter utilizavam muitas vezes o termo “one-off”, e explicou que “O seu uso frequente revela discrição significativa dos funcionários sobre quando e se aplicar rótulos de advertência em tweets e ‘strikes‘ aos utilizadores.”

    Elon Musk comprou o Twitter em Outubro passado por 44 mil milhões de dólares e prometeu revelar antigas práticas de censura desta rede social.

    O “plano” encetado para suspender o antigo presidente da rede social mereceu, na altura, a reprovação de apenas um membro júnior da equipa, que declarou: “Pode ser uma opinião pouco popular, mas decisões ad hoc como esta, que não estão sustentadas na nossa política, são areias movediças (…) e reflectem um problema alternativo igualmente ditatorial (…)”. No passado, várias figuras públicas, incluindo a antiga primeira-dama, Michelle Obama, já tinham apelado a que as grandes tecnológicas de “Sillicon Valley” banissem Donald Trump das suas plataformas.

    Para contextualizar esta actuação contra Trump por parte dos executivos do Twitter, Michael Shellenberger lembrou que a cúpula da empresa é maioritariamente “progressista” [termo frequentemente utilizado para designar a esquerda radical] e que mais de 95% dos donativos políticos feitos pelos funcionários em 2018, 2020 e 2022 foram para democratas.

  • #TwitterFiles: ‘As pessoas normais não sabem o quanto fazemos’. Twitter confessa antigas práticas de censura, incluindo a Trump

    #TwitterFiles: ‘As pessoas normais não sabem o quanto fazemos’. Twitter confessa antigas práticas de censura, incluindo a Trump

    Novas revelações do “Twitter Files” — sobre as práticas de censura implementadas pelos antigos executivos do Twitter — mostram que a rede social criou “listas negras secretas” e aplicou ferramentas de censura à conta do antigo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que acabou mesmo por ser banido em Janeiro de 2021. As contas de utilizadores incluídas nas “listas negras” eram sujeitas a mecanismos que limitavam a sua visibilidade e alcance. O Twitter também impedia que certos tweets se tornassem populares — ou numa tendência, como é designada a popularidade na rede social — e limitava a visibilidade de determinados tópicos, incluindo temas relacionados com a pandemia de covid-19. Um grupo secreto de responsáveis do Twitter, ao mais alto nível, escrutinava as contas consideradas mais sensíveis. A investigação e divulgação destas informações está a ser feita por um grupo de jornalistas independentes, aos quais Elon Musk, novo dono do Twitter, deu acesso a documentos internos da rede social.


    Antigos executivos do Twitter criaram “listas negras secretas” para censurar contas e conteúdos e mantiveram reuniões regulares com o FBI e agências secretas dos Estados Unidos enquanto decidiam o que censurar na rede social.

    Nas mais recentes revelações da investigação denominada “Twitter Files”, também foi exposta a forma como executivos do Twitter usaram ferramentas de censura na conta de Donald Trump, quando ainda era presidente dos Estados Unidos, nos meses que antecederam as últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos, em 2020, as quais deram a vitória ao actual presidente norte-americano, Joe Biden.

    Antes de banir Trump no dia 6 de Janeiro de 2021 (J6), executivos do Twitter já aplicavam ferramentas que limitavam a visibilidade e alcance da conta do antigo presidente do Estados Unidos.

    Trump acabou mesmo por ser banido do Twitter a 8 de Janeiro de 2021, dois dias após a invasão do Capitólio. A investigação encontrou documentos internos que mostram que, nos meses anteriores à decisão de banir Trump, existia já um padrão de comportamento instalado, com uma deterioração das políticas da empresa, e os executivos do Twitter já violavam as regras enquanto reuniam com agências federais.

    Estas são as principais revelações da segunda parte e terceira parte de divulgação de informações produzidas por uma investigação conhecida como “Twitter Files”, conduzida por jornalistas independentes, com destaque para Matt Taibbi e Bari Weiss. A investigação é baseada em documentos que foram disponibilizados por Elon Musk, novo dono do Twitter, e também entrevistas a funcionários da rede social. As mais recentes revelações foram feitas entre quinta-feira e este Sábado.

    As próximas revelações, que serão feitas durante o fim-de-semana, vão debruçar-se sobre os momentos e dias que se seguiram à expulsão do antigo presidente norte-americano do Twitter.

    Twitter assume que houve política de censura sobre Donald Trump

    Segundo Weiss, a publicação de novas informações, em primeira mão, é sempre feita através do Twitter e essa foi a única condição acordada com Musk, tendo os jornalistas acesso livre a toda a documentação.

    Na segunda parte dos “Twitter Files” foi revelado como os executivos da rede social criaram “listas negras secretas”. Uma das contas que foi colocada em listas negras foi a de Jay Bhattacharya. Este reputado professor da Universidade norte-americana de Stanford, onde ocupa o cargo de director do Centro de Demografia e Economia de Stanford para a Saúde e Envelhecimento, foi uma das primeiras vozes a mostrarem-se contra a estratégia de confinamento, alertando que os lockdowns seriam muito prejudiciais para as crianças. Bhattacharya foi um dos três especialistas que escreveu a Great Barrington Declaration, a qual reuniu assinaturas de cientistas e médicos de topo em defesa de uma estratégia de combate à pandemia “focada na protecção”, mas que viria a ser censurada pela generalidade da imprensa mainstream, incluindo a portuguesa.

    Na primeira parte da divulgação de informação das antigas práticas do Twitter, revelado pelo jornalista independente Matt Taibbi, ficou exposto como antigos funcionários do Twitter executaram indicações da campanha presidencial de Joe Biden, para censurar informação sobre o caso polémico em torno do portátil de Hunter Biden, filho do actual presidente dos Estados Unidos.

    Documentos internos do Twitter revelaram como os executivos da rede social começaram a deixar para trás algumas regras da empresa e a implementar as medidas que desejavam.

    Entretanto, Bari Weiss ficou encarregue da divulgação dos “Twitter Files 2”, o que fez através da sua conta no Twitter e também via The Fress Press (A Imprensa Livre, em tradução livre), um órgão de comunicação social fundado por esta jornalista que foi editora no The Wall Street Journal e do The New York Times.

    No primeiro tweet de uma série de 30 tweets sobre o tema, Bari Weiss escreveu: “Uma nova investigação #TwitterFiles revela que equipas de funcionários do Twitter construíram listas negras, impediram que os tweets não apreciados se tornassem uma tendência e limitaram ativamente a visibilidade de contas inteiras ou mesmo tópicos de tendência — tudo em segredo, sem informar os utilizadores”.

    No caso do professor de Stanford Jay Bhattacharya, o primeiro exemplo que Weiss dá, “o Twitter colocou-o secretamente numa “Lista Negra das Tendências”, o que impediu que os seus tweets se tornassem uma tendência”.

    A jornalista dá outro exemplo como o da conta do apresentador de um popular talk show com uma orientação política de direita, Dan Bongino que foi incluído na “Lista Negra de Pesquisa”. Em outro exemplo, o activista conservador Charlie Kirk foi colocado numa lista negra de contas com ordem para não amplificar a sua visibilidade.

    Mas, destaca Weiss, o Twitter assumira sempre que jamais fizesse “estas coisas”, ou seja, que a política desta rede social nunca discriminaria ninguém. E a jornalista recorda mesmo que, em 2018, Vijaya Gadde, então responsável de Política Legal e Confiança do Twitter, e Kayvon Beykpour, director de Produto, garantiram que “não fazemos shadow ban (acto de reduzir visibilidade de contas e conteúdos)”. E reforçaram: “E certamente não fazemos shadow ban baseada em pontos de vista políticos ou ideologias.”

    A investigação da Bari Weiss apurou ainda que aquilo a que “muitas pessoas chamam de shadow ban, executivos e funcionários do Twitter chamam de Filtragem de Visibilidade ou VF [nas iniciais em inglês]”, aditando que “várias fontes de alto nível confirmaram o seu significado” aos jornalistas dos “Twitter Files”.

    A rede social, antes da entrada de Elon Musk na empresa, usou assim a VF para “bloquear pesquisas de utilizadores individuais; limitar o âmbito de descoberta de um determinado tweet; bloquear publicações selecionadas de utilizadores de alguma vez aparecerem na página tendências; e da inclusão em pesquisas de hashtag [tópicos começados com o símbolo #]”.

    Dois funcionários da rede social garantiram ainda aos jornalistas dos Twitter Files que controlavam “bastante a visibilidade e amplificação do seu conteúdo”, acrescentando que “as pessoas normais não sabem o quanto fazemos”.

    Para a prossecução destas práticas, o Twitter tinha um grupo que decidia quais as contas cujo alcance e visibilidade seriam limitados, baptizada de “Equipa de Resposta Estratégica” (Global Escalation Team, em inglês, ou SRT-GET). Este grupo “lidava frequentemente com até 200 casos por dia”, relatou Weiss.

    Mas existia ainda um segundo nível de decisão, além dos moderadores que seguiam a política da empresa que estava estabelecida “no papel”. Este segundo nível era conhecido como “Política de Integridade do Site, Suporte à Escalada de Políticas”, ou “SIP-PES”, nas iniciais em inglês. Este grupo secreto “incluía Vijaya Gadde, Yoel Roth, responsável Global de Confiança e Segurança, os presidentes-executivos subsequentes Jack Dorsey e Parag Agrawal, entre outros”.

    Elon Musk comprou o Twitter em Outubro passado por 44 mil milhões de dólares e prometeu revelar antigas práticas de censura desta rede social.

    Uma das contas escrutinada ao nível deste grupo secreto foi a Libs of TikTok — uma conta que estava na “Lista Negra das Tendências” e foi designada como “não tome medidas sobre o utilizador sem consultar com o SIP-PES”. Aquela conta — “que Chaya Raichik [a quem a conta é atribuída] começou em Novembro de 2020 e tem agora mais de 1,4 milhões de seguidores — foi alvo de seis suspensões só em 2022″. Em cada suspensão, a conta ficado impedida de publicar por uma semana.

    A autora da conta foi sendo informada de que a suspensão se devia a conduta de ódio, mas a investigação de Bari Weiss encontrou uma nota do grupo secreto “SIP-PES”, de Outubro de 2022, após a sétima suspensão, admitindo que a conta “não adoptou diretamente nenhum comportamento que violasse a política de Conduta de Ódio”.

    Weiss revelou também que o grupo justificou internamente as suspensões, alegando que os tweets da Libs of TikTok encorajavam o assédio online de “hospitais e prestadores médicos” ao insinuar que “os cuidados de saúde de afirmação de género equivalem a abuso ou aliciamento infantil”. Mas quando a morada e uma foto da residência de Raichik foram divulgados, o Twitter considerou que nenhuma regra tinha sido violada e permitiu que o conteúdo permanecesse online.

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    Entretanto, soube-se ao longo desta semana que a divulgação da segunda parte dos “Twitter Files” sofreu um adiamento depois de se ter descoberto que James Baker, um antigo advogado do FBI (Federal Bureau of Investigation), contratado pela anterior administração do Twitter em 2020, esteve envolvido no processo de selecção de documentos a serem fornecidos aos jornalistas que estavam a trabalhar nos “Twitter Files”.

    Segundo revelou Matt Taibbi, o advogado James Baker “é uma figura controversa”, é uma “espécie de Zelig de controvérsias do FBI, que remontam a 2016, desde o Dossier Steele até à confusão do Alfa-Server”. Taibbi lembrou ainda que Baker saiu do FBI em 2018, após uma investigação sobre fugas de informação para a imprensa.

    Musk acabou por demitir Baker e garantiu que iria divulgar toda a informação que encontrasse sobre as práticas de censura praticadas pelo Twitter no passado, admitindo que parte dos dados pudessem já ter sido apagados.

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    A divulgação das antigas práticas de censura do Twitter está a incomodar certos meios políticos, sobretudo do Partido Democrata, nos Estados Unidos, e também está a causar desconforto entre os media tradicionais, os quais se viram completamente postos de lado nesta investigação. Musk, que também lidera a Tesla, tem frequentemente criticado a actuação da generalidade dos media mainstream, os quais, em geral, têm recusado publicar notícias sobre os “Twitter Files”, com algumas excepções.

    Até agora, a documentação interna do Twitter já revelada mostra uma maior inclinação de antigos responsáveis e funcionários da rede social para censurar e perseguir contas e conteúdos de ideologia mais conservadora. Elon Musk veio recentemente já levantar a forte suspeita de que as práticas antigas do Twitter poderão ter favorecido a esquerda nas eleições no Brasil, embora até agora não tenha apresentado provas.

  • #TwitterFiles: Antigo funcionário do FBI, despedido por Elon Musk, estaria a condicionar libertação de documentos comprometedores

    #TwitterFiles: Antigo funcionário do FBI, despedido por Elon Musk, estaria a condicionar libertação de documentos comprometedores

    A divulgação de novos dados dos denominados #TwitterFiles sofreu um atraso inesperado, com a descoberta de que um antigo funcionário do FBI, James Baker, esteve envolvido no processo de selecção de documentos a tornar públicos, uma promessa de Elon Musk. Este advogado, contratado pela anterior administração do Twitter em 2020, acabou por ser despedido do Twitter, mas o novo dono desta rede social teme que haja documentos comprometedores que tenham sido apagados.


    Elon Musk, o novo dono do Twitter, garantiu hoje que continuará a divulgação de documentos internos desta rede social que provam actos de censura durante a anterior gestão, que visavam esconder informação comprometedora e influenciar a opinião pública.

    Esta é a mais recente reacção do multimilionário sobre os já denominados Twitter Files, que esta semana deveriam ter tido novas revelações, que foram suspensas após se descobrir que um dos membros da equipa responsável pela seleccção dos documentos, a entregar aos jornalistas, era o advogado James Baker, um antigo funcionário do FBI (Federal Bureau of Investigation), contratado em 2020 pela anterior administração da rede social.

    Elon Musk comprou o Twitter em Outubro passado por 44 mil milhões de dólares e prometeu revelar antigas práticas de censura desta rede social.

    O envolvimento de James Baker foi denunciado por Matt Taibbi, o jornalista independente, aparentemente escolhido por Musk, para revelar como, durante a campanha para as últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos, o Twitter executou um pedido da equipa de Joe Biden para censurar a divulgação de notícias sobre o famoso escândalo do portátil de Hunter Biden, filho do atual presidente norte-americano, e as suas ligações na Ucrânia.

    Taibbi revelou anteontem num tweet que “o processo para a produção dos ‘TwitterFiles’ envolveu a entrega [de documentos] a dois jornalistas [Bari Weiss e o próprio Taibbi], através de um advogado próximo da nova administração”, acrescentando que “depois do lote inicial, as coisas [novas entregas] tornaram-se complicadas”.

    Bari Weiss – uma jornalista independente que foi editora do The New York Times entre 2017 e 2020, resignando através de uma carta muito crítica às práticas dos media mainstream – foi quem descobriu a participação de James Baker. Taibbi revelou num tweet que Weiss teve uma reacção peculiar: “O meu maxilar bateu no chão”.

    O jornalista independente Matt Taibbi revelou a primeira série dos chamados Twitter Files.

    De facto, segundo revelações de Matt Taibbi, o advogado James Baker “é uma figura controversa”, é “uma “espécie de Zelig de controvérsias do FBI, que remontam a 2016, desde o Dossier Steele até à confusão do Alfa-Server”. Taibbi lembrou ainda que Baker “se demitiu [do FBI] em 2018 após uma investigação sobre fugas de informação para a imprensa”.

    Saliente-se que Baker trabalhou no FBI quando o diretor era James Comey, tendo tido um papel central nas revelações sobre o alegado conluio em 2016 entre a campanha presidencial de Trump e a Rússia, e que vieram a ser consideradas falsas. Baker trabalhou no FBI com operacionais como Peter Strzok e Lisa Page que assumiram uma postura anti-Trump.

    O advogado James Baker, antigo funcionário do FBI, e contratado pelo Twitter em 2020, estaria a condicionar a divulgação de documentos prometidos por Ellon Musk. Foi entretanto demitido.

    Elon Musk, aparentemente ignorava a presença de James Baker na equipa que estava responsável pela entrega dos documentos aos jornalistas. Anteontem, Musk disse num tweet que apenas soubera da participação daquele antigo funcionário do FBI no domingo passado, tendo depois acrescentado que o demitiu.

    Integrado num seu tweet, em que informava ser necessário mais algum tempo para novas revelações, e em resposta a um comentário do ex-presidente executivo do Twitter, Jack Dorsey, que apelava para serem revelados todos os documentos “sem filtro”, Elon Musk disse que “os dados mais importantes foram escondidos”, até mesmo a Dorsey, e que temia que “alguns podem ter sido apagados”. E garantia que tudo o que fosse encontrado seria revelado na íntegra.

    A primeira série dos Twitter Files puseram a nu a forma como a equipa do então candidato presidencial Joe Biden articulou com o Twitter a censura e supressão de informação sobre o famoso caso dos conteúdos do portátil do filho do actual presidente dos Estados Unidos, Hunter Biden, que mostravam as suas ligações comprometedoras à Ucrânia.

    Nesta fase, as revelações foram realizadas via conta do Twitter de Matt Taibbi, através de uma série de 36 tweets, também traduzidos para português e publicados no PÁGINA UM. A segunda fase da divulgação de informação vai ser agora feita pela jornalista Bari Weiss.

    A divulgação do despedimento de Baker e do seu envolvimento na selecção de documentos a divulgar ao público pelo Twitter atraiu alguma atenção da imprensa mainstream, que tem estado largamente a recusar publicar notícias sobre os Twitter Files. Na imprensa internacional, entre as excepções estão o The New York Post, a CNN Internacional e a Forbes.

    Troca de comentários entre Jack Dorsey, ex-presidente executivo do Twitter, e Elon Musk sobre a revelação dos documentos sobre antigas práticas de censura desta rede social.

    Contudo, após a demissão de James Baker a atenção mediática da imprensa mainstream internacional tem aumentado, mas não na imprensa nacional, que continua a ignorar um caso com repercussões políticas incalculáveis. Em todo o caso, observa-se um grande incómodo no sector dos media por estas revelações estarem a ser feitas por jornalistas independentes. Alguns jornalistas e responsáveis de media mainstream têm mesmo atacado Taibbi, com uma grande parte a repetir as mesmas expressões, acusando-o de estar a prestar um serviço de relações públicas a Musk.

    Até agora, a documentação interna do Twitter já revelada mostra uma maior inclinação de antigos responsáveis e funcionários da rede social para proteger o Partido Democrata nos Estados Unidos, censurando contas de personalidades com visões mais conservadoras. Essa postura da rede social estaria a ser escondida até do antigo CEO, Jack Dorsey, que aparentemente desconhecia os actos de censura cometidos sobre as notícias verídicas em relação a Hunter Biden.

    Elon Musk veio também já levantar a forte suspeita de que as práticas antigas do Twitter poderão ter favorecido a esquerda nas eleições no Brasil, embora até agora não tenha apresentado provas.