Numa luta pela verdade e pelo rigor científico, o PÁGINA UM tem tentado obter informação oficial com rigor. A Direcção-Geral da Saúde recusa sistematicamente. A Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos vai aprovando pareceres, a conta-gotas, mas adiando ou não aprovando outros, sobretudo quando são matérias políticas mais sensíveis.
Em dois anos de pandemia, o PÁGINA UM – que se encontra online somente desde 21 de Dezembro de 2021 – foi o único órgão de comunicação social a solicitar à Direcção-Geral da Saúde (DGS) o acesso a bases de dados oficiais e a outros documentos administrativos ao abrigo da Lei do Acesso aos Documentos Administrativos (LADA).
Este diploma legal, criado ainda na década de 1990, visa promover o chamado “arquivo aberto” na Administração Pública, e no caso da pandemia mostra-se essencial para compreender com exactidão o impacte da covid-19.
Até à data, o PÁGINA UM já solicitou informação distinta, mas bastante detalhada, em oito situações concretas, invocando sempre a LADA. Com excepção de um pedido ainda com o prazo legal de 10 dias em curso, a directora-geral da Saúde tem optado, de forma sistemática, em indeferir tacitamente – isto é, opta por manter o obscurantismo da Administração Pública, e nem sequer responde.
Entretanto, perante as ausências de resposta, de entre as sete queixas que o PÁGINA UM já endereçou à Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA), esta entidade a funcionar junto da Assembleia da República já tomou cinco decisões este ano, estando ainda duas por decidir. Destas duas, há uma cujo parecer teve já a sua votação adiada por duas vezes, por ser matéria politicamente sensível.
Trata-se do acesso à base de dados do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE), cuja queixa do PÁGINA UM foi endereçada à CADA em 10 de Novembro do ano passado. Através do SINAVE consegue-se, por exemplo, calcular com rigor e isenção a taxa de letalidade por idade discriminada, ou mesmo a taxa de letalidade dos vacinados e não-vacinados.
A outra queixa que ainda está para análise – neste caso dentro do prazo de 40 dias que a CADA tem para conceder um parecer – refere-se à base de dados e/ou relatórios referentes aos óbitos discriminados nos lares de idosos durante a pandemia. Portugal é um dos poucos países que nunca apresentou publicamente um relatório sobre o verdadeiro impacte da covid-19 nas denominadas estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI).
Nas restantes cinco queixas, a CADA já concedeu os respectivos pareceres: dois em Janeiro, e os outros três na semana passada. De entre estes cinco, apenas um não foi favorável às pretensões do PÁGINA UM, que entretanto apresentou uma impugnação, ainda não decidida pela CADA. Se a CADA mantiver a decisão, será obrigada a enviar o processo para o Ministério Público junto do Tribunal Administrativo de Lisboa, conforme determina a lei.
Neste caso trata-se também de mais outra base de dados politicamente sensível: o Sistema de Informação de Certificados de Óbito (SICO). Através da consulta dessa base de dados, com informação introduzida por médicos legistas e sem manipulação possível da DGS ou do Governo, seria possível, em poucos minutos, detectar com exactidão o número de óbitos efectivamente atribuídos à covid-19. E também as alterações nos óbitos de outras doenças e afecções durante os anos da pandemia face aos períodos anteriores, uma vez que o SICO tem essa informação desde 2014.
De entre os quatro pareceres com “vitória” para o PÁGINA UM, destaca-se aquele que foi aprovado ainda em Janeiro, referente à totalidade dos documentos da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19, que incluem não apenas os referentes às crianças, mas também todos aqueles que foram sendo elaborados desde a sua criação. Apesar desse parecer ter sido já aprovado por unanimidade pela CADA em Janeiro, Graça Freitas continua a recusar o acesso.
Podendo recorrer a Tribunal Administrativo para obrigar a DGS a ceder a documentação, o PÁGINA UM optou por requerer comentários sobre esta recusa de Graça Freitas aos diversos partidos com assento parlamentar, aguardando resposta.
Relativamente aos outros três pareceres aprovados também por unanimidade pela CADA, a informação que se espera ter acesso também é fundamental para aferir o impacte da covid-19 e avaliar a gestão pública da pandemia.
O primeiro parecer favorável obtido este mês pelo PÁGINA UM refere-se à queixa por ausência de autorização de acesso a documentos sobre surtos de covid-19 nos hospitais, ou seja, infecções nosocomiais em doentes internados por outras causas.
Em concreto, o PÁGINA UM requereu o “número total de infeções (casos positivos) por covid-19, e eventualmente discriminadas por unidade hospitalar e por mês (ou outro qualquer período temporal), adquiridas durante o internamento por outras causas, ou seja, que seja possível aferir do número de infeções nosocomiais de covid-19, desde o início da pandemia até à data da consulta a efetuar”. E ainda o “número total de óbitos atribuídos à covid-19 em doentes previamente internados por causas não-covid e que sofreram infeção nosocomial de covid-19 durante o internamento, e eventualmente discriminadas por unidade hospitalar e por mês (ou outro qualquer período), desde o início da pandemia até à data da consulta a efetuar”.
O PÁGINA UM tem indicações da existência de casos dramáticos de elevada mortandade em diversas unidades, mas essa informação tem de ser confirmada documentalmente.
O segundo parecer é relativo à ausência de acesso a documentos que mostrem a positividade dos testes PCR e de antigénio – isto é, número de testes e número de casos positivos – ao longo da pandemia, mas discriminados por idade ou agregada por faixa etária, e não apresentados na sua totalidade.
Aceder a essa informação permitiria saber, por exemplo, se se justificava o alarmismo nas escolas, ou se os lares de idosos (ou o grupo etário mais associado) estiveram mais sujeitos a infecções.
Por fim, o terceiro parecer refere-se à recusa de acesso a documentação que revela a evolução da incidência das diversas variantes do SARS-CoV-2 ao longo do tempo, e sobretudo as distintas taxas de letalidade, especialmente das variantes Alfa, Delta e Ómicron, tanto nos vacinados como nos não-vacinados.
A Gilead conseguiu ver aprovadas compras avultadas de um seu fármaco contra a covid-19 que veio a ser desaconselhado pela Organização Mundial de Saúde. Em Portugal foram cerca de 20 milhões de euros gastos, e poderia ter sido ainda mais. Mas, ao contrário de outros medicamentos “malditos”, como a ivermectina, o remdesivir sempre contou com o apoio de muitos médicos bem colocados, quatro dos quais integram a equipa da DGS responsável pelas terapêuticas a aplicar nos hospitais. E dois são mesmo membros do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, escolhidos pelo bastonário Miguel Guimarães. Todos receberam dinheiro directo da Gilead, e por causa do remdesivir. Não foram os únicos. O PÁGINA UM revela um caso que deveria ser de “polícia”.
A Gilead, através de um acordo com a Comissão von der Leyen, conseguiu vender, durante a pandemia, largas centenas de milhões de euros do fármaco remdesivir – um caro antiviral criado para o ébola –, mas que um poderoso lobby médico promoveu como remédio milagroso contra a covid-19, até que a Organização Mundial da Saúde (OMS) o desaconselhou em 20 de Novembro de 2020.
A própria OMS destacou que esse medicamente, comercializado sob o nome Veklury, “não é recomendado para pacientes internados com covid-19, independentemente da gravidade da doença, pois actualmente não há evidências de que melhore a sobrevida ou que evite a ventilação artificial”. Além disso, surgiram fortes suspeitas de efeitos renais graves.
Mas já era tarde para os cofres públicos portugueses. No mês anterior, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) fora mandatada pelo Governo de António Costa para comprar doses de Veklury num máximo de 35.376.645 euros, tendo o primeiro lote no valor de quase 19,5 milhões de euros sido comprado ainda em 2020. O primeiro contrato da DGS foi assim assinado em 23 de Outubro. Na Resolução de Conselho de Ministros, além de se referir o acordo feito pela Comissão Europeia, estava bem expresso uma justificação alegadamente terapêutica: o remdesivir estava “recomendado para os doentes internados com covid-19, de acordo com a Norma 004/2020” da DGS.
Negócio de milhõs
A decisão da OMS não era surpreendente, porque, na verdade, o remdesivir nunca antes mostrara resultados atractivos, excepto para determinados “especialistas” que, por exemplo, em Portugal sempre glorificaram o fármaco da Gilead. Quatro deles sempre estiveram incluídos na equipa de especialistas da DGS, que elaboraram a tal Norma 004/2020: Filipe Froes, Fernando Maltez, António Diniz e Maria João Brito. Todos receberam verbas da Gilead, e todos especificamente por causa do remdesivir.
As evidentes ligações destes médicos à Gilead mostraram-se logo nos primeiros meses da pandemia, e envolveram já três deles: em 16 de Julho de 2020, participaram num webinar entre as 19:00 e as 20:00 horas intitulado “Avanços no tratamento antiviral da covid-19: remdesivir, o primeiro tratamento aprovado”.
Com moderação de Filipe Froes – pneumologista do Hospital Pulido Valente, mas então apresentado como representante da Ordem dos Médicos para a Covid-19 –, contou com a participação de um médico espanhol (Alex Soriano) e de quatro médicos portugueses: Fernando Maltez (director do serviço de doenças infeciosas do Hospital Curry Cabral), Maria João Brito (coordenadora da unidade de infeciologia do Hospital Dona Estefânia), Tomás Fonseca (médico internista do Centro Hospitalar da Universidade do Porto) e Nuno Germano (responsável da unidade de cuidados intensivos no Hospital Curry Cabral).
Apenas por esta participação, Filipe Froes (através da sua empresa Terra & Froes) recebeu 1.230 euros, enquanto Fernando Maltez e Maria João Brito arrecadaram, cada um, 775 euros. Nuno Germano (através da sua empresa Germano & Emílio – Serviços de Saúde) arrecadou 630 euros, um pouco mais do que Tomás Fonseca, que amealhou 560 euros.
Filipe Froes, António Diniz e Francisco Antunes: três médicos (em conversa na Ordem dos Médicos) que receberam dinheiro da Gilead e que sempre elogiaram o remdesivir.
Médico no Hospital Pulido Valente, o pneumologista Filipe Froes – que lidera também o Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19 – é um dos clínicos portugueses com maiores ligações à indústria farmacêutica. Tendo arrecadado mais de 380 mil euros deste sector desde 2013 – com destaque para a Pfizer (134,5 mil euros), Merck Sharp & Dohme (85,5 mil euros) e BIAL (47,3 mil euros) –, a Gilead não poderia deixar de estar no seu radar. Facturou 13.480 euros em 2020 e 2021 desta farmacêutica.
Aliás, Froes aumentou assim o seu portefólio, porque antes da pandemia não tivera relações com essa empresa norte-americana. E fez de tudo para merecer as benesses da Gilead: em 2020 moderou dois webinares e integrou o grupo de consultores (advisory board) para o remdesivir; em 2021 foram mais quatro eventos.
O piscar de olhos de Filipe Froes à Gilead começou mesmo antes do surgimento do SARS-CoV-2 em território nacional. Em 29 de Janeiro de 2020, já falava naquele fármaco como potencial tratamento da covid-19, em entrevista ao Público. Em Abril desse ano, em plena “primeira vaga”, reforçou a ideia, em entrevista à Rádio Renascença. E continuou, sempre que lhe davam espaço mediático e oportunidade, sempre falou bem do remdesivir, especificamente. Mesmo já depois da OMS ter desaconselhado o seu uso, como ficou patente em declarações ao site Medic News, em 24 de Março do ano passado, no âmbito de mais um webinar patrocinado pela Gilead.
Quanto a António Diniz – que também se destacou como um dos membros do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19, escolhido pelo bastonário, o urologista Miguel Guimarães – consta na Plataforma da Transparência e Publicidade do Infarmed como tendo recebido, em duas tranches, 2.164,8 euros da Gilead especificamente como consultor (advisory board) para o remdesivir. Desde o início da pandemia, recebeu da Gilead 7.950,13 euros.
Fernando Maltez, por sua vez – que também é consultor da DGS – viu na pandemia uma oportunidade de negócio. Através de webinares e consultorias, recebeu da Gilead, em 2020 e 2021, um total de 17.342 euros. Do sector farmacêutico recebeu, neste período, 56.952 euros.
Especificamente sobre o remdesivir também foi convidado para consultor (advisory board) e integrou três webinares que debateram os alegados benefícios deste fármaco. Chegou mesmo a participar em dois programas do Rádio Observador para falar sobre a pandemia, supostamente como especialista independente, mas recebeu, para isso, 2.460 euros da própria Gilead.
Um dos webinares sobre o remdesivir, patrocinado e pago pela Gilead, e apoiado pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna.
As ligações de Maria João Brito à Gilead são mais ténues. Além da participação no webinar de Julho de 2020, pelo qual recebeu 774,90 euros, apenas teve outro apoio em 2021 desta farmacêutica no valor de 622 euros para um congresso de pediatria em Lisboa. Desde o início da pandemia recebeu 9.400,6 euros de nove farmacêuticas distintas.
Mas existem mais ligações fortes de conceituados médicos com o remdesivir e a Gilead ao longo da pandemia. Um desses casos é do Francisco Antunes, professor jubilado da Faculdade de Medicina de Lisboa.
Em 2 de Maio de 2020, afirmou à revista Sábado que este anti-viral era “muito credível”, acrescentando ainda que o facto de um estudo então revelado nos Estados Unidos “ter sido anunciado por Anthony Fauci, dá-lhe muita credibilidade”. No mês seguinte, por uma sessão de formação no âmbito deste medicamento, ganharia 1.390 euros, pagos pela Gilead. Passado menos de 30 dias, a mesma farmacêutica desembolsaria mais 2.004,90 euros para o compensar por uma formação interna dedicada ao… remdesivir.
Apesar de reformado, Francisco Antunes desdobrou-se, ao longo dos dois anos de pandemia, em intervenções um pouco por todo o lado, sobre a covid-19 e os avanços científicos no seu tratamento. Foi também presença habitual na imprensa, sempre interessada em “especialistas”. Também interessada nele esteve a Gilead. Ao longo de 2021, a Gilead pagou-lhe 21.970 euros para serviços de consultoria para a criação de um website sobre a covid, o qual é tão útil público que somente se acede por password.
Note-se que Francisco Antunes era já cara conhecida da Gilead. Antes da pandemia fizera parte da comissão de avaliação de prémios de investigação promovidos por esta farmacêutica (programa Génese), e em 2019 recebera 4.022 euros em diversos eventos.
Contudo, a partir de 2020 a sua conta bancária teve transferências de 27.726 euros proveniente da Gilead. Recebeu, já agora, no mesmo período, 21.999 euros da Merck Sharp & Dohme.
Uma entidade ligada à Universidade de Lisboa – a Associação para Investigação e Desenvolvimento da Faculdade de Medicina (AIDFM) – também beneficiou bastante com a Gilead e especificamente com o remdesivir.
Durante o ano de 2020, esta entidade recebeu desta farmacêutica 15.375 euros para um estudo intitulado “Análise do impacto de remdesivir na capacidade hospitalar do SNS” e mais 30.750 euros para o “Estudo de suporte do pedido de financiamento público de remdesivir no tratamento da covid-19”.
Já em 2021, recebeu mais verbas para o “Estudo comparativo sobre a utilização de remdesivir” (9.225 euros) e “Actualização do dossier de valor terapêutico de remdesivir (Veklury) na indicação aprovada” (12.300 euros). Este ano, no Portal da Transparência e Publicidade do Infarmed constam ainda mais dois estudos pagos pela Gilead: “Análise descritiva da utilização de remdesivir” (9.225 euros) e uma actualização do valor terapêutico (mais 12.300 euros).
Apesar de ser uma associação sem fins lucrativos criada por uma universidade pública, nenhum destes seis estudos – pelos quais recebeu um total de 89.175 euros – foi divulgado nem a direcção da AIDFM respondeu aos pedidos de informação do PÁGINA UM, que incluíam cópia dos relatórios efectuados, o mesmo tendo sucedido com a Gilead Portugal.
A farmacêutica norte-americana foi também particularmente generosa com a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares – que já foi presidida pela ministra da Saúde Marta Temido –, a quem entregou, durante os dois anos da pandemia, apoios no valor de 95.442,5 euros. Uma outra entidade bastante beneficiada durante a pandemia foi a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, que obteve um inédito apoio de 76.260 euros no ano passado. Em 2020 foram 14.967 euros.
Destaque-se, por fim, que o PÁGINA UM solicitou ao Infarmed o acesso à base de dados das reacções adversas (Portal RAM) para analisar os problemas detectados no uso terapêutico do remdesivir – até porque a compra do segundo lote previsto foi drasticamente reduzida, porque o fármaco deixou praticamente de ser usado -, mas esta entidade não respondeu. Aguarda-se o parecer da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA) sobre a queixa apresentada. A DGS também não respondeu a qualquer questão colocada pelo PÁGINA UM sobre esta matéria.
Nos congressos médicos não se discute apenas Ciência. Talvez se deva dizer que também se debate Ciência, porque, na verdade, esses eventos são sobretudo encontros de médicos onde se confirma a influência das farmacêuticas. O PÁGINA UM revela os números conhecidos do último Congresso Português de Pneumologia, e revela quem pagou e quem recebeu. E quanto. Basta conferir a lista no final. Por ordem alfabética. Não vai de A a Z, porque acaba em V, mas são quase quatro centenas de nomes. Há 677 pneumologistas em Portugal.
562.381,60 euros. Este foi o pecúlio que a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) arrecadou da indústria farmacêutica apenas para a organização do seu recente congresso nacional, que se realizou entre 11 e 13 de Novembro do ano passado, num luxuoso hotel de cinco estrelas em Vilamoura.
Cerca de dois terços (65,6%) deste pecúlio foi financiamento directo das farmacêuticas que desejaram expor o seu nome em uma das muitas iniciativas, cursos e outros eventos, onde a covid-19 foi “estrela”, embora não o tema único.
Quase todos os eventos contaram com um patrocínio de uma farmacêutica, com excepção da esmagadora maioria dos debates sobre a pandemia, onde, talvez por pudor da organização, nenhuma das principais farmacêuticas com fármacos contra a covid-19 quis estar com o nome associado. Ficava mal para a imagem de independência, claro.
Mas, contas feitas, houve farmacêuticas interessadas em apoiar a SPP: 13, apenas para o congresso, destacando-se a Boehringer Ingelheim (113.400 euros), seguindo-se a Pfizer (70.000 euros) e a BIAL (54.733 euros).
A parte restante – num total de 193.413,20 euros –, gasta pelas farmacêuticas, e que acabou por entrar também nos cofres da SPP, foi para custear inscrições e a moderação de cerca de 400 participantes, quase todos pneumologistas.
Como, segundo o Instituto Nacional de Estatística, estavam inscritos 677 pneumologistas em Portugal no ano de 2020, significa então, seguramente, que mais de metade dos médicos desta especialidade têm, em maior ou menor grau, ligações financeiras com farmacêuticas.
E isto apenas analisando inscrições de um simples congresso, onde a “independência” se mede em querer ou não gastar umas dezenas ou centenas de euros das finanças pessoais.
Com efeito, os pagamentos das inscrições neste congresso, em função dos eventos, situaram-se entre os 71 euros pagos pela Novartis para uma inscrição da pneumologista Andreza Lopes Machado e os 1.230 euros pagos pela BIAL à pneumologista Ana Sofia Oliveira, neste caso para lhe custear os incómodos de uma moderação.
Aliás, no âmbito deste congresso, a BIAL também pagou 1.230 euros a Carlos Robalo Cordeiro, e a Sanofi pagou 1.159,89 euros a Filipe Froes. Estes dois pneumologistas, com históricas ligações à indústria farmacêutica, foram signatários da denúncia à Ordem dos Médicos do médico Jorge Amil Dias, presidente do Colégio de Pediatria daquela associação profissional, por delito de opinião.
Só a Novartis – que não financiou directamente a SPP – gastou 48.294 euros no pagamento de 78 inscrições. A Boehringer Ingelheim gastou um pouco mais (49.678 euros) para desafogar as finanças de 104 profissionais da saúde, pagando-lhes as inscrições no congresso. Como também deu à SPP, de uma só assentada, 113.400 euros em patrocínios, os três “dias de festa” deste congresso resultou numa factura de 163.078 euros.
A BIAL desembolsou também valores consideráveis, superiores a 20 mil euros, para pagar inscrições de 38 participantes, enquanto a Mylan teve de gastar pouco mais de 16 mil para deixar 50 pneumologistas satisfeitos. Note-se que houve casos de profissionais de saúde que, por se terem inscrito em mais do que um evento ou curso, recorreram a mais do que uma farmacêutica.
Outras duas empresas deste sector – a Nippon Gases e a Gasoxmed – também pagaram inscrições acima dos 10 mil euros. A Pfizer ficou um pouco aquém: aos 70.000 euros entregues directamente à SPP, também descartou encargos a 27 pneumologistas e/ou outros profissionais de saúde, pagando-lhes inscrições.
O PÁGINA UM não questionou especificamente a SPP para saber se houve algum participante que, enfim, tenha pago a inscrição do seu próprio bolso, mas questionou esta sociedade médica no âmbito desta investigação jornalística, pedindo-lhe igualmente informação financeira, e não obteve qualquer reacção.
Lista completa de profissionais de saúde que receberam verbas de farmacêuticas para inscrição no XXXVII Congresso Português de Pneumologia (incluindo também apoios directos à SPP) – Fonte: Infarmed.
Adriana Sofia Correia Dias (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Alcina Maria Vicente Tavares Barroso Vicente (Nippon Gases) – 415 euros Alessandra Alencastro Pinheiro (Mylan) – 250 euros Alexandra Margarida Félix Carvalho (Boehringer Ingelheim) – 645 euros Alexandra Maria Almeida Carreiro (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Amélia Simas Ribeiro (Pfizer) – 431 euros Ana Alves Dias da Silva (Novartis) – 939,03 euros Ana Catarina Costa Custodio (Boehringer Ingelheim) – 765 euros Ana Catarina Rodrigues da Costa (Gasoxmed) – 580 euros Ana Cristina Azenha da Silva Lucas (Mylan) – 250 euros Ana Cristina de Mendonça Galveia (Nippon Gases) – 375 euros Ana Cunha Fonseca (Boehringer Ingelheim) – 435 euros Ana Daniela Silva Ferreira (Nippon Gases) – 665 euros Ana Filipa Ascensão Alves Santos (Novartis) – 426 euros Ana Filipa Caldeira Damásio (Pfizer) – 403 euros Ana Filipa Torres Silva (Mylan) – 475 euros Ana Filipa Torres Silva (Mylan) – 480 euros Ana Inês Ferrão (Gasoxmed) – 580 euros Ana Isabel Batista Correia (Boehringer Ingelheim) – 467,5 euros Ana Isabel Carvalhal Roque Loureiro (BIAL) – 831,43 euros Ana Isabel Carvalho Coutinho Alves Silva (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Ana Isabel Correia Viseu (Pfizer) – 275 euros Ana Isabel Reis Santos (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Ana Josefina Alves Gomes (Boehringer Ingelheim) – 495 euros Ana Luísa Ramos Costa e Silva (Novartis) – 426 euros Ana Luísa Santos Fonseca (Tecnifar) – 275 euros Ana Mafalda Van Zeller M Basto Goncalves (Novartis) – 526 euros Ana Margarida Antunes Cruz (BIAL) – 521,43 euros Ana Margarida Correia Valente A. Matias (Boehringer Ingelheim) – 150 euros Ana Margarida Correia Valente Agostinho Matias (Novartis) – 426 euros Ana Margarida Da Silva Gomes de Sousa Pires (Pfizer) – 389 euros Ana Margarida Ferreira Campos (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Ana Margarida Mendes Carvalho (Boehringer Ingelheim) – 745 euros Ana Margarida Mestre (Mylan) – 475 euros Ana Patrícia Almeida Serra Fernandes (Boehringer Ingelheim) – 250 euros Ana Paula Capitão Costa Silva (Pfizer) – 220 euros Ana Pedro Cunha Craveiro (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Ana Raquel Afonso Magalhaes Lopes (Boehringer Ingelheim) – 765 euros Ana Raquel Caldas Marcoa (Laboratório Medinfar) – 470 euros Ana Raquel Viana Silva (Novartis) – 275 euros Ana Rita Catarino Ferro (Gasoxmed ) – 765 euros Ana Rita Diegues Linhas (Laboratório Medinfar) – 200 euros Ana Rita Queiroz Rodrigues (Boehringer Ingelheim) – 585 euros Ana Rita Santos Fernandes (Boehringer Ingelheim) – 275 euros Ana Rita Sousa Osório (Gasoxmed ) – 865 euros Ana Sofia Alexandre Oliveira (BIAL) – 1230 euros Ana Sofia Maciel Campos Silva (Boehringer Ingelheim) – 765 euros Ana Sofia Martins Granadeiro (Novartis) – 326 euros Ana Sofia Moreira Pinto (Nippon Gases) – 535 euros Ana Sofia Silva Barroso (BIAL) – 596,43 euros Ana Teresa Silva Pereira Costa (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Ana Veronica Santos Cardoso (Laboratório Medinfar) – 200 euros Anatilde Pagaimo Trindade (Boehringer Ingelheim) – 765 euros André Filipe Morgadinho Fabiano (Boehringer Ingelheim) – 615 euros André Gouveia Santos (Mylan) – 375 euros Andrea Suzana Teixeira Lopes Machado (Novartis) – 71 euros Ângela Mafalda Mouco Martins (Nippon Gases) – 250 euros Ângela Maria Dias Cunha (Sanofi) – 740 euros Ângelo Costa Andrade (Boehringer Ingelheim) – 220 euros António Fernando Oliveira Meleiro (Novartis) – 520 euros António Filipe Tavares Junqueira M Serrano (Mylan) – 250 euros António Jaime Botelho Correia Sousa (BIAL) – 641,43 euros António José Santos Pinto Saraiva (Tecnifar) – 525 euros António José Simões Reis Martins Correia (Tecnifar) – 300 euros António Josué Martins Pinto (Novartis) – 700 euros António Manuel Fernandes Santos Costa (BIAL) – 220 euros António Manuel Gomes Miguel (Tecnifar) – 525 euros António Manuel Silva Duarte Araujo (BIAL) – 556,43 euros António Pedro Oliveira Ferreira Leite (Boehringer Ingelheim) – 467,5 euros António Pedro Sousa Fernandes (BIAL) – 629,7 euros Aurora Maria Caetano Lopes Bragança (Pfizer) – 481 euros Barbara Goncalves Rodrigues (Boehringer Ingelheim) – 515 euros Beatriz Martins (Novartis) – 150 euros Beatriz Santos Pacheco (Gasoxmed) – 495 euros Bebiana Conceição Fernandes Palheiros Conde (Novartis) – 800 euros Benedita Maria Amado Costa Neves Laranjeira (Mylan) – 325 euros Bernardo João Sousa Pinto (BIAL) – 391,43 euros Bruno Aguiar Mendes (Novartis) – 700 euros Bruno Gil Neto Gonçalves (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Carina Maria Rolo Silvestre (Pfizer) – 633 euros Carla Alves Costa Cardoso (Novartis) – 675 euros Carla Augusta Goncalves Rodrigues Damas (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Carla Cristina Sousa Nogueira (Laboratório Medinfar) – 750 euros Carla Marisa Fernandes Gomes (Boehringer Ingelheim) – 410 euros Carla Susana Maia Farinha Ribeiro (Novartis) – 700 euros Carlos Lopes Figueiredo (Novartis) – 700 euros Carlos Manuel Azevedo Alves (Nippon Gases) – 415 euros Carlos Miguel Gonçalves Fernandes (Mylan) – 250 euros Carlota José Freitas Olim (Mylan) – 250 euros Carolina Mariana da Silva Alves (Nippon Gases) – 555 euros Catarina Alexandra Bebiano Possacos (Nippon Gases) – 325 euros Catarina Alexandra Noga Salgueiro (Gasoxmed ) – 580 euros Catarina Carvalho Cordes Amaral Barata (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Catarina Costa Dias Sousa (Boehringer Ingelheim) – 515 euros Catarina Lacerda Couto Oliveira (Novartis) – 800 euros Catarina Maria Cruz Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Catarina Santos Marques (Novartis) – 325 euros Cátia Abreu Gonçalves (Mylan) – 250 euros Cátia Isabel da Silva Vieira (Grifols) – 375 euros Cátia Sofia Alves Pimentel (Novartis) – 500 euros Cecília Rodrigues Pardal (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Chantal Rodrigues Cortesao (Boehringer Ingelheim) – 745 euros Christine Silva Costa (Boehringer Ingelheim) – 150 euros Cláudia Catarina Ferreira Chaves Loureiro (Novartis) – 300 euros Cláudia Sabina Figueira Sousa (Boehringer Ingelheim) – 853,28 euros Cláudia Sofia Almeida Vicente (BIAL) – 341,43 euros Cláudia Sofia Raimundo Santos (Novartis) – 275 euros Cláudia Sófia Silva Martins (Pfizer) – 250 euros Cláudia Sófia Silva Martins (Pfizer) – 250 euros Cláudia Sofia Vaz Guerreiro (Novartis) – 645 euros Cláudia Vanessa Abreu Rocha (Mylan) – 250 euros Cláudia Vanessa Abreu Rocha (Mylan) – 250 euros Cristina Maria Sardinha Canhão Martinho (Nippon Gases) – 275 euros Cristina Maria Veiga Coxo (Mylan) – 375 euros Dália Nadina Cora (Mylan) – 475 euros Daniel Gonçalo Pereira Duarte (Pfizer) – 220 euros Daniel José Pires Coutinho (Mylan) – 220 euros Daniel Oliveira Reis (Nippon Gases) – 220 euros Daniel Pimenta Rocha (Boehringer Ingelheim) – 180 euros Daniel Pimenta Rocha (Nippon Gases) – 220 euros Daniela Costa Cardoso (Novartis) – 700 euros Daniela Costa Cardoso (Novartis) – 700 euros Daniela Maria Marques Costa Silva Alves (Janssen Cilag) – 325 euros Daniela Maria Sá Ferreira (Janssen Cilag) – 325 euros Daniela Sofia Madama Santos Silva (Merck Sharp & Dohme) – 481 euros David Noivo Gomes (Nippon Gases) – 635 euros David Tavares Teixeira Silva (Boehringer Ingelheim) – 615 euros Diana Alexandra Goncalves Pimenta (Pfizer) – 581 euros Diana Organista Machado (Novartis) – 850 euros Diana Sofia Costa Moreira Amorim (Novartis) – 600 euros Diana Sofia Moreira Sousa (Boehringer Ingelheim) – 320 euros Dina Maria Nunes Matias (Novartis) – 675 euros Diogo Emanuel Silva Ferreira Madureira Baptista (Novartis) – 600 euros Diogo Lopes Alves (Boehringer Ingelheim) – 580 euros Diva Fátima Goncalves Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Djaline Santiago Cardoso Silva (Mylan) – 325 euros Duarte Ari Diogo Rocha (Gasoxmed ) – 630 euros Dyna Torrado Martinez (BIAL) – 596,43 euros Edgar Luís Frutuoso Vaz (BIAL) – 646,43 euros Eduarda Filipa Fernandes Martins (Mylan) – 250 euros Eduarda Salomé Soares Seixas (Novartis) – 775 euros Elin Marina Pinheiro Almeida (Pfizer) – 379 euros Elisabete Maria Brás Patrício (Grifols) – 375 euros Elsa Guerreiro Cunha Fragoso (Novartis) – 800 euros Esmeraldo Correia Silva Alfarroba (Boehringer Ingelheim) – 530 euros Eurico Alves Rodrigues Silva (BIAL) – 731,43 euros Fábio Nascimento Pereira (Nippon Gases) – 465 euros Fernanda Isabel Macedo Gamboa (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Fernanda Margarida Afonso De Sousa (Grifols) – 375 euros Fernanda Maria Pereira Nascimento (BIAL) – 681,43 euros Fernanda Paula Carvalho Santos (Janssen Cilag) – 220 euros Fernando Gregório Barbosa Calvário (Tecnifar) – 180 euros Fernando Luciano Prazeres Meneses (Boehringer Ingelheim) – 275 euros Fernando Pedro Ribeiro Pereira Da Silva (Nippon Gases) – 210 euros Filipa Lemos Aguiar (Mylan) – 325 euros Filipa Lemos Aguiar (Mylan) – 360 euros Filipa Ribeiro (Gasoxmed) – 530 euros Francisca Godinho de Oliveira (Novartis) – 775 euros Francisca Trigueiros Pincão N. Guimaraes (Boehringer Ingelheim) – 530 euros Francisco Cadarso Vazquez (Mylan) – 220 euros Francisco Manuel Gamito Ferreira Q. Guerreiro (Boehringer Ingelheim) – 530 euros Francisco Neri Gomes (Laboratório Medinfar) – 750 euros Francisco Ribeiro Viana Machado (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Gabriel Humberto Pulido Rueda (Mylan) – 325 euros Gabriela Sofia Cancela Fonseca F Santos (Boehringer Ingelheim) – 615 euros Gisela Adriana Pereira Fontes (Gasoxmed ) – 580 euros Gloria Maria Costa Mendes Moura (Mylan) – 325 euros Gonçalo Carvalho Moura Portugal (BIAL) – 596,43 euros Guilherme Amaral Mendes (BIAL) – 646,43 euros Hedi Esteves Sequeira Liberato (Mylan) – 220 euros Helena Margarida Costa Guedes (Merck Sharp & Dohme) – 481 euros Helena Vasconcelos S. C. Ramos Guedes (Novartis) – 720 euros Henrique Cabrita Rodrigues (Novartis) – 700 euros Inês Antunes Cruz Goncalves Marcos (Tecnifar) – 325 euros Inês Da Silva Alves (Nippon Gases) – 525 euros Inês Domingos Neto (Pfizer) – 481 euros Inês Ferreira Duarte (Tecnifar) – 675 euros Inês Gomes Galiza (Mylan) – 325 euros Inês Maria Neves Soares Silva (Mylan) – 220 euros Inês Ribeiro (Gasoxmed ) – 495 euros Inês Silva Costa Castro Barreto (BIAL) – 596,43 euros Inês Silva Furtado (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Inês Teixeira Farinha (BIAL) – 681,43 euros Isabel Maria Costa Monteiro (BIAL) – 250 euros Isabel Ruivo Santos (BIAL) – 341,43 euros Ivone Jose Jardim Fernandes (BIAL) – 681,43 euros Ivone Maria Pascoal Pinheiro Silva (Novartis) – 275 euros Joana Carvalho (Pfizer) – 483 euros Joana Catarina Batista Canadas (Boehringer Ingelheim) – 515 euros Joana Catarina Fonseca Cirne (Boehringer Ingelheim) – 250 euros Joana Catarina Neto Lourenço (Mylan) – 480 euros Joana Catarina Vale Lages (Tecnifar) – 575 euros Joana Correia (Novartis) – 800 euros Joana Filipa Reis Aguiar (Boehringer Ingelheim) – 505 euros Joana Isabel Grãos Lobo Pimentel (Nippon Gases) – 220 euros Joana Isabel Teixeira Sousa Leite (Mylan) – 325 euros Joana Raquel Macedo Pacheco (Boehringer Ingelheim) – 150 euros Joana Raquel Macedo Pacheco (Novartis) – 700 euros Joana Raquel Monteiro Ferra (Boehringer Ingelheim) – 615 euros Joana Rita Seabra Patrício (Nippon Gases) – 555 euros Joana Rodrigues Barbosa (Novartis) – 700 euros Joana Rodrigues Ferreira De Melo (Nippon Gases) – 465 euros Joana Silva Arana Fonseca Ribeiro (Laboratório Medinfar) – 750 euros Joana Vieira Martins (Novartis) – 800 euros Joana Vieira Naia Silva (Boehringer Ingelheim) – 745 euros João António dos Santos Fernandes da Costa (Nippon Gases) – 415 euros João António Pires Bento (Boehringer Ingelheim) – 250 euros João Fernando Gomes Costa Cunha (BIAL) – 681,43 euros João Filipe Dias Cardoso (Novartis) – 800 euros João Galaz Tavares (Novartis) – 475 euros João Pedro Fernandes C. Oliveira Pereira (Boehringer Ingelheim) – 595 euros João Pedro Garcia Yglesias Oliveira (BIAL) – 596,43 euros João Pedro Neiva Machado (Novartis) – 600 euros João Ricardo Nunes Pires (Boehringer Ingelheim) – 580 euros Joaquim António Magalhães Castanheira Abreu (Novartis) – 325 euros Jorge Miguel Pires Gomes da Rosa (Gasoxmed ) – 865 euros José António Caiado Soares (BIAL) – 250 euros José António Romero Contreras (Nippon Gases) – 210 euros José Fernando Correia Cunha (Mylan) – 375 euros José Manuel Dias Pereira (Novartis) – 905,27 euros José Manuel Paulo da Silva (Sanofi) – 594 euros José Manuel Ramos Goncalves (BIAL) – 681,43 euros José Manuel Rodrigues Coelho (Mylan) – 325 euros José Manuel Rodrigues Coelho (Mylan) – 360 euros José Mota André (Tecnifar) – 475 euros José Pedro Felgar Pinto (Mylan) – 325 euros José Pedro Felgar Pinto (Mylan) – 180 euros Júlia Filipa Cunha Silva Gouveia (BIAL) – 831,43 euros Juliana Sofia Jesus Barata (Pfizer) – 379 euros Karl Jonathan Silva Cunha Granatin (Novartis) – 720 euros Kelly Goncalves Lopes (Boehringer Ingelheim) – 615 euros Leila Amaro Cardoso (BIAL) – 250 euros Leonor Hora Lopes Meira (Novartis) – 275 euros Leonor Rocha Pinto Norton (Mylan) – 375 euros Letícia Pavão Balanco (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Lídia Sousa Gomes (Novartis) – 800 euros Lígia Fernandes (Novartis) – 950 euros Lilia Vanessa Maia Santos (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Liliana da Silva Gomes (Gasoxmed ) – 695 euros Lúcia Méndez Gonzalez (Nippon Gases) – 555 euros Luciana Pimenta Bento (Gasoxmed ) – 530 euros Luís Diogo Lazaro Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 745 euros Luís Diogo Lázaro Ferreira (Nippon Gases) – 220 euros Luís Filipe Crespo Goes Pinheiro (BIAL) – 646,43 euros Luís Filipe Oliveira Rodrigues (Pfizer) – 403 euros Luís Miguel Matos Carreto (Boehringer Ingelheim) – 615 euros Manuel Filipe Sousa Fernandes (BIAL) – 596,43 euros Manuel Jorge Guerra Seada (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Manuel Luís Vasconcelos e Sousa Vasques Osório (Nippon Gases) – 755 euros Manuel Tiago Moreira Martins (Laboratório Medinfar) – 800 euros Marcia Rita Ferreira Araújo (Novartis) – 850 euros Margarida Inês Delgado Melo Cruz (Mylan) – 475 euros Margarida Inês Delgado Melo Cruz (Mylan) – 480 euros Margarida Isabel Geraldes Barreiros Costa Pereira (Nippon Gases) – 430 euros Margarida Isabel Marques Afonso (Novartis) – 590 euros Maria Adelina Azevedo Amorim Cordeiro (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Maria Antónia Glória Galego (Nippon Gases) – 210 euros Maria Aurora Lino Silva Neves (Novartis) – 1018,33 euros Maria Aurora Pinto Mendes (Nippon Gases) – 705 euros Maria Beatriz Dias Ferraz (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Maria Carmo Oliveira Cordeiro (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Maria Celeste Silva Alcobia (Mylan) – 250 euros Maria do Céu Vinha (Gasoxmed ) – 580 euros Maria Eduarda F. Vasconcelos Sequeira Pestana (BIAL) – 596,43 euros Maria Eduarda Milheiro Lacerda Tinoco (BIAL) – 511,43 euros Maria Emília Marques Alvares (Boehringer Ingelheim) – 580 euros Maria Fátima Lopes Teixeira (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Maria Fernanda Rocha Rodrigues (Boehringer Ingelheim) – 250 euros Maria Ferreira Esteves Simoes Brandao (Novartis) – 800 euros Maria Gabriel Silva Goncalves Jacob (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Maria Graça Carmo Freitas Nunes Ferreira (Laboratório Medinfar) – 200 euros Maria Inês Luz Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 445 euros Maria Inês Oliveira Gomes Costa (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Maria Inês Sousa Moreira (Boehringer Ingelheim) – 765 euros Maria João Costeira (Novartis) – 600 euros Maria João Freitas Ferreira Araujo (Novartis) – 750 euros Maria João Mar Pereira Cunha (Boehringer Ingelheim) – 250 euros Maria João Quitério Vieira Silva (Laboratório Medinfar) – 750 euros Maria Leopoldina Garez Gomes Turpin (Boehringer Ingelheim) – 665 euros Maria Lurdes Silva Ferreira (Pfizer) – 379 euros Maria Madalena Fernandes Emiliano (Novartis) – 700 euros Maria Marta Sampaio Nunes Duarte Silva (Boehringer Ingelheim) – 615 euros Maria Victoria Blanco Gonzalez (Mylan) – 360 euros Maria Victoria Blanco Gonzalez (Mylan) – 325 euros Mariana Barreira Calheiros B. Cabral (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Mariana Cunha Macedo Conde (Boehringer Ingelheim) – 745 euros Mariana Lima e Castro Guimarães (Mylan) – 325 euros Mariana Maia e Silva (Grifols) – 325 euros Mariana Maia e Silvia (Nippon Gases) – 150 euros Mariana Monte Rocha Baltazar Coelho (Mylan) – 325 euros Mariana Ribeiro Marçal (BIAL) – 661,43 euros Mariana Santos Conceição (Pfizer) – 379 euros Mariana Serino Barbosa (Boehringer Ingelheim) – 515 euros Mariana Simões Saldanha Mendes (Nippon Gases) – 220 euros Marina Alexandra Pereira Bonnet (Novartis) – 720 euros Marina Gabriela Moreira Alves (Boehringer Ingelheim) – 150 euros Marina Gabriela Moreira Alves (Novartis) – 700 euros Mário Alexandre Oliveira Pinto (Boehringer Ingelheim) – 615 euros Marisa Antunes Marques (Nippon Gases) – 535 euros Marisa Isabel Augusto Anciaes (Boehringer Ingelheim) – 445 euros Marta Sofia Nobre Pereira (Novartis) – 745 euros Marta Sousa Sá Marques (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Marta Susana Monteiro Drumond Freitas (Novartis) – 275 euros Miguel Filipe Guia (Novartis) – 575 euros Miguel Silveira (Novartis) – 325 euros Miguel Trigueiro Rocha Barbosa (Boehringer Ingelheim) – 765 euros Mónica Helena Correia Pereira (Nippon Gases) – 325 euros Nelson David Lameirão Serrano Marçal (Novartis) – 325 euros Nuno Filipe Machado Faria (Boehringer Ingelheim) – 745 euros Nuno Filipe Xavier Santos Pires (Novartis) – 675 euros Nuno Miguel Silva Fernandes (Boehringer Ingelheim) – 645 euros Nuno Miguel Sousa Macedo (Boehringer Ingelheim) – 250 euros Patrícia Alexandra Alves Jesus (Nippon Gases) – 605 euros Patrícia Alexandra Vieira Dionisio (Novartis) – 565 euros Paula Celestina Reis Pinto (Gasoxmed) – 580 euros Paula Maria Lima Cunha Vasconcelos Marques (Boehringer Ingelheim) – 645 euros Paula Maria Silva Freilão Ramos Cravo (Novartis) – 520 euros Pedro Duarte Silva Fernandes (Pfizer) – 379 euros Pedro Filipe Andrade Gomes Silva (Nippon Gases) – 465 euros Pedro Filipe Ferreira Americano (Nippon Gases) – 220 euros Pedro Jorge Pereira Magalhães Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Pedro José Ramalho Rodrigues (Novartis) – 800 euros Pedro Miguel Cruz Mendes (Laboratório Medinfar) – 750 euros Pedro Miguel Nogueira Costa (Novartis) – 850 euros Pedro Ricardo Pereira Barros (Boehringer Ingelheim) – 150 euros Pedro Ricardo Pereira Barros (Grifols) – 325 euros Pedro Samuel Martinho Pereira (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Pedro Soares Branco Tavares Costa (Laboratório Medinfar) – 750 euros Rafael Noya Martinez (Mylan) – 325 euros Rafaela Sofia Biga Campanha (Novartis) – 550 euros Raquel Borrego (Gasoxmed ) – 815 euros Raquel Maria Reis Marques (Boehringer Ingelheim) – 250 euros Raquel Matos Jesus Rosa (Boehringer Ingelheim) – 445 euros Ricardo Almeida Dias Mimoso Coelho (Novartis) – 500 euros Ricardo Belo Pereira Baguinho Quita (Boehringer Ingelheim) – 595 euros Ricardo Bruno Santos Silva (Boehringer Ingelheim) – 745 euros Ricardo Filipe Ramos Sousa (Boehringer Ingelheim) – 250 euros Ricardo Jorge Camara Crawford Nascimento (Laboratório Medinfar) – 750 euros Rita Agostinho Rodrigues N Carvalho (Mylan) – 325 euros Rita Luísa Santos Gerardo (Sanofi) – 735 euros Rita Susana Ferreira Lopes (Fresenius Kabi Pharma ) – 325 euros Robalo Cordeiro Lda. – Carlos Robalo Cordeiro (BIAL) – 1230 euros Rogério Paulo Pedreira Valente Matos (Pfizer) – 431 euros Rudi Mauro Pereira Fernandes (Boehringer Ingelheim) – 530 euros Rui Antonio Narciso Ribeiro Costa (Novartis) – 820 euros Rui Manuel Peixoto Costa (Merck Sharp & Dohme) – 187,98 euros Rui Miguel Mouro Santos Rolo (Tecnifar) – 275 euros Rute Alexandra Simões da Silva (Gasoxmed ) – 580 euros Samuel Tiago Fraga Salvador (Mylan) – 375 euros Sandra Afonso André (Tecnifar) – 475 euros Sandra Cristina Costa Figueiredo (Boehringer Ingelheim) – 220 euros Sandra Maria Oliveira Saleiro Ferreira (BIAL) – 220 euros Sara Andreia Gois Morgado (Boehringer Ingelheim) – 765 euros Sara Catarina Pimenta Dias (Novartis) – 850 euros Sara Filipa Ramos Correia Alfarroba (BIAL) – 220 euros Sara Isabel Braga Machado (Novartis) – 950 euros Sara Maria Costa Martins (Pfizer) – 379 euros Sara Moreira Silva Trindade Salgado (Mylan) – 220 euros Sergey Mikhailovich Borisushkin (Mylan) – 325 euros Shanshan Zhang (Gasoxmed) – 495 euros Sílvia Rosário Piteira Natário Lorenço (Mylan) – 250 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 150 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 200 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 300 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 6000 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 3575 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 975 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 7975 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 750 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 1100 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 5500 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 7500 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 20708 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Gilead) – 10000 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Bristol-Myers Squibb) – 15000 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Gasoxmed ) – 7500 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Laboratório Medinfar) – 6000 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Laboratório Medinfar) – 6000 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Pfizer) – 35000 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Pfizer) – 35000 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Teva Pharma) – 12000 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (GlaxoSmithKline) – 25335,4 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Grifols) – 15000 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Tecnifar) – 6000 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Tecnimede) – 6000 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (VitalAire) – 22000 euros Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Boehringer Ingelheim) – 113400 euros Sofia Pina Borges (Mylan) – 325 euros Sónia Isabel Silva Guerra (Pfizer) – 379 euros Soraia Alexandra Reis Santos (Boehringer Ingelheim) – 645 euros Susana Alves Ferreira (Nippon Gases) – 325 euros Susana Castro Luís Lopes Moreira (BIAL) – 511,43 euros Susete Marli Fonseca da Cruz (Novartis) – 325 euros Tânia Isabel Soares Duarte (Gasoxmed ) – 665 euros Tânia Sofia Morgado Fatal (Nippon Gases) – 525 euros Telma Chantal Almeida Sequeira (Boehringer Ingelheim) – 445 euros Telma Silva Lopes (Boehringer Ingelheim) – 360 euros Teresa Mafalda Ameixial Pequito (Nippon Gases) – 250 euros Teresa Maria Ferreira Almeida (Novartis) – 800 euros Teresa Martin Rioja (Novartis) – 575 euros Terras e Froes Lda. – Filipe Froes (Sanofi) – 1159,89 euros Tiago André Silva Santos (Boehringer Ingelheim) – 645 euros Tiago João Pais Maricoto (BIAL) – 596,43 euros Tiago Manuel Pombo Alfaro (Novartis) – 315 euros Tiago Matos Almeida Santos Gaspar (Mylan) – 325 euros Tiago Sá (Novartis) – 500 euros Vanda Sofia Barros Areias (Nippon Gases) – 485 euros Vanessa Maria Ferreira Santos (Boehringer Ingelheim) – 515 euros Vanessa Maria Ferreira Santos (Pfizer) – 220 euros Vanessa Maria Ferreira Santos (Pfizer) – 220 euros Vânia Caldeira (Novartis) – 800 euros Vânia Isabel Louro Fernandes (Novartis) – 700 euros Vânia Patrícia Martins Rocha (Pfizer) – 250 euros Vânia Patrícia Martins Rocha (Pfizer) – 250 euros Vânia Sofia De Jesus Almeida (Gasoxmed) – 580 euros Vera Cláudia Oliveira Clérigo (Boehringer Ingelheim) – 445 euros Vera Maria Santos Baptista Martins (BIAL) – 511,43 euros Viktoriia Vinagre (Mylan) – 250 euros Vítor Fonseca (Pfizer) – 379 euros Vítor Miguel Nóbrega Teixeira De Jesus (Laboratório Medinfar) – 318,25 euros Vitória Joana Sousa Silva (Gasoxmed) – 630 euros
Com avanços e recuos, os apoiantes da Caravana da Liberdade precisam de ter cada vez mais jogo de cintura. Depois do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, ter assumido poderes de emergência, aproxima-se mais um fim-de-semana de protestos aumentados.
Ao vigésimo dia de protesto, os manifestantes do Freedom Convoy continuam empenhados em não dar tréguas, apesar de alguns bloqueios na fronteira do Canadá estarem a dissipar-se, após a ponte Ambassador – que liga Windsor, na província canadiana de Ontario, a Detroit, nos Estados Unidos – ter sido reaberta no passado domingo. A Polícia Montada Real do Canadá – mobilizada ao abrigo da Lei de Emergências decretada por Justin Trudeau – prevê também que o porto de entrada de Emerson seja evacuado ainda hoje.
O primeiro-ministro canadiano decidiu entretanto utilizar a Lei de Emergência de Ordem Pública pela primeira vez desde a sua aprovação em 1988, dando-lhe poderes especiais durante 30 dias. No entanto, esta decisão mostra-se controversa.
Os cenários previstos na Lei de Emergência de Ordem Pública englobam problemas de segurança associados a actos de espionagem ou sabotagem, actividades com ligações ao estrangeiro, ameaças ou instrumentalização de actos de violência com fins políticos, religiosos ou ideológicos, e acções ilegais com vista a enfraquecer ou derrubar o Governo.
Nenhuma destas condições aparentemente se aplica a estas manifestações impulsionadas por camionistas, que têm sido sempre pacíficas.
Embora Trudeau tenha o apoio do primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, outras vozes têm-se manifestado contra. Por exemplo, o homólogo do Quebec, François Legault, já disse não querer esta lei aplicada à sua província. Legault – que anunciou há cerca de uma semana o alívio de várias restrições anti-covid na sua província – acredita que esta medida é “deitar achas para a fogueira”.
A Associação Canadiana para as Liberdades Civis, uma organização sem fins lucrativos fundada em 1984, também já expressou preocupação em se ver “deteriorar a democracia e os direitos civis” com a aplicação desta legislação especial.
Em todo o caso, o Governo de Trudeau poderá agora ordenar o reboque de camiões que estejam a incorrer em bloqueios. Por sua vez, os bancos poderão ser obrigados a congelar temporariamente contas de pessoas singulares ou colectivas sem necessidade de autorização do Tribunal, bastando que haja suspeita de serem utilizadas para financiar os protestos. Aliás, a angariação de fundos na plataforma GiveSendGo esteve suspensa durante alguns dias, mas foi novamente reactivada, com apoios a totalizarem já valores próximos de 9,5 milhões de dólares americanos.
Recorde-se que, há cerca de duas semanas, a maior plataforma mundial de crowdfunding, a GoFundMe, suspendeu a campanha e angariação de fundos do Freedom Convoy, por pressões do Governo canadiano, quando já estavam recolhidos 10 milhões de dólares canadianos, mas apenas libertado um milhão para os organizadores.
Entretanto, começaram a surgir “baixas” entre as autoridades. Após ter sido alvo de críticas pela forma como lidou com os protestos, o chefe da polícia de Ottawa, Peter Sloly, apresentou ontem à noite a sua demissão. Através de uma publicação no Twitter, disse que o fazia “com um coração pesado”.
Segundo a BBC, os residentes da capital preferiam que Sloly tivesse tido “mão pesada” contra os manifestantes, e consideraram a sua actuação demasiado branda.
Alguns habitantes insatisfeitos de Ottawa relataram mesmo um clima de proximidade entre as autoridades e os participantes do Freedom Convoy, acusando que chegaram a ocorrer jogos amigáveis de fist-bumps entre membros da polícia e os manifestantes. Essas acusações acabam, contudo, por ser uma “arma” dos manifestantes, que têm defendido sempre e reivindincado uma contestação pacífica, apesar das tentativas do Governo e de alguma imprensa em os colar a linhas ideológicas de extrema-direita e de grupos de teorias da conspiração.
Porém, as autoridades canadianas garantem que já efectuaram dezenas de detenções e emitiram milhares de coimas desde o início dos protestos. Ontem, a polícia canadiana revelou que quatro pessoas foram detidas e acusadas de planear o assassinato de oficiais. No entanto, continuam sem ser emitidas quaisquer imagens de desacatos ou movimentos considerados hostis por parte dos participantes.
Também hoje, um juiz do Tribunal Superior de Ontario decidiu prolongar por mais 60 dias a ordem que impedia os camionistas de buzinar, emitida na semana passada.
A Polícia de Ottawa lançou também, na manhã de hoje, um aviso a exigir que os manifestantes abandonem o centro da capital imediatamente, advertindo ainda que quem participar ou ajudar os bloqueios estará a cometer um crime. E nota-se agora uma presença mais musculada de polícias nas ruas, mas, por agora, sem quaisquer sinais de animosidade de ambos os lados.
As reacções a esta ameaça têm sido feitas com bonomia e mesmo humor: muitas pessoas fizeram uma espécie de procissão munidas de jerry cans vazios, incluindo crianças e adolescentes.
Texto editado por Pedro Almeida Vieira
N.D. – O PÁGINA UM, conforme defendeu em editorial, decidiu suspender a sua angariação pontual de fundos através do GoFundMe, onde tinha angariado 13.884 euros (valor bruto, sem deduções de cerca de 10% em comissões), passando a optar pela plataformaMIGHTYCAUSE.
Desde o início da pandemia, e especialmente no ano passado, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia não teve mãos a medir para receber dinheiro das farmacêuticas. Em 2021, ganhou, de forma directa, tanto como era normal em dois anos. E, no último biénio, os apoios da Pfizer cresceram 3.016% em comparação com o período homólogo anterior.
Em tempos de pandemia, desde o ano de 2020, a indústria farmacêutica reforçou os apoios financeiros à Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), sendo perfeitamente identificáveis as empresas com interesses directos em fármacos associados à covid-19 ou à gripe.
De acordo com a análise do PÁGINA UM aos financiamentos da indústria farmacêutica no último quinquénio, através do Portal da Transparência e Publicidade do Infarmed, os apoios da Pfizer – fabricante de vacinas contra a covid-19 e do antiviral Paxlovid – cresceram 3.106% nos dois últimos anos (2020-2021) face ao período 2018-2019.
Antes da pandemia, a farmacêutica norte-americana até tinha interesses na área da pneumologia – vendendo, por exemplo, a vacina pneumocócica – e apoiava as actividades da SPP, mas com verbas pequenas. Em 2017 concedeu 18.300 euros, no ano seguinte 6.000 euros, e em 2019 apenas 6.250 euros. Em 2020 ainda não se vislumbrou apoios de relevo, com o apoio a situar-se nos 12.000 euros.
Porém, no ano passado, a Pfizer fez um “esforço” nunca visto: 369.650 euros, sobretudo para pagar uma inédita campanha de sensibilização para a vacinação, mas não da covid-19; foi para a vacina pneumocócica, o que não deixa de ser estranho porque essa vacina em concreto é apenas recomendada para idosos e grupos de risco.
No entanto, também para o Congresso Nacional de Pneumologia, a Pfizer abriu os cordões à bolsa, dando um inédito apoio de 35.000 euros. Acresce a este montante, o pagamento de inscrições de 38 profissionais de saúde para este congresso que se realizou em Novembro passado, no valor de 14.820 euros, que acabaram nos cofres da SPP.
A portuguesa BIAL também reforçou bastante os apoios no último biénio à SPP. Embora não tenha qualquer fármaco associado directamente à covid-19, esta farmacêutica possui diversos medicamentos para doenças respiratórias, entre os quais o Clavamox, um antibiótico com aplicação para as bronquites e pneumonias, muito frequentes em estados subsequentes à infecção viral pelo SARS-CoV-2.
Se no triénio 2017-2019 os valores anuais da BIAL entregues à SPP se situaram entre os 13.530 e os 84.300 euros, nos últimos dois anos chegaram aos seis dígitos: 119.160 euros em 2020, e 166.751 euros, no ano passado. Além de apoios financeiros em congressos e outros eventos, a BIAL financiou webinares, tendo mesmo prometido em Março de 2020 criar “um fundo, com uma dotação de meio milhão de euros para as apoiar as diversas iniciativas da comunidade no âmbito do combate à pandemia covid-19”. A empresa portuguesa é agora a terceira mais generosa para a SPP no último quinquénio.
Quem também foi bastante generosa com a SPP foi a Sanofi. Apesar do “desaparecimento” da gripe, a Sanofi viu subir o seu negócio de venda das vacinas anti-gripais em Portugal, beneficiando de recomendações, por exemplo, do presidente da SPP, António Morais, e do pneumologista Filipe Froes.
Apoios do sector farmacêutico (em euros) à Sociedade Portuguesa de Pneumologia entre 2017 e 2021. Fonte: Infarmed.
António Morais chegou mesmo a dizer ao Observador que a vacina da gripe “estimulava a resposta imunitária geral”, sugerindo que até poderia trazer benefícios em caso de infecção pelo SARS-CoV-2. Froes ainda foi mais taxativo: por exemplo, em Junho do ano passado, este conhecido pneumologista com ligações fortes às farmacêuticas, defendia que “a reserva das vacinas da gripe tem que ser feita [em Portugal] com a máxima antecedência de maneira a garantir um número de vacinas que, cada vez mais, é escasso perante as solicitações dos outros países”: Resultado: a DGS comprou mais vacinas contra a gripe.
A Sanofi, que já aumentara substancialmente os apoios à SPP em 2020 (com um total de 58.889 euros) face aos anos anteriores à pandemia, ainda abriu mais a carteira no ano passado: 153.585 euros.
A AstraZeneca também mostrou maior interesse em apoiar ainda mais a SPP, sobretudo durante o ano de 2020, quando então estava tão bem colocada como a Pfizer para a venda de vacinas contra a covid-19. No primeiro ano da pandemia concedeu apoios na ordem dos 108.900 euros, valor que desceu para os 50.750 euros em 2021.
Note-se, contudo, que alguns importantes eventos da SPP financiados pelas farmacêuticas acabam remetidos para o ano seguinte nos registos da Plataforma da Transparência e Publicidade do Infarmed, como sucede com grande parte dos apoios dos congressos de pneumologia que, por regra, se realizam em meados de Novembro.
Curiosamente, a Gilead – que beneficiou de um contrato de 20 milhões de euros para a venda do antiviral remdesivir, e que teve Filipe Froes como consultor – não despendeu muito dinheiro com a SPP: apenas 17.500 euros nos últimos dois anos. Contudo, antes dessa data não lhe tinha concedido qualquer verba.
Outras empresas não directamente relacionadas com a covid-19 acabaram também por fazer fluir mais dinheiro do que o habitual para a SPP, entre as quais a Boehringer Ingelheim.
Com fortes interesses na venda de fármacos para tratamento de fibrose pulmonar e doença pulmonar obstrutiva crónica, esta farmacêutica alemã ainda é aquela que concedeu maiores apoios à SPP no último quinquénio (524.668 euros), mas ficou apenas em terceiro lugar no último biénio (269.600 euros), atrás da Pfizer e BIAL.
A Novartis – que foi a segunda farmacêutica com mais dinheiro entregue à SPP durante o último quinquénio – “desinvestiu”, tendo reduzido os apoios na ordem dos 25% no último biénio em comparação com o anterior. O mesmo sucedeu com a GlaxoSmithKline, a A. Menarini e a Roche, que também diminuíram os seus apoios, em alguns casos de forma significativa, o que também é demonstrativo do mecanismo de financiamento das sociedades médicas. Ou seja, o sector farmacêutico dá agora mais ou menos em função das suas receitas e/ou dos benefícios potenciais no presente e no futuro.
Refira-se que o PÁGINA UM contactou todas estas farmacêuticas e a SPP durante a preparação desta investigação jornalística, mas nenhuma concedeu informações nem respondeu às questões colocadas.
A Comissão Europeia quer manter a discriminação entre vacinados e não-vacinados, propondo o prolongamento do uso dos certificados digitais por mais um ano, até finais de Junho de 2023. E cita estudos que comprovam a “utilidade” das proibições de acesso como incentivo para a toma de mais doses da vacina. Caso seja aprovado o novo regulamento, além da manutenção de uma política segregacionista, com uma quarta dose serão vendidas pelo menos mais de 300 milhões de vacinas na União Europeia, um negócio superior a 6 mil milhões de euros para as farmacêuticas. E acrescem também custos operacionais de gestão dos certificados na ordem dos 10 mil milhões de euros.
Em contraciclo com as decisões de alguns países europeus – como a Dinamarca, Finlândia, Noruega e Reino Unido – em cessar já a discriminação dos cidadãos em função do seu estado vacinal contra a covid-19, a Comissão Europeia quer estender por mais um ano a aplicação dos certificados digitais para condicionar ou proibir a circulação aérea e o acesso a certos lugares públicos por não-vacinados.
Numa altura em que a pandemia se encontra já numa fase claramente endémica, a Comissão von der Leyen – adepta da imposição da vacinação obrigatória universal, incluindo a jovens e crianças – tem já pronta uma proposta de regulamento para prolongar até 30 Junho de 2023 o controlo de entradas através deste certificado, que apenas atesta a toma de vacinas ou a ocorrência de uma infecção recente.
Como os certificados têm agora uma validade de nove meses, a implementação desta medida garante às farmacêuticas pelo menos mais um reforço vacinal. No limite, quem tomou a chamada “dose de reforço” até finais de Novembro do ano passado terá de receber uma quinta dose para não sofrer restrições de circulação até ao meio do próximo ano.
No texto que acompanha a sua proposta de regulamento, a Comissão Europeia mostra ser uma fervorosa adepta do uso do certificado digital para o condicionamento de acesso em espaços públicos no interior de cada país (por exemplo, em restaurantes, ginásios ou eventos culturais e desportivos) como instrumento de “incentivo” para a vacinação. E menciona expressamente dois estudos que provam que a implementação do certificado digital convenceu muitos a vacinarem-se.
Num desses estudos, ainda em fase de working paper, investigadores belgas e franceses defendem que durante o Verão do ano passado os “certificados covid” contribuíram para um aumento substancial na aceitação de vacinas: mais 13,0 pontos percentuais (pp) na França, mais 6,2 na Alemanha e mais 9,7 na Itália. Ou seja, na verdade, assumem que as pessoas não se vacinaram por acreditar no poder de protecção da vacina; quiseram, sim, apenas continuar a movimentar-se livremente.
Mas os investigadores também garantem que o certificado salvou vidas, embora através de uma mera análise contrafactual – ou seja, fazendo estimativas sobre eventuais mortes que teriam ocorrido se não houvesse aquele aumento de vacinação. Na sua opinião, sem esse reforço de vacinação teriam morrido mais 3.979 pessoas por covid-19 na França, 1.133 na Alemanha e 1.331 na Itália, além de avultadas perdas económicas.
Saliente-se, contudo, que nestes três países – tal como, aliás, em Portugal – morreram mais pessoas por covid-19 no Verão de 2021 (com vacina) do que no Verão de 2020 (ainda sem vacina).
Noutro estudo (sem peer review), também mencionado pela Comissão Europeia, e que aborda igualmente a realidade do Canadá, aponta-se para uma subida semanal superior a 60% na primeira toma da vacina após a decisão das autoridades em impor o uso de certificado digital como forma de discriminação dos cidadãos não-vacinados.
Recorde-se que, na União Europeia, onde já se emitiram mais de mil milhões de certificados, a vacina contra os efeitos do SARS-CoV-2 só passou a ser obrigatória na Áustria, e para certas profissões em outros Estados-membros, como a Grécia e Hungria (para profissionais de saúde), na França (profissionais de saúde e forças de segurança) e na Itália (para as duas anteriores classes, e também para professores e trabalhadores de lares).
Estas decisões são polémicas, tanto mais que, por norma, nem os Estados nem as farmacêuticas assumem responsabilidades em caso de efeitos adversos. Em todo o caso, o Governo italiano já reservou 150 milhões de euros com vista a compensar eventuais reacções adversas da vacinação.
Face à relutância de uma franja importante da população em tomar a dose de reforço, a manutenção do certificado digital constitui assim uma forma de coerção e incentivo. Caso 80% da população europeia “vacinável” adira a um reforço, serão vendidas mais de 300 milhões de doses, o que representará um negócio de 6 mil milhões de euros para as farmacêuticas. Além disto, os custos operacionais previstos pela própria Comissão Europeia para o prolongamento do certificado digital podem ascender aos 10 mil milhões de euros.
A proposta da Comissão von der Leyen, apresentada no seu site em 23 línguas, está agora em consulta pública até ao próximo dia 8 de Abril, e a merecer já forte contestação, com uma elevada participação. Ontem, pelas 19 horas, o PÁGINA UM contabilizou 24.182 comentários, quase todos criticando o carácter desumano e discriminatório do certificado, até porque, como instrumento de controlo da doença, este papel não constitui nem garantia de não-infecção nem de não-transmissão da covid-19.
Hoje, pelas 16 horas, o número de comentários já ultrapassava os 28.000, sendo que 53% provinham da Itália, 9% da Alemanha e 8% da França e também da Holanda. Com 451 comentários, Portugal encontrava-se na nona posição (2% do total). Além das opiniões de cidadãos, a proposta de regulamento incluía já comentários de 106 empresas ou associações empresariais, 23 universidades, 18 entidades públicas, 22 organizações de consumidores ou não-governamentais, cinco sindicatos e outras tantas associações de defesa do ambiente.
A Comissão Europeia promete que “todos os comentários recebidos serão resumidos e apresentados ao Parlamento Europeu e ao Conselho a fim de contribuir para o debate legislativo”.
Nota: Para leitura integral da proposta da Comissão Europeia, e para elaborar comentários, pode aceder AQUI.
O PÁGINA UM vai fazer um diagnóstico completo aos financiamentos declarados entre farmacêuticas e sociedades médicas, vasculhando na base de dados da Transparência e da Publicidade do Infarmed, uma plataforma que deveria ser de fácil leitura e consulta, mas que tem as suas nuances. Este é o primeiro de um conjunto de artigos que mergulhará a fundo nas promíscuas relações entre médicos e farmacêuticas. Para já, fique a saber de quanto se está a falar quando se fala de dinheiro envolvido.
São 49 milhões euros nos últimos cinco anos. Foram quase 12 milhões de euros no ano passado. Não há nem nunca houve crise para as principais agremiações de médicos e de outros profissionais de saúde, que dão pelo título de “sociedade portuguesa” de uma qualquer especialidade.
Embora publicamente as suas opiniões, particularmente dos seus dirigentes sejam sempre vistas como independentes, na verdade as sociedades científicas de médicos e outros profissionais de saúde têm um cordão umbilical que se encontra bem preso, e que as alimenta, e que se chama indústria farmacêutica. E que tem depois retorno. Ninguém está interessado em o cortar. Até porque não há almoços de borla neste apetecível negócio. E há muitos que gostam. Menos a independência. E a deontologia.
Um levantamento exaustivo do PÁGINA UM à Plataforma da Transparência e Publicidade do Infarmed – uma “operação” mais complexa do que seria admissível (ver texto em baixo) – identificou 94 sociedades científicas (e um pequeno montante não identificado) – congregando quase todas as especialidades médicas e de outras áreas da saúde – que receberam montantes de 135 empresas do sector farmacêutico.
Para os últimos cinco anos, o PÁGINA UM identificou 5.745 eventos patrocinados pela indústria farmacêutica às sociedades identificadas, sobretudo para a realização de congressos, pagamento de quotas e despesas de funcionamento ou realização de campanhas de sensibilização e estudos.
Há de tudo um pouco, embora este levantamento até exclua, porque será abordado em artigo independente, os pagamentos individuais das farmacêuticas a milhares e milhares de médicos para inscrições em congressos e conferências organizados pelas sociedades. Esse dinheiro acaba, obviamente, nos cofres das sociedades.
Se o número de eventos impressiona pela quantidade – por exemplo, só no ano passado, o PÁGINA UM identificou 1.345 registos na base de dados do Infarmed envolvendo pagamentos de farmacêuticas às sociedades, o que representa mais de cinco por dia útil –, quando então se olha para os cifrões não restam dúvidas sobre a discreta, mas tenaz influência das farmacêuticas junto da classe médica e de outros profissionais de saúde.
E também não ficam dúvidas sobre o carácter pouco filantropo deste sector: as farmacêuticas são pragmáticas e apostam apenas nas sociedades que as podem depois beneficiar. O jogo é simples e transparente, diga-se.
Com efeito, analisando com detalhe a contabilidade anual das diversas sociedades – que excluem, assim, algumas poderosas agremiações, como a Associação Portuguesa de Urologia, a especialidade do actual bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães – verifica-se que as farmacêuticas olham para uns como filhos, e para outros como mendigos.
Comecemos pelos mendigos.
São 45 as sociedades que, no total do último quinquénio, receberam menos de 10 mil euros por ano. Seis nem sequer aos mil euros anuais chegaram. E não é por não precisarem.
Ninguém jamais duvidará da importância do objecto social da Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Familiar, ou da Sociedade Portuguesa de Neurociências, ou da Sociedade Portuguesa de Alcoologia ou até da Sociedade Portuguesa de Virologia, ademais vendo os tempos que correm.
Só que, para a indústria farmacêutica, estas e outras sociedades têm um problema: as respectivas especialidades receitam pouco, ou em pequena quantidade. Não dão retorno. Por isso, uma empresa como a Pfizer faz um acto de “caridade” à Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Familiar quando lhe concede 450 euros para um congresso, mas já estará a tratar de negócios quando entrega quase 370 mil euros num ano destinada a uma campanha de sensibilização da vacinação pneumocócica à Sociedade Portuguesa de Pneumologia, como fez no ano passado.
Na verdade, algumas sociedades médicas têm tanta capacidade para atrair farmacêuticas como a luz as melgas. Muitas sociedades sabem tão bem isto que colocam previamente tabelas de preços para patrocínio de congressos, para todos os gostos e bolsos. O modus operandi mais corriqueiro passa por “oferecer” aos interessados um de três tipos de patrocínios: Platina (só há, por regra lugar para um, mas paga-se bem), Ouro (geralmente mais do que um, mas menos de cinco), e por fim Prata. Escolhendo pelo menu, as farmacêuticas sabem logo o que têm, em termos de espaço de exposição e atenção, mas também quanto lhes custa esta bondade.
Em sociedades importantes, como por exemplo a de Cardiologia, um destes patrocínios não é coisa barata: no ano passado, a Novartis teve de pagar patrocínios deste género no valor de quase 310 mil euros. Em 2020, a AstraZeneca deu 80 mil; em 2021 ficou-se pelos 58 mil. Nenhuma das grandes farmacêuticas quer ficar para trás nas simpatias dos cardiologistas na hora dos congressos. Na lista de patrocinadores da Sociedade Portuguesa de Cardiologia contam-se 13 farmacêuticas que concederam mais de 50 mil euros apenas no ano passado.
Financiamento das 20 principais sociedades em função dos montantes atribuídos pelas farmacêuticas entre 2017 e 2021. Fonte: Infarmed.
Esta sociedade não surge aqui apenas como exemplo: é aquela que mais amealhou no último quinquénio: 6.817.254 euros. No ano passado atingiu o valor máximo dos últimos cinco anos (quase 1,93 milhões de euros), que deu para recuperar uma perda significativa de receitas no primeiro ano de pandemia: em 2020 “apenas” recebera 670.184 euros. Portanto, por exemplo, na hora de se falar em miocardites, convém sempre atender-se tanto às questões científicas como às de outra natureza.
Não surpreende também que as Sociedades de Medicina Interna e de Pneumologia surjam em lugar de destaque na atracção das liberalidades das sociedades farmacêuticas. A primeira não foi muito afectada pela pandemia – mesmo assim “perdeu” no ano de 2020 entre 100 mil e 200 mil euros face ao que recebia antes da pandemia. No último quinquénio garantiu “bondades” das farmacêuticas no valor de 5,86 milhões de euros.
Quanto à Sociedade Portuguesa de Pneumologia, o primeiro ano da pandemia não correu particularmente mal – recebeu um pouco mais de 786 mil euros –, mas 2021 superou as expectactivas, muito graças à Pfizer.
O ano passado acabou com os cofres desta sociedade médica a encaixar 1.301.972 euros de 25 farmacêuticas – e quase todas nunca falham apoio em qualquer ano, ou seja, são habitués. O quinquénio 2017-2021 concluiu-se com um pecúlio de 4,35 milhões de euros das farmacêuticas.
Também especialidades muito apetecíveis para as farmacêuticas são as de Reumatologia, de Oncologia, de Pediatria e de Gastrenterologia, cujas sociedades médicas não atingem os montantes das três que ocupam o pódio, mas não se podem queixar.
Todas receberam, nos últimos cinco anos, apoios das farmacêuticas entre os dois e os três milhões de euros. Todas também viram o ano de 2021 terminar com mais dinheiro nos cofres, um alívio particularmente para as Sociedades Portuguesas de Reumatologia e de Gastrenterologia que tiveram um impacte negativo com a pandemia. Como em 2020 o Governo decidiu suspender muitos actos médicos, menos diagnósticos resultaram em menos receitas e em menos fármacos vendidos (ou a vender), e portanto as farmacêuticas cortaram-se na hora de entregar o cheque a estas sociedades.
Um caso exemplar sobre os mecanismos de financiamento observa-se com a recém-criada Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde, que ainda se encontra em comissão instaladora desde 2019. Integrando profissionais com uma enorme influência na escolha dos fármacos a prescrever ou encomendar, sobretudo ao nível do Serviço Nacional de Saúde, rapidamente esta sociedade atraiu financiadores. Em 2019, por ser nova, apenas recebeu cerca de 85 mil euros, mas subiu logo para os 320 mil no primeiro ano da pandemia. Terminou o ano de 2021 com um pecúlio de um pouco superior 617 mil euros das farmacêuticas, ocupando já a sexta posição das sociedades com maior poder de atracção.
Amanhã, o PÁGINA UM revelará, com maior detalhe, quais as farmacêuticas que financiam cada uma das sociedades, e com que valores. Este artigo constitui apenas uma mera introdução.
NOTA: Pode aceder à síntese dos montantes arrecadados por cada uma das sociedades no quinquénio 2017-2021, provenientes das farmacêuticas, AQUI.
Uma agulha num pardieiro
O portal da Transparência e Publicidade do Infarmed só tem transparência no nome. E publicidade no objectivo, não alcançado. Obter a informação que o PÁGINA UM começa hoje a divulgar aparenta ser fácil, porque a base de dados é pública, mas quem não entender as nuances desta plataforma deixa escapar muita informação, ou nem sequer consegue obter uma imagem correcta da realidade.
O problema começa logo no facto de a plataforma não ser “amigável”: não há a possibilidade de a descarregar para um Excel, por exemplo. Nem permite consulta por filtro; apenas por palavras-chave. Além disso, como tanto as entidades ou pessoas que recebem verbas como as entidades que concedem apoios devem fazer uma declaração nesta plataforma do Infarmed, abre-se a porta a todas as confusões.
Seria expectável que a base de dados do Infarmed exigisse que o registo inicial da pessoa ou entidade beneficiada incluísse, por exemplo, o número de identificação fiscal, e que não permitisse outras denominações além da oficial. Como tal não sucede, multiplicam-se os registos distintos – alguns até por força de “gralhas” –, impedindo ou dificultando assim uma aferição rápida dos montantes e da quantidade de eventos com patrocínio que uma determinada sociedade obteve.
Por exemplo, se se digitasse em Novembro do ano passado, “Sociedade Portuguesa de Cardiologia” – a sua denominação oficial – naquela base de dados surgiam 88 eventos patrocinados num total de 1.026.419 euros. Na verdade, esta Sociedade recebeu muito mais: o PÁGINA UM identificara até então, apenas para este período, 147 eventos num montante global de 1.802.377 euros. A razão era simples: existem variadas denominações distintas – e logo diversas entidades a registarem –, por vezes usando abreviaturas, exclusão de preposições ou com erros (gralhas ortográficas).
Ao longo dos cinco anos analisados, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia apresenta 24 distintos registos. A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna não ganha à Cardiologia em apoios das farmacêuticas, mas vence folgadamente em número de registos distintos: 37. Seria fastidioso elencar todas as variações, mas pode dizer-se que vai desde a denominação correcta até “SPMI – Soc Port De Medina Interna”, passando por “SOC.PORT.MEDICINA INTERNA” e “SOCIEDADE PORTUGUESA MEDICINA” (sic).
Mais complexo ainda é o caso da Sociedade Portuguesa de Pediatria, porquanto, na verdade, funciona como uma espécie de confederação de distintas sociedades – 19 no total – com especialidades distintas, desde os Cuidados Intensivos Pediátricos até à Pediatria Social e a Medicina do Adolescente. Em Novembro do ano passado – quando o PÁGINA UM iniciou esta investigação – se se pesquisasse por “Sociedade Portuguesa de Pediatria”, apenas se apuraria um montante de 1.282.580 euros no último quinquénio, quando na verdade esse o montante atingira já os 2.123.852. Tal discrepância deve-se às 68 denominações distintas para registar patrocínios em eventos das SPP e/ou das suas sociedades “federadas”.
Mesmo as pequenas sociedades estão “afectadas” por este problema. Por exemplo, quatro sociedades que, receberam desde 2017 montantes que rondam um milhão de euros surgem no portal do Infarmed com mais de duas dezenas de denominações distintas: Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde conta 26, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica tem menos uma, e a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia 23, tantas como a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo.
No caso dos médicos e outros profissionais, os problemas são de outra índole, e que obstaculizam também a desejada transparência. Com efeito, muitos médicos são detentores de empresas – e registam nelas as verbas recebidas das farmacêuticas –, ignorando-se assim, em muitos casos, o beneficiário final. Noutras situações, não se conhece qual o nome que um determinado médico usa: pode ser o nome completo, ou o nome que mais utiliza profissionalmente.
Na verdade, consultar esta base de dados do Infarmed é quase como ir à pesca. Ora, a transparência não é isso, até porque não há ali nada de lúdico para observar.
O primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, acabou de anunciar o fim do certificado de vacinas naquela província canadiana a partir de 1 de Março, anunciou o National Post.
A decisão surge após duas semanas de intensas manifestações pacíficas sobretudo na capital do Canadá e em outras cidades, apesar de todas as tentativas do primeiro-ministro Justin Trudeau em associar os protestos a movimentos violentos, de extrema-direita e com influências de ideólogos radicais. As autoridades judiciais tinham entretanto bloqueado neste fim-de-semana a angariação de fundos da segunda plataforma de angariação (a GiveSendGo), que já amealhara 9 milhões de dólares, situação que estava a criar ainda mais críticas à forma como os Governos democráticos estão a começar a lidar com os movimentos sociais espontâneos, como é o caso do Freedom Convoy.
Ford disse aos jornalistas que “o anúncio de hoje não é por causa do que está acontecendo em Ottawa ou Windsor, mas apesar disso”, assumindo implicitamente que houve uma cedência para protestos que se estavam a tornar insustentáveis social e politicamente.
Na próxima quinta-feira serão já alteradas algumas restrições, entre as quais os limites de reuniões sociais, que aumentarão para 50 pessoas em ambientes fechados e de 100 pessoas ao ar livre, enquanto outros limites de capacidade serão removidos em locais como restaurantes, bares, ginásios e cinemas. O limite de pessoas em mercearias, farmácias e estabelecimentos de comércio a retalho será entretanto definida.
Governo e Direcção-Geral da Saúde sempre esconderam o verdadeiro impacte da pandemia nos lares, e as consequências da suspensão da assistência médica aos idosos. Uma análise do PÁGINA UM revela que nesses locais, desde o início da pandemia, terão morrido quase nove mil pessoas a mais face ao período homólogo anterior. Um crescimento de quase 30% que contrasta com um aumento em todo o país que rondou os 12%. Muitas das mortes em lares levaram abusivamente com o selo “covid”, bastando os óbitos terem ocorrido durante surtos.
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) escondeu autênticos morticínios em lares durante a pandemia, e continua a manter silêncio sobre os óbitos registados nas denominadas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI), apesar do pedido do PÁGINA UM ao abrigo da Lei do Acesso aos Documentos Administrativos (LADA).
Uma nova queixa – a sétima, desde Novembro do ano passado – seguirá para a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos por incumprimento daquela lei da transparência e arquivo aberto da Administração Pública, que a DGS sistematicamente ignora. No entanto, de forma indirecta, o PÁGINA UM conseguiu apurar que os lares terão sido o epicentro de uma hecatombe sem precedentes, e não apenas da responsabilidade da covid-19, mas mais pela gestão destes equipamentos durante a pandemia.
Apesar da Orientação nº 009/2020 – assinada pela própria directora-geral da Saúde, Graça Freitas, logo no início da pandemia, em 11 de Março de 2020, e que foi actualizada em Janeiro passado – estipula procedimentos muito detalhados para a gestão da pandemia nas ERPI, que deveria incluir o registo dos surtos e óbitos; mas nunca foram divulgados quaisquer dados detalhados, nem sobre a covid-19 nem sobre mortes associadas a outras doenças.
Aliás, Portugal sempre foi um dos poucos países europeus que nunca elaborou qualquer relatório circunstanciado sobre o impacte da pandemia nos lares.
Pese embora essa ausência de informação promovida intencionalmente pela DGS – que sistematicamente recusa conceder acesso a qualquer documentação solicitada pelo PÁGINA UM –, o incremento da mortalidade durante a pandemia, desde 16 de Março de 2020 até 10 de Fevereiro deste ano, ficou 30% acima do período homólogo (16 de Março de 2018 até 10 de Fevereiro de 2020).
Esta conclusão retira-se de uma análise comparativa dos dados disponíveis ao público do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO), mais concretamente sobre o local da ocorrência da morte.
Sendo certo que estes dados disponibilizados pelo SICO ao público não identifica de forma directa os óbitos que ocorreram em lares de idosos, estes podem ser intuídos pelo local de ocorrência do óbito. No caso em concreto, os óbitos em ERPI estarão incluídos em “Outro local”, sendo que outros campos existentes são “Instituição de Saúde”, “No domicílio” e “Desconhecido”. Neste último caso, os números são relativamente pequenos (poucas centenas durante um ano).
De acordo com a análise do PÁGINA UM, desde 16 de Março de 2020 até 10 de Fevereiro de 2022, registaram-se 34.774 óbitos em “Outro local”, quando no período homólogo anterior se contabilizaram 26.864 óbitos, ou seja, um acréscimo absoluto de 7.910 mortes, que representam um crescimento de 29,4%. Para se ter uma ideia mais exacta da autêntica hecatombe que terá ocorrido nos lares, saliente-se que as ERPI legalizadas têm apenas uma ocupação de cerca de 100 mil pessoas.
Óbitos diários (média móvel de 7 dias) registados em “Outros locais” durante e antes da pandemia. Fonte: SICO.
Este aumento relativo foi 2,5 vezes superior ao que se registou em instituições de saúde (subida relativa de 11,9%) e nove vezes superior ao contabilizado no domicílio (mais 3,3%). Em termos globais, no período em análise, contabilizaram-se 238.152 mortes por todas as causas (8,6% atribuídas à covid-19), um aumento de 25.404 (ou mais 11,9%) face ao período homólogo imediatamente anterior à pandemia.
Saliente-se que estes valores de óbitos intuídos para os lares podem pecar por defeito, porquanto um número considerável de óbitos de utentes de ERPI estará contabilizado nas unidades de saúde, bastando a morte ter sido declarada no hospital durante um internamento. No entanto, também deve ser destacado que, em virtude da avançada idade, os óbitos nesta faixa etária são mais prováveis: para os maiores de 85 anos, a taxa de mortalidade no prazo de um ano ronda os 15%. Em todo o caso, a dimensão do aumento é avassaladora.
Com efeito, desde o início da pandemia, em todos os meses de 2020 e 2021, e também em Janeiro do presente ano, se observou um significativo excesso de óbitos certificados em “Outros locais”, ou seja, maioritariamente em lares. No entanto, durante o Inverno de 2020-2021, e sobretudo em Janeiro do ano passado, assumiu proporções nunca vistas, quando aos surtos de SARS-CoV-2 sobreveio uma vaga de frio e o colapso no atendimento hospitalar.
Diferencial de óbitos diários (média móvel de 7 dias) registados em “Outros locais” no período pandémico face ao período homólogo (Março de 2018 a Fevereiro de 2020). Fonte: SICO.
Nesse mês, no SICO, estão registados 2.674 óbitos em “Outros locais”, ou seja, mais 87% do que em Janeiro de 2020 (1.428 óbitos) e mais 75% do que em Janeiro de 2019 (1.529 óbitos).
Contudo, tanto antes como depois daquele funesto mês, os óbitos em “Outros locais” – e, portanto, nos lares – sempre esteve acima do esperado. De acordo com a análise do PÁGINA UM, o diferencial de mortalidade face ao período homólogo do ano imediatamente anterior à pandemia – ou seja, 2020 compara com 2018; e 2021 compara com 2019; e Janeiro e Fevereiro de 2022 compara com esses meses de 2020) – foi sempre largamente positivo. Ainda em 2020, registou-se um pico de 635 óbitos a mais em Julho, que se deveu quase em exclusivo a uma onda de calor e a inúmeras mortes de idosos por desidratação, de que o caso do lar de Reguengos de Monsaraz terá sido somente uma ponta do icebergue conhecida.
Diferencial de óbitos por mês em “Outros locais” entre o período pandémico e o período de Março de 2018 e Janeiro de 2020. Fonte: SICO.
Porém, mesmo com o avanço do programa de vacinação contra a covid-19 ao longo de 2021, esta faixa etária continuou a registar um excesso de óbitos, que continua ainda em 2022.
No mês passado, houve mais 248 óbitos certificados em “Outros locais” em comparação com Janeiro de 2020, ou seja, em vésperas do surgimento do SARS-CoV-2 em Portugal. Ou seja, nem sequer se observou um “benefício” da comunidade perante a elevada mortandade na população idosa no primeiro ano da pandemia, o que revela a significativa fragilidade que este grupo etário continua a ter.
Note-se que, apesar da elevada letalidade da covid-19 em idades avançadas – ao contrário da benignidade desta doença em crianças, adolescentes e jovens adultos –, a covid-19 não terá sido a exclusiva causa desta “razia” em lares.
Mesmo que a DGS venha agora a divulgar números concretos sobre os lares, os óbitos ali atribuídos ao SARS-CoV-2 estarão, certamente, empolados, uma vez que no ponto 69 da Orientação nº 9 assinada por Graça Freitas, determinou-se que “todo o óbito ocorrido, durante a Pandemia covid-19, numa instituição [ERPI] com casos confirmados de covid-19 ou em utente ou trabalhador que tenha apresentado sintomas compatíveis com a doença, (…) deve ser considerado um ‘caso suspeito’ de infeção por SARS-CoV-2, até prova em contrário, isto é, apresentar resultado negativo incluindo post mortem, se aplicável, no teste laboratorial para SARS-CoV-2.”
Como quase nunca se fizeram autópsias nestas circunstâncias, todos os idosos que morreram no decurso de surtos em lares levaram com o selo “covid-19” como causa de morte, independentemente do verdadeiro motivo do falecimento ou da eventualidade de ocorrência de negligência ou falta de assistência médica adequada.
Os pequenos media regionais e locais foram prejudicados pela Direcção-Geral da Saúde na distribuição das verbas para divulgação das mensagens publicitárias durante a pandemia. Quem mais beneficiou foram sobretudo os dois canais privados generalistas, a SIC e a TVI, que encaixaram 61% de todo o dinheiro gasto em anúncios sobre a covid-19. Saiba aqui quem são e quanto receberam os 284 órgãos de comunicação social ao longo dos últimos dois anos.
Quase 75% do dinheiro total gasto pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) em campanhas relacionadas com a covid-19 foram absorvidas pelas televisões. Os canais da SIC e da TVI – que posicionaram os seus serviços noticiosos durante a pandemia com uma filosofia claramente alarmista – conseguiram captar um total de 3,11 milhões de euros nos últimos dois anos.
Este montante representa cerca de 61% dos quase 5,11 milhões de euros disponibilizados pelo gabinete de Graça Freitas para publicidade relacionada com a pandemia. A SIC foi o canal que mais encaixou: 1.609.024,35 euros, seguindo-se a TVI, com 1.230.378,35 euros. O pódio foi também ocupado por um canal por cabo, mas a grande distância: o Correio da Manhã TV teve direito a 557.237,81 euros.
Curiosamente, a TVI 24 – agora transformada em CNN Portugal – recebeu mesmo mais do que a RTP 1. A primeira recebeu 190.004,71 euros, enquanto a segunda 148.721,45 euros.
SIC foi a televisão que mais dinheiro da DGS encaixou para promoção das campanhas da covid
Desconhecem-se os critérios que presidiram à distribuição da publicidade, mas claramente a DGS preferiu campanhas audiovisuais de âmbito nacional em detrimento de campanhas destinadas à imprensa ou rádio locais e regionais.
No segmento radiofónico, a Rádio Comercial foi aquela que mais atraiu publicidade sobre a covid-19 (80.817,97 euros), um pouco mais do que o Jornal de Notícias, a publicação da imprensa que liderou nos contratos com a DGS, que recebeu 72.138,76 euros.
Saliente-se que estes montantes apenas parcialmente estão associados aos adiantamentos de 15 milhões de euros em publicidade feitos pelo Governo em Maio de 2020, e que tanta celeuma causou em alguns órgãos de comunicação social. Esse “bolo” não estava afecto exclusivamente a campanhas relacionadas com a covid-19, incluindo a promoção de actividades do Estado, pretendendo o Governo, com esses elevados montantes, sobretudo antecipar receitas aos órgãos de comunicação social num período que se mostrava difícil para a Economia.
Com efeito, de acordo com a Resolução do Conselho de Ministros (RCM) de Maio de 2020, embora uma parte muito substancial desses 15 milhões de euros viesse da DGS (7 milhões de euros), os media cativavam assim, em antecipação, receitas de publicidade futura para promoção de actividades do Instituto de Turismo de Portugal e de três Secretarias-Gerais de Ministérios (Administração Interna; Trabalho, Solidariedade e Segurança Social; e Ambiente, Ordenamento do Território e Energia) – no valor de 1,5 milhões, em cada uma destas entidades –, e ainda da Presidência do Conselho de Ministros, da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral e da Secretaria-Geral da Educação e Ciência – 500 mil euros, cada.
DGS preferiu campanhas audiovisuais.
A RCM elencava também as verbas a receber pelas principais empresas de comunicação social de âmbito nacional, bem como as verbas a receber pelos outros órgãos de âmbito regional e local.
De acordo com um levantamento realizado pela Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), a DGS pagou diversos montantes a 284 órgãos de comunicação social para divulgação de mensagens relacionadas com a pandemia, dos quais 139 de imprensa regional, 126 rádios locais, oito títulos de imprensa nacional, sete canais de televisão, três rádios nacionais e uma publicação digital.
Apesar da grande quantidade de rádios locais envolvidas (que incluem, por exemplo, a TSF e a Mega 80) e de muitos títulos de imprensa regional, os montantes foram, em alguns casos, completamente irrisórios. Por exemplo, a Rádio Imagem, de Fornos de Algodres, recebeu 121,95 euros da DGS. Um total de 12 rádios ou periódicos regionais receberam menos de 500 euros, e mais 22 receberam entre 500 e 1.000 euros.
A distribuição de “migalhas” à comunicação social de âmbitos regional e local, em confronto com a generosa entrega publicitária sobretudo às televisões, levou mesmo a ERC a tecer críticas à DGS, uma vez que não foi cumprida a legislação que determina que os órgãos de comunicação social regional e local devem ficar sempre com pelo menos 25% do custo global das campanhas publicitárias do Estado.
Rádio Imagem, de Fornos de Algodres, encontra-se na última posição (284º lugar) dos beneficiados das campanhas da DGS com 121,95 euros.
No caso concreto, estes órgãos de comunicação só receberam 755 mil euros (menos de 15% do total), quando deveriam receber pelo menos 1,28 milhões de euros, se se considerar os 5,1 milhões efectivamente gastos, ou pelo menos 1,75 milhões, caso a DGS tivesse gastado os 7 milhões inicialmente previstos.
Em suma, os pequenos órgãos de comunicação social tiveram direito a menos 522 mil euros do que seria suposto, verba essa que acabou distribuída pela imprensa, rádio e sobretudo televisão de âmbito nacional. Por causa deste motivo, e também pelo atraso no envio de documentação – que inviabilizou uma averiguação com maior antecedência –, a ERC enviou o processo destas campanhas da DGS para o Tribunal de Contas. Contudo, esta diligência acaba por ser uma mera formalidade, porque a legislação não prevê sanções para quem não cumpra as quotas estabelecidas por lei.
Lista de órgão de comunicação social, tipo e montante recebido (em euros)
Fonte: ERC.
SIC (televisão) – 1.609.024,35 TVI (televisão) – 1.230.378,35 Correio da Manhã TV (televisão) – 557.237,81 TVI 24 (televisão) – 190.004,71 RTP 1 (televisão) – 148.721,45 SIC Notícias (televisão) – 81.033,37 Rádio Comercial (rádio nacional) – 80.817,97 Jornal de Notícias (imprensa nacional) – 72 138,76 RFM (rádio nacional) – 69.349,90 TSF Rádio Jornal Lisboa (rádio local) – 61 953,44 Correio da Manhã (imprensa nacional) – 58.619,00 Público (imprensa nacional) – 45.779,00 Expresso (imprensa nacional) – 38.348,00 A Bola (imprensa nacional) – 37.045,00 Diário de Notícias (imprensa nacional) – 34.562,00 M80 Rádio (rádio local) – 34.125,07 Rádio Renascença (rádio nacional) – 33.077,86 O Jogo (imprensa nacional) – 31.795,50 Record Imprensa (imprensa nacional) – 20.400,00 Mega Hits (rádio local) – 14.670,08 EJM – Empresa Jornalística da Madeira (rádio local) – 9.842,02 Diário do Minho (imprensa regional) – 9.799,59 Correio dos Açores (imprensa regional) – 8.943,09 Porto Canal (televisão) – 8.448,43 Mirante (imprensa regional) – 7.020,00 Diário do Sul (imprensa regional) – 6.542,38 A Terra Minhota (imprensa regional) – 6.016,26 ERA – Emissora Regional de Ama (rádio local) – 5.581,30 Golo FM (digital nacional) – 5.573,54 Rádio Clube de Lamego (rádio local) – 5.573,54 Rádio Independente de Aveiro (rádio local) – 5.573,54 Rádio Fundação FM (rádio local) – 5.573,54 Rádio Altitude (rádio local) – 5.573,54 Rádio Independente Paivense (rádio local) – 5.573,54 Rádio Singa (rádio local) – 5.429,04 Diário Insular (imprensa regional) – 5.372,36 Reconquista (imprensa regional) – 5.316,22 Rádio 94FM (rádio local) – 5.137,50 RDS (rádio local) – 5.126,47 Rádio Cultural de Cerveira (rádio local) – 5.012,92 Rádio Elvas (rádio local) – 4.956,40 Correio da Maia (imprensa regional) – 4.878,04 Notícias de Aguiar (imprensa regional) – 4.878,04 Voz de Lamego (imprensa regional) – 4.875,00 O Regional (imprensa regional) – 4.782,12 Asas do Atlântico (rádio local) – 4.739,99 Rádio Onda Viva (rádio local) – 4.642,53 Rádio Club de Armamar (rádio local) – 4.546,46 Rádio Região de Basto (rádio local) – 4.455,00 Barlavento (imprensa regional) – 4.375,61 Rádio Local de Torres Novas (rádio local) – 4.360,16 Jornal da Bairrada (imprensa regional) – 4.305,00 Tribuna da Madeira (imprensa regional) – 4.292,68 Jornal do Pico (imprensa regional) – 4.227,64 Costa do Sol (imprensa regional) – 4.222,44 Rádio Universidade de Coimbra (rádio local) – 4.208,13 O Interior (imprensa regional) – 4.159,00 Jornal de Matosinhos (imprensa regional) – 4.125,00 Canal FM (rádio local) – 4.066,49 Rádio Graciosa (rádio local) – 4.066,49 Tribuna das Ilhas (imprensa regional) – 4.065,04 Atlântico Expresso (imprensa regional) – 4.065,04 TDS – Televisão do Sul (rádio local) – 4.063,62 Rádio Nazaré (rádio local) – 4.038,61 Voz Portucalense (imprensa regional) – 3.965,90 Jornal do Algarve (imprensa regional) – 3.900,00 O Comércio de Guimarães (imprensa regional) – 3.850,00 Rádio Clube Paços Ferreira (rádio local) – 3.745,46 Rádio Alentejo (rádio local) – 3.708,20 Rádio Montalegre (rádio local) – 3.646,35 Incentivo (imprensa regional) – 3.638,38 O Progresso de Paredes (imprensa regional) – 3.577,24 Rádio Douro FM (rádio local) – 3.577,24 Jornal da Praia (imprensa regional) – 3.577,23 Via Rápida (imprensa regional) – 3.500,00 Entre Margens (imprensa regional) – 3 420,00 Correio do Ribatejo (imprensa regional) – 3.414,63 Mais Guimarães (imprensa regional) – 3.370,00 Jornal da Marinha Grande (imprensa regional) – 3.292,68 Rádio Horizonte Tejo (rádio local) – 3.260,42 Rádio Clube de Pombal (rádio local) – 3.255,36 Rádio Cais (rádio local) – 3.252,03 Rádio Voz do Neiva (rádio local) – 3.251,25 Rádio Iris FM (rádio local) – 3.235,23 Foz do Mondego Rádio (rádio local) 3.211,66 Antena Sul – Rádio Jornal (rádio local) 3.172,92 Rádio Alto Minho (rádio local) – 3.157,27 Rádio Clube de Angra (rádio local) – 3.157,27 Rádio Regional de Arouca (rádio local) – 3.156,88 Rádio Voz de Vagos (rádio local) – 3.156,79 Urbana FM (rádio local) – 3.136,05 Rádio Alto Ave (rádio local) – 3.120,14 Rádio Marginal (rádio local) – 3.117,08 Póvoa Semanário (imprensa regional) – 3.106,56 Notícias de Coura (imprensa regional) – 3.008,13 Semanário de Felgueiras (imprensa regional) – 3.004,07 Postal do Algarve (imprensa regional) – 2.994,48 Rádio Onda Livre Macedense (rádio local) – 2.976,00 Beira Vouga (imprensa regional) – 2.916,00 Rádio Vida (rádio local) – 2.901,84 Rádio Santiago (rádio local) – 2.870,40 Região de Leiria (imprensa regional) – 2.860,00 Barcelos Popular (imprensa regional) – 2.830,00 O Emigrante (imprensa regional) – 2.800,00 A Comarca de Arganil (imprensa regional) – 2.800,00 Universidade FM (rádio local) – 2.785,40 Gazeta das Caldas (imprensa regional) – 2.780,00 Jornal Nordeste (imprensa regional) – 2.764,23 Alto Alentejo (imprensa regional) – 2.764,23 Folha de Tondela (imprensa regional) – 2.737,80 Vilacondense (imprensa regional) – 2.691,05 Notícias de Penafiel (imprensa regional) – 2.682,93 Terras de Sicó (imprensa regional) – 2.670,00 O Ericeira (imprensa regional) – 2.666,66 R80 Super Onda (rádio local) – 2.637,47 Rádio Popular de Soure (rádio local) – 2.603,16 Rádio Riba – Távora (rádio local) – 2.600,16 Rádio Jornal Caminhense (rádio local) – 2.599,76 JM (imprensa regional) – 2.599,32 Rádio Clube de Penafiel (rádio local) – 2.599,32 Sesimbra FM (rádio local) – 2.599,18 Rádio Barca (rádio local) – 2.597,84 RCA – Ribatejo (rádio local) – 2.596,02 Rádio Bonfim (rádio local) – 2.596,02 Rádio Beira Litoral (rádio local) – 2.592,92 Rádio Vida Nova (rádio local) – 2.591,60 Jornal de Tondela (imprensa regional) – 2.589,00 Rádio Felgueiras (rádio local) – 2.581,95 Rádio Positiva (rádio local) – 2.568,11 Rádio Linear (rádio local) – 2.568,11 Rádio Brigantia (rádio local) – 2.566,06 Rádio Universitária do Minho (rádio local) – 2.564,18 Rádio Voz de Santo Tirso (rádio local) – 2.554,34 Rádio Vizela (rádio local) – 2.548,24 Rádio Torre de Moncorvo (rádio local) – 2.538,00 Jornal FM (rádio local) – 2.532,28 A Voz da Póvoa (imprensa regional) – 2.530,00 MAIS/Semanário (imprensa regional) – 2.513,01 Jornal de Sintra (imprensa regional) – 2.504,07 Região de Águeda (imprensa regional) – 2 459,77 Notícias de Vouzela (imprensa regional) – 2 437,50 O Paredense (imprensa regional) – 2.400,00 Rádio Canção Nova (rádio local) – 2.347,18 105.4 FM (rádio local) – 2.337,40 Defesa da Beira (imprensa regional) – 2.320,00 Voz Ribatejana (imprensa regional) – 2.300,00 Tejo Rádio Jornal (rádio local) – 2.278,54 Notícias do Tâmega (imprensa regional) – 2.276,41 Algarve Resident (imprensa regional) – 2.251,38 Rádio Voz do Entroncamento (rádio local) – 2.230,24 Jornal Torrejano (imprensa regional) – 2.199,19 Terras do Ave (imprensa regional) – 2.195,12 Mais Aguiar da Beira (imprensa regional) – 2.195,12 O Louzadense (imprensa regional) – 2.158,54 Correio de Sintra – Imprensa (Imprensa (R) – 2.150,00 Rádio Marcoense (rádio local) – 2.133,26 Rádio Sol (rádio local) – 2.131,28 Rádio Ondas do Lima (rádio local) – 2.124,43 Rádio Voz de Basto (rádio local) – 2.107,00 Notícias de Vila Real (imprensa regional) – 2.100,00 Jornal Sudoeste (imprensa regional) – 2.100,00 Rádio 93.8 ON FM (rádio local) – 2.100,00 Digital FM (rádio local) – 2.099,14 Rádio Voz do Marão (rádio local) – 2.096,93 Chaves FM (rádio local) – 2.096,92 Pampilhosa 97.8 FM (rádio local) – 2.059,07 Oxigénio (rádio local) – 1.951,23 Praça Pública (imprensa regional) – 1.951,22 Avenidas Novas (imprensa regional) – 1.951,22 Jornal da Beira (imprensa regional) – 1.951,22 Correio de Azeméis (imprensa regional) – 1.951,22 Jornal de Leiria (imprensa regional) – 1.951,22 Praia Expresso (rádio local) – 1.951,21 Jornal da Mealhada (imprensa regional) – 1.934,96 A Voz de Chaves (imprensa regional) – 1.900,00 Semanário Setúbal Mais (imprensa regional) – 1.890,00 Jornal do Ave (imprensa regional) – 1.882,11 Rádio Antena Minho (rádio local) – 1.854,68 Defesa de Espinho (imprensa regional) – 1.843,90 A Aurora do Lima (imprensa regional) – 1.829,27 Notícias da Barca (imprensa regional) – 1.829,26 RD Rádio Despertar – Voz de Estremoz (rádio local) – 1.828,68 O Dever (imprensa regional) – 1.821,91 Notícias de Santo Tirso (imprensa regional) – 1.800,00 Triângulo Magazine (imprensa regional) – 1.788,61 Rádio Terra Quente (rádio local) – 1.785,27 Roda Viva Jornal (imprensa regional) – 1.775,61 Labor.pt (imprensa regional) – 1.750,00 Cidade de Tomar (imprensa regional) – 1.740,00 Freguês de Benfica (imprensa regional) – 1.640,00 Ilha Maior (imprensa regional) – 1.626,02 FafeTV (rádio local) – 1.626,01 Rádio Soberania (rádio local) – 1.565,50 Notícias de Ourém (imprensa regional) – 1 539,92 Record Algarve (rádio local) – 1.539,24 Rádio Pernes (rádio local) – 1.539,24 Jornal de Famalicão (imprensa regional) – 1.530,00 RCS-Rádio Cultura de Seia (rádio local) – 1.508,74 Notícias de Oeiras (imprensa regional) – 1.500,00 O Riachense (imprensa regional) – 1.463,41 O Ponto (imprensa regional) – 1.463,41 Semmais Jornal (imprensa regional) – 1.463,41 ATV Canal Alentejo (rádio local) – 1.463,41 Guimarães Agora (rádio local) – 1.463,40 Rádio Lafões (rádio local) – 1.463,40 Correio Alentejo (imprensa regional) – 1.455,00 Jornal Boa Nova (imprensa regional) – 1.414,63 O Mirante (imprensa regional) – 1.404,00 RCM-Rádio do Concelho de Mafra (rádio local) – 1.402,44 Audiência Ribeira Grande (imprensa regional) – 1.400,00 Douro Hoje (imprensa regional) – 1.390,24 O Popular de Soure (imprensa regional) – 1.341,47 Maré Viva (imprensa regional) – 1.341,46 Notícias de Viana (imprensa regional) – 1.325,20 Radioeste (rádio local) – 1.317,08 Rádio Forum Boticas (rádio local) – 1.308,78 Saber (imprensa regional) – 1.300,81 Ecos de Basto (imprensa regional) – 1.300,80 Rádio Geice (rádio local) – 1.300,42 Rádio Regional de Valpaços (rádio local) – 1.299,98 Rádio Regional Vimioso (rádio local) – 1.299,98 Rádio Regional Sabrosa (rádio local) – 1.299,98 Rádio Ansiães (Rádio (L) – 1.296,46 Rádio Cávado (rádio local) – 1.290,98 Rádio Popular Afifense (rádio local) – 1.290,98 Rádio Voz do Caima (rádio local) – 1.290,98 As Beiras (imprensa regional) – 1.268,29 Rádio Antena Vareira (rádio local) – 1.241,33 Notícias de Loures (imprensa regional) – 1.219,51 Jornal Novo Regional (imprensa regional) – 1.219,51 Magazine Serrano (imprensa regional) – 1.219,50 Jornal Nova Aliança (imprensa regional) – 1.218,00 Horizonte (imprensa regional) – 1.178,86 Correio da Feira (imprensa regional) – 1.174,80 O Concelho de Estarreja (imprensa regional) – 1.170,73 Rádio Montemuro (rádio local) – 1.158,00 Cerveira Nova (imprensa regional) – 1.149,59 TVAmadora (rádio local) – 1.138,21 Penafiel Canal (rádio local) – 1.121,95 Notícias de Cascais (imprensa regional) – 1.100,00 O Notícias da Trofa (imprensa regional) – 1.077,24 Rádio Valdevez (rádio local) – 1.056,89 RCI (rádio local) – 1.056,63 Rádio Clube da Feira (rádio local) – 1.053,69 Rádio Azul (rádio local) – 1.053,66 Rádio Lezíria (rádio local) – 1.049,57 Rádio Local de Barcelos (rádio local) – 1.049,57 Notícias de Gouveia (imprensa regional) – 1.026,00 Notícias de Barroselas (imprensa regional) – 1.005,28 Farol de Esposende (imprensa regional) – 1.000,00 Badaladas (imprensa regional) – 989,27 Viva Cidade (imprensa regional) – 975,61 Notícias de São Bráz (imprensa regional) – 975,61 Rádio Vinhais (rádio local) – 975,61 Soberania do Povo (imprensa regional) – 970,00 RV Jornal (imprensa regional) – 914,64 O Almeirinense (imprensa regional) – 906,59 Benedita FM (rádio local) – 881,82 Jornal da Batalha (imprensa regional) – 879,79 A Defesa (imprensa regional) – 813,01 Inês Negra (rádio local) – 805,37 Rádio Vale do Minho (rádio local) – 805,37 Notícias da Beira Douro (imprensa regional) – 780,49 O Sesimbrense (imprensa regional) – 775,00 Rádio Jornal de Setúbal (rádio local) – 723,58 O Arrais (imprensa regional) – 695,12 Penafiel TV (rádio local) – 650,41 Correio do Alentejo (imprensa regional) – 640,00 Mensageiro de Alter (imprensa regional) – 600,00 Folha do Centro (imprensa regional) – 590,00 Radio Voz do Douro (rádio local) – 580,00 A Voz do Mar (imprensa regional) – 500,00 A Voz do Operário (imprensa regional) – 487,80 Cinco Quinas (imprensa regional) – 400,00 O Ilhavense (imprensa regional) – 400,00 Discurso Directo (imprensa regional) – 360,00 Região da Nazaré (imprensa regional) – 325,20 Radio Fóia (rádio local) – 264,76 Rádio Clube Aguiarense (rádio local) – 243,90 Notícias do Sorraia (rádio local) – 234,90 Terras do Vale do Sousa (imprensa regional) – 200,00 Ecos do Sor (imprensa regional) – 150,00 Observador 88.1 (rádio local) – 130,54 Rádio Imagem (rádio local) – 121,95