Etiqueta: Dossier P1 – Covid

  • Há hospitais que não são para velhos

    Há hospitais que não são para velhos

    O PÁGINA UM revela, em exclusivo, o desempenho de todos os hospitais portugueses que tentaram salvar doentes-covid. Uns portaram-se bem; outros tiveram desempenhos francamente medíocres. Eis uma investigação jornalística que destapa um assunto tabu: o Serviço Nacional de Saúde não é igual em todo o lado, e seguir para o hospital errado, à hora errada, pode ser “a morte do artista”.


    A idade foi um dos factores mais determinantes para a letalidade da covid-19, mas em Portugal, apesar de um sistema público teoricamente universal e homogéneo, a sobrevivência dependeu muito, mas mesmo muito, do hospital que calhou na sorte de cada internado.

    Uma análise detalhada do PÁGINA UM à base de dados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que quantifica os internamentos e óbitos por covid-19 – classificada no grupo “Código para fins especiais” –, revela que até Outubro de 2021 foram internadas com esta doença um total de 53.194 pessoas, das quais 77% sobreviveram.

    Contudo, o desempenho de cada hospital variou bastante.

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    Considerando apenas as unidades de saúde – Centros Hospitalares (CH), hospitais e Unidades Locais de Saúde (ULS) – que, ao longo dos primeiros 20 meses de pandemia, receberam 300 ou mais doentes-covid, a taxa de sobrevivência atingiu um valor máximo de 90% no Hospital do Divino Espírito Santo (Ponta Delgada) e no Hospital Dr. Nélio Mendonça (Madeira). No extremo oposto, 13 hospitais quedaram-se por valores abaixo dos 75%, grande parte dos quais em regiões do interior.

    A pior situação observou-se no Hospital do Espírito Santo (Évora) que recebeu 610 doentes-covid, tendo 218 morrido, apresentando assim uma taxa de sobrevivência de apenas 64%. Um pouco mais a sul – na ULS do Baixo Alentejo, que integra o Hospital José Joaquim Fernandes (Beja) –, o quadro também foi medíocre: 136 óbitos em 413 doentes-covid internados, registando assim uma taxa de sobrevivência de somente 67%. A ULS do Norte Alentejano – que integra os hospitais de Portalegre e Elvas – também teve uma perfomance sofrível (69%).

    Em centros urbanos de maior dimensão, mesmo nas imediações de Lisboa, detectam-se desempenhos sofríveis: o CH de Setúbal contabilizou uma taxa de sobrevivência de 68% (terceira pior situação nacional, a par da ULS do Nordeste), reflectindo a morte de 471 dos 1.480 doentes-covid internados, enquanto o Hospital de Vila Franca, que recebeu 1.219 doentes não conseguiu salvar 364, apresentando assim uma taxa de sobrevivência de apenas 70%.

    Nenhuma das unidades de saúde da região Centro mostrou desempenhos ao nível dos melhores. A situação menos desfavorável foi a do CH de Coimbra (taxa de sobrevivência de 75%), sendo que as outras unidades registaram valores ainda mais aquém deste indicador: Baixo Vouga (73%), Tondela-Viseu (72%), Castelo Branco, Médio Tejo e Santarém (71%, em todos) e Leiria (69%).

    Nas 13 unidades de maiores dimensões (considerando aquelas que receberam mais de 1.500 doentes-covid), os melhores desempenhos foram do CH Universitário do Porto, que integra o Hospital de Santo António, e do CH de Entre Douro e Vouga (agrupando os hospitais da Feira, Oliveira de Azeméis e São João da Madeira), com taxas de sobrevivência de 83%.

    Melhores e piores desempenhos das unidades do SNS, m função das taxas de mortalidade (TM), e de sobrevivência (TS), em função dos internamentos (INT) e óbitos (OBIT). Fonte: SNS. Nota: Pode descarregar ficheiro integral no final da notícia.

    Com desempenhos próximos (81% neste indicador) surgem o CH de Lisboa Central – que integra os hospitais de São José e Curry Cabral – e o denominado Hospital Amadora-Sintra. No extremo oposto, com 75% de taxa de sobrevivência, encontram-se o CH de Coimbra e o CH de Vila Nova de Gaia-Espinho.

    Para uma correcta avaliação da performance de cada unidade de saúde, medida em termos de taxa de sobrevivência, mostra-se relevante considerar a estratificação etária dos doentes-covid, uma vez que a gravidade desta doença depende muito da idade dos internados.

    Com efeito, de acordo com a base de dados consultada pelo PÁGINA UM, embora a taxa de sobrevivência global seja de 77,37%, no caso dos menores de 25 anos foi praticamente de 100%, e situou-se nos 97,72% na faixa etária entre os 25 e os 44 anos, e desceu para os 92,7% no grupo com idades entre os 45 e os 64 anos.

    Só a partir dos 65 anos – e, infelizmente, a desagregação não é mais fina, separando, por exemplo, o subgrupo dos maiores de 80 anos –, a taxa de sobrevivência começa a ser menor: pouco mais de dois em cada três internados (68,3%) sobrevive. Ora, tendo em conta que o grupo dos idosos representou 65% dos internados e 91% dos óbitos totais em meio hospitalar, este aspecto mostra-se crucial para aferir o desempenho de cada unidade de saúde no combate à covid-19.

    Taxa de sobrevivência hospitalar (%) dos doentes-covid por grupo etário até Outubro de 2021. Fonte: SNS

    Daí que, por exemplo, uma taxa de sobrevivência global apenas razoável possa afinal mostrar um desempenho muito positivo se o peso dos internados mais idosos – e, portanto, mais vulneráveis – for muito relevante, o que sucede em alguns hospitais do interior do país.

    Posto isto, para o grupo específico dos idosos (maiores de 65 anos), o PÁGINA UM identificou hospitais que, enfim, mostraram desempenhos muito sofríveis, enquanto outros apresentaram performances muitíssimo boas.

    Note-se, aliás, que não é de estranhar uma quase coincidência no posicionamento das unidades de saúde em termos de desempenho em relação aos idosos face ao que se verifica para a totalidade dos internados. Contudo, na comparação das taxas de sobrevivência dos idosos salta à vista um aspecto deveras preocupante: há hospitais em que a probabilidade de um idoso não sobreviver foi muitíssimo superior à de outros.

    No extremo mais favorável, o PÁGINA UM detectou quatro unidades de saúde com taxas de sobrevivência de idosos de 80% ou mais: Hospital do Divino Espírito Santo (Ponta Delgada) e no Hospital Dr. Nélio Mendonça (Madeira), ambos com 85%, e Hospital de Santa Maria Maior (Barcelos) e Hospital Senhora da Oliveira (Guimarães), com 82% e 80%, respectivamente.

    No pior extremo, com taxas de sobrevivência de 60%, ou inferior, estão o Hospital do Espírito Santo (Évora), com apenas 53% – morreram 205 dos 439 idosos internados com covid-19 –, a ULS do Baixo Alentejo (56%), o CH de Setúbal (58%) – faleceram 419 dos 987 idosos internados –, a ULS do Norte Alentejano (59%), o Hospital de Vila Franca de Xira (60%) – morreram 329 dos 814 idosos internados – e a ULS de Castelo Branco (também 60%).

    Caso se considerem as unidades de saúde com mais de 1.000 doentes-covid de mais de 65 anos, a região Norte teve os melhores desempenhos, com destaque para o CH de Trás-os-Montes e Alto Douro (taxa de sobrevivência de 76%), seguindo-se os CH Universitário do Porto e de Entre Douro e Vouga, ambos com 75%. Nas unidades da Grande Lisboa, as taxas de sobrevivência andaram entre os 60% e 70%.

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    Para estas idades – e sobretudo pela grande variação neste indicador nas diversas unidades de saúde –, uma diferença de 10 pontos percentuais pode representar muitas vidas. Por exemplo, se os três CH de Lisboa – onde morreram 1.162 dos 3.777 doentes-covid com mais de 65 anos – tivessem um desempenho de 80% em vez dos 69,2% que registou, então teriam conseguido salvar mais cerca de 400 pessoas.

    Se, globalmente, a taxa média nacional de sobrevivência dos mais idosos tivesse sido, por exemplo, de 75% (para colocar uma fasquia exequível), em vez dos (reais) 68%, ter-se-iam então salvado mais 2.315 vidas. Se essa taxa subisse aos 80%, então salvavam-se mais 4.044 idosos até Outubro do ano passado.

    Por fim, importa também salientar um outro aspecto preocupante: mesmo nas populações menos vulneráveis à covid-19 – os menores de 65 anos –, o desempenho dos hospitais do SNS foi também bastante diferenciado. Quatro unidades de saúde conseguiram taxas de sobrevivência superiores a 98%: Hospital da Figueira da Foz (98,7%), CH do Oeste (98,6%), CH do Médio Ave (98,4%) e Hospital Dr. Nélio Mendonça (Funchal, com 98,1%).

    No extremo oposto, encontra-se o CH de Setúbal, o único com uma taxa de sobrevivência abaixo dos 90%, sendo acompanhado de perto de outras unidades com fracos desempenhos nos outros dois indicadores retratados pelo PÁGINA UM, o que confirma que existem problemas estruturais em diversos hospitais portugueses que tiveram efeitos directos no impacte da pandemia ao nível da mortalidade. O vírus não matou sozinho.

    NOTA: Para obter o ficheiro de dados com os internamentos, óbitos e taxas de mortalidade e de sobrevivência hospitalar de doentes-covid por grupo etário, pode descarregar AQUI.

  • Graça Freitas mentiu: mais de 20% das mortes-covid em hospitais foram de pessoas internadas por outras causas

    Graça Freitas mentiu: mais de 20% das mortes-covid em hospitais foram de pessoas internadas por outras causas

    A covid-19 é, claramente, uma doença grave, mas a Direcção-Geral da Saúde andou a empolar mortes por esta doença até ao limite do absurdo. Tudo caiu nas malhas da estatística: até Maio de 2021, bastou um teste positivo, e todos os óbitos foram atribuídos ao SARS-CoV-2. Internados por ataques cardíacos, AVC, cancros, falência renal, sepsis e até acidentes rodoviários e queimaduras foram, em caso de desfecho fatal, contabilizados como vítimas da pandemia, independentemente da acção concreta do coronavírus no desfecho fatal. Recorde-se que a DGS recusa sistematicamente divulgar informação detalhada e pretende impedir o PÁGINA UM de aceder a base de dados que a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, quer manter sigilosas.


    Até Maio do ano passado, pelo menos 2.751 óbitos que a Direcção-Geral da Saúde (DGS) atribuiu à covid-19 foram de pessoas internadas em hospitais por outros motivos, e não por infecção do SARS-Cov-2. Este é o valor apurado recorrendo à consulta da base de dados do registo de hospitalizações a que o PÁGINA UM teve acesso, e que sempre esteve na posse directa de diversas autoridades, entre as quais a Direcção-Geral da Saúde (DGS) e o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

    Este número pecará por defeito, uma vez que apenas considera os óbitos contabilizados nas unidades do Serviço Nacional de Saúde – cerca de 12.500, sendo que, nos 15 primeiros meses da pandemia, mais de quatro mil pessoas com causa atribuída à covid-19 terão morrido nas suas casas e sobretudo em lares.

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    Por outro lado, este valor apenas resulta da quantificação da causa directa prioritária, que constitui a primeira causa de internamento registada pelo corpo clínico de cada hospital. Ou seja, é a primeira doença ou afecção que surge na posição 0 (zero) na ordem de diagnóstico da base de dados dos internados-covid, seguindo as normas de codificação da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CDI) da Organização Mundial de Saúde.

    Isto significa também que, em muitos casos, mesmo que a covid-19 seja apontada como a causa de internamento – estando o código U071 da CDI na posição 0 da ordem de diagnóstico –, esta doença tenha sido a causa original do internamento.

    Apenas uma análise mais detalhada, caso-a-caso poderia, por exemplo, explicar como surgem 264 óbitos atribuídas à covid-19, e em que esta se encontra na posição 0 do diagnóstico, em pessoas que morreram no próprio dia do internamento, e ainda mais 740 pessoas que faleceram no dia seguinte. Não consta que a covid-19 seja uma doença fulminante em tal grau, ou seja, que tenha matado 1.004 pessoas ao fim de menos de dois dias de hospitalização.

    Globalmente, a base de dados consultada pelo PAGINA UM identifica, até Maio do ano passado, 1.138 mortes de pessoas (quase 10% do total) que, tendo o óbito classificado pela DGS como covid-19, morreram no próprio dia da hospitalização ou no dia seguinte, independentemente da causa inicial.
    Em muitos destes casos mostra-se evidente que a covid-19 apenas surge como causa porque houve um teste positivo feito mesmo a pessoas agonizantes, ou talvez mesmo ao seu cadáver.

    Encontram-se, por exemplo, dezenas de mortes em menos de dois dias de pessoas que derem entrada de urgência nos hospitais por ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais (AVC), cancros terminais, diabetes, infecções generalizadas causadas por bactérias (sepsis) e mesmo traumatismos causados por acidentes rodoviários ou quedas.

    Numa análise detalhada do PÁGINA UM apenas aos óbitos-covid – ou seja, sem se considerar os doentes que tiveram alta –, observa-se uma situação ainda mais escandalosa, e que confirmam que a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, e a ministra da Saúde, Marta Temido, sistematicamente mentem sobre esta matéria. Recorde-se que ainda esta semana, estas responsáveis referiram ao Observador que “não são reportados os óbitos de pessoas que, embora infetadas com Covid-19, não tenha sido a infeção a causa que levou ao óbito.”

    Número de mortes atribuídas à covid-19 de pessoas internadas por outras doenças (registadas na posição 0 do boletim clínico), segundo os principais grupos da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CDI)

    De facto, considerando os grupos de doenças constantes do CDI da OMS, identificam-se 586 óbitos por covid-19 de pessoas que foram inicialmente internadas por doenças do aparelho circulatório (código iniciado pela letra I), das quais 41 com enfartes agudos do miocárdio, 160 com AVC isquémicos, 11 com AVC hemorrágicos e 140 com crises de hipertensão.

    O segundo grupo de doenças que justificaram o internamento inicial de doentes-covid (e assim sendo incluídas na base de dados), que acabaram por falecer, são as respiratórias (código J da CDI), mas sem estarem relacionadas com a infecção por SARS-CoV-2 (que recebe o código U071 da CDI, ou em casos muito específicos os códigos J1281 ou J1282).

    Para este grupo, contabilizam-se 392 pessoas que acabaram por ter o seu óbito atribuído à covid-19, mas que entraram no hospital por causa de outras infecções ou problemas respiratórios, incluindo pneumonias não-covid, entre as quais 55 por pneumonias bacterianas identificadas (e.g., por Streptococcus pneumoniae, Klebsiella pneumonia, Staphylococcus aureus e Escherichia coli, entre outras), além de 39 por doença pulmonar obstuctiva crónica (DPOC) e 65 por pneumonites por inalação de comida ou vómito. Este problema grave sucede sobretudo em idosos: a média de idade destes casos é de 84 anos.

    As doenças infecciosas e parasitárias – classificadas com o código iniciado por A – também constituíram a causa de internamento inicial de pessoas que acabaram por morrer com o “carimbo” da covid-19. Na base de dados consultada pelo PÁGINA UM surgem 422 casos, grande parte dos quais (384) por sepsis. Embora numa parte destas situações não tenha sido identificado o organismo causador, muitas o agente foram bactérias.

    Neste vasto grupo chegaram a ser catalogados como mortes-covid, independentemente do contributo do SARS-CoV-2 para o desfecho fatal, pessoas que foram admitidas no hospital por causa da doença dos legionários, de febre Q, de candidíase e até por doença de Creutzfeldt-Jakob (uma mulher de 62 anos).

    Internamentos decorrente de problemas directamente associados a cancros (código iniciado pela letra C), recebendo essa referência na posição 0 do diagnóstico, surgem 303 óbitos classificados como covid-19. Saliente-se, mais uma vez, que este número não se refere a internados que sofriam de cancro e apanharam covid-19 – esse número foi de quase 4.000 até Maio do ano passado, o que confirma ser uma comorbilidade relevante na infeção pelo SARS-CoV-2. São apenas aqueles que foram internados na decorrência de um problema oncológico e que testarem positivo ou foram infectados pelo novo coronavírus.

    Também relevantes foram os internamentos por problemas geniturinários (código iniciado pela letra N na CDI): 230 pessoas hospitalizadas por doenças deste grupo acabaram por falecer durante o internamento e os seus óbitos foram atribuídos à covid-19.

    Neste grupo englobam-se 72 casos de insuficiência renal aguda, alguns extremamente graves. Com efeito, três destas pessoas morreram no próprio dia do internamento, e mais cinco no dia seguinte.

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    Ainda se incluem, neste grupo, 59 doentes com infecções urinárias, 48 casos de nefrite aguda, 26 de cistites, e até um caso de inflamação do escroto.

    Este caso é, aliás, paradigmático: tratou-se de um homem de 76 anos, internado em Dezembro de 2020 no Hospital de Setúbal, que sofria de outros problemas do sistema urinários, de diabetes e de hipertensão. Já internado, o seu boletim clínico regista uma insuficiência cardíaca e só depois foi apanhado por um surto hospitalar de SARS-CoV-2. Morreu no dia 7 de Janeiro; oficialmente por covid-19.

    Noutros grupos de doenças e afecções – em menor número – também se evidencia o absurdo da simples catalogação de mortes-covid em muitos óbitos.

    De acordo com a consulta do PÁGINA UM constam 186 registos de pessoas internadas com diversos traumatismos (código começado com a letra S da CDI) – todos decorrentes de acidentes domésticos, de trabalho e até rodoviários, alguns extremamente graves – que acabaram por resultar em óbito-covid.

    Neste grupo estão oito homens, dos quais três pedestres atropelados, um ciclista, um motociclista e mais três ocupantes de automóveis. Três deles morreram em menos de uma semana. Mas, para a DGS, todos por covid-19.

    Mais bizarro ainda – e o PÁGINA UM elencará, em breve, um best of de bizarrices – são os óbitos-covid atribuídos a pessoas que foram internadas por intoxicação ou queimaduras (código iniciado com a letra T da CDI): são 36, no total.

    O caso mais macabro, dir-se-ia, foi o de uma mulher de 41 anos, internada na unidade de queimados do Hospital de Coimbra no dia de Natal de 2020, com queimaduras na cabeça, pescoço e peito. Morreu no dia 2 de Janeiro do ano passado. No certificado de óbito consta a covid-19 como causa da morte porque lhe meteram uma zaragatoa pelo nariz ou boca – que sofreram queimaduras de terceiro grau – e o teste ao SARS-COV-2 deu positivo.

  • Doentes terminais com SIDA aparecem como mortos por covid-19

    Doentes terminais com SIDA aparecem como mortos por covid-19

    Na véspera de Natal de 2020, um jovem de 31 anos, doente com SIDA, despediu-se da vida: tinha uma trombose da veia porta, hepatite C crónica, cancro do fígado e sarcoma de Kaposi na pele e no intestino. Um teste à covid-19 deu positivo. Até Maio de 2021, ele foi uma das 40 vítimas do VIH que a Direcção-Geral da Saúde “transformou” em vítimas do SARS-CoV-2.


    Em Dezembro no ano passado, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) alegou “desvio de recursos”, por causa da pandemia, para não apresentar o relatório da evolução da infecção VIH (vírus da imunodeficiência humana) relativo ao ano de 2020, mas decidiu já “encaixar” 40 mortes de doentes com SIDA nas estatísticas da covid-19. Portugal foi o único país da União Europeia a não divulgar o relatório anual sobre aquela doença, como era habitual, no Dia Mundial de Luta contra o VIH/SIDA. Recorde-se que em 2019 foram reportados 778 novos casos e registados 197 óbitos em doentes infectados por VIH.

    De acordo com a base de dados a que o PÁGINA UM teve acesso, relativo ao período entre Março de 2020 e Maio do ano passado, os infectados com o VIH foram sempre considerados como doentes-covid se tivessem um teste positivo ao SARS-CoV-2, mesmo quando a causa da hospitalização era claramente outra, sobretudo, nestes casos, relacionada com os efeitos da imunodeficiência adquirida.

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    Este é um dos exemplos mais flagrantes de serem falsas as garantias dadas ao jornal digital Observador pela directora-geral da Saúde, Graça Freitas, de que “não são reportados os óbitos de pessoas que, embora infetadas com covid-19, não tenha sido a infeção a causa que levou ao óbito.”

    Segundo os dados consultados pelo PÁGINA UM, nos primeiros 15 meses da pandemia foram hospitalizados, como doentes-covid, um total de 171 infectados pelo VIH, dos quais 113 durante o ano de 2020.

    Pela interpretação dos registos destes doentes, com quadros clínicos bastante diversificados, muitos apresentavam já diagnóstico positivo à covid-19 na admissão hospitalar. No entanto, pelo menos 67 terão sido internados por outras causas directamente relacionadas com o VIH, atendendo que a referência a esta enfermidade (código B20 na CDI – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) se encontra nas posições 0, 1 ou 2 da ordem de diagnóstico.

    Apesar da taxa de mortalidade hospitalar dos infectados por VIH e com o SARS-CoV-2 não ter sido muito mais elevada do que a dos doentes sem VIH (em ambos os casos rondando os 23%), foram contabilizados 40 óbitos por covid-19 que, em condições normais, seriam classificados como SIDA.

    Em todo o caso, em linha com o perfil de letalidade da covid-19 em condições normais, a idade foi determinante para o desfecho: a média de idade dos infectados com VIH que sobreviveram ao SARS-CoV-2 era de 52,7 anos, enquanto aqueles que acabaram por falecer tinham uma média etária de 60,7 anos.

    A mais idosa vítima com VIH e SARS-CoV-2 foi uma mulher de 88 anos, que morreu em Janeiro do ano passado na região do Alto Minho. No caso do mais idoso sobrevivente com ambos os vírus, foi um homem de 83 anos, que esteve internado no Hospital Amadora-Sintra durante 10 dias entre Janeiro e Fevereiro do ano passado.

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    Os internamentos dos sobreviventes foram, contudo, bastante longos: média de 19 dias, o que indicia que, em grande parte dos internamentos, as causas não foram apenas a covid-19, ou não as foram de todo.

    No caso das vítimas mortais, a média também foi bastante elevada (mais de 20 dias), mas sobretudo devida à complexidade das afecções associadas ao VIH.

    Um dos casos evidentes foi a de um homem de 46 anos, que faleceu em Janeiro ano passado no Hospital de Setúbal como doente-covid – entrando assim nas estatísticas da pandemia feitas pela DGS –, depois de ter sido internado em Outubro de 2020 com um quadro terminal de SIDA, designadamente pneumocistose e sarcoma de Kaposi.

    Contudo, em 13 casos fatais, o desfecho foi muito rápido: logo na primeira semana de internamento, o que indicia situações de grande fragilidade.

    Está aqui incluída a vítima mais jovem: um homem de apenas 31 anos, internado no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central em Dezembro de 2020, numa situação já muito crítica e de grande debilidade: uma trombose da veia porta (obstrução do vaso sanguíneo que leva sangue dos intestinos ao fígado), hepatite C crónica, cancro do fígado e sarcoma de Kaposi na pele e nos intestinos.

    Foi-lhe realizado um teste ao SARS-CoV-2, que deu positivo. Morreu em oito dias. Na véspera de Natal. E como doente-covid, assim classificado pela DGS.

  • PÁGINA UM revela novos dados clínicos, porque a CADA ‘recusa’ sempre acesso a dados sensíveis

    PÁGINA UM revela novos dados clínicos, porque a CADA ‘recusa’ sempre acesso a dados sensíveis


    Graças à postura da Comissão de Acesso aos Documentos Administração (CADA) – pelas más razões que mais adiante se explicará –, no final deste texto, o PÁGINA UM revela uma lista de 162 casos de doentes-covid que desenvolveram miocardites e síndrome inflamatória multissistémica (MISC-C) durante os primeiros 15 meses da pandemia, também para complementar a informação do artigo ontem publicado.

    São dados anonimizados, revelando-se somente a idade sexo, o período de internamento (meses da hospitalização e duração em dias), a unidade de saúde, a eventual utilização de cuidados intensivos e o desfecho (alta ou morte). Não são mencionadas outras comorbilidades, subentendendo-se que todos tiveram covid-19. Não existe informação sobre o estado vacinal, sendo certo que, à data do período final da base de dados (Maio de 2021), ainda não estavam vacinadas as pessoas menos de 55 anos.

    Esta informação mostra-se essencial para compreender mais um enviesamento e manipulação de dados orquestrada pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), porque a ideia que tem transparecido, no caso das miocardites e da MISC-C, é a sua relevante perigosidade para crianças e jovens em caso de infecção por covid-19.

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    Como ontem se salientou aqui no PÁGINA UM, as prevalências destas afecções são ridiculamente baixas nos menores, estando em linha com aquilo que se sabe quanto ao risco da própria covid-19 em função da idade. Aliás, a pneumonia pneumocócica, sendo rara nestas faixas etárias, chega a ser mais mortífera do que a covid-19.

    Não tem sido apenas com esta recente abordagem que o PÁGINA UM se tem destacado. Temos vindo, nas últimas semanas, a divulgar informação fundamental para entender melhor a gestão da pandemia, através de uma base de dados com os internamentos hospitalares a que tivemos sigiloso e exclusivo acesso.

    Em virtude dessa informação, o PÁGINA UM pôde revelar muitos aspectos ignorados do público, escondidos pelo Governo, pelo Ministério da Saúde e pela DGS.

    Graças ao PÁGINA UM, pode-se agora confirmar, e até quantificar, para os primeiros 15 meses da pandemia, que uma parte considerável dos doentes-covid – que foram contabilizados pela DGS para as estatísticas dos internados e mesmo dos óbitos – tinha dado entrada nos hospitais por outras causas, e o simples teste positivo permitiu que fossem “usados” para a estratégia de alarmismo.

    O PÁGINA UM – e particularmente eu, como seu director – tem uma clara visão sobre esta pandemia: existe, constitui um perigo real – não foi uma “gripezinha” (embora esteja em vias de o ser, face à actual letalidade) –, mas não é uma catástrofe ao nível de uma Gripe Espanhola, e deveria ter sido enquadrado numa estratégia de Saúde Pública que continuasse a olhar para as outras doenças. Além disso, esse perigo é (foi sempre) completamente diferenciado em função da idade, do sexo, das comorbilidades e do próprio hospital.

    Nessa medida, a gestão ter assentado em medidas também diferenciadas, o mesmo se aplicando às vacinas – um fármaco cuja aplicação deveria considerar os princípios da precaução e do risco-benefício-incerteza. Desse modo, a vacinação nas idades mais avançada faz todo o sentido; não faz qualquer sentido – do ponto de vista da incerteza e também económico – em adultos jovens, adolescentes e crianças saudáveis, conforme o PÁGINA UM defendeu já. No resto, enfim, há muito negócio, como aliás o PÁGINA UM tem denunciado.

    Enfim, mas, na verdade, é sobre a falta de informação e a ausência completa de dados reais que interessa tecer mais algumas considerações, porque foi esse “problema” que contribuiu decididamente para obstaculizar qualquer debate sério durante a pandemia.

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    A grande culpada, assuma-se, foi a imprensa mainstream que, contribuindo com um comportamento quase generalizado para a trágica auto-destruição de um dos pilares da democracia, não questionou, não incomodou, não investigou, negou informar.

    Um dia se fará a História da Imprensa, e estes últimos dois anos dará uma página negra.

    O PÁGINA UM nasce, aliás, por via do trabalho vergonhoso da maior parte da imprensa e dos jornalistas.

    O PÁGINA UM nasce consciente de estar a enfrentar uma oposição enorme – mesmo, ou sobretudo, interna, da comunicação social –, mas tem consciência que, apesar da sua (ainda) pequenez, deve assumir essa bandeira. Ou esse cálice. Mesmo havendo órgãos de comunicação social que se esforçam para o denegrir, incluindo a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista ou o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas.

    [Entretanto, nos últimos dias, de repentes, em estilo flic-flac à retaguarda, a comunicação social mainstream a fazer (agora, enfim!) artigos abordando o facto de os internamentos de doentes-covid serem (sempre foram), em grande parte, por outras causas. Que todos se lembrem que o que eles andaram a fazer; e que se saiba aqui que no dia 7 de Janeiro o PÁGINA UM – cujo site está online desde 21 de Dezembro passado – começou a revelar esse (e outros) factos. Foi aqui que se começou.]

    O PÁGINA UM nasce também para lutar contra o obscurantismo da Administração Pública; contra a cultura do poder em recusar sistematicamente dar informação, o que numa democracia é algo intolerável.

    Por esse motivo, o PÁGINA UM tem sistematicamente apresentado requerimentos atrás de requerimentos a solicitar documentos administrativos, incluindo bases de dados. Se não estiver em erro, estarão já mais de uma dezena de queixas na CADA por inexistência de resposta favorável a informação essencial, tanto de organismos da Administração Pública como de outras entidades, como o Conselho Superior da Magistratura e a Ordem dos Médicos.

    Porém, lamentavelmente, a CADA – uma entidade supostamente independente, embora dependa financeiramente da Assembleia da República, do Orçamento do Estado e tenha a esmagadora maioria dos seus membros indicada directa ou indirectamente por partidos políticos – tem uma acção muito limitada. Não apenas porque os seus pareceres continuam, inexplicavelmente, a não ser vinculativos como estes podem vir com meses, meses e mais meses de atraso. A comissão reúne uma vez por mês, e agora por Skype.

    Mas, além de tudo isto, ou sobretudo por isto, a CADA tem, por vezes, interpretações que parecem apologistas do obscurantismo, curiosamente quando em causa se encontram documentos “sensíveis” politicamente.

    O PÁGINA UM teve, nos últimos tempos, duas “experiências” desse quilate.

    A primeira refere-se ao pedido de parecer pela recusa do acesso à base de dados do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE) – que permitiria, por exemplo, apurar as taxas de letalidade em função do estado vacinal. Neste momento anda o processo a “marinar” na CADA. A queixa foi apresentada no dia 10 de Novembro de 2021, depois da não-resposta da DGS a um requerimento de 22 de Outubro, e a decisão somente verá a luz do dia, na melhor das hipóteses, em 17 de Fevereiro. Se dessa vez for aprovado nesta reunião, temos então um parecer ao fim de 68 longos dias úteis – ou 99 dias corridos. Ou seja, a CADA nem consegue cumprir o prazo da lei que ela rege, e que lhe concede 40 dias para elaborar os pareceres.

    A DGS agradece e esfrega as mãos de contente.

    Também a esfregar as mãos de contente – e brindando também ao obscurantismo – estará a doutora Graça Freitas por a CADA considerar que não tem o dever de conceder ao PÁGINA UM o acesso à base de dados do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO), que permitiria, entre muitas outras coisas, analisar em concreto os óbitos por covid-19 e as variações das outras doenças como causa da morte em comparação com outros anos.

    man covering his face standing

    Apesar dessa base de dados não ser classificada, a CADA considerou, em recente parecer, que um jornalista – que, por sinal, no caso em apreço, até tem formação académica vasta – não pode invocar o seu estatuto de jornalista, que, entre outras funções, realiza investigações. Ou seja, a CADA defende que um jornalista não sabe ou não pode investigar, que não cumpre os pressupostos do artigo 12º da Lei nº 15/2012, que criou o SICO, e que possibilita, sob concordância do director-geral da Saúde, o acesso a essa base de dados para efeitos de “investigação”. E note-se: não está lá sequer escrito “investigação científica”.

    Enfim, temos então a CADA a defender, implicitamente, o obscurantismo, o benefício da Administração Pública nada transparente. E, portanto, não mudando a CADA a sua posição – em todo o caso, será feita uma impugnação ao seu parecer, e depois sempre temos um Tribunal Administrativo –, arriscamos a contínua cegueira, a especulação, a desinformação. E ficamos sobretudo na cegueira sobre a eventual manipulação de dados por parte da DGS durante esta pandemia.

    Ora, é exactamente por esse motivo, por se saber que a DGS jamais dará informação por sua iniciativa – e a CADA assim não ajuda –, que o PÁGINA UM tem vindo e continuará a divulgar toda a informação sigilosa que conseguir.

    Sem qualquer hesitação, sempre que o interesse público o justificar. Por esse mesmo motivo, o PÁGINA UM apresenta um formulário de denúncias, com possibilidade de inserir documentos de forma anónima.

    E é por esse motivo, e em conclusão, por mor da (in)acção da CADA – que promove, em matérias mais sensíveis, o obscurantismo –, que o PÁGINA UM divulga agora mais uma lista com dados clínicos, anonimizados, em cumprimento do Regulamento Geral de Protecção de Dados e da deontologia jornalística.


    CASOS DE MIOCARDITE E SÍNDROME INFLAMATÓRIA MUSTISSISTÉMICA (MISC-C)

    Caso 1 – MISC-C
    Homem – 1 ano
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (10 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 2 – MISC-C
    Homem – 3 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Março 2021 (3 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 3 – MISC-C
    Homem – 3 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Abril 2021 (7 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 4 – MISC-C
    Homem – 3 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Fevereiro – Março 2021 (11 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 5 – MISC-C
    Homem – 5 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Fevereiro – Março 2021 (19 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 6 – MISC-C
    Homem – 6 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (8 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 7 – MISC-C
    Homem – 7 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Porto
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (15 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 8 – MISC-C
    Mulher – 7 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (8 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 9 – MISC-C
    Mulher – 8 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (9 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 10 – MISC-C
    Mulher – 8 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte
    Período de Internamento: Novembro 2020 (16 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 11 – MISC-C
    Mulher – 8 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Médio Ave
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (5 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 12 – Miocardite
    Mulher – 10 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
    Período de Internamento: Junho 2020 (7 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 13 – Miocardite
    Homem – 10 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte
    Período de Internamento: Maio 2020 (10 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 14 – MISC-C
    Mulher – 10 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (12 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 15 – MISC-C
    Mulher – 11 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Março 2021 (7 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 16 – Miocardite e MISC-C
    Mulher – 12 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (12 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 17 – Miocardite
    Homem – 13 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
    Período de Internamento: Abril – Maio 2020 (19 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 18 – MISC-C
    Homem – 13 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (17 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 19 – MISC-C
    Homem – 14 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte
    Período de Internamento: Novembro 2020 (7 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 20 – MISC-C
    Mulher – 15 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Dezembro 2021 (1 dia)
    Cuidados Intensivos: NÂO
    Desfecho: ALTA

    Caso 21 – MISC-C
    Mulher – 15 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Porto
    Período de Internamento: Dezembro 2021 (6 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 22 – MISC-C
    Mulher – 15 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Março 2021 (10 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 23 – Miocardite e MISC-C
    Homem – 16 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (13 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 24 – MISC-C
    Homem – 16 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Março – Abril 2021 (23 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 25 – MISC-C
    Homem – 16 anos
    Unidade de Saúde: Hospital da Senhora da Oliveira (Guimarães)
    Período de Internamento: Março 2021 (0 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 26 – Miocardite e MISC-C
    Homem – 17 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Janeiro 2021 (10 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 27 – Miocardite
    Mulher – 18 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Médio Tejo
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (50 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 28 – Miocardite
    Mulher – 20 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
    Período de Internamento: Novembro – Dezembro 2020 (12 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 29 – Miocardite
    Homem – 22 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Outubro 2020 (20 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 30 – MISC-C
    Mulher – 22 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Tondela-Viseu
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (11 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 31 – Miocardite
    Mulher – 23 anos
    Unidade de Saúde: Hospital do Espírito Santo (Évora)
    Período de Internamento: Abril 2020 (3 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 32 – MISC-C
    Homem – 24 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (13 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 33 – Miocardite
    Homem – 26 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Outubro 2020 (6 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 34 – Miocardite
    Homem – 31 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (13 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 35 – Miocardite
    Homem – 31 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Novembro 2020 (15 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 36 – MISC-C
    Mulher – 34 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Janeiro 2021 (13 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 37 – Miocardite
    Homem – 37 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Junho – Julho 2020 (45 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 38 – Miocardite
    Homem – 42 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte
    Período de Internamento: Junho – Agosto 2020 (72 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 39 – MISC-C
    Mulher – 42 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (9 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 40 – Miocardite
    Homem – 43 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Março 2021 (19 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 41 – Miocardite
    Homem – 44 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Oeste
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (7 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 42 – Miocardite
    Homem – 47 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Fevereiro – Março 2021 (27 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 43 – Miocardite
    Mulher – 47 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (11 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 44 – Miocardite
    Homem – 48 anos
    Unidade de Saúde: Hospital de Vila Franca de Xira
    Período de Internamento: Janeiro – Março 2021 (39 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 45 – Miocardite
    Mulher- 49 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Baixo Vouga
    Período de Internamento: Abril 2021 (8 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 46 – MISC-C
    Homem – 50 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde de Matosinhos
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (9 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 47 – MISC-C
    Homem – 51 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (19 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 48 – MISC-C
    Homem – 52 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Setúbal
    Período de Internamento: Novembro – Dezembro 2020 (33 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 49 – Miocardite
    Homem – 53 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Janeiro 2021 (14 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 50 – Miocardite
    Homem – 54 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (21 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 51 – Miocardite
    Homem – 55 anos
    Unidade de Saúde: HPDFF
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (8 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 52 – MISC-C
    Homem – 55 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (23 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 53 – MISC-C
    Homem – 55 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Porto
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (14 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 54 – MISC-C
    Mulher – 56 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Médio Tejo
    Período de Internamento: Novembro – Dezembro 2020 (35 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 55 – Miocardite
    Homem – 57 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Julho – Agosto 2020 (12 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 56 – Miocardite
    Homem – 58 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2020 (12 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 57 – Miocardite
    Homem – 58 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (6 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 58 – MISC-C
    Homem – 60 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Leiria
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (10 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 59 – Miocardite e MISC-C
    Homem – 62 anos
    Unidade de Saúde: Hospital de Cascais Dr. José de Almeida
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Janeiro 2021 (24 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 60 – Miocardite
    Homem – 62 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Médio Tejo
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Janeiro 2021 (23 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 61 – Miocardite
    Homem – 62 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Janeiro 2021 (13 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 62 – MISC-C
    Mulher – 62 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira
    Período de Internamento: Janeiro – Março 2021 (46 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 63 – MISC-C
    Homem – 62 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (5 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 64 – Miocardite
    Homem – 63 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (8 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 65 – Miocardite
    Mulher – 64 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Novembro – Dezembro 2020 (11 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 66 – Miocardite
    Homem – 65 anos
    Unidade de Saúde: Hospital do Espírito Santo (Évora)
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (3 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 67 – MISC-C
    Homem – 65 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (9 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 68 – Miocardite
    Homem – 66 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde do Alto Minho
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (5 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 69 – MISC-C
    Homem – 66 anos
    Unidade de Saúde: Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira
    Período de Internamento: Novembro 2020 – Janeiro 2021 (49 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 70 – Miocardite
    Homem – 67 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Garcia de Orta (Almada)
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Janeiro 2021 (26 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 71 – Miocardite
    Homem – 67 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (8 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 72 – MISC-C
    Homem – 67 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (12 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 73 – MISC-C
    Homem – 67 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (4 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 74 – MISC-C
    Homem – 67 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Tondela-Viseu
    Período de Internamento: Novembro – Dezembro 2020 (7 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 75 – MISC-C
    Homem – 67 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Tondela-Viseu
    Período de Internamento: Fevereiro – Março 2021 (15 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 76 – MISC-C
    Mulher – 67 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Baixo Vouga
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (20 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 77 – Miocardite
    Mulher – 68 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Oeste
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (18 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 78 – MISC-C
    Mulher – 68 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (3 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 79 – MISC-C
    Homem – 68 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Tondela-Viseu
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (16 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 80 – Miocardite
    Homem – 69 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (12 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 81 – MISC-C
    Homem – 69 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (5 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 82 – MISC-C
    Homem – 69 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Tondela-Viseu
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (5 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 83 – Miocardite
    Homem – 70 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Professor Dr. Fernando Fonseca (Amadora-Sintra)
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (15 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 84 – Miocardite
    Mulher – 70 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (24 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 85 – MISC-C
    Homem – 70 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde de Matosinhos
    Período de Internamento: Outubro – Novembro 2020 (29 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 86 – MISC-C
    Homem – 70 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde de Matosinhos
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (15 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 87 – Miocardite
    Homem – 71 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (4 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 88 – MISC-C
    Homem – 71 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Oeste
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (30 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 89 – Miocardite
    Mulher – 73 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Médio Tejo
    Período de Internamento: Outubro 2020 (13 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 90 – Miocardite
    Homem – 73 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde da Guarda
    Período de Internamento: Novembro – Dezembro 2020 (37 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 91 – Miocardite
    Mulher – 73 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
    Período de Internamento: Maio – Junho 2020 (36 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 92 – MISC-C
    Mulher – 73 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Leiria
    Período de Internamento: Janeiro – Março 2021 (38 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 93 – MISC-C
    Mulher – 73 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Janeiro 2021 (48 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 94 – Miocardite
    Homem – 74 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (20 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 95 – Miocardite
    Homem – 74 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde de Matosinhos
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Janeiro 2021 (12 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 96 – MISC-C
    Mulher – 74 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (3 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 97 – Miocardite
    Homem – 75 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (6 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 98 – Miocardite
    Homem – 75 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Fevereiro 2021 (50 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 99 – Miocardite
    Mulher – 75 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (15 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 100 – MISC-C
    Mulher – 75 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Leiria
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (5 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 101 – Miocardite
    Mulher – 77 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (16 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 102 – Miocardite
    N/A – 77 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde do Alto Minho
    Período de Internamento: Abril 2020 (16 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 103 – Miocardite
    Mulher – 77 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Maio – Junho 2020 (13 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 104 – Miocardite
    Mulher – 77 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
    Período de Internamento: Novembro – Dezembro 2020 (9 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 105 – Miocardite
    Homem – 77 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (9 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 106 – Miocardite
    Mulher – 77 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Póvoa de Varzim-Vila do Conde
    Período de Internamento: Novembro 2020 (7 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 107 – MISC-C
    Mulher – 77 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (2 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 108 – MISC-C
    Homem – 77 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde de Matosinhos
    Período de Internamento: Abril 2021 (2 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 109 – MISC-C
    Homem – 77 anos
    Unidade de Saúde: Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira
    Período de Internamento: Novembro 2020 – Janeiro 2021 (61 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 110 – MISC-C
    Mulher – 77 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (3 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 111 – Miocardite
    Homem – 78 anos
    Unidade de Saúde: Hospital de Vila Franca de Xira
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (0 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 112 – Miocardite
    Homem – 78 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (11 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 113 – MISC-C
    Mulher – 78 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (6 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 114 – MISC-C
    Homem – 78 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Tondela-Viseu
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (22 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 115 – Miocardite
    Homem – 79 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Médio Tejo
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (13 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 116 – Miocardite
    Homem – 79 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Janeiro 2021 (17 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 117 – Miocardite
    Homem – 79 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Baixo Vouga
    Período de Internamento: Março 2020 (5 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 118 – Miocardite
    Homem – 79 anos
    Unidade de Saúde: Hospital de Vila Franca de Xira
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (1 dia)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 119 – Miocardite
    Homem – 79 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano
    Período de Internamento: Abril – Maio 2020 (6 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 120 – Miocardite
    Homem – 79 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (11 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 121 – MISC-C
    Mulher – 79 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (23 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 122 – MISC-C
    Mulher – 80 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (28 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: ALTA

    Caso 123 – Miocardite
    Homem – 81 anos
    Unidade de Saúde: Hospital Garcia de Orta (Almada)
    Período de Internamento: Novembro 2020 (3 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 124 – Miocardite
    Mulher – 81 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (4 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 125 – Miocardite
    Mulher – 81 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 126 – MISC-C
    Homem – 81 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde de Matosinhos
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (6 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 127 – MISC-C
    Homem – 81 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Tondela-Viseu
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Janeiro 2021 (9 dias)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 128 – Miocardite
    Homem – 82 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde de Matosinhos
    Período de Internamento: Novembro – Dezembro 2020 (13 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 129 – MISC-C
    Mulher – 82 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (11 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 130 – MISC-C
    Mulher – 82 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Baixo Vouga
    Período de Internamento: Março 2021 (12 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 131 – MISC-C
    Mulher – 82 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (18 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 132 – Miocardite
    Homem – 83 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (16 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 133 – MISC-C
    Homem – 83 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira
    Período de Internamento: Novembro – Dezembro 2020 (17 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 134 – MISC-C
    Mulher – 83 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Fevereiro 2021 (46 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 135 – MISC-C
    Mulher – 84 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Janeiro – Março 2021 (54 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 136 – Miocardite
    Homem – 85 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte
    Período de Internamento: Março 2020 (1 dia)
    Cuidados Intensivos: SIM
    Desfecho: MORTE

    Caso 137 – Miocardite
    Homem – 86 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (14 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 138 – MISC-C
    Homem – 86 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (2 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 139 – Miocardite
    Homem – 88 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Baixo Vouga
    Período de Internamento: Março – Abril 2021 (10 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 140 – MISC-C
    Mulher – 88 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Novembro 2020 – Fevereiro 2021 (69 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 141 – MISC-C
    Mulher – 88 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (4 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 142 – Miocardite
    Homem – 89 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Póvoa de Varzim-Vila do Conde
    Período de Internamento: Dezembro 2020 – Janeiro 2021 (15 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 143 – Miocardite
    Mulher – 89 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (10 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 144 – MISC-C
    Mulher – 89 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (7 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 145 – MISC-C
    Homem – 89 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Novembro – Dezembro 2020 (19 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 146 – Miocardite
    Mulher – 90 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
    Período de Internamento: Fevereiro 2021 (1 dia)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 147 – MISC-C
    Mulher – 90 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Tondela-Viseu
    Período de Internamento: Outubro – Novembro 2020 (26 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 148 – MISC-C
    Mulher – 90 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (1 dia)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 149 – Miocardite
    Mulher – 91 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde de Matosinhos
    Período de Internamento: Abril 2020 (5 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 150 – MISC-C
    Mulher – 91 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (13 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 151 – MISC-C
    Mulher – 92 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (5 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 152 – Miocardite
    Mulher – 93 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar do Médio Tejo
    Período de Internamento: Agosto 2020 (4 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 153 – Miocardite
    Mulher – 93 anos (99 dias)
    Unidade de Saúde: Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
    Período de Internamento: Março – Junho 2020 (
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 154 – Miocardite
    Mulher – 93 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (13 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 155 – MISC-C
    Homem – 93 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (18 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 156 – Miocardite
    Mulher – 94 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde de Matosinhos
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (11 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: ALTA

    Caso 157 – MISC-C
    Mulher – 94 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (6 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 158 – Miocardite
    Homem – 95 anos
    Unidade de Saúde: Unidade Local de Saúde de Castelo Branco
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (4 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 159 – MISC-C
    Homem – 95 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (5 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 160 – Miocardite
    Homem – 97 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Universitário do Algarve
    Período de Internamento: Janeiro – Fevereiro 2021 (9 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 161 – MISC-C
    Homem – 98 anos
    Unidade de Saúde: Centro Hospitalar Tondela-Viseu
    Período de Internamento: Janeiro 2021 (12 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

    Caso 162 – MISC-C
    Homem – 99 anos
    Unidade de Saúde: Hospital de Braga
    Período de Internamento: Dezembro 2020 (7 dias)
    Cuidados Intensivos: NÃO
    Desfecho: MORTE

  • Parecer da DGS sobre miocardites omite que gravidade em crianças é praticamente nula em comparação com idosos

    Parecer da DGS sobre miocardites omite que gravidade em crianças é praticamente nula em comparação com idosos

    Para promover a vacinação de crianças, que tem estado abaixo das suas expectativas, a Direcção-Geral da Saúde divulgou hoje um parecer que coloca as miocardites e a síndrome inflamatória multissistémica (MISC-C) em idade pediátrica como de grande gravidade. O PÁGINA UM revela, através da base de dados das hospitalizações nos primeiros 15 meses da pandemia, outra realidade: estas duas afecções são muitíssimo raras e causaram apenas uma morte abaixo dos 50 anos (uma mulher de 34 anos por MISC-C). Mais graves, sim, são os níveis de letalidade dos mais idosos, daí a vantagem da sua vacinação. O PÁGINA UM também detectou, no parecer da DGS, incongruências, com citações científicas mal feitas.


    Nos primeiros 15 meses da pandemia, até Maio de 2021, apenas seis dos 814 menores hospitalizados com covid-19 desenvolveram um quadro clínico de miocardite. Apesar de todas terem estado em cuidados intensivos, sobretudo por precaução – mas sem necessidade de ventilação mecânica –, nenhuma morreu. Ao invés, embora raras, as miocardites foram mais frequentes e letais em idades avançadas.

    De acordo com a base de dados das hospitalizações a que o PÁGINA UM teve acesso, contabilizam-se 81 doentes (incluindo os menores) que sofreram diversos tipos de miocardite – catalogadas com os códigos B3322, I400, I408 e I409 da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CDI) –, dos quais dois terços (54 casos) tinham mais de 60 anos. Conforme conhecido, esta infecção cardíaca atinge mais o sexo masculino: 55 casos foram em homens (68% do total).

    Enquanto a letalidade em idades mais jovens foi praticamente nula – em menores de 60 anos, num total de 27 casos, apenas se registou a morte de um homem de 53 anos, em Janeiro do ano passado –, a gravidade desta infecção nos mais idosos já foi bastante relevante.

    doctor and nurses inside operating room

    Não sendo possível determinar, através da base de dados, em que grau a miocardite contribuiu para um desfecho fatal, certo é que das 54 pessoas com mais de 60 anos que desenvolveram esta infecção no coração se contabilizam 24 óbitos. Ou seja, a miocardite associada à covid-19 – que, por estas semanas, tanto tem afligido pais – não causou qualquer morte em idade pediátrica, apresentando uma letalidade de quase 45% nos maiores de 60 anos. No caso dos maiores de 80 anos, então é particularmente grave: dos 18 que sofreram miocardite com covid-19, 12 acabaram por falecer (67%).

    No entanto, uma conclusão se deve retirar: a miocardite é efectivamente um problema, mesmo no quadro dos doentes-covid, bastante raro: no total dos internados, a prevalência foi apenas de 0,15% (81 casos em pouco mais de 54 mil hospitalizações até Maio de 2021), sendo que para os menores de idade foi de 0,7%, mas com uma letalidade de 0% (6 casos em 814 internamentos).

    Se se considerar que até Maio de 2021 tinham sido infectadas cerca de 850 mil pessoas – não contabilizando assintomáticos não detectados por teste PCR –, as miocardites atingiram apenas uma incidência de menos de 10 casos por cada 100.000 infectados de todas as idades.

    hands formed together with red heart paint

    No caso dos doentes que sofreram de síndrome inflamatória multissistémica associada à covid-19 (MISC-C) – com o código M3581 da CDI –, houve mais casos em idade pediátrica, mas também sem mortes. De acordo com a base de dados consultada pelo PÁGINA UM, nos primeiros 15 meses da pandemia contabilizam-se 85 doentes com MISC-C – alguns também com miocardites –, dos quais 23 com menos de 18 anos. Apesar de quase todos terem sido internados em cuidados intensivos, para um melhor acompanhamento, mas também sem ventilação mecânica, não houve nenhum óbito. Destes, apenas cinco casos tiveram uma hospitalização superior a duas semanas.

    Uma mulher de 34 anos foi a vítima mais jovem com MISC-C associada à covid-19, tendo-se registado mais três óbitos em quinquagenários: um homem de 51 anos e mais dois de 55 anos. Acima dos 60 anos, embora esta seja também uma afecção rara (52 casos contabilizados nos primeiros 15 meses da pandemia), a MISC-C mostra-se bastante letal: 71% das pessoas acabaram por morrer. Nos maiores de 80 anos a taxa de mortalidade atingiu os 77% (17 óbitos em 22 casos).

    Em suma, sendo bastante raras estas duas afecções associadas à covid-19, em idade pediátrica é incomensuravelmente menos grave – ou seja, sem qualquer óbito – do que em idades adultas e sobretudo em comparação com os mais idosos.

    Apesar destes dados concretos da situação em Portugal, dois consultores da Direcção-Geral da Saúde (DGS) para o Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares divulgaram hoje um parecer onde dão a entender que a miocardite associada à covid-19 constitui uma afecção grave em idade pediátrica, numa tentativa de promover a vacinação de crianças, que ronda actualmente os 50%.

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    Com efeito, neste parecer – intitulado “Vacina para covid-19 em idade pediátrica e lesão cardíaca: o que sabemos” – refere-se, no ponto 2, que “a miocardite associada à covid-19 pode ocorrer em três circunstâncias diferentes: devido à infeção viral, em cerca de 60 casos por 100.000 indivíduos infetados; na doença mais grave, síndrome inflamatória multissistémica por covid-19 (MISC-C ou PIMS) atingindo cerca de 17,3% dos casos; e após vacinação, com uma incidência de 0,5 a 1 caso por 100.000 indivíduos.”

    Porém, os dois autores do parecer – Fátima Pinto, directora de Cardiologia Pediátrica do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, e Filipe Macedo, cardiologista do Hospital de São João – não especificam sequer se se referem a prevalências em idade pediátrica ou para toda a população.

    Por outro lado, embora elenquem oito referências bibliográficas, nenhuma se refere a dados específicos de Portugal, não indicando sequer quaisquer dados nacionais sobre miocardites e síndrome inflamatória multissistémica em crianças, jovens, adultos em idade activa e idosos. Esses dados existem, mas a DGS recusa-se a divulga-los.

    Contudo, o PÁGINA UM detectou pelo menos uma incorrecta interpretação dos dois peritos sobre as conclusões do artigo científico por eles citado. Com efeito, no ponto 5 do parecer, Fátima Pinto e Filipe Macedo escrevem taxativamente que “a miocardite por infeção com SARS-CoV-2 sendo cerca de 60 vezes mais frequente, que após a vacinação [sic], pode ter sintomas mais graves, evolução mais prolongada, bem como complicações e sequelas a longo prazo”, acrescentando que “desconhece-se ainda, se existem complicações ou sequelas persistentes”.

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    Na verdade, as conclusões do artigo de investigadores norte-americanos da Universidade de Emory – ainda não revisto pelos pares (peer review), estando apenas publicado no site MedRxiv –, referenciado pelos autores do parecer da DGS, são afinal algo diferentes.

    Sob o título “Comparison of MIS-C related myocarditis, classic viral myocarditis, and covid-19 vaccine related myocarditis in children“, os autores daquela universidade salientam afinal que “comparativamente com os [doentes] que têm miocardite clássica, os que têm miocardite por síndrome inflamatória multissistémica (MIS-C) tiveram perturbações hematológicas mais significativas e inflamação mais grave em apresentação, mas tiveram melhores resultados clínicos, incluindo rápida recuperação da função cardíaca”, acrescentando ainda que “pacientes com miocardite relacionada com a vacina de covid-19 tiveram uma apresentação clínica semelhante aos pacientes com miocardite clássica, mas o seu padrão de recuperação foi semelhante aos que tiveram síndrome inflamatória multissistémica (MIS-C), com rápida resolução de sintomas e melhorias na função cardíaca”.

    E finalizam ainda que “o acompanhamento a longo prazo deve focar-se nas consequências cardíacas e não-cardíacas de miocardites associadas à doença e à vacinação de covid-19.” Ou seja, não estabelecem quaisquer considerações sobre distintos efeitos a longo prazo entre vacinados e infectados com covid-19, ao contrário daquilo que os dois consultores da DGS deixam explicitamente transparecer.

    O PÁGINA UM colocou diversas questões sobre estas matérias quer aos dois peritos quer à directora-geral da Saúde, Graça Freitas, pedindo-lhes também esclarecimentos, mas como habitualmente não obteve resposta.

  • Direcção-Geral da Saúde culpou coronavírus até por ataques cardíacos fulminantes em doentes assintomáticos

    Direcção-Geral da Saúde culpou coronavírus até por ataques cardíacos fulminantes em doentes assintomáticos

    Milhares de entradas nas urgências com cardiopatias isquémicas deram muitas centenas de óbitos “carimbados” com covid-19. O PÁGINA UM, continuando a dissecar a base de dados dos internados nos primeiros 15 meses da pandemia, detectou que cerca de 10% dos hospitalizados e 10% dos mortos sofreram cardiopatias isquémicas. Muitos tiveram ataques cardíacos, alguns fulminantes, mas todos levaram com o selo “covid”. Bastou um teste positivo, mesmo se o doente agonizava sem qualquer sintoma de infecção por SARS-CoV-2.


    Vários milhares de pessoas com sintomas graves ou moderados de cardiopatias isquémicas do coração – entre as quais enfartes do miocárdio, anginas de peito e aterosclerose neste órgão – acabaram classificados como doentes-covid pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) apenas porque tiveram, na admissão hospitalar, um teste positivo. Em caso de desfecho fatal, a DGS anunciava-as como vítimas da pandemia.

    Na análise da base de dados do Ministério da Saúde abrangendo os internamentos dos primeiros 15 meses da pandemia, a que o PÁGINA UM teve acesso, confirma-se que independentemente do grau de gravidade de doenças cardíacas, um teste positivo foi o suficiente para ficar nas “malhas” das estatísticas da covid-19. Em centenas de casos, o SARS-CoV-2 nem sequer teve tempo de se manifestar, porque algumas dezenas faleceram no próprio dia ou no dia seguinte à admissão nos serviços de urgência hospitalar. E centenas no prazo de uma semana. Em condições naturais, antes da pandemia, todos estes óbitos teriam considerado estas cardiopatias como a causa.

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    No período de Março de 2020 a Maio de 2021, envolvendo mais de 50 mil doentes-covid, o PÁGINA UM contabilizou, em mais de 50 mil internados, um total de 5.193 pessoas com referências, nos respectivos boletins clínicos, a uma ou mais cardiopatias isquémicas. Este número representa quase 10% do total de doentes-covid internados neste período. Contabilizando os desfechos fatais de pessoas oficialmente classificadas de doentes-covid, houve 1.757 que morreram após ataques cardíacos ou outras cardiopatias isquémicas, ou seja, 10% do total até Maio do ano passado.

    Não se consegue, neste universo, e com os dados disponíveis, quantificar com rigor absoluto o contributo destas doenças isquémicas para os desfechos fatais, nem sequer a percentagem de casos mortais em que a covid-19 pode ter desencadeado o evento cardíaco.

    Infelizmente, a base de dados é, de forma inexplicável, omissa sobre a data em concreto da ocorrência do evento cardíaco, informando apenas a ordem dos diagnósticos (que, em cada indivíduo, começa no 0). Por norma, primeiro, registam-se todas as doenças e problemas relevantes no momento da admissão hospitalar – e que a justificam – , e em seguida as comorbilidades e os aspectos relevantes da evolução clínica.

    Contudo, como não existe na base de dados dos doentes-covid uma separação entre as doenças e afecções antes da admissão e durante o internamento, apenas por dedução – mesmo com consulta individual dos mais de 50 mil doentes registados – se consegue determinar, sem demasiado erro, o número de doentes em que o evento cardíaco foi a causa directa do internamento.

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    Assim, quando pelo menos um registo destas isquemias – com os códigos I20 a I25 da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CDI) – surgia nas primeiras posições da ordem do diagnóstico (entre 0 e 6), o PÁGINA UM considerou que estas constituíram a causa directa do internamento.

    Saliente-se que a referência à covid-19 (com o código U071) aparece, em muitos destes casos, com um número de ordem do diagnóstico superior ao das cardiopatias, o que significa, nestas circunstâncias, sem qualquer dúvida, que a admissão foi muito urgente, e só depois houve confirmação de teste positivo ao SARS-CoV-2.

    Assim, considerando este método, o PÁGINA UM identificou um total de 2.186 doentes-covid hospitalizados neste período que terão tido uma ou mais cardiopatias isquémicas como evidente causa de internamento, e não tendo ainda sintomas de infecção pelo SARS-CoV-2. Destes, 672 morreram.

    Também pelo tempo de estadia hospitalar se confirma que mesmo cardiopatias agudas fulminantes acabaram anunciadas como mortes-covid. Os casos mais chocantes observam-se com os enfartes do miocárdio – vulgarmente conhecidos por ataques cardíacos e com o código I21 da CDI. Entre Março de 2020 e Maio de 2021, e segundo o critério definido pelo PÁGINA UM, contabilizam-se 949 pessoas com este gravíssimo problema cardíaco, sendo que 206 tiveram diagnóstico de ordem 0 (100% de certeza de ter sido causa de internamento), e 657 com registo de ordem 6 ou inferior. Portanto, sete em cada 10 destas pessoas terão sofrido ataques cardíacos antes de qualquer teste positivo à covid-19.

    De entre estes casos, 40 pessoas morreram no próprio dia do internamento – ou seja, o ataque cardíaco foi mesmo fulminante –, 123 em três ou menos dias, e 253 antes de completado o sétimo dia de internamento. No total, a taxa de mortalidade destes doentes foi de 43%, ou seja, cerca de 20 pontos percentuais acima do rácio médio dos doentes-covid sem esta comorbilidade.

    Saliente-se, contudo, que a média das idades foi geralmente, nestes casos, bastante elevada (76 anos). Nos muito idosos (mais de 80 anos), a taxa de sobrevivência foi de apenas 44%. Ao invés, a taxa de mortalidade dos menores de 60 anos foi de 13%. Três dos mortos de ataque cardíaco com covid-19 no certificado de óbito tinham menos de 50 anos.

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    Se se considerar todas as 2.186 cardiopatias isquémicas com ordem de diagnóstico de 6 ou inferior – ou seja, os eventos que terão sido a causa determinante de internamento –, além dos 949 ataques cardíacos, contabilizam-se ainda 78 anginas de peito (código I20), 381 aterosclerose do coração (código I251). Nas restantes de doenças cardíacas crónicas, destacam-se 335 casos de sequelas provenientes de ataques cardíacos antigos (código I252) e 221 cardiomiopatias isquémicas (código I255).

    As taxas de mortalidade hospitalar variaram muito neste tipo de cardiopatias. Nas anginas de peito foi de 24%, próxima daquela contabilizada para a generalidade dos doentes-covid, nas ateroscleroses do coração rondou os 26% e atingiu os 34% nas cardiomiopatias isquémicas.

    Contudo, para a DGS foi tudo “varrido” a covid-19.

  • Covid-19 estará a esconder mortes por erros, negligência e acidentes em hospitais

    Covid-19 estará a esconder mortes por erros, negligência e acidentes em hospitais

    A Direcção-Geral da Saúde determinou que se alguém falecesse com um teste positivo ao SARS-CoV-2 levava automaticamente com o carimbo de “morte covid”. Os registos dos internados na primeira fase da pandemia, que o PÁGINA UM tem dissecado, mostram 250 casos suspeitos que podem ter sido apenas anormais reacções a procedimentos médicos, ou pura negligência médica. Um total de 88 pessoas morreram nestas circunstâncias. Como raramente houve autópsias, a morte morreu solteira.


    Um erro na operação de intubação numa unidade de cuidados intensivos do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte contribuiu para a morte de um doente de 61 anos em Abril de 2020. Este evento trágico foi único, mas o PÁGINA UM detectou muitos mais casos suspeitos de erros e negligência médica que estarão a ser escondidos sob o carimbo da covid-19, uma vez que, por regra, não são feitas autópsias nos óbitos confirmados por esta doença.

    Estas suspeitas advêm da consulta à base de dados do Ministério da Saúde sobre os internamentos de doentes-covid, a que o PÁGINA UM teve acesso, e detecta-se através da codificação feita segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CDI).

    Aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), esta codificação não apresenta apenas as doenças e comorbilidades de cada doente no seu processo clínico; também identifica, por exemplo, complicações de actos médicos e cirúrgicos, acidentes, erros, negligência e reacções inesperadas.

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    Este tipo de situações recebe, por norma, os códigos Y62 a Y84 da CDI, consoante a sua tipologia. Não estão aqui incluídos, embora haja largas dezenas de casos, os acidentes em hospitais como quedas da cama ou em casas de banho em doentes-covid, alguns fatais.

    Numa análise detalhada à base de dados dos internamentos nos primeiros 15 meses da pandemia, entre Março de 2020 e Maio de 2021, contabilizam-se 250 doentes-covid com registos de reacções adversas após procedimentos médicos. Em alguns casos estar-se-á perante eventuais erros ou negligência médica. De entre os pacientes afectados, 88 morreram, ou seja, 35% – um valor cerca de 12 pontos percentuais acima da taxa de mortalidade dos internados sem este tipo de registos.

    Nem todos os desfechos fatais terão sido devidos apenas a reacções adversas dos doentes ou a erros médicos – até pela grande debilidade e elevada idade de muitas das vítimas –, mas todos acabaram classificados como mortes por covid-19. Muito provavelmente as famílias nem sequer souberam aquilo que se passou dentro das portas do hospital.

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    O caso do doente do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte – que agrega o Hospital de Santa Maria – é um exemplo paradigmático.

    À entrada nos cuidados intensivos em 22 de Abril de 2020, a sua situação já era grave: diabético tipo II, vinha com insuficiência respiratória e síndrome de desconforto respiratório decorrente de covid-19 diagnosticada, mas os médicos terão tido dificuldade em o intubar (surgindo essa referência com o código T884 da CDI) e o tubo orotraqueal acabou por ser mal colocado (código Y653). O homem sofreu um choque não especificado (R579) e morreu no dia seguinte ao internamento.

    A esmagadora maioria dos registos mostra-se, porém, com referências extremamente vagas sobre a origem exacta do erro, acidente ou reacção anormal, não sendo assim possível concluir se se está perante uma situação incontornável ou imprevista, ou se se tratou de erro médico.

    Por exemplo, na base de dados surgem 44 casos classificados com o código Y848, que se refere a procedimentos médicos que causaram reacções adversas tardias mas não especificadas. Noutros casos especificam-se a causa, embora pouco concretizando, como são as 32 reacções contabilizadas no decurso de procedimentos radiológicos (Y842) e as 32 reacções devidas a cateteres urinários (código Y848).

    Existem também registos de efeitos adversos que, de forma clara, nada tiveram a ver com a covid-19, porque se deveram sim a actos cirúrgicos decorrentes de outros problemas. São exemplo disso os 16 casos classificados com o código Y831 (implantes de dispositivos médicos) e os 13 casos com o código Y832 (bypass gástricos com anastomose). Problemas na área da gastroenterologia, aliás, mostraram-se relativamente frequentes.

    A falta de informação sobre o verdadeiro contributo destes procedimentos médicos para as eventuais mortes dos pacientes acaba, contudo, por ocultar eventuais negligências, tanto mais que o “carimbo” da covid-19 levou a que se prescindisse, na esmagadora maioria dos casos, à realização de autópsia. Uma morte com covid-19 foi, para a Direcção-Geral da Saúde, sempre uma insuspeita morte exclusivamente causada pelo SARS-CoV-2.

    Aliás, na base de dados surgem nove estranhos casos com o código Y66, que significa que houve falta de administração de cuidados médicos e cirúrgicos. Destes nove, oito acabaram por morrer, sendo que sete foram no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.

    O Hospital de Coimbra é aquele que contabiliza maior número de mortes atribuídas à covid-19 de pessoas com registo de reacções adversas ou eventuais erros médicos. No total, nos primeiros 15 meses da pandemia, contam 24 mortes, mas pelo código da CDI conclui-se que foram problemas decorrentes de cirurgias cardíacas ou de gastroenterologia. Nos hospitais de Lisboa registaram-se 22 mortes deste género, das quais nove no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental. Todas classificadas como covid-19.

  • Morreram mais de 1.300 pessoas que apanharam covid-19 nos hospitais durante a primeira fase da pandemia

    Morreram mais de 1.300 pessoas que apanharam covid-19 nos hospitais durante a primeira fase da pandemia

    Os hospitais salvaram muitos doentes, mas também foram locais de surtos e muitas infecções por covid-19. O PÁGINA UM analisou a base de dados dos registos hospitalares nos 15 primeiros meses da pandemia e encontrou indícios da existência de, pelo menos, 4.140 infecções nosocomiais de covid-19, que resultaram em 1.326 mortes. O Hospital Pedro Hispano, onde trabalha o médico Gustavo Carona – que confessou em livro ter ido trabalhar com sintomas – foi um dos três piores do país entre Março de 2020 e Maio de 2021. E a Direcção-Geral da Saúde nada diz.


    Ao longo dos primeiros 15 meses de pandemia, pelo menos 4.140 doentes-covid terão sido infectados pelo SARSC-CoV-2 nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde após a sua admissão por outras causas. Através da análise de uma base de dados do Ministério da Saúde com informação clínica sobre internamentos por covid-19, a investigação do PÁGINA UM mostra que os surtos desta doença em meio hospitalar (infecção nosocomial) foram bastante frequentes em algumas unidades de saúde. Em todo o país, entre Março de 2020 e Maio de 2021, quase 8% do total dos internados foram infectados nos hospitais. Não estarão aqui incluídos os infectados, sobretudo idosos em lares, que tenham estado em tratamento hospitalar e recebido alta ou aqueles em tratamento ambulatório.

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    Nos centros hospitalares com mais de 500 doentes-covid durante os primeiros 15 meses da pandemia, nove registaram mais de 10% de internados-covid com “versão” nosocomial: Centro Hospitalar do Oeste (13,1%), Hospital Beatriz Ângelo (12,8%), Unidade de Saúde Local de Matosinhos, que agrega o Hospital Pedro Hispano (12,5%), Centro Hospitalar da Póvoa do Varzim/Vila do Conde (12,4%), Centro Hospitalar Universitário de São João (11,9%), Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (11,7%), Hospital Garcia de Orta (11,5%), Centro Hospitalar Universitário do Porto (11,3%) e Hospital de Cascais (10,3%).

    Note-se, porém, que em termos de gravidade relativa, a pior situação registou-se no IPO de Lisboa, que teve um surto relevante conhecido em Novembro do ano passado, mas que já não foi inédito: entre Março de 2020 e Maio de 2021, de entre os 64 doentes-covid, metade (32) foram infectados naquela unidade hospitalar.

    O melhor desempenho nas grandes unidades de saúde observou-se no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, com apenas 2,4% dos doentes-covid com a “versão” nosocomial. Igual desempenho tiveram o Hospital da Figueira da Foz e a Unidade Local de Saúde do Nordeste. Por sua vez, o Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira teve apenas cinco doentes-covid nosocomial em 480 internados. Note-se, contudo, que nem todos os hospitais terão feito registos correctos de infecções nosocomiais causadas pelo SARS-CoV-2, como parece ser o caso das unidades de saúde da Madeira, que não apontam qualquer caso em 527 internados durante o período em análise (ver texto em baixo).

    Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra registou um dos melhores desempenho no controlo da covid-19 nosocomial.

    Face à maior prevalência de comorbilidades e ao estado mais vulnerável dos pacientes já internados, com a média de idades mais elevada do que na comunidade, a taxa de mortalidade dos doentes-covid-19 em “versão” nosocomial foi de quase um terço (32%): dos 4.140 internados, 1.326 morreram. Os doentes-covid que foram infectados na comunidade tiveram no mesmo período, uma taxa de mortalidade hospitalar de cerca de 22%, ou seja, menos 10 pontos percentuais. Saliente-se, contudo, que o desfecho fatal, em qualquer caso, pode não ter sido devido às complicações decorrentes da infecção pelo SARS-CoV-2, decorrendo sobretudo dos discutíveis critérios seguidos pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).

    Em todo o caso, encontram-se registos de 27 doentes com covid-19 já estavam admitidos no hospitais – alguns há muitos meses ou mais de um ano – quando o SARS-CoV-2 foi identificado em Portugal no início de Março de 2020. Destes, 11 acabaram mesmo por morrer.

    Podem ser várias as causas para os distintos graus de infecções nosocomiais de covid-19 nas diversas unidades de saúde em Portugal, mas quase todas radicam no maior ou menor cumprimento das regras de prevenção activa e passiva em meios hospitalar.

    Número de casos de covi-19 nosocomial em hospitais, centros hospitalares (CH e CHU) e em unidades locais de saúde (ULS) entre Março de 2020 e Maio de 2021 (excluindo unidades com menos de 20 casos)

    Apesar de, em teoria, as normas da DGS obrigarem a isolamento profiláctico dos profissionais das unidades em caso de contactos de alto risco – que é elevado nos chamados “covidários” ou sempre que ocorrem descuidos –, tal raramente sucedeu em muitos casos, se não houvesse sintomas. O objectivo terá sido o de evitar a falta de recursos humanos.

    Porém, o reverso da medalha foi a multiplicação de surtos causados sobretudo por profissionais de saúde que atingiram potencialmente doentes fragilizados por outras doenças.

    Um dos casos mais evidentes desses descuidos de alguns profissionais de saúde soube-se publicamente através de um relato, sob a forma de livro, de um mediático médico do Hospital Pedro Hispano.

    No seu livro “Diário de um médico no combate à pandemia”, o anestesiologista Gustavo Carona chegou a afirmar que “no meu hospital, ou pelo menos no meu serviço, a política foi só nos testarmos se tivéssemos sintomas. Nós tivemos um milhão de vezes em contacto próximo com doentes covid, e, por vezes, havia uma falha aqui ou outra ali”.

    Relatando no livro o caso pessoal de uma “falha”, este médico – que exerce sobretudo funções de medicina intensiva – escreve mesmo que “os isolamentos profilácticos eram um luxo ao qual nós não nos podíamos dar, só nos testávamos se tivéssemos sintomas”, acrescentando que, após um contacto de alto risco (com um doente confirmado e sintomático), “segui a minha vida à espera de ter ou não sintomas e afastei-me da minha mãe.”

    No seu relato supostamente verídico, o médico – que tem manifestado a defesa intransigente de todas as medidas estatais relevantes – admite ter acordado em data incerta de Janeiro do ano passado com sintomas compatíveis com covid-19, mas foi trabalhar nesse dia, e somente soube no final do turno, por teste, que estava infectado.

    Gustavo Carona, médico no Hospital Pedro Hispano (ULS de Matosinhos)

    Paula Carvalho, assessora de imprensa do Hospital Pedro Hispano – cuja administração se recusou a dar informações detalhadas e mais precisas sobre infecções nosocomiais naquela unidade de saúde no período em que o médico Gustavo Carona esteve a trabalhar infectado, com e sem sintomas , diz que “questões como a da testagem [transcritas no livro] podem ser facilmente explicadas e compreendidas, no contexto das normas e orientações da altura.”

    A DGS, por sua vez, mantém o silêncio absoluto sobre todas as questões e pedidos de esclarecimento do PÁGINA UM. Em 10 de Dezembro foi-lhe enviado um pedido expresso, ao abrigo da Lei do Acesso aos Documentos Administrativos, para se obterem dados oficiais e reconhecidos sobre “surtos de covid-19 em unidades de saúde, eventualmente discriminadas por unidade e mês”, bem como o “número de infecções (casos positivos)” e o “número total de óbitos”.

    A directora-geral da Saúde Graça Freitas nunca respondeu, e seguiu, entretanto, uma (habitual) queixa para a Comissão de Acessos aos Documentos Administrativos.

    O PÁGINA UM vai continuar, em todo o caso, a divulgar informação verídica e fundamental para esclarecer todos os meandros da gestão da pandemia.


    Metodologia para detecção de covid-19 nosocomial

    Nem sempre a referência à existência de covid-19 nosocomial consta expressamente na síntese dos boletins clínicos – convenientemente anonimizados, como exige o Regulamento Geral de Protecção de Dados e determina a deontologia jornalística.

    Nesta base de dados, os diagnósticos clínicos e as comorbilidades antes e durante o internamento seguem os códigos da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CDI), aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As doenças e outros problemas, para cada doente, estão ordenados cronologicamente, sabendo-se apenas que o diagnóstico principal de admissão tem o número 0 e corresponde à data de internamento.

    Os restantes registos constituem o complemento dos problemas que levaram aos internamentos, e também da evolução clínica, geralmente os agravamentos ou outras evidências relevantes. Ora, se a covid-19 – que tem o código U071 da CDI – surge nos primeiros lugares da ordenação, depreende-se que seja a causa directa do internamento (e é mesmo se tem o número 0) ou que o teste foi positivo no momento da admissão.

    Assim sendo, o PÁGINA UM considerou que se estaria sempre perante uma infecção nosocomial se a covid-19 (U071) estivesse na posição 6 ou superior. Note-se que a mediana da posição do diagnóstico da covid-19 (U071) dos 4.140 internados que se assumiu terem sido infectados em meio hospitalar é de 10, sendo que em 351 doentes a covid-19 aparece na posição 20 ou superior na ordem de diagnóstico.

  • Quedas de idosos fazem saltar mortes por covid-19

    Quedas de idosos fazem saltar mortes por covid-19

    O registo de doentes-covid pelo Ministério da Saúde inclui largas centenas de internamentos por quedas, trambolhões, escorregadelas e contusões por objectos. Estes doentes entraram na base de dados da covid-19 porque testaram positivo na admissão hospitalar. O PÁGINA UM teve acesso a informação clínica dos doentes-covid até Maio do ano passado, e contabilizou mais de 1.200 casos de hospitalizações nestas circunstâncias. Destas pessoas, 266 morreram, muitas num prazo muito curto. Mas todas foram contadas pelo Governo como vítimas da pandemia. Veja, no final do artigo, os casos mais bizarros.


    Em finais de Janeiro do ano passado, um homem de 60 anos caiu de uma janela no dia em que foi internado num hospital do Grande Porto – que o PÁGINA UM conhece mas não divulga para preservação da identidade num evento trágico. Era um doente terminal, com cancro do pâncreas e neoplasias secundárias no fígado. Tinha também covid-19 com manifestação de hipoxemia. A queda da janela, provavelmente suicídio, causou-lhe morte imediata. Porém, entrou nas estatísticas oficiais dos óbitos-covid da Direcção-Geral da Saúde.

    Este foi um caso raro num episódio de desespero, mas a base de dados do Serviço Nacional de Saúde (SNS) possui, na verdade, centenas e centenas de internados contabilizados como doentes-covid que foram hospitalizados por causas nada relacionadas com a pandemia, como sejam quedas no soalho, de camas, de varandas ou janelas, devido a escorregadelas ou tropeções ou colisões contra objectos.

    Em muitos casos, os danos físicos foram muitíssimo graves, incluindo traumatismos cranianos, membros partidos ou afectação de outros órgãos. No total, até Maio de 2021, terão ocorrido pelo menos 266 óbitos atribuídos à covid-19 de pessoas cujo internamento foi subsequente a quedas e acidentes similares.

    Numa parte dos casos, a morte surgiu no próprio dia ou nos dias seguintes face à gravidade dos traumatismos. Porém, entraram na contabilidade dos casos e mortes por covid-19 porque, na admissão no hospital, tiveram teste positivo ao SARS-CoV-2.

    Numa análise detalhada do PÁGINA UM à base de dados do SNS, contabilizam-se pelo menos 1.207 casos de internamento até Maio de 2021 em que, subjacente à hospitalização inicial, estiveram quedas, em alguns casos especificadas (soalho, varanda, cadeira, cadeira de rodas ou cama).

    Em diversas situações, os traumatismos da queda podem ter sido subsequentes a um outro evento (como um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral), mas na esmagadora maioria das situações tratou-se de quedas acidentais. Não consta, nem nos registos, nem em artigos científicos com peer review, que o SARS-CoV-2 possa ser responsável ou co-responsável por qualquer queda, trambolhão ou escorregadela.

    Nesta base de dados do SNS – convenientemente anonimizada, como exige o Regulamento Geral de Protecção de Dados e determina a deontologia jornalística – estão incluídos todos os diagnósticos clínicos e as comorbilidades antes e durante o internamento, seguindo os códigos da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CDI), aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os registos das doenças, maleitas e lesões (directas e sequelas) de cada doente surgem ordenadas cronologicamente (a partir do 0, embora sem referência à data de cada). Deste modo, sempre que as quedas (com o código iniciado pela letra W na CDI) constam nas primeiras linhas do registo individual, e geralmente antes do diagnóstico covid-19 (com o código U071 da CDI), mostra-se evidente que foram os traumatismos per si os responsáveis pelo internamento.

    De acordo com a informação analisada pelo PÁGINA UM, 86% das pessoas do grupo dos internados por traumatismos resultantes de quedas e contusões contra obstáculos – que não inclui acidentes rodoviários ou com maquinaria – tinham mais de 65 anos. Em termos absolutos, até Maio de 2021, a base de dados do SNS registou 178 internamentos por traumatismos desta natureza – e depois com teste positivo à covid-19 – de pessoas com 90 ou mais anos, e ainda de 502 com idades entre os 80 e 89 anos. A média foi de quase 78 anos, e mais de metade dos hospitalizados nestas circunstâncias tinha idade superior a 81 anos.

    woman in black and white long sleeve shirt sitting on black wheelchair

    O idoso mais velho hospitalizado nestas condições foi uma senhora de 103 anos, bastante debilitada (já com caquexia) e com deficiência renal, que caiu da cama em Novembro de 2020, com perda de consciência. Internada no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, acabou por morrer ao quinto dia. Foi considerada mais uma morte por covid-19.

    No entanto, também houve crianças, adolescentes e jovens adultos internados por quedas que surgem como doentes-covid. O mais jovem foi um bebé de dois anos do sexo masculino. Esteve internado no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte apenas dois dias em Setembro de 2020, em observação, por ter perdido a consciência após a queda. Foi assim metido nas contas oficiais dos internados por covid-19 porque registou positivo no teste de admissão no hospital. Surgem mais cinco menores de idade em similar circunstância, com internamentos muito curtos (quase sempre apenas um dia), ou seja, a covid-19 não os afectou.

    A gravidade de algumas destas quedas e outras contusões, sobretudo dos mais idosos, mostra-se notória quer na taxa de mortalidade quer nos efeitos das quedas (traumatismos). De entre os 178 traumatizados (e depois com covid-19) com 90 ou mais anos, 65 morreram. Destes, 14 em menos de uma semana. Em todas as idades, 62 faleceram no período de uma semana, sendo que cinco morreram no próprio dia do internamento e 15 no dia imediatamente posterior.

    black and brown spiral staircase

    Observando o efeito directo de muitas das quedas – ou seja, os traumatismos resultantes –fica-se com a verdadeira percepção da sua gravidade, e da irrelevância da covid-19 no desfecho fatal.

    De entre os internados após estes acidentes que morreram nos primeiros dias de internamento, contam-se traumatismos crânio-encefálicos, hemorragias subdurais, fracturas da base do crânio, compressão do encéfalo, edemas cerebrais, etc.. Isto apenas se se considerar a cabeça. Se se incluírem também as fracturas e danos nos membros superiores e inferiores, ou fracturas ou contusões em outras partes do corpo, ainda mais em pessoas fragilizadas, então pode-se deduzir que a covid-19 – embora bastante letal em idosos – arcou com muitas mais culpas do que aquelas que, efectivamente, teve.

    Além destes cerca de 1.200 casos, o PÁGINA UM detectou na base de dados do SNS mais 719 doentes-covid que registaram quedas, mas a esmagadora maioria terá já ocorrido em meio hospitalar, tendo em consideração a ordem do registo clínico individual. Em alguns casos, essas quedas – muitas das quais da cama – podem ter contribuído para um desfecho fatal, mas apenas uma investigação clínica, ou judicial, daria uma resposta. Algo que o PÁGINA UM, neste aspecto concreto, não consegue fazer.


    Óbitos atribuídos à covid-19 de pessoas internadas no próprio dia da morte após quedas e outros acidentes similares

    Homem, 91 anos
    Data de internamento: 28/11/2020
    Causa do internamento: queda resultando em traumatismo crânio-encefálico com hematoma subdural e lesão focal.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário de Coimbra

    Homem, 87 anos
    Data de internamento: 15/01/2021
    Causa do internamento: queda resultando em traumatismo intracraniano de doente diabético.
    Unidade de saúde: Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra)

    Mulher, 84 anos
    Data de internamento: 27/01/2021
    Causa do internamento: queda de doente acamado com doença de Alzheimer.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar de Setúbal

    Mulher, 65 anos
    Data de internamento: 24/11/2020
    Causa do internamento: queda resultando em traumatismo crânio-encefálico hemorrágico.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)

    Homem, 60 anos
    Data de internamento: 27/01/2021
    Causa de internamento: queda de janela do hospital (suicídio?) de doente terminal com tumor de pâncreas e fígado, apresentando covid-19.
    Unidade de saúde: conhecida, mas não revelada


    Óbitos atribuídos à covid-19 de pessoas internadas após quedas e outros acidentes similares e que morreram no dia seguinte

    Mulher, 99 anos
    Data de internamento: 17/06/2020
    Causa de internamento: queda de cadeira de rodas resultando laceração periocular e coma subsequente.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte

    Homem, 97 anos
    Data de internamento: 01/11/2020
    Causa de internamento: queda resultando em traumatismo crânio-encefálico com hemorragia subdural.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Tâmega e Sousa

    Mulher, 97 anos
    Data de internamento: 23/01/2021
    Causa de internamento: queda resultando em traumatismo crânio-encefálico com hemorragia subdural
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Tâmega e Sousa

    Mulher, 89 anos
    Data de internamento: 05/02/2021
    Causa do internamento: queda resultando em traumatismo crânio-encefálico com hemorragia subdural e hemiplegia afectando o lado esquerdo do doente.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário de Coimbra

    Mulher, 87 anos
    Data de internamento: 29/01/2021
    Causa de internamento: queda resultando em traumatismo intracraniano e perda de consciência de doente crónico renal, que vivia em lar de idosos
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Barreiro-Montijo

    Homem, 87 anos
    Data de internamento: 03/04/2020
    Causa de internamento: queda de doente em lar de idosos com cancro da bexiga, diabetes.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário de Coimbra

    Homem, 86 anos
    Data de internamento: 30/12/2020
    Causa do internamento: queda resultando em fractura do fémur esquerdo de doente com demência e estenose da válvula aórtica, que vivia em lar de idosos.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Lisboa Ocidental

    Mulher, 85 anos
    Data de internamento: 12/12/2020
    Causa de internamento: queda resultando numa contusão não especificada da cabeça.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

    Homem, 85 anos
    Data de internamento: 18/01/2021
    Causa de internamento: queda resultando em traumatismo intracraniano em doente com grave desidratação.
    Unidade de saúde: Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano

    Homem, 84 anos
    Data de internamento: 28/10/2020
    Causa de internamento: queda resultando em fractura do fémur direito de doente com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), cancro do pulmão e dependência de oxigénio suplementar.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar do Oeste

    Mulher, 78 anos
    Data de internamento: 17/01/2021
    Causa de internamento: queda resultando em traumatismo crânio-encefálico com hemorragia subdural e coma de doente com diabetes e antigo enfarte do miocárdio.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário de Coimbra

    Homem, 77 anos
    Data de internamento: 06/01/2021
    Causa do internamento: queda envolvendo doente com rabdomiólise e hipopotassemia.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário de Coimbra

    Mulher, 75 anos
    Data de internamento: 25/01/2021
    Causa de internamento: queda resultando em fractura do colo do fémur de uma doente com obesidade mórbida e insuficiência cardíaca que sofreu ataque cardíaco.
    Unidade de saúde: Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra)

    Homem, 70 anos
    Data de internamento: 16/11/2020
    Causa de internamento: queda resultando em traumatismo crânio-encefálico com hemorragia subdural, compressão do encéfalo, edema cerebral e coma em doente com diabetes e estenose aórtica.
    Unidade de saúde: Hospital de Braga

    Homem, 67 anos
    Data de internamento: 17/01/2021
    Causa de internamento: queda resultando fractura da base do crânio e em hemorragia epidural, e ainda fractura das costelas.
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário de Coimbra

  • Zero mortes, 0,5% de hospitalizações e 0,03% de internamentos em cuidados intensivos

    Zero mortes, 0,5% de hospitalizações e 0,03% de internamentos em cuidados intensivos

    O PÁGINA UM revela as taxas de internamento e apresenta os casos clínicos mais graves em crianças durante o primeiro ano da pandemia. Num grupo que envolve mais de 600 mil pessoas, por agora contabilizam-se zero mortes, uma taxa de hospitalização que rondará os 0,5% dos infectados (quase 37 mil entre Março de 2020 e Abril deste ano) e um rácio de internamento em cuidados intensivos de 0,03%. Este é o cenário de uma faixa etária que pouco tem a beneficiar de um programa de vacinação em massa. Apenas ganha incerteza no longo prazo.


    No primeiro ano da pandemia, nenhuma criança morreu em Portugal por causa da covid-19, e apenas 11 – num total de quase 37 mil que testaram positivo à covid-19 entre Março de 2020 e 21 de Abril deste ano – tiveram necessidade de cuidados intensivos. Por outro lado, cerca de 995 em cada 1.000 crianças (com idades entre os 5 e os 11 anos) com teste positivo ao SARS-CoV-2 apresentaram sintomas ligeiros ou manifestaram-se assintomáticos, uma vez que somente 179 precisaram de internamento por curtos períodos (0,49% do total dos infectados.

    Confirma-se assim o muito reduzido risco da covid-19 – quase irrelevante – para um grupo etário que estará agora sujeito à campanha de vacinação decidida esta semana pelo Governo.

    Esta informação – até agora desconhecida pelo público em geral, e apenas acessível a um estrito grupo de peritos – obtém-se pelo cruzamento de duas bases de dados: o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE) e o registo das hospitalizações de doentes-covid.

    man in blue denim jeans standing on brown hays during daytime

    A primeira base de dados identifica todos os casos positivos, desagregados por idade, sexo e concelho. O segundo elenca, após anonimização, os internamentos de todas as pessoas, incluindo idade, sexo, unidade de saúde, período de internamento, eventual encaminhamento para cuidados intensivos (UCI), desfecho (outcome) e também as comorbilidades e/ou agravamentos no decurso da hospitalização.

    A Direcção-Geral da Saúde (DGS), autoridade com a máxima responsabilidade na gestão da pandemia, tem recusado a conceder acesso a informação essencial para calcular o risco e taxas de internamento e de letalidade de forma estratificada. Contudo, o PÁGINA UM obteve acesso confidencial a estas duas bases de dados, embora contendo apenas informação até 21 de Abril deste ano.

    Em todo o caso, o reduzido impacte dos primeiros 14 meses da pandemia sobre as crianças – e muito provavelmente sem alterações relevantes nos últimos sete meses – mostra-se sobretudo numa taxa efectiva de internamento muito baixa.

    CASOS POSITIVOS E INTERNAMENTOS EM CRIANÇAS – MARÇO DE 2020 E ABRIL DE 2021
    (Fonte: Ministério da Saúde; dados tratados por PAV)

    Enquanto até Abril deste ano, este rácio rondava os 6% para toda a população (cerca de 54 mil internamentos em cerca de 834 mil infectados, até àquela data), no grupo das crianças situou-se entre um mínimo de 0,27% (aos 7 anos) e um máximo de 0,7% (aos 8 anos). Globalmente, apenas aproximadamente 0,5% das crianças infectadas precisaram de tratamento hospitalar.

    Considerando os casos de maior gravidade, a necessitarem de cuidados intensivos, não existe qualquer justificação para alarmismos. De acordo com o registo de internamentos, até Abril deste ano passaram por UCI um total de 5.458 pessoas, ou seja, cerca de 10% do total das hospitalizações e 0,65% das pessoas infectadas. No caso das crianças, essas taxas situaram-se em 6% e 0,03%, respectivamente.

    No entanto, a esmagadora maioria dos casos de hospitalização de crianças, e sobretudo daquelas que necessitaram de cuidados intensivos, envolveram comorbilidades graves de natureza diversas. Por exemplo, de entre os 11 internamentos de crianças em UCI – apenas em hospitais da Grande Lisboa e no hospital de São João, no Porto –, somente quatro não tinham um quadro prévio de enfermidades graves.

    TAXA DE LETALIDADE (%) DA COVID-19 POR GRUPO ETÁRIO (até 9 de Dezembro de 2021)
    (Fonte: Direcção-Geral da Saúde; dados tratados por PAV)

    Nem todos – incluindo os quatro que registaram síndrome inflamatório do sistema múltiplo ou miocardites, efectivamente associados a complicações da covid-19 – tiveram necessidade de ventilação, tendo bastado um acompanhamento contínuo de monitorização do estado de saúde. Todos estes 11 casos clínicos mais complexos tiveram desfecho favorável: nenhuma destas crianças morreu. E os internamentos foram, por regra, de curta duração, inferior a duas semanas. Apenas um menino de 8 anos, que sofria já de um melanoma maligno, teve um internamento mais prolongado (41 dias), em parte para recuperar de uma infecção bacteriana apanhada no hospital (ver lista em baixo).

    Embora se ignore os dados de internamentos posteriores a Abril deste ano, certo é que a faixa etária dos 5 anos 11 anos continua sem registo de mortes atribuídas à covid-19. Até agora, apenas se contabilizam dois óbitos de bebés com menos de 1 ano, e de outra com menos de 4 anos. Além destes, contam-se duas mortes de jovens com 19 anos. Todos apresentavam gravíssimas comorbilidades.

    Nesse sentido, o grupo etário que o Governo se apresta a vacinar – envolvendo mais de 600 mil crianças, com um investimento ainda desconhecido, uma vez que o contrato com a Pfizer não consta ainda do Portal BASE – apresenta assim uma taxa de letalidade ainda de 0%.

    Mesmo agregando as idades, segundo os grupos etários usados pela DGS, o risco de morte nas faixas dos 0-9 anos e dos 10-19 anos é incomensuravelmente inferior aos dos mais idosos. Por exemplo, observando a taxa de letalidade da covid-19 para os maiores de 80 anos (15,1% até à data), conclui-se que a probabilidade de um desfecho fatal naquela faixa etária é mais de 4.000 vezes superior ao de um menor de 10 anos. E chega a ser superior a 9.500 vezes se confrontada com o grupo dos 10-19 anos.


    LISTA DE CASOS DE INTERNAMENTO DE CRIANÇAS EM CUIDADOS INTENSIVOS

    CASO 1

    Idade: 8 anos
    Sexo: Masculino
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central
    Período de internamento: 19/04/2020 – 29/05/2020
    Principais comorbilidades e/ou agravamentos associados: melanoma maligno do couro cabeludo e do pescoço; e infecção bacteriana por Staphylococcus aureus
    Outcome: Alta médica

    CASO 2

    Idade: 10 anos
    Sexo: Masculino
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte
    Período de internamento: 15/05/2020 – 25/05/2020
    Principais comorbilidades e/ou agravamentos associados: hipopotassemia; miocardite infecciosa
    Outcome: Alta médica

    CASO 3

    Idade: 5 anos
    Sexo: Masculino
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Lisboa Ocidental
    Período de internamento: 01/06/2020 – 07/06/2020
    Principais comorbilidades e/ou agravamentos associados: defeito do septro ventricular, insuficiência (da válvula) aórtica, insuficiência congénita da válvula aórtica e anemia.
    Outcome: Alta médica

    CASO 4

    Idade: 10 anos
    Sexo: Feminino
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central e Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental
    Período de internamento: 15/06/2020 – 27/06/2020
    Principais comorbilidades e/ou agravamentos associados: miocardite aguda; e cardiomiopatia dilatada.
    Outcome: Alta médica

    CASO 5
    Idade: 10 anos
    Sexo: Feminino
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de internamento: 13/10/2020 – 03/11/2020
    Principais comorbilidades e/ou agravamentos associados: Distúrbios do metabolismo das proteínas plasmáticas; e anemia.
    Outcome: Alta médica

    CASO 6

    Idade: 8 anos
    Sexo: Feminino
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte
    Período de internamento: 01/11/2020 – 17/11/2020
    Principais comorbilidades e/ou agravamentos associados: síndrome inflamatório do sistema múltiplo (associado à covid-19), síndrome de choque tóxico e pericardite viral
    Outocome: Alta médica

    CASO 7

    Idade: 11 anos
    Sexo: Feminino
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte
    Período de internamento: 21/12/2020 – 28/12/2020
    Principais comorbilidades e/ou agravamentos associados: anemia hemolítica auto-imune
    Outcome: Alta médica

    CASO 8

    Idade: 10 anos
    Sexo: Feminino
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de internamento: 24/01/2021 – 05/02/2021
    Principais comorbilidades e/ou agravamentos associados: síndrome inflamatório do sistema múltiplo (associado à covid-19); insuficiência ventricular esquerda; taquicardia supraventricular; e choque cardiogénico
    Outcome: Alta médica

    CASO 9

    Idade: 8 anos
    Sexo: Masculino
    Unidade de saúde: Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra)
    Período de internamento: 25/01/2021 – 26/01/2021
    Principais comorbilidades e/ou agravamentos associados: diabetes mellitus tipo 1
    Outcome: Alta médica

    CASO 10

    Idade: 11 anos
    Sexo: Masculino
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central
    Período de internamento: 30/01/2021 – 11/02/2021
    Principais comorbilidades e/ou agravamentos associados: paralisia cerebral quadriplágica espástica; doença de refluxo gastroesofágico sem esofagite, alimentado por gastrostomia
    Outcome: Alta médica

    CASO 11

    Idade: 5 anos
    Sexo: Masculino
    Unidade de saúde: Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto)
    Período de internamento: 12/02/2021 – 03/03/2021
    Principais comorbilidades e/ou agravamentos associados: aneurisma, hipotensão, trombocitopenia, hiperlipidemia e sepsis
    Outcome: Alta médica