Autor: Maria Afonso Peixoto e Pedro Almeida Vieira

  • Torres Vedras: contrato de arquitectura de biblioteca ‘abortada’ demorou seis anos a ver a luz do dia

    Torres Vedras: contrato de arquitectura de biblioteca ‘abortada’ demorou seis anos a ver a luz do dia


    A Câmara Municipal de Torres Vedras demorou quase seis anos a publicar no Portal Base um contrato para a concepção do projecto para a construção da Biblioteca Municipal e Museu do Brinquedo de Torres Vedras, que custou aos cofres da autarquia 320 mil euros. O mais caricato deste contrato é que, entretanto, a construção nunca avançou, sendo o projecto “abortado” pela autarquia em 2020 pelo mesmo executivo que contratou uma dupla de arquitectos do concelho da Chamusca.

    O contrato por ajuste directo resultara, conforme está previsto no Código dos Contratos Públicos para esses casos, da vitória dos arquitectos José Maria Cumbre e Nuno Miguel Caetano num concurso de concepção aberto pela autarquia de Torres Vedras em 2016, ao qual foram apresentadas 75 propostas. Por esse concurso, que entregou ainda dois prémios secundários e duas menções honrosas, aqueles dois arquitectos receberam em Outubro de 2016 um valor monetário de 12.000 euros, e a promessa de elaborarem o projecto de arquitectura propriamente dito.

    Panorama da proposta dos arquitectos José Maria Cumbre e Nuno Miguel Caetano que venceu o concurso de concepção, cujo projecto custou 308 mil euros e não serviu para nada.

    Mas esse contrato somente seria assinado cerca de dois anos depois, em 8 de Outubro de 2018, onde ficou estabelecido que ao preço dos 320 mil euros seria deduzido os 12 mil euros do prémio, sendo pago um montante de 30.800 euros nesse ano, mais 246.400 euros em 2019 e os restantes 30.800 euros em 2020. Porém, entretanto, a ‘montanha pariu um rato’, porque o executivo camarário de Torres Vedras concluiu não ter capacidade financeira para a construção.

    De facto, em Janeiro de 2020, a Câmara Municipal de Torres Vedras decidiu adiar sine die o projecto, alegando “incapacidade financeira de vir a realizar a obra por meios próprios”, ainda mais perante a “inexistência de linhas de financiamento comunitário”. Garantindo que não estava em causa uma desistência, mas apenas um adiamento do projecto, o então presidente da autarquia, Carlos Bernardes (entretanto falecido em 2021) justificava ainda a decisão com um “incremento do valor do preço por metro quadrado de construção”. Na altura, a equipa de arquitectos já teria concluído o estudo prévio.

    Note-se que o investimento previsto pela autarquia de Torres Vedras para a construção da nova Biblioteca Municipal e do Museu do Brinquedo rondava os 5,8 milhões de euros. Em 2018, o Carlos Bernardes referiu que a concepção e elaboração do projecto que seria desenvolvido “durante três anos”, antecipando que a inauguração se realizaria até 2023, ou seja, até ao ano que agora terminou. Previsões que se revelaram, no mínimo, ‘optimistas’.

    Laura Rodrigues, actual presidente da autarquia de Torres Vedras, que demorou cinco anos e três meses a revelar o contrato de arquitectura de um projecto de edifício entetanto abandonado.

    O PÁGINA UM contactou a autarquia de Torres Vedras, presidente pela socialista Laura Rodrigues – que já integrava o executivo de Carlos Bernardes no sentido de saber se chegou a ser feito o pagamento integral do valor contratualizado com os arquitectos, e qual o motivo do longo atraso na divulgação do contrato no Portal Base. Saliente-se que os contratos somente se mostram efectivos, incluindo para efeitos de pagamento, quando são colocados na plataforma da contratação pública. A autarquia ainda não respondeu às questões colocadas.

    Este contrato entre a Câmara Municipal de Torres Vedras e os arquitectos José Maria Cumbre e Nuno Miguel Caetano integram o Boletim P1 da Contratação Pública e Ajustes Directos que agrega os contratos divulgados entre os dias 5 e 7 de Janeiro de 2024. Desde Setembro de 2023, o PÁGINA UM apresenta uma análise diária aos contratos publicados no dia anterior (independentemente da data da assinatura) no Portal Base. De segunda a sexta-feira, o PÁGINA UM faz uma leitura do Portal Base para revelar os principais contratos públicos, destacando sobretudo aqueles que foram assumidos por ajuste directo.

    MAP / PAV


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    Nos últimos três dias, de sexta-feira passada até ontem, no Portal Base foram divulgados 1191 contratos públicos, com preços entre os 3,34 euros – para aquisição de agulhas e seringas, pelo Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira, através de concurso público – e os 299.760.000,00 euros – para aquisição de seis navios-patrulha para a Marinha Portuguesa, pela Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, através de procedimento de negociação.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 24 contratos, dos quais oito por concurso público, 12 ao abrigo de acordo-quadro, um através de procedimento de negociação e três por ajuste directo.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados 16 contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: SOFLUSA – Sociedade Fluvial de Transportes (com a S&C – Gestão de Navios e Tripulações, no valor de 2.154.000,17 euros); Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia – Espinho (com a Petrogal, no valor de 721.453,21 euros); quatro do Hospital de Braga (um com a Snl Ibérica – Sociedade de Lavandarias, no valor de 523.393,33 euros, outro com a Fapomed – Dispositivos Médicos, no valor de 267.804,00 euros, outro com a Medicinália Cormédica, no valor de 215.167,17 euros, e outro com a Cepheid Iberia, S.L.U., no valor de 100.000,00 euros); Município de Torres Vedras (com a José Maria Magalhães Pavia Cumbre e Nuno Miguel Sousa Caetano, Arquitetos, Lda., no valor de 308.000,00 euros); dois do Centro Hospitalar de Setúbal (um com a Philips, no valor de 187.160,85 euros, e outro com a General Electric Healthcare, no valor de 125.073,48 euros); Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (com a Iberlim – Higiene e Sustentabilidade Ambiental, no valor de 184.367,79 euros); Município de Ourém (com a Insigneplushotel, no valor de 158.198,00 euros); Estado-Maior-General das Forças Armadas (com a Viivhiv Healthcare, no valor de 145.689,25 euros); Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (com a Generali Seguros, no valor de 124.444,50 euros); Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (com a Cepheid Iberia, S.L.U., no valor de 111.300,00 euros); Laboratório Nacional de Engenharia Civil (com a HOMEREST – Gestão de Serviços de Alimentação, no valor de 107.612,40 euros); e a Universidade do Algarve (com a Inovarx, Lda., no valor de 105.800,00 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no período de 5 a 7 de Janeiro

    1Aquisição de seis navios patrulha oceânicos para a Marinha Portuguesa

    Adjudicante: Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional

    Adjudicatário: West Sea – Estaleiros Navais

    Preço contratual: 299.760.000,00 euros

    Tipo de procedimento: Procedimento de negociação


    2Fornecimento de electricidade em regime de mercado livre

    Adjudicante: Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais 

    Adjudicatário: Endesa Energia

    Preço contratual: 6.853.503,84 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    3Empreitada de reabilitação e modernização do Distribuidor da Erra (1ª fase)

    Adjudicante: Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Sorraia

    Adjudicatário: Tecnovia – Sociedade de Empreitadas

    Preço contratual: 4.995.464,75 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    4Fornecimento de gás natural em regime de mercado livre

    Adjudicante: Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais

    Adjudicatário: Gold Energy – Comercializadora de Energia

    Preço contratual: 4.034.574,59 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    5Aquisição de serviços de manutenção global dos navios da frota da Soflusa durante quatro meses

    Adjudicante: SOFLUSA – Sociedade Fluvial de Transportes

    Adjudicatário: S&C – Gestão de Navios e Tripulações

    Preço contratual: 2.154.000,17 euros

    Tipo de procedimento: Ajuste directo


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no período de 5 a 7 de Janeiro

    1 Aquisição de serviços de manutenção global dos navios da frota da Soflusa durante quatro meses

    Adjudicante: SOFLUSA – Sociedade Fluvial de Transportes

    Adjudicatário: S&C – Gestão de Navios e Tripulações

    Preço contratual: 2.154.000,17 euros


    2Fornecimento de gás natural de 01/01/2024 a 29/02/2024

    Adjudicante: Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia – Espinho

    Adjudicatário: Petrogal

    Preço contratual: 721.453,21 euros


    3Aquisição de serviços de lavandaria e tratamento de roupa hospitalar – período de Abril a Agosto de 2023

    Adjudicante: Hospital de Braga

    Adjudicatário: SNL Ibérica Sociedade de Lavandarias

    Preço contratual: 523.393,33 euros


    4Aquisição de serviços para elaboração do Projecto da Biblioteca Municipal e Museu do Brinquedo de Torres Vedras

    Adjudicante: Município de Torres Vedras

    Adjudicatário: José Maria Magalhães Pavia Cumbre e Nuno Miguel Sousa Caetano, Arquitetos, Ldª.

    Preço contratual: 308.000,00 euros


    5Aquisição de equipamento de protecção individual – Batas

    Adjudicante: Hospital de Braga

    Adjudicatário: Fapomed Dispositivos Médicos

    Preço contratual: 267.804,00 euros


    MAP

  • Seis hospitais públicos ocultam contratos de milhões

    Seis hospitais públicos ocultam contratos de milhões

    O Regulamento Geral de Protecção de Dados (RGPD) tem servido de ‘desculpa’ para administrações hospitalares atropelarem a lei da transparência, não divulgando a cópia dos contratos públicos no Portal Base, alguns envolvendo mais de meio milhão de euros. As administrações dos hospitais de Santarém, de Loures, dos centros hospitalares do Oeste, do Barreiro-Montijo e de Setúbal e da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano ‘mandam integralmente às malvas’ a transparência, mas ainda há mais 24 que fazem rasuras nos contratos, que incluem, na generalidade dos casos, que não se fique a saber sequer quem foi o administrador que os assinou. Numa investigação detalhada do PÁGINA UM, analisados os contratos assinados por 42 administrações das unidades do Serviço Nacional de Saúde, desde a entrada em vigor do RGPD, apenas 12 mostram transparência absoluta. 


    Para algumas administrações hospitalares, a decisão de divulgar, e em que termos, os seus contratos no Portal Base parece seguir o critério “à vontade do freguês”. Numa análise exaustiva às práticas de todos os centros hospitalares e hospitais integrados no Serviço Nacional de Saúde (SNS), o PÁGINA UM identificou cinco que simplesmente não revelam qualquer contrato escrito, invocando erradamente os preceitos do Regulamento Geral de Protecção de Dados. E mais uma que faz quando calha.

    O Código dos Contratos Públicos obriga que todas as entidades públicas disponibilizem os contratos realizados no Portal Base, sendo apenas admissível o expurgo de alguns elementos de identificação pessoal, conforme estabelece uma norma do Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção (IMPIC), a entidade que gere a plataforma de contratação pública. Ou seja, as entidades públicas jamais podem simplesmente optar pela não inclusão do contrato escrito, como fazem seis administrações hospitalares detectadas pelo PÁGINA UM.

    white concrete counter stand

    Para não divulgarem os seus contratos, o Hospital Distrital de Santarém e o Centro Hospitalar Barreiro Montijo, declaram simplesmente que “para os efeitos previstos nos artigos 127º e 465º do CCP, na sua última redação, é publicada/publicitada a celebração do presente contrato e seus elementos constituintes, através do preenchimento do presente formulário do portal base gov, não sendo assim necessário a submissão do contrato escrito, que contém elementos que violam o RGPD”. A argumentação não encontra justificação sequer no RGPD. O Hospital de Loures (Beatriz Ângelo) segue o mesmo diapasão, alegando a “protecção de pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais”, conforme a Lei n.º 58/2019, de 8 de Agosto. Ou seja, para supostamente proteger os nomes de pessoas em funções públicas, escondem-se contratos, o que impede assim que se detectem irregularidades nos contratos.

    Algumas administrações são mais lacónicas na justificação, como sucede com o Centro Hospitalar do Oeste, a Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano e o Centro Hospitalar de Setúbal: limitam-se a informar que, tendo publicado a celebração dos contratos através do preenchimento de um formulário do Portal Base, “não é necessário submeter a cópia do contrato escrito”, o que está longe de ser legal.

    O Hospital de Loures (Beatriz Ângelo), por sua vez, tem uma atitude quase ‘esquizofrénica’: por vezes divulga os contratos; outras vezes esconde-os, alegando o RGPD.

    Para agravar a opção das seis administrações hospitalares, acima referidas, que escondem os contratos, diga-se que acabam por ser uma minoria. De entre as 42 administrações hospitalares analisadas, o PÁGINA UM identificou 12 que divulgam, quando aplicável, os contratos escritos sem qualquer rasura relevante, ou seja, incluindo o nome e detalhes dos signatários. São os casos dos centros hospitalares de Coimbra, de Lisboa Central, do Porto, de São João (Porto), de Espinho-Gaia, do Médio Ave, dos hospitais de Guimarães (Senhora da Oliveira), Amadora-Sintra (Fernando da Fonseca) e as Unidades Locais de Saúde (ULS) do Alto Minho, Nordeste, de Matosinhos e do Litoral Alentejano.

    Além destes 12, há outros 24 (vd. lista em baixo) que, embora revelem os contratos, expurgam demasiada informação, incluindo mesmo o nome dos administradores que os assinaram ou mesmo o gestor público responsável pela sua execução e supervisão. Esta prática, embora relativamente comum noutros sectores, e até ‘validada’ em certa medida pela norma do IMPIC, não se baseia, porém, em nenhum critério legal, porque não está em causa a protecção da intimidade dessas pessoas, mas sim a identificação de responsáveis em funções públicas.

    O PÁGINA UM tentou perceber, junto das administrações hospitalares que não divulgam os contratos, se existe algum parecer interno para sustentar a decisão de não publicação dos contratos, ou se, em alternativa, foi pedida uma opinião à Comissão Nacional de Protecção de Dados ou ao IMPIC.

    Nenhuma destas administrações apresentou ao PÁGINA UM qualquer parecer destas duas entidades ou qualquer parecer jurídico que justifique, com uma base legal, a não-inclusão dos contratos escritos na plataforma da contratação pública, de modo a existir um escrutínio dos dinheiros públicos gastos.

    Aliás, só uma das 12 administrações hospitalares que escondem os contratos públicos acharam por bem responder ao PÁGINA UM sobre uma matéria relevante em democracia; a transparência. Apesar das evidências de não conformidade legal, o Centro Hospitalar Barreiro Montijo reitera que “os contratos celebrados (…) estão devidamente publicados no Portal Base, de acordo com a legislação em vigor”, acrescentando que, na sua opinião, “as publicações do CHBM cumprem com o estipulado no artigo 27.º da Lei n.º 58/2019, de 8 de agosto, no que respeita à utilização de dados pessoais na contratação pública”.


    HOSPITAIS QUE NÃO DIVULGAM CONTRATOS PÚBLICOS (clicar para visualizar exemplo)

    Hospital Distrital de Santarém

    Centro Hospitalar do Oeste

    Hospital Beatriz Ângelo

    Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano

    Centro Hospitalar Barreiro Montijo

    Centro Hospitalar de Setúbal


    HOSPITAIS QUE DIVULGAM COM RASURAS ABUSIVAS (clicar para visualizar exemplo)

    Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga

    Centro Hospitalar do Baixo Vouga

    Hospital Dr. Francisco Zagalo

    Unidade Local de Saúde de Castelo Branco

    Hospital Distrital da Figueira da Foz

    Instituto Português de Oncologia de Coimbra

    Hospital do Espírito Santo de Évora

    Centro Hospitalar Universitário do Algarve

    Centro Hospitalar de Leiria

    Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte

    Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa

    Hospital de Vila Franca de Xira

    Instituto Português de Oncologia de Lisboa

    Centro Hospitalar Póvoa de Varzim

    Centro Hospitalar do Médio Tejo

    Hospital Garcia de Orta

    Centro Hospitalar de Tondela e Viseu

    Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

    Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo

    Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira

    Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental

    Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa

    Hospital de Magalhães Lemos

    Hospital Santa Maria Maior


    HOSPITAIS QUE DIVULGAM SEM RESTRIÇÕES (clicar para visualizar exemplo)

    Hospital da Senhora da Oliveira Guimarães

    Unidade Local de Saúde do Nordeste

    Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

    Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

    Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca

    Centro Hospitalar e Universitário de São João

    Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia

    Centro Hospitalar do Médio Ave

    Centro Hospitalar Universitário do Porto

    Unidade Local de Saúde de Matosinhos

    Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano

    Unidade Local de Saúde do Alto Minho