Autor: Luís Gomes

  • Estado: esse distúrbio psiquiátrico que afecta a Humanidade

    Estado: esse distúrbio psiquiátrico que afecta a Humanidade


    Num dia ensolarado, numa aldeia remota da Lusitânia, o líder da comunidade convocou uma reunião extraordinária para anunciar uma decisão de grande importância. Quarenta almas perplexas e ligeiramente apreensivas reuniram-se, pois tal convocatória era um evento raro que indicava mudanças iminentes nas suas rotinas tranquilas.

    Ao alvorecer, todos estavam reunidos, aguardando o pronunciamento. Do alto de um palanque rudimentar, o líder Angelino iniciou o seu discurso com pompa e circunstância: — Estimados companheiros, venho a ponderar sobre uma ideia há muito tempo, reflectindo profundamente, e acredito firmemente que esta é a solução ideal para todos nós. Precisamos de um Estado para nos governar. Perguntam vocês, o que é isso? Será uma instituição sob a minha liderança que deterá o monopólio da justiça. Por outras palavras, todos os conflitos entre nós serão resolvidos exclusivamente nos tribunais estatais, com juízes designados pelo próprio Estado. Inclusive, os conflitos que possam surgir entre vocês e o Estado serão julgados por este mesmo corpo judicial. Para financiar este serviço imprescindível à comunidade, será imposto um tributo a todos, sem excepção, que também servirá para pagar a segurança de todos nós. Para o bem de todos!

    green-leafed trees

    — A reacção foi instantânea. Um burburinho crescente rapidamente se transformou em convulsão, reflectindo a revolta e a incredulidade diante de tal proposta despótica. Um ancião, de nome João, pediu a palavra, a qual lhe foi concedida com certa relutância.

    — Esta ideia parece-me um completo absurdo — declarou João, com a voz carregada de indignação. — Não só é uma proposta autoritária, impondo-nos um monopólio judiciário, como também nos obrigará a pagar coercivamente pelos tribunais e pela nossa segurança, na verdade um confisco. Por que razão não nos é possível contratar justiça e segurança de forma individual, a quem deseje prestar tais serviços?

    — A audiência, ainda em tumulto, murmurou em concordância, enquanto João continuava a expor as falácias e injustiças da proposta apresentada. — Além disso — prosseguiu João —, nós que sempre obedecemos às leis não escritas, à tradição, onde os juízes por nós seleccionados se debruçavam apenas no apuramento dos factos e na aplicação das leis de sempre, a que lei passará a obedecer?

    — Angelino tomou a palavra para responder a João. — Repare, o Estado passará também a fazer leis, de forma a adaptá-las às circunstâncias do tempo. A lei, a tradição pela qual nos regemos há séculos, necessita de se adaptar. Podemos precisar de dar direitos especiais a minorias, o que só é possível com legislação específica; podemos necessitar de combater monopólios, o que só é viável com regulação particular. Para melhorar a minha proposta, para que agrade a todos, temos de estabelecer um “contrato social” que institua uma democracia. Todos vão poder eleger os vossos representantes do Estado, e, desta forma, esta instituição tornar-se-á legítima aos olhos de todos.

    waterfalls near trees during day

    — A audiência, envolta em murmúrios e olhares desconfiados, ponderava sobre as promessas de Angelino, questionando-se sobre a verdadeira natureza da “democracia” que lhes era oferecida e a justiça de um “contrato social” imposto sob o pretexto da modernização das leis! Em resposta a Angelino, tomou a palavra o Francisco.

    — Várias das suas propostas deixam-me na mais completa perplexidade! As pessoas que forem eleitas para governar o Estado, entendo que por um curto período de tempo, não terão uma visão de longo prazo, pois estarão apenas interessadas em beneficiar-se dos impostos cobrados coercivamente — na verdade, um assalto aos nossos bolsos — durante esse período.

    Além disso, a lei, a tradição, não se lhes aplica. O que estão a fazer, cobrar impostos, é, na verdade, um assalto, consequentemente um crime; ou seja, existirá uma lei para os não eleitos e outra para os eleitos. Para os primeiros, roubar é ilegal; para os segundos, roubar é legal. Em lugar de produzirem bens e serviços úteis à comunidade, poderão viver durante o tempo que estiverem à frente do Estado do produto do saque que nos fazem!

    — A audiência, atónita, pensava com detenção sobre as palavras incisivas de Francisco, ponderando as implicações de um sistema onde a justiça e a moralidade pareciam estar subvertidas em nome de um suposto progresso! Angelino, tomou uma vez mais a palavra para defender as suas ideias.

    white and brown seashell on white sand

    — Estimados companheiros e amigos, creio que não haveis reflectido devidamente em todas as vantagens da minha proposta. Para a melhorar, vamos criar um Banco Central que poderá introduzir uma gigantesca inovação: o papel-moeda e as reservas fraccionadas. A partir desse dia, o dinheiro passará a ser elástico, aumentando em quantidade quando estamos em crise e diminuindo em tempos de prosperidade. Para ter tal poder, necessita que exista um Estado que lhe conceda tal monopólio. Por exemplo, Francisco, se necessitares de uma ajuda num tempo difícil, hoje isso não é possível. Nessa situação, imprimimos dinheiro para te conceder um empréstimo e poder-te ajudar. Isto não é possível sem o Estado e um Banco Central.

    — A audiência, ainda perplexa, ponderava as implicações desta proposta revolucionária. O conceito de um Banco Central com o poder de manipular a oferta de dinheiro era tão inovador quanto inquietante, especialmente considerando a confiança tradicional que sempre depositaram nas suas práticas ancestrais, onde tudo era liquidado no dinheiro que sempre conheceram: ouro e prata!

    Furioso, um ancião sentado nas últimas filas, chamado Pedro, tomou a palavra para retorquir o que Angelina acabara de anunciar.

    brown dried leaves on ground

    — Esta ideia de criar um Banco Central e manipular a oferta de dinheiro é nada menos que uma loucura! — Exclamou Pedro. — Abandonar o ouro e a prata, que sempre nos deram segurança e estabilidade, em favor de um papel-moeda sem valor intrínseco, é um convite ao desastre. Estais a propor que coloquemos a nossa confiança num sistema que pode ser facilmente corrompido e manipulado. Tudo isso, supostamente, para nosso benefício?! Ou seja, estás a propor que para além de nos roubares através de impostos, também nos queres roubar via inflação?

    — Os murmúrios de concordância cresceram na audiência. A turba começou a ficar inquieta; as últimas palavras do ancião Pedro tinham tocado fundo. De repente, começaram todos a gritar: “Morte ao ladrão! Morte ao tirano!” Angelino, com os olhos vermelhos e perplexo face à reacção às suas propostas, que julgara serem fantásticas e facilmente aceites, começou a correr, fugindo da ira dos habitantes da aldeia. Mas foi sol de pouca dura: foi apanhado e defenestrado pela turba em fúria, que o matou numa questão de minutos.

    Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.


    PÁGINA UM – O jornalismo independente (só) depende dos leitores.

    Nascemos em Dezembro de 2021. Acreditamos que a qualidade e independência são valores reconhecidos pelos leitores. Fazemos jornalismo sem medos nem concessões. Não dependemos de grupos económicos nem do Estado. Não temos publicidade. Não temos dívidas. Não fazemos fretes. Fazemos jornalismo para os leitores, mas só sobreviveremos com o seu apoio financeiro. Apoie AQUI, de forma regular ou pontual.

  • Moeda (fiduciária): a maior fraude criada pelo Homem

    Moeda (fiduciária): a maior fraude criada pelo Homem


    Actualmente, o dinheiro que utilizamos provém exclusivamente do Estado, através do seu Banco Central e do sistema bancário sob a sua supervisão. O Banco Central possui a capacidade de emitir notas e moedas, embora estas representem uma pequena parcela do total de dinheiro em circulação. Para ilustrar, recorramos ao último relatório do Banco Central Europeu (BCE): no final de 2023, o valor das notas e moedas em circulação na Zona Euro era de 1,57 biliões de euros (12 zeros).

    Contudo, a maior parte do dinheiro origina-se dos computadores do BCE e do sistema bancário, que criam dinheiro digital mediante a emissão de dívida. Quando solicitamos um empréstimo para a compra de uma casa, o banco cria dinheiro digital do nada, que posteriormente deve ser pago com juros.

    close-up photo of assorted coins

    Por outras palavras, quanto mais dívida é criada, maior é a quantidade de dinheiro em circulação. Este facto contrasta significativamente com a situação do cidadão comum que, para aumentar o seu saldo em euros, necessita produzir bens e serviços para a sociedade, enquanto o sistema bancário pode criar dinheiro com um simples apertar de um botão num computador.

    A quantidade de dinheiro que os bancos podem criar do nada é limitada apenas pelas reservas que possuem; ou seja, para cada 100 euros de dívida emitida e dinheiro criado, devem possuir, por exemplo, 10% em reservas.

    O que são essas reservas? Nada mais do que notas e moedas emitidas pelo Banco Central, mantidas nos cofres do banco, e depósitos à ordem junto ao Banco Central. Para os bancos adquirirem mais reservas, necessitam vender dívida pública ao Banco Central, que a adquire criando reservas do nada e creditando o saldo do banco.

    Para termos uma ideia clara, o dinheiro em circulação, considerando tanto o dinheiro digital – que existe apenas nos computadores dos bancos – quanto o dinheiro físico, pode ser medido pelos agregados monetários, como o M2. Este agregado inclui (i) notas e moedas em circulação; (ii) depósitos à ordem; (iii) depósitos a prazo; e (iv) fundos do mercado monetário. No final de 2023, na Zona Euro, este valor totalizava 15,2 biliões de euros. Ou seja, as reservas dos bancos junto do Banco Central são ridículas face a este valor, pelo que a conversão dos depósitos bancários em notas e moedas far-nos-ia verificar a fraude que constitui o actual sistema monetário.

    grey concrete building

    O actual sistema fiduciário, onde o Estado e os bancos emitem moeda sem restrições ou controlo, mantendo um monopólio absoluto sem qualquer lastro em metais preciosos como o ouro, não desaparecerá tão cedo. Qualquer expectativa ou esperança contrária deve ser moderada. Embora o sistema fiduciário possa eventualmente colapsar, é bastante provável que persista mais tempo do que muitos prevêem, possivelmente à custa de uma intrusão estatal de carácter autoritário nas liberdades individuais e empresariais.

    Muito se tem escrito sobre o iminente colapso do sistema internacional de dinheiro fiduciário. Este debate naturalmente ganha força em tempos de crise, como observado após a crise financeira de 2008/09 ou durante os confinamentos ilegais de 2020/21, decorrentes de uma putativa pandemia.

    Qual é a essência do dinheiro fiduciário? Os Bancos Centrais detêm o monopólio sobre a emissão do dinheiro fiduciário, já explicado pelo conceito de reservas. Com essas reservas, os bancos comerciais podem criar a sua própria forma de dinheiro, inteiramente digital. Este dinheiro é criado através de empréstimos sem respaldo em poupanças reais, essencialmente criado do nada, existindo de forma desmaterializada.

    Seja o Dólar norte-americano, o Dólar australiano, o Euro, o Iene japonês ou a Libra Esterlina, todas são formas de dinheiro fiduciário. Ao contrário do dinheiro que emerge do livre mercado, fruto de acordos voluntários – como aconteceu com o Ouro –, o dinheiro fiduciário foi introduzido através da intervenção estatal, envolvendo coerção e imposição. Esta imposição teve vários episódios ao longo da história, que os modernos “economistas” sistematicamente ignoram.

    blue and yellow star decor

    O dinheiro fiduciário é, por natureza, inflacionário, perdendo gradualmente o seu poder aquisitivo ao longo do tempo. Este fenómeno beneficia desproporcionalmente uma minoria privilegiada, próxima do poder estatal, em detrimento da população em geral. Além disso, causa instabilidade económica, perpetuando ciclos de expansão e recessão que perturbam os equilíbrios de mercado e criam desigualdades sociais. Promove o endividamento excessivo nas economias e alimenta a expansão desenfreada do Estado, frequentemente às custas das liberdades dos cidadãos e das empresas.

    Por último, mas não menos importante, o dinheiro fiduciário é desonesto, e lidar com ele diariamente corrói os valores e a moral das pessoas envolvidas na sua circulação. No entanto, apesar desses consideráveis contratempos, uma vez que o dinheiro fiduciário tenha sido posto em circulação, veio para ficar; não desaparecerá simplesmente. Por quê? O dinheiro fiduciário fomenta a “corrupção colectiva”, onde muitas pessoas são capturadas pelas estruturas que este estabelece, promovendo a dependência e enraizando a sua influência. Actua como um catalisador para a expansão do Estado, tornando-o maior e mais poderoso. As empresas recebem novos pedidos do Estado, ajustando a produção e o emprego para atender a uma procura inteiramente artificial – como se viu com as inoculações experimentais Covid-19.

    As pessoas mantêm as suas poupanças em dinheiro fiduciário. Investem, directa ou indirectamente, em certificados de aforro e mantêm as suas poupanças em depósitos a prazo num sistema bancário que pratica a contrafacção de moeda de forma legalizada. Gradualmente, as pessoas tornam-se profundamente dependentes da perpetuação do sistema de dinheiro fiduciário, consentindo com quase qualquer medida proposta pelo Estado (e pelos grupos de interesse especial que dele se beneficiam) para manter o sistema de dinheiro fiduciário em funcionamento.

    Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu.

    O calcanhar de Aquiles do sistema de dinheiro fiduciário reside na procura por dinheiro. No entanto, o que significa a procura por dinheiro? Essencialmente, reflecte o desejo das pessoas de manterem saldos em dinheiro, influenciado por uma multitude de factores.

    Por exemplo, as pessoas tendem a manter saldos de dinheiro relativos ao seu rendimento. À medida que o rendimento aumenta, também aumenta o desejo de manter o dinheiro. A procura por dinheiro geralmente diminui quando as taxas de juro aumentam, incentivando a sua aplicação. Isso ocorre porque manter dinheiro implica custos de oportunidade quando retornos mais altos poderiam ser obtidos por meio de, por exemplo, depósitos bancários, valores mobiliários, imobiliário e instrumentos de dívida.

    A história demonstra que a procura por dinheiro permanece relativamente estável quando há um alto nível de confiança na moeda, isto é, as pessoas não estão preocupadas que o poder de compra do seu dinheiro diminuirá ou será destruído – como na Venezuela ou Zimbabué. Dada essa percepção, os Estados e os seus Bancos Centrais procuram manipular o sistema de dinheiro fiduciário a seu favor. A sua estratégia principal envolve a criação de ilusões e a manipulação da população para manter controlo e influência.

    Por exemplo, suponhamos que uma dada economia produzia apenas 100 unidades do bem A e que existiam apenas 100 unidades monetárias. Se no ano seguinte, fruto da acumulação de capital, a economia produz 110 unidades do bem A, ou seja, ocorreu um aumento de 10% na produção de bens, algo normal numa economia capitalista, em lugar de 100 unidades monetárias para 100 unidades do bem A, temos agora 100 unidades monetárias e 110 unidades do bem A, o que significa uma relação de 1:0,91, resultando em deflação, pois o preço do bem A desceu.

    Vamos agora supor que o Banco Central dessa economia imprimiu 10 novas unidades monetárias, mantendo a relação 1:1. Assim, afirmariam que a inflação foi 0%, não tendo ocorrido qualquer inflação monetária, quando na verdade o dinheiro em circulação subiu 10%! Este é um exemplo de como as autoridades podem manipular a percepção económica, criando ilusões sobre a estabilidade do dinheiro fiduciário.

    Assim, as pessoas são frequentemente alimentadas com a narrativa de que uma inflação de 2% equivale a “dinheiro estável” — uma afirmação que é, obviamente, inerentemente falsa. Na realidade, uma taxa de inflação de 2% destrói o poder de compra do dinheiro em mais de 2% a cada ano, pois os benefícios de maior produção de bens e serviços deveriam estar reflectidos numa queda de preços – somos ratos a correr por dinheiro fiduciário! Além disso, os índices estatísticos de preços de bens são frequentemente manipulados para apresentar uma taxa de inflação mais baixa do que a realmente experimentada no mercado. Esta manipulação serve para minimizar a verdadeira extensão da desvalorização monetária.

    A propaganda não se fica por aqui: os funcionários do Banco Central e os “economistas” chamados a opinar nos órgãos de propaganda estatais atribuem a inflação a vários factores externos, como a suposta ganância das empresas ou interrupções no fornecimento por nações produtoras, seja de petróleo ou cereais, ou à guerra na Ucrânia!, enquanto rejeitam veementemente a noção de que a inflação é um fenómeno monetário resultante da impressão de dinheiro fiduciário pelos Bancos Centrais e bancos sob a sua supervisão.

    Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos.

    Na verdade, os Bancos Centrais estão determinados a evitar uma queda permanente na procura por dinheiro a todo custo, defendendo sempre o aumento de impostos sobre as populações, visto que estes apenas podem ser liquidados em moeda fiduciária. Quando a procura por dinheiro cai, as pessoas tendem a trocar o seu dinheiro por activos alternativos, como acções, imóveis, metais preciosos, criptomoedas, relógios suíços, entre outros.

    Consequentemente, os preços desses bens disparam — exacerbando ainda mais a queda na procura por dinheiro. Em cenários extremos, isso pode desencadear uma fuga generalizada do dinheiro, prenunciando um colapso do sistema financeiro e económico. Para manter o sistema de dinheiro fiduciário, os Bancos Centrais ajustam o nível de inflação para, em primeiro lugar, garantir uma erosão gradual e contínua do valor do dinheiro, subtil o suficiente para passar despercebida ou ser relutantemente aceite pelo gado submisso.

    Em segundo lugar, essa pressão inflacionária controlada actua como uma defesa contra episódios de deflação de preços de bens, que têm o potencial de fazer o sistema de dinheiro fiduciário desmoronar.

    10 and one 10 us dollar bill

    Por fim, os Bancos Centrais visam evitar situações em que a inflação saia do controlo, onde a hiperinflação destrua completamente a procura por dinheiro fiduciário. O objectivo é manter uma inflação suficientemente baixa para ser subtil, mas constante o bastante para evitar uma deflação desestabilizadora e a consequente perda de confiança na moeda fiduciária.

    Esse acto de equilíbrio delicado é sustentável? As últimas décadas parecem sugerir que sim. Apesar de inúmeras crises e da erosão crónica do poder de compra, a procura por dinheiro em muitas economias desenvolvidas tem permanecido relativamente estável – o gado confia muito no Estado, fruto do controlo estatal da educação. No entanto, o acto de equilíbrio pode ter sucesso a longo prazo? Provavelmente não. A principal preocupação é a enorme acumulação de dívida pública dentro do sistema de dinheiro fiduciário, eventualmente atingindo um ponto de inflexão de insustentabilidade.

    Nesse ponto, as pessoas serão confrontadas com a questão: o sistema de dinheiro fiduciário deve colapsar sob o peso das pressões deflacionárias, ou a dívida pendente deve ser financiada criando novo dinheiro? Infelizmente, a história sugere que em tempos de “crises existenciais”, as pessoas consideram a expansão da oferta de dinheiro como o menor dos dois males. Uma vez iniciada, uma política deliberada de inflação torna-se incrivelmente desafiadora de conter, quanto mais reverter. Tem a propensão a sair do controlo, potencialmente culminando em alta inflação ou até mesmo hiperinflação, precipitando um colapso na procura por dinheiro e corroendo as próprias fundações do sistema de dinheiro fiduciário.

    Mário Centeno, governador do Banco de Portugal.

    Num possível cenário tão terrível, deve-se contar com a determinação do Estado em evitar a morte do seu regime de dinheiro fiduciário a todo custo. O Estado, como hoje o conhecemos, é expectável que esgote todas as medidas disponíveis para salvaguardar a continuidade do seu sistema monetário fraudulento. Em resposta a uma crise, o Estado irá certamente recorrer a medidas drásticas, como impor controlos de preços e de capital e até mesmo nacionalizar bancos e empresas “estratégicas”, sovietizando a economia – algo que hoje vemos crescentemente a acontecer.

    Sob tais circunstâncias, o Estado assume um controlo sem precedentes sobre a produção, ditando quais bens e serviços serão produzidos, quanto, quando e por quem, até mesmo regulando quem será permitido consumir quanto e quando – esse é o objectivo do Euro Digital. Por outras palavras, as economias terminam numa forma de fascismo. Cabe a nós evitá-lo!

    Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.


    PÁGINA UM – O jornalismo independente (só) depende dos leitores.

    Nascemos em Dezembro de 2021. Acreditamos que a qualidade e independência são valores reconhecidos pelos leitores. Fazemos jornalismo sem medos nem concessões. Não dependemos de grupos económicos nem do Estado. Não temos publicidade. Não temos dívidas. Não fazemos fretes. Fazemos jornalismo para os leitores, mas só sobreviveremos com o seu apoio financeiro. Apoie AQUI, de forma regular ou pontual.

  • A Guerra da Ucrânia: uma perspectiva libertária

    A Guerra da Ucrânia: uma perspectiva libertária


    A contenda que assola o cenário mundial actualmente é entre a Rússia, de um lado, e o líder da NATO, os Estados Unidos, do outro, acompanhado dos seus estados suseranos: as nações europeias, incluindo a Ucrânia.

    Pela negativa, dois Estados vassalos em destaque: a Alemanha, que arca com a maior parcela dos auxílios financeiros e provê uma parte substancial dos recursos bélicos, enquanto é sujeita a terrorismo económico, como foi o caso da destruição do gasoduto Nordstream, cujo autor da façanha permanece envolto em mistério até os dias de hoje.

    O segundo, e sem dúvida o mais lamentável, é reservado ao Estado ucraniano, que se ergue como uma testa-de-ferro dos interesses norte-americanos perante a Rússia, detendo como único activo os seus cidadãos a desempenhar o papel de peões sacrificiais.

    É importante ressaltar que os Estados se constituem como entidades parasitárias, destituídas de qualquer produção benéfica à sociedade; são, de facto, organizações criminosas cuja estrutura se assemelha à Máfia. Nos seus domínios, extorquem os cidadãos produtivos, não tolerando qualquer concorrência, privando-os, na maioria das vezes, de quaisquer meios de defesa, como armas. Além disso, os Estados detêm o monopólio da arbitragem de conflitos entre os membros da sociedade, inclusive quando estão envolvidos, seja como acusadores ou réus. Os seus tribunais e juízes têm sempre a palavra final. Nas guerras, podem fazer recair todos os custos sobre a população: recursos financeiros e jovens para a matança.

    Assim, temos uma quadrilha comandada por Putin e outra por Zelensky, sendo esta última respaldada pela quadrilha mais poderosa do mundo, os Estados Unidos da América; estes encaram a Rússia e a China como as únicas quadrilhas rivais à sua altura, representando verdadeiros obstáculos à sua ambição de hegemonia global: a liderança de um governo mundial, com o Dólar norte-americano a desempenhar o papel incontestável de moeda reserva do mundo.

    Em 2014, a máfia norte-americana instalou um bando de criminosos da sua confiança na Ucrânia, concedendo-lhes carta-branca para bombardear, intimidar e subjugar a população de cultura russa, relegando-a ao estatuto de cidadãos de segunda. Posteriormente, abriram-se as portas da NATO, apesar das promessas feitas há décadas de que tal expansão jamais aconteceria. Até tentaram encenar uma farsa de paz com os acordos de Minsk, os quais, na verdade, serviram apenas para armar a quadrilha ucraniana para a guerra que se previa, tal como posteriormente confirmado por Angela Merkel.

    Em circunstâncias normais, seria expectável que a sinistra quadrilha liderada por Putin eliminasse a bandidagem de Zelensky, instalando no poder uma quadrilha fantoche e aliada em Kiev. No entanto, tal desfecho não se concretizou, uma vez que a quadrilha de Zelensky desfruta de vastos recursos materiais e financeiros – a impressora é infinita –, provenientes da quadrilha dos EUA e dos seus subjugados estados europeus.

    Além disso, a quadrilha de Zelensky tem por trás a máquina global de propaganda controlada pelos EUA: os eventos na Ucrânia não são retratados como uma disputa regional entre grupos mafiosos em busca de poder e território, mas sim como um confronto épico entre o bem e o mal: uma Ucrânia virtuosa, onde todos os ucranianos são vítimas dos vilões russos, e, portanto, qualquer apoio oferecido à Ucrânia é visto como um acto do bem!

    A quadrilha liderada por Zelensky desempenha um único papel: enviar a juventude do território sob o seu controlo a servir de carne para canhão, nada mais. É digno de nota que a quadrilha Zelensky tentou desesperadamente restringir a saída de homens ucranianos entre 18 e 60 anos do país, resultando em milhões de desertores.

    Os custos derivados da fuga da população não são suportados pela quadrilha Zelensky; recaem sobre os cidadãos produtivos dos estados vassalos europeus, mediante o seu confisco tributário; arcam com todas as despesas: alimentação, assistência financeira, alojamento e demais despesas. Ao contrário da quadrilha Zelensky, a quadrilha Putin foi obrigada a impor à população do seu território o ónus de custear três milhões de refugiados.

    Qual é a razão por trás do uso dos peões sacrificiais ucranianos? A quadrilha dos Estados Unidos compreende que a quadrilha Putin não é um Iraque ou Afeganistão qualquer. Pelo contrário, encontra-se fortemente armada, possuindo, inclusive, tantas ou mais ogivas nucleares que a quadrilha dos Estados Unidos. Por esta razão, recorreu às sanções económicas, numa tentativa de arruinar economicamente o território sob o domínio da quadrilha Putin e entregou os jovens ucranianos ao sacrifício no altar da guerra.

    Para a população ucraniana, a situação é profundamente angustiante: testemunhar uma guerra entre duas facções rivais, enfrentando a possibilidade iminente de perder toda a sua propriedade privada e ter as suas vidas devastadas. De um lado, a facção liderada por Zelensky tem o poder de recrutar à força, e até mesmo de perpetrar assassinatos, confiscar propriedades e congelar contas em nome da defesa nacional. Por outro lado, a facção liderada por Putin tem a capacidade de capturar, assassinar e apossar-se de propriedades, ou até mesmo destruí-las, sob o pretexto da libertação nacional. É uma realidade verdadeiramente aterradora.

    Os Estados Unidos não demonstram o mínimo interesse pelo país denominado Ucrânia, apenas a utilizam como um verdadeiro “idiota útil” na sua estratégia de dominação global. A Ucrânia tornou-se um peão nas mãos dos norte-americanos, sendo manipulada e explorada para servir os interesses geopolíticos dos norte-americanos, enquanto estes permanecem indiferentes às consequências devastadoras das suas políticas. Com tudo pago pela impressora do Banco Central norte-americano, o complexo militar-industrial norte-americano está a lucrar exorbitantemente com as ajudas enviadas à Ucrânia, pelo que tem todo o interesse em prolongar este conflito.

    A tragédia que se desenrola na Ucrânia expõe de forma contundente a cruel realidade de uma população, tanto ucraniana como russa, a ser usada como peões num jogo de xadrez geopolítico, à mercê dos caprichos de facções rivais que buscam apenas os seus próprios interesses egoístas, sem se importar com as vidas humanas que destroem. Na verdade, não são mais que guerras entre grupos criminosos a que chamamos estados.

    Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.


    PÁGINA UM – O jornalismo independente (só) depende dos leitores.

    Nascemos em Dezembro de 2021. Acreditamos que a qualidade e independência são valores reconhecidos pelos leitores. Fazemos jornalismo sem medos nem concessões. Não dependemos de grupos económicos nem do Estado. Não temos publicidade. Não temos dívidas. Não fazemos fretes. Fazemos jornalismo para os leitores, mas só sobreviveremos com o seu apoio financeiro. Apoie AQUI, de forma regular ou pontual.

  • Debates para as Europeias 2024: um circo?

    Debates para as Europeias 2024: um circo?


    Durante um dos debates para as eleições europeias, a moderadora, colaboradora permanente de um dos canais de propaganda, iniciou a discussão da seguinte forma: “Como é que aquilo que propõem ser discutido na Europa pode melhorar a vida dos portugueses?”. É sempre um exercício de masoquismo intelectual ponderar a possibilidade de que os representantes de dois notórios meliantes, o Estado português e a burocracia de Bruxelas, que nos saqueiam diariamente, possam, em algum momento, vir a ajudar-nos!

    Solicitar aos salteadores tal explicação, recorda-me sempre um dos filmes que me marcaram para sempre: “Casino”; dirigido pelo magistral Martin Scorsese. Somos agraciados com a voz inconfundível de Robert De Niro, interpretando “Ace Rothstein”, enquanto narra a sua trajectória como um dos grandes gestores de um casino em Las Vegas.

    glass walled building during daytime

    Logo no início, Ace Rothstein recordava: “Naquela época, Las Vegas era o destino onde os trouxas iam anualmente com alguns trocados e perdiam milhares de milhões de dólares: o resultado final do brilho das luzes, das viagens pagas, dos banhos de champanhe, das suítes de hotel gratuitas, das miúdas e das bebidas. Tudo era meticulosamente planeado para lhes esvaziar os bolsos: essa é a verdade de Las Vegas”.

    Atentem: nós somos os incautos que pagaremos principesca e perpetuamente estes parasitas em Bruxelas, que, ao contrário da sinceridade cristalina de Ace Rothstein, aparecem sob os holofotes televisivos para nos ludibriar, exaltando incessantemente as perversidades dos instrumentos de Bruxelas, concebidos com um único propósito: parasitar-nos, humilhar-nos e enxovalhar-nos.

    Quer seja a imigração descontrolada, que devemos aceitar sob pena de sermos rotulados de racistas e xenófobos; quer seja a compra de novos parasitas com o dinheiro dos cidadãos abastados do Norte da Europa, eufemisticamente denominada de processo de alargamento; quer seja a guerra até ao último ucraniano, servindo apenas para encher os bolsos do escol em Bruxelas; quer seja o Banco Central Europeu (BCE), que “paga” as putativas pandemias com inflação — em tudo, os candidatos concordam: tudo vale por uma sinecura dourada!

    É sempre causa de admiração a capacidade desta gente de transformar cinismo em arte, pilhagem em virtude, enquanto nos forçam a pagar o seu opulento teatro de crueldades.

    Casino (1995), de Martin Scorsese, protagonizado por Robert De Niro.

    Numa população estagnada em 450 milhões, um candidato propõe, com uma candura desconcertante, que acolhamos 200 milhões de “refugiados climáticos” – sabe Deus o que isso significa?! A teoria de que o CO2 é um poluente (!), ou de que é o grande vilão do suposto aquecimento global, é sustentada pela “nova ciência”, que não tolera qualquer dissidência, prontamente rotulada de “negacionismo climático” por estes modernos inquisidores, apesar da discordância de muitos cientistas.

    A teoria da “emergência climática” assemelha-se às indulgências vendidas pela Igreja Católica há séculos: pague e não irá para o Inferno! Agora, a mensagem é: pague e salvará o planeta Terra! Quão fascinante é a capacidade destes modernos clérigos de transformar a ciência em dogma, onde a fé cega substitui a dúvida metódica, e o assalto aos nossos bolsos, sob a forma de impostos de carbono, se disfarça de virtude ecológica!

    Um candidato, supostamente liberal, defende que o Banco Central Europeu, uma entidade que opera sob um regime de monopólio e respaldada por leis de curso legal – atente-se: um “liberal” que idolatra monopólios públicos! – deve continuar a agir com total “independência política” – vá-se lá saber o que isso significa.

    Tenta, assim, fazer-nos esquecer que, sem a sua existência, a putativa pandemia jamais teria sido possível. Quem pagaria os milhões de trabalhadores em casa, de baixa devido ao terrível “vírus”, e sem nada produzir? Quem financiaria os milhões de testes falsos? Quem arcaria com os milhões de “vacinas” inúteis e perigosas? A resposta é simples: a dívida pública emitida pelo Estado português e adquirida com o dinheiro de monopólio desta instituição, resultando numa inflação sem precedentes, após ter criado 4 biliões de Euros do nada. Pasme-se: diz agora que está a combater a inflação que criou! É como o criminoso que volta ao local do crime.

    Durante os debates, a outrora actriz e agora candidata ao Parlamento Europeu, soltou esta eloquente afirmação: “Por dia, a UE está a perder nove mil milhões de Euros por não fazer a transição climática!” Dá sempre vontade de perguntar se a senhora irá colocar o seu próprio dinheiro nas previsões infalíveis que realiza. Será que está disposta a investir do seu próprio bolso em energias de fiabilidade duvidosa e extremamente caras, como é o caso da energia solar e eólica? Parece que não, pois é sempre mais seguro viver do confisco aos nossos bolsos, como faz há décadas, e pedir ao gado que se arruíne com energia caríssima e não fiável.

    O ex-comentador, agora candidato da “direita” globalista, veio afirmar que a habitação deve integrar a carta dos direitos fundamentais da União Europeia! A confusão persiste sobre a definição do que constitui um direito. Eu tenho o direito à vida – o direito de não ser privado dela por outrem –, o direito à liberdade, o direito à propriedade privada – aquilo que produzi, aquilo que adquiri. Ou seja, um direito legítimo não impõe obrigações sobre os outros; é negativo por natureza. Contudo, para o candidato da “direita” globalista, direito é sinónimo de desapropriação; é roubar uns cidadãos para conceder habitação a outros. Temos mais um socialista assumido.

    Para a ex-ministra da saúde, candidata da “esquerda” globalista, a Europa é um poço de virtudes porque permitiu a contratação conjunta de “vacinas”, incluindo a controversa compra à empresa farmacêutica Pfizer que agora está sob investigação pela Procuradoria Europeia. Reparem: ninguém a interpela com esta questão!

    Antes dos debates, o candidato do partido “fascista” e “antiglobalização”, após uma entrevista onde expressou teorias conspiratórias sobre os eventos de 11 de Setembro, foi logo apelidado pejorativamente de chalupa pelo regime e os seus órgãos de propaganda.

    Nunca se esqueçam: foi um grupo de terroristas, sob a coordenação de um indivíduo oculto nas montanhas do Afeganistão – praticamente sem conhecimentos de pilotagem – que conseguiu assumir o controlo de quatro aviões civis, servindo-se apenas de canivetes suíços, num audacioso ataque ao espaço aéreo da maior potência militar do mundo.

    Assim, após a reprimenda, apareceu nos debates como um cordeiro, acatando obedientemente os ditames dos órgãos de propaganda: “a emergência climática existe”, “nós precisamos de imigrantes”, “defendo a integridade territorial da Ucrânia, não podendo implicar a cedência de territórios”, “é evidente que se deve atribuir uma maior verba à Defesa”. Resta a pergunta: qual é mesmo a diferença?

    Jamais se abordaram ou irão abordar questões relevantes: por que devemos entregar a nossa soberania a uma entidade supranacional não democrática, na qual 21 deputados em 705 são absolutamente irrelevantes? Por que motivo o crescimento económico é tão medíocre desde o aparecimento do BCE, uns míseros 1,1% ao ano? O que explica o disparar exponencial da dívida pública desde a adesão ao Euro, de menos de 60% do PIB para 100% do PIB?

    Por outro lado, por que estamos atrelados a uma União Política pela qual ninguém votou, à qual ninguém concedeu legitimidade? De que forma os nossos direitos serão afectados pela Identidade Digital e pelo Euro Digital? Qual o risco real da possibilidade de serem enviados os nossos jovens para guerras que servem apenas para encher os bolsos da casta parasitária em Bruxelas?

    Ursula von der Leye, presidente da Comissão Europeia, e Albert Bourla, presidente da Pfizer
    Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e Albert Bourla, presidente-executivo da Pfizer.

    Por último, mas não menos importante, o crescente totalitarismo da União Europeia: qual é a legitimidade da Sra. Ursula von der Leyen e os seus comparsas para determinar o que posso ou não ver, em nome da protecção contra a propaganda russa? Quem lhes concedeu poder para censurar os cidadãos, sob o pretexto de combater a desinformação, aprovando esse documento ignominioso denominado Regulamento dos Serviços Digitais?

    Enfim, alguém me pode explicar a razão para ser governado por um gigantesco Estado totalitário que almeja controlar cada aspecto da minha existência, parasitando o meu bolso em paralelo com o Estado português? São perguntas que aparentemente nenhum dos senhores dos partidos do regime deseja responder. Compreende-se: o salário mensal de 20 mil Euros que todos iremos pagar está à sua espera…

    Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.


    PÁGINA UM – O jornalismo independente (só) depende dos leitores.

    Nascemos em Dezembro de 2021. Acreditamos que a qualidade e independência são valores reconhecidos pelos leitores. Fazemos jornalismo sem medos nem concessões. Não dependemos de grupos económicos nem do Estado. Não temos publicidade. Não temos dívidas. Não fazemos fretes. Fazemos jornalismo para os leitores, mas só sobreviveremos com o seu apoio financeiro. Apoie AQUI, de forma regular ou pontual.

  • Estado: uma instituição governada por psicopatas

    Estado: uma instituição governada por psicopatas


    Quando ousas expôr crimes, deves concluir que estás sob o jugo de déspotas. Quando honras a tua voz interior, erguendo-a contra as estruturas do Estado, revelando as suas falhas e corrupções, transformas-te, aos olhos desses déspotas, num adversário perigoso a ser neutralizado.

    Quando aqueles ao leme do Estado, desejando apenas a tua subjugação e servilismo, recorrem à distorção da verdade, à manipulação subtil e à propaganda insidiosa, então não apenas governam sobre ti como tiranos, mas também como psicopatas insaciáveis.

    Quando manifestas que imposto é roubo, que equivale a um acto vil de subtracção, fundamentado na força coerciva exercida sobre a tua pessoa, mediante ameaças de severas sanções ou até mesmo a privação da tua liberdade, e és prontamente rotulado como insensato, como alguém que, de forma egoísta, põe em risco o suposto bem colectivo, significa que és um inimigo do Estado.

    Quando enaltecem o destino nobre dos recursos que te são subtraídos, justificando tal confisco com a promessa de erguer hospitais, escolas, estradas e jardins, ou até mesmo de te prover amparo em momentos de adversidade, como o desemprego ou a velhice, revelam que zombam da tua credulidade e te consideram um mero néscio, um tolo carente de discernimento.

    Quando ousas questionar a moralidade do assalto ao teu bolso, assumindo directamente tais louváveis despesas, és prontamente desacreditado; insistem, com desfaçatez, que somente uma instituição “benevolente” e “justa” como o Estado seria capaz de tal proeza.

    Quando te asseguram que a expropriação coerciva dos frutos do teu trabalho é para o teu próprio bem, deves reconhecer a presença de uma máfia profundamente desonesta; afinal, até um monarca medieval, ao praticar semelhante usurpação, ia além, tomando para si não apenas a tua riqueza, mas também a tua honra, secundado por milhares de soldados, demonstrando, assim, uma honestidade brutal, mas muito mais cristalina que o presente estado de coisas.

    man in black jacket standing near green wall

    Quando te sugerem que se todos os cidadãos cumprissem com a sua “quota-parte”, talvez fosse viável reduzir a voracidade do confisco sobre a tua pessoa; deves simplesmente compreender que estão claramente a menosprezar a tua inteligência, tratando-te como um tolo incauto. Afinal, ao longo de décadas, a voracidade do braço estatal tem sido insaciável, mergulhando cada vez mais fundo nos teus bolsos, numa escalada incessante de expropriação.

    Quando te aludem que uma certa empresa é tida como “estratégica”, fundamental para os interesses nacionais, é imperativo observar através da cortina de retórica, pois tal adjectivação muitas vezes encobre uma verdade sombria: trata-se, na realidade, de um abismo financeiro, um vórtice, onde o “nosso dinheiro” é despejado directamente nos bolsos dos comparsas, correligionários e aliados dos facínoras que detêm o poder.

    Quando te “prometem” ou “dão” casas, seguros e viagens “grátis”, sem nunca reconhecerem o rebanho que foi vilipendiado, humilhado e espoliado para possibilitar tais benesses, deves perceber que estás diante de uma fauna de psicopatas narcisistas, destituídos de qualquer traço de empatia pelo próximo.

    Quando te manifestam preocupação com a “despesa fiscal”, que não é mais que um alívio do fardo sobre os teus ombros, compreende que estás diante de uma horda de malfeitores desprovidos de escrúpulos, cuja falta de pudor não tem limite.

    pink pig coin bank on brown wooden table

    Quando, na tua busca por transparência, indagas: “Como é que sei que o Estado gasta bem o dinheiro que lhe damos?”. Se te é retorquido com desdém: “Simples, basta consultares o Orçamento de Estado, onde diz todo o dinheiro que o Estado recebe e como vai ser usado para ajudar (!) todos os cidadãos, causas ou empresas. Até o podes encontrar na Internet!”; nesse caso, podes ter a absoluta convicção de que és apenas um entre a multidão, tratado com a mais profunda displicência pelos detentores do poder. Na verdade, riem-se a bandeiras despregadas da tua inocência e estupidez.

    Quando o Estado, valendo-se dos recursos que te subtrai de forma arbitrária e criminosa, utiliza-os para doutrinar os teus filhos com o intuito de perpetuar a subserviência, o desrespeito e a pilhagem que também afligem a tua condição, através de obras literárias tão indignas como a “Joaninha e os Impostos“, tens a certeza não apenas da tua própria sina como mero rato enjaulado a correr como um louco numa roda, sustentando parasitas desprovidos de escrúpulos, mas também reconheces que a tua descendência está fadada a integrar-se nesse ciclo vicioso em breve.

    Quando o Estado, sob a égide de uma suposta ameaça de um “vírus” mortal, embora não testemunhes mortes ao teu redor, insiste em prender-te no domicílio, em fechar o teu negócio, em impor-te o uso de uma humilhante fralda facial, em proibir a frequência dos teus filhos na escola, em forçar-te a abandonar os teus avós à própria sorte, em proibir-te de te deslocares ou viajares, tudo em prol da promoção de um produto milagroso e salvífico que deves aceitar coercivamente em nome do “bem comum”, que proporciona ao mesmo tempo lucros pornográficos à casta parasitária que te governa, é manifesto que perderam todo o respeito pela tua dignidade. Não és senão gado, destinado a ser pastoreado e subjugado.

    herd of sheep on green grass field during daytime

    Quando te exigem o apoio a um regime corrupto e totalitário, em nome da “democracia” e da “liberdade”, mesmo que esse regime cerceie a liberdade de imprensa, detenha oponentes políticos e legalize a lavagem do dinheiro que envias directamente para os bolsos dos cúmplices e aliados, fica claro que te consideram a ti e aos teus descendentes como meros peões sacrificáveis, prontos a serem escravizados pelo Estado no momento que lhes convier.

    Quando o Estado, por meio do seu Banco Central, decide aumentar a quantidade de moeda em circulação, impondo-te o seu uso por meio de leis de curso legal e roubo exclusivo nessa moeda, enquanto permite que os seus comparsas nos bancos por si supervisionados inflacionem desmesuradamente tal moeda, concedendo, desta forma, vantagens indevidas à casta parasitária, que adquire tudo em primeiro lugar e a preços não inflacionados com crédito do nada, e ainda tenta convencer-te de que este roubo silencioso surgiu do nada ou que foi o resultado de conflitos militares distantes e irrelevantes para a tua vida quotidiana, é um sinal claro de que almejam despojar-te de tudo. Tanto, que até possuem uma divisa para tal enxovalho: “Não terás nada e serás feliz”!

    Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.


    PÁGINA UM – O jornalismo independente (só) depende dos leitores.

    Nascemos em Dezembro de 2021. Acreditamos que a qualidade e independência são valores reconhecidos pelos leitores. Fazemos jornalismo sem medos nem concessões. Não dependemos de grupos económicos nem do Estado. Não temos publicidade. Não temos dívidas. Não fazemos fretes. Fazemos jornalismo para os leitores, mas só sobreviveremos com o seu apoio financeiro. Apoie AQUI, de forma regular ou pontual.

  • 25 de Abril, roubos mil

    25 de Abril, roubos mil


    Celebremos os cinquenta anos transcorridos desde o advento da “democracia” em Portugal, após o alívio do jugo opressivo imposto pelo Estado Novo, cuja duração, por mero acaso, se estendeu por um período de quarenta e oito anos (1926-1974).

    Tudo teve início, como não poderia deixar de ser, com as nobres inquietações salariais de um grupo de militares que se sentiam injustiçados com a progressão de carreira dos oficiais milicianos; afinal, quem se preocupava verdadeiramente com o destino do povo?

    Esse mesmo povo que, num ímpeto de efémera exaltação colectiva, celebrara Marcelo Caetano no Estádio Nacional alguns dias antes, ou que, posteriormente, de forma eloquente, empunhava cravos e bradava “abaixo o fascismo” e “morte ao ditador”.

    Apenas um ano e sete meses mais tarde, encontrávamo-nos novamente diante da necessidade preeminente de um novo golpe militar, conhecido como o 25 de Novembro, que se revelou essencial para a efectivação da tão ansiosamente almejada “liberdade” que o precedente movimento militar havia prometido restaurar.

    Neste turbilhão político, o Estado português abandonava os seus concidadãos no Ultramar à própria sorte, privando-os dos bens e propriedades acumulados ao longo de uma vida inteira. O resultado foi que muitos chegaram a Lisboa apenas com a roupa que tinham sobre o corpo, enfrentando meses de penúria e de luta pela sobrevivência. Este triste episódio ficou gravado na memória como a chamada descolonização exemplar! Para trás, ficaria um rastro de destruição, guerras civis, fome e morte que, até hoje, deveria envergonhar-nos.

    Até à data, o Estado português não indemnizou estes portugueses, nem tão pouco os jovens arrancados das suas aldeias e deslocados para travar uma guerra a milhares de quilómetros de casa, em que muitos regressavam mutilados, doentes ou mesmo num caixão. Que ironia: o mesmo regime, por intermédio do seu representante máximo, ousa agora afirmar que Portugal deve pagar pela escravatura em África! Surge a questão: inclui os descendentes daqueles africanos que, através de guerras, escravizaram os seus próprios conterrâneos para vendê-los nas praias ao longo de séculos?

    Eleita a 25 de Abril de 1975, a assembleia constituinte teve como principal objectivo redigir uma nova constituição que reflectisse os “ideais democráticos e as aspirações do povo português” – sempre pungentes as aspirações do colectivo –, fixando no seu preâmbulo um programa socialista: “abrir caminho para uma sociedade socialista”.

    Neste cenário, surgiram dois partidos socialistas, cujos camaradas, aliados e comparsas se têm regozijado em saquear a população portuguesa ao longo de mais de cinco décadas. Parece que o tão aclamado caminho em direcção à sociedade socialista se revelou, na verdade, uma jornada lucrativa para esta casta parasitária.

    Desde então, a carga fiscal subiu de uns modestos 16% do PIB para uns impensáveis 35,8%! Considerando o actual PIB (277 mil milhões €) e a tributação de 1974, isso equivaleria a uma redução de 55 mil milhões de euros, ou seja, aproximadamente 5.500 € a menos roubados a cada português a cada ano.

    Desde logo, fomos brindados com um flagrante desrespeito pela propriedade privada, quando uma série de ocupações de terras e propriedades, destacando-se como parte fulcral do intitulado movimento de “reforma agrária”, irrompeu em cena. Para o descalabro total, não poderiam faltar as nacionalizações, decididas de forma arbitrariamente selectiva – quem terá o poder de discernir os “sectores-chave”? O colectivo? -, abrangendo áreas como a banca, as companhias de seguros, os transportes e as indústrias base.

    Estas supostas “reformas” revelaram-se tão bem-sucedidas que, em 1977, testemunhámos a primeira bancarrota do actual regime, acompanhada da estreia dos predadores internacionais no nosso país: o Fundo Monetário Internacional (FMI).

    Como é de praxe, o programa adoptado impunha medidas “drásticas”, que incluíam cortes nos gastos públicos, mas também o aumento do confisco à população: impostos e desvalorização da moeda. Notável! Alguns anos antes, o Estado português era proprietário das oitavas maiores reservas de ouro do mundo, e era responsável por uma dívida pública praticamente inexistente. O regime exibia então pela primeira vez as suas habilidades: transformar o ouro em cinzas! Não satisfeitos, repetiu a bancarrota em 1983, com novo recurso ao FMI. Como sempre, com um impacto severo na população: aumento do desemprego, salários em atraso e redução dos rendimentos reais.

    Em 1986, optámos por alienar nossa soberania à então Comunidade Económica Europeia (CEE). Ao que parece, enviavam montantes astronómicos de fundos “grátis” para “auxiliar-nos” a superar o nosso atraso atávico, do qual, até os dias actuais, jamais recuperámos. A adesão proporcionava fabulosas sinecuras à casta parasitária, garantindo-lhes, ao mesmo tempo, o voto do rebanho, através da “oferta” de subsídios para cessar produção e quilómetros de auto-estradas.

    Em 1992, com a assinatura do Tratado de Maastricht, cedemos uma vez mais a nossa soberania à CEE, que era então rebaptizada como União Europeia, alçando-se ao estatuto de unidade política, em detrimento de uma mera união aduaneira. Além disso, previa-se a criação do Euro, abolindo igualmente a soberania monetária dos Estados aderentes.

    A casta parasitária não desapontou diante deste grandioso “desafio” nacional: a adesão ao Euro e a transferência do monopólio da sua emissão ao Banco Central Europeu (BCE). Foi o período do choque fiscal, seguido do episódio emblemático do “país está de tanga”; do “menino guerreiro” e do ilustre engenheiro, herdeiro de uma fortuna guardada num cofre e avaliada em um milhão de contos!

    Para a população, foi a era do dinheiro “grátis” para a habitação e o respectivo mobiliário, automóveis e férias de sonho. Já para a casta parasitária, foram tempos de auto-estradas, às vezes duas para o mesmo trajecto, de parcerias público-privadas desastrosas para o rebanho, de aeroportos sem passageiros e de estádios sem espectadores. Foram, sem dúvida alguma, momentos de glória!

    Foram momentos tão gloriosos que, em 2011, testemunhámos a terceira bancarrota do regime; segundo a lenda, surgiram entraves na obtenção de financiamento para a dívida pública nos mercados internacionais. Em tradução clara: não havia um tostão para pagar salários dos funcionários do Estado, e tampouco havia alguém disposto a emprestar. Então, eis que surgiram o FMI e a União Europeia para “auxiliar” o povo português, com a concessão de empréstimos, em troca de mais um saque à população. Desta vez, até tiveram de vender tudo ao desbarato: companhias aéreas, redes eléctricas, infra-estruturas aeroportuárias e serviços postais. Em cada bancarrota, assistíamos sempre ao enriquecimento de várias personagens do regime.

    Após o regresso à “normalidade”, depois dos anos negros da austeridade, apareceu a guerra ao “vírus”. Desta vez, as tão almejadas liberdades individuais oferecidas pelo regime foram suspensas: confinamentos ilegais, fecho de escolas, abandono de idosos, fraldas faciais, passaportes nazis e vacinas “salvíficas”. O fascismo tinha regressado em força, desta vez pelos altos representantes da casta parasitária de cravo na lapela.

    A guerra contra o “vírus” revelou-se um colossal empreendimento e uma redistribuição de riqueza sem precedentes em favor da casta parasitária: aquisição de “vacinas” experimentais, campanhas “solidárias”, compra de “batas e fraldas faciais”, assessorias jurídicas, e assim por diante. Simultaneamente, o rebanho foi mais uma vez pilhado sem piedade: inflação descontrolada, encerramento arbitrário de negócios, resgate de companhias aéreas insolventes e uma constante escalada da carga fiscal.

    As sucessivas crises e a suposta pandemia concederam à União Europeia poderes sem precedentes; hoje, é de facto um superestado federal que dita a nossa política monetária, a maioria da legislação nacional, sem qualquer escrutínio democrático, e determina o que é verdadeiro – como evidenciado pelo regulamento dos serviços digitais –, e o que é propaganda – basta observar o encerramento da agência de notícias russa Sputnik e do canal de televisão RT. Que admirável exemplo de democracia e liberdade de expressão na nova ordem europeia!

    train passing in between buildings

    O temos hoje? Uma dívida pública colossal, de 269 mil milhões de Euros, o equivalente ao actual PIB, quatro milhões de pobres, um crescimento económico anémico, em torno de 1% por ano desde o aparecimento do Euro, risível face ao crescimento económico no último período do Estado Novo (5,1% por ano entre 1953 e 1974), um parlamento em que o partido “fascista” é o único que defende a liberdade, face a nova tentativa de cedência de soberania a entidades supranacionais, uma total falta de transparência da administração pública, em contradição com a constituição, e censura e cancelamento de opiniões da população que faria corar os censores do lápis azul do antigo regime.

    Mas, respiremos fundo! Temos um representante máximo da República que nos ajudará a celebrar os 50 anos de Abril, depois de ter afirmado que o actual primeiro-ministro é lento e rural, enquanto o seu antecessor era só lento, mas era por ser oriental – estão a compreender? Nada disto é xenofobia nem tão pouco é racismo. O regime e os órgãos de propaganda reservam sempre esses epítetos para o partido “fascista”. Celebremos então Abril; celebremos o assalto de 50 anos ao rebanho.

    Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.


    PÁGINA UM – O jornalismo independente (só) depende dos leitores.

    Nascemos em Dezembro de 2021. Acreditamos que a qualidade e independência são valores reconhecidos pelos leitores. Fazemos jornalismo sem medos nem concessões. Não dependemos de grupos económicos nem do Estado. Não temos publicidade. Não temos dívidas. Não fazemos fretes. Fazemos jornalismo para os leitores, mas só sobreviveremos com o seu apoio financeiro. Apoie AQUI, de forma regular ou pontual.

  • Um mundo às avessas

    Um mundo às avessas


    Vivemos em tempos nada convencionais, onde o preto se torna branco, o certo se confunde com o errado e a moral se desvanece na imoralidade. Parece que a harmonia está em falta nos tempos actuais. Será este o capítulo contínuo da fórmula ancestral utilizada pelo escol para nos dominar: problema, reacção, solução? Vivemos propositadamente num incessante pavor, num turbilhão perpétuo de confusão.

    No último fim-de-semana, tivemos um ataque do Irão a Israel, através do lançamento de uma chuva de mísseis e drones. Porém, para espanto – ou assim nos dizem os órgãos de propaganda -, a Cúpula de Ferro de Israel, essa “maravilha da tecnologia”, funcionou com uma precisão imaculada, anulando qualquer ameaça. É fascinante contemplar uma pequena nação, rodeada de inimigos, na vanguarda tecnológica, destemida, mesmo perante ataques com armas sofisticadas e letais.

    man in room

    Comparem com a tragédia do último 7 de Outubro. Os “corajosos” militantes do Hamas decidiram fazer uma visita a Israel, não apenas por terra ou mar, mas também pelo ar, sim, de parapente! O mais incrível é que isso aconteceu sem que os guardiões da fronteira mais vigiada do mundo, com todo o seu aparato tecnológico, se tivessem dado conta do que estava a acontecer. Durante horas a fio, os intrépidos membros do Hamas tiveram o luxo de assassinar, violar e fazer reféns à vontade, sem encontrar qualquer tipo de resistência ou alerta dos sistemas de vigilância. Passámos da idade da pedra à guerra das estrelas numa questão de meses.

    Agora, a insanidade nacional, tão cativante na sua extravagância. Um dos nossos estimados órgãos de propaganda, sob a sábia direcção do seu ilustre director, decidiu brindar-nos com uma revelação de tirar o fôlego: o governo recém-empossado, num acto de “completa surpresa para todos”, teve a ousadia de nos mentir! Num tom pungente e indignado: “É mais que um embuste. É enganar os portugueses!”.

    Realmente, é jocoso pensar que a nobre classe parasitária, que tão gentilmente nos assalta há meio século, poderia, por um segundo sequer, abster-se de nos privar de mais alguns tostões. Ainda mais hilário é quando nos asseguram que se tratava, afinal, de uma redução apenas ligeiramente menor, como se estivessem a tentar convencer-nos de que a mão do assaltante estava apenas um pouco menos profunda no nosso bolso. O que realmente me surpreende é que haja milhões de portugueses e, pelos vistos, alguns “jornalistas” que ainda engolem estas patranhas: de que nos vão “restituir” os “nossos” suados impostos!

    Noutro órgão de propaganda, desta vez inteiramente pago pelos “nossos impostos” – se fossem nossos, não teríamos de os pagar! -, a comentadora de um programa semanal sobre política lançava-nos esta pérola: “…para haver mais democracia, as redes têm de facto mandar calar os seus utilizadores”, numa clara defesa da liberdade de expressão e de respeito por opiniões contrárias. Fica sempre a pergunta: alguém a pode mandar calar?

    Não satisfeita, noutro programa, obtivemos outra pérola do mesmo personagem: “Não se nasce mulher, tornamo-nos mulheres, porque é uma construção social e específica de um terminado tipo de sociedade”. Na verdade, quando na adolescência me apareceu a barba, questionei seriamente a minha mãe por que razão estava a ser vítima de uma construção social. Aparentemente, a sociedade congeminava para me fazer crescer pêlos na cara.

    Os sábios comentadores deste país maravilhoso asseguram-nos que está tudo a correr pelo melhor com a imigração. Sentados confortavelmente nos seus SUVs, desfrutando das casas no centro de Lisboa, provavelmente no Príncipe Real, sentem-se invariavelmente muito satisfeitos com os imigrantes: servem-nos à mesa, entregam-lhes comida em casa, limpam-lhes a casa, um sem fim de glórias a preço de escravo. Enfim, os imigrantes adicionam sempre um toque “cosmopolita” à coisa e, claro, para eles, o fenómeno nunca representa qualquer ameaça à sua segurança e bem-estar.

    Neste contexto, foi bem elucidativo o acontecimento pitoresco na praia do Tamariz, Estoril, no último fim-de-semana: um combate de boxe entre jovens em pleno areal, com uma turba em seu redor a fazer apostas. Ali, tivemos a confirmação de que esses jovens imigrantes não só não representam nenhum problema de segurança, como também serão os nossos salvadores financeiros, ajudando-nos generosamente a pagar as “nossas reformas”. Os tais comentadores ainda têm a coragem de ficar surpresos com o sucesso do “partido fascista”.

    Na incansável batalha antifascista travada pelos nossos estimados órgãos de propaganda, fomos brindados também com uma entrevista imperdível. Um “escritor e ex-militar” decidiu partilhar a sua perspicaz visão sobre o “partido fascista”, declarando solenemente: “Os líderes da extrema-direita representam a escória da sociedade”. Reparem bem: aqui não se trata de discurso de ódio, não! Trata-se apenas de um facto incontestável, um veredicto irrevogável: são simplesmente a escória, e ponto final. A doçura da democracia em pleno vigor!

    comfort room signage

    Por fim, deram-nos a conhecer cafés nos EUA que podem ajudar a “aliviar a ansiedade da crise climática” nos jovens norte-americanos. Em relação aos jovens da praia do Tamariz, estou seguro de que não necessitam de frequentar tais estabelecimentos. Aliás, seguramente que o boxe no areal resolve todos estes problemas de ansiedade com a máxima rapidez.

    Neste sentido, recomendo ao Diário de Notícias que faça uma reportagem sobre estes jovens, pois estou certo que ansiedade climática é que coisa que não abunda por ali. Aliás, devia ser exportada para os Estados Unidos, como mais uma solução para a “ansiedade climática” que tanto afecta a juventude.

    Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.


    PÁGINA UM – O jornalismo independente (só) depende dos leitores.

    Nascemos em Dezembro de 2021. Acreditamos que a qualidade e independência são valores reconhecidos pelos leitores. Fazemos jornalismo sem medos nem concessões. Não dependemos de grupos económicos nem do Estado. Não temos publicidade. Não temos dívidas. Não fazemos fretes. Fazemos jornalismo para os leitores, mas só sobreviveremos com o seu apoio financeiro. Apoie AQUI, de forma regular ou pontual.

  • União Europeia: a nova União Soviética?

    União Europeia: a nova União Soviética?


    No livro 1984 de George Orwell, as crises e as guerras são elementos cruciais para manter o regime totalitário no poder. O governo do Estado fictício da Oceânia é habilmente manipulador, controlando a população através do medo, da vigilância e da manipulação da informação.

    O regime totalitário da Oceânia mantém o seu poder ao manter a população num estado de medo constante, criando inimigos externos imaginários. O país está constantemente em guerra com uma entidade indefinida, conhecida como “Eurásia” ou “Lestásia”, e os cidadãos são ensinados a temê-la e a odiá-la. Esse inimigo externo serve de bode expiatório conveniente para desviar a atenção das falhas internas do regime e justificar o controlo rígido do governo sobre a vida dos cidadãos.

    1984 steel decor

    O governo controla a narrativa histórica e manipula os factos de acordo com os seus próprios interesses. O Ministério da Verdade é responsável por reescrever a história para a alinhar com os objectivos do regime. Isso inclui apagar ou distorcer eventos passados para a manutenção do poder. Crises e guerras são retratadas de maneira distorcida para justificar as políticas do governo e garantir a lealdade dos cidadãos.

    As crises e as guerras contínuas justificam um estado de vigilância constante sobre os cidadãos. Os métodos de vigilância permitem ao governo observar e ouvir as actividades dos cidadãos nas suas próprias casas. São apresentados como necessários para proteger o país da ameaça externa. O medo do inimigo externo é explorado para manter a conformidade, a obnóxia e a obediência da população.

    Os conflitos bélicos não justificam unicamente a vigilância da população, também servem para desviar recursos e energia da população. Os cidadãos são mantidos ocupados com o esforço de guerra e são incentivados a sacrificar as suas próprias necessidades em nome do suposto bem comum, ajudando, desta forma, a manter o controlo da população, ao mesmo tempo que se desencoraja qualquer forma de descontentamento ou rebelião.

    Há 38 anos, Portugal aderiu à Comunidade Económica Europeia (CEE), que posteriormente se tornou a União Europeia (UE), criada pelo Tratado de Maastricht, assinado a 7 de Fevereiro de 1992. De um simples mercado comum, hoje temos uma União Política, semelhante a um Estado Federal.

    Taxa de crescimento real (%) anualizada da Economia portuguesa para diferentes períodos desde 1954. Fonte: Banco de Portugal. Análise do autor

    O Tratado de Maastricht estabeleceu a União Europeia como uma nova entidade política e económica, introduzindo a noção de cidadania da União. O aspecto mais relevante foi a criação da união monetária, nomeadamente a moeda única, o Euro, e o respectivo emissor único: o Banco Central Europeu (BCE).

    Na sua aprovação, foi utilizado um dos métodos favoritos dos burocratas de Bruxelas: “votam até votarem bem”. A Dinamarca rejeitou o tratado num referendo realizado em 1992. No entanto, após algumas negociações e concessões por parte da União Europeia, um segundo referendo foi realizado em 1993, aprovando obviamente o tratado. Este método foi repetido com a Irlanda na aprovação do Tratado de Nice: votaram duas vezes até dar a votação certa. Também tivemos os franceses e holandeses a votarem contra o Tratado de Nice e a Constituição Europeia, mas, como sempre, a “Europa” avançava de forma inexorável.  

    Tivemos assim a soberania monetária dos Estados-Nação transferida para um gigantesco monopólio. Na verdade, uma impressora de dinheiro que serve exclusivamente os interesses da “casta parasitária”. O “dinheiro grátis, através de taxas de juro muito abaixo das que seriam estabelecidas num livre mercado, gerou uma sensação de riqueza às populações. Estas desatavam a comprar casas, a desfrutar de férias exóticas, enfim, a consumir desenfreadamente. Foi a era do “financiamos a sua casa, os sofás e as suas férias de sonho”.

    .Evolução da dívida pública portuguesa desde 1954 a 2023 (Unidades: milhões de €; em % do PIB). Fonte: Banco de Portugal. Análise do autor

    Para além do endividamento sem paralelo das populações, em lugar da promoção do aforro, a casta parasitária também retirou dividendos do “dinheiro grátis”: estádios sem espectadores, aeroportos sem passageiros, mais de uma auto-estrada a ligar o mesmo trajecto, parcerias público-privadas leoninas a favor dos privados, em que estes tinham retornos assegurados independentemente do sucesso da iniciativa, na verdade, um sem número de glórias que asseguravam vitórias eleitorais e o enriquecimento fácil.

    A festa, obviamente, terminou em crise, sempre fundamental para o avanço do totalitarismo, onde se aplicava invariavelmente a fórmula: crise artificial, problema e solução; garantindo mais e mais poder ao escol que nos parasita. Foi a denominada crise da dívida soberana europeia, iniciada em 2009 com a bancarrota grega, depois da gloriosa jornada olímpica de Atenas. Em Portugal, em Abril de 2011, o Grande Engenheiro anunciava-nos a terceira bancarrota da “democracia”.

    Foram logo necessários fundos para ajudar os países em apuros. Criado em Maio de 2010, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) foi estabelecido como um fundo temporário para fornecer assistência financeira aos países da Zona do Euro em “dificuldades” – tradução: tinham sido objecto de uma gigantesca roubalheira. Mais tarde, foi substituído pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), agora com carácter permanente, que passou a poder “levantar fundos nos mercados financeiros”. Por outras palavras, os Estados-Membros capitalizavam o fundo com a emissão de dívida pública; seguidamente, o fundo emitia dívida para obter mais fundos nos mercados! Nem o Sr. Madoff apresentara tamanha criatividade.

    O BCE também teve um prémio com a “crise”. Anunciada como resposta à crise da dívida soberana europeia e visando “fortalecer a supervisão financeira na zona do euro”, em 2014, o BCE passava a supervisionar directamente os maiores bancos da zona do euro, com o objectivo de “aumentar a transparência e a estabilidade” do sector bancário – vejam: mais poder, mas em nome de um bem maior: a segurança dos nossos bancos!

    blue and yellow flag on pole

    Em 2020, surgia uma nova crise, despoletada com o aparecimento de um novo inimigo, desta vez invisível: um “vírus”. A “guerra” foi travada pela constituição de um Fundo de Recuperação da União Europeia, também conhecido como NextGenerationEU – o nome é pomposo! Com um valor inicial de 750 mil milhões €, estabelecido com o intuito de dar “apoio financeiro” aos Estados-Membros mais afectados. Como foi financiado? A União Europeia passou a emitir dívida pública e não apenas os Estados-Membros.

    Ou seja: os Estados-Membros decidiram arruinar as suas economias, decretando confinamentos ilegais e o encerramento de negócios e escolas, e, por isso, necessitavam de apoio! Como? Roubando uma vez mais as populações; desta vez, com a impressão massiva de dinheiro, anunciada oficialmente pelo BCE com o lançamento do Programa de Compras de Emergência Pandémica (PEPP), um “mecanismo de estabilização” dos mercados de títulos, visando “manter baixas as taxas de juro”. Desta vez, foram uns juros 0% para a plebe correr a comprar casas.

    Em paralelo, de forma coordenada, todos os Estados-Membros decidiram manter sobre as populações um clima de terror: fraldas faciais, distanciamento social, álcool-gel, idosos abandonados, alunas sem aulas presenciais, limitações ao direito de deslocação, prisões domiciliárias ilegais, um sem fim de tropelias. O clímax da coisa tinha um propósito: através da União Europeia, adquirir mais de 71 mil milhões de Euros em “vacinas” salvíficas, desenvolvidas numa questão de meses e consideradas desde logo “seguras e eficazes” e como a única arma para vencer o “vírus”.

    Evolução do balanço do BCE, em biliões de euros) entre Março de 2020 e Março de 2024. Fonte: Banco de Portugal. Análise do autor

    Para coagir a população a tomá-las, a União Europeia aprovou em Março de 2021 um instrumento de segregação: o certificado nazi, mais conhecido por Certificado Digital Covid-19, apesar de saberem, desde o início, que não impediam a transmissão do terrível “vírus”. O resultado de tudo isto tornou-se evidente nos preços internacionais das matérias-primas, que dispararam até ao início da guerra na Ucrânia, precisamente o contrário do que nos dizem os órgãos de propaganda.

    Entre 11 de Março de 2020, data da declaração da “pandemia” pela OMS, ao dia 23 de Fevereiro de 2022, o dia anterior à invasão da Ucrânia pela Rússia, o Petróleo subiu de 29,1 € por barril para 81,3 € por barril, uma subia de 179%, a um ritmo anualizado de 69%. A partir dessa data, mudámos de inimigo: do terrível “vírus” para os tenebrosos russos; uma autêntica manobra de diversão para nos fazer esquecer a roubalheira e as tropelias da guerra ao “vírus”.

    A putativa pandemia e a guerra na Ucrânia têm servido para maiores transferências de poder para a União Europeia, agora até se fala em enormes recursos para o exército europeu e no regresso do recrutamento obrigatório, a fazer dos jovens escravos do Estado. Para o absoluto totalitarismo já pouco falta; farão agora avançar: a Identidade Digital Europeia, o Euro Digital, a Censura às Redes Sociais e a “Crise Climática”.

    Subida/descida anualizada (%) das principais matérias-primas entre 11 de Março de 2020 e 23 de Fevereiro de 2022 (véspera do início da Guerra na Ucrânia). Fonte: Yahoo Finance. Análise do autor.

    A Identidade Digital será, como sempre, para o nosso bem. Servirá para nos proteger do terrorismo, que todos sabemos ser responsabilidade dos Estados, já que estes invadem países, destroem infra-estruturas milionários (quem não se lembra do gasoduto Nordstream) e assassinam milhões de pessoas inocentes, como foi o caso do Iraque e do Afeganistão, e agora, o caso da Ucrânia e da faixa de Gaza. Servirá para nos proteger da imigração ilegal: sem identidade digital, não entram. Também servirá para nos proteger numa nova “pandemia”: tem ou não as vacinas em dia? Não, então não pode viajar. Para melhorar, dizem-nos que várias zonas do globo vão criar tal sistema, por forma a assegurar a interoperabilidade entre os diferentes sistemas; que mundo maravilhoso, não é?

    O Euro Digital será outra maravilha que se aproxima. Reparem, tal como a Identidade Digital, ninguém o pediu, ninguém o referendou, ninguém o aprovou. Dizem-nos que é para manter a competitividade do sector público face ao dinheiro digital privado. Que não será anónimo.

    Vão saber o que consumimos, a hora do consumo, as nossas preferências, quanto consumimos, onde consumimos. As possibilidades são infinitas. Para agravar a coisa, o Euro Digital poderá ser programável. Assim, num novo confinamento ilegal, deixará de funcionar num raio superior a 500 metros de casa; ou quando excedamos a nossa quota de consumo de combustíveis fósseis. Será, como sempre, para o nosso bem. Tal como a Identidade Digital, também será interoperável com outras Moedas Digitais dos Bancos Centrais, por forma a não lograrmos fugir para lado nenhum!

    shallow focus photography of computer codes

    O Ministério da Verdade de George Orwell já foi criado: chama-se Digital Services Act. Os burocratas de Bruxelas são agora a fonte da verdade. Dizem-nos que serve para combater a desinformação que pulula nas plataformas digitais, quando na verdade se trata da mais abjecta forma de censura.

    Estranha-se tal preocupação, pois os governos e os seus órgãos de propaganda não fizeram outra coisa que disseminar desinformação e mentiras durante a putativa pandemia. Nada era verdade. O que na realidade pretendem é acabar de vez com a nossa liberdade de expressão. Um exemplo disto é a recente perseguição à rede X por parte do Juiz Alexandre Morais, em representação do Estado brasileiro, demonstrativo do incómodo que a nossa liberdade de expressão representa hoje para os Estados.

    Por fim, as “alterações climáticas”, onde iremos todos morrer se não corrermos a salvar o planeta. Dizem-nos que é um problema  – que na verdade não existe – “global”, que existe uma solução global. Tal como as “pandemias” exigem um tratado pandémico, em que o poder de decisão ficará nas mãos de um burocrata não eleito, aqui também se reunirão um conjunto de peritos, não sujeitos a qualquer escrutínio, que determinarão os impostos de carbono e outras patifarias, como os confinamentos climáticos.

    Subida/Descida anualizada (%) das principais matérias-primas entre 23 de Fevereiro de 2022 (dia anterior ao início da Guerra na Ucrânia) e 5 de Abril de 2024. Fonte: Yahoo Finance. Análise do autor.

    De uma “crise climática”, teremos uma crise de saúde, derivada da “ansiedade climática”. Também teremos uma crise alimentar, em resultado da diminuição das áreas de pasto das vacas, por forma a eliminar o metano na atmosfera libertado pela flatulência das vacas. O Euro Digital também ajudará a combater a crise climática, condicionando comportamentos “inimigos do clima”. Podemos imaginar por onde a coisa caminha!

    Nas próximas eleições europeias, os candidatos apresentar-nos-ão a União Europeia como a eterna vaca leiteira dos subsídios e dinheiro mágico, onde os nossos dirigentes se dobram à grande líder para obter os fundos que irão pagar os empregos dos seus amigos e clientelas; ou irão contar-nos a verdade? Que se trata de uma organização totalitária, inimiga das liberdades individuais, que importa colocar um fim rápido?  

    Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.


    PÁGINA UM – O jornalismo independente (só) depende dos leitores.

    Nascemos em Dezembro de 2021. Acreditamos que a qualidade e independência são valores reconhecidos pelos leitores. Fazemos jornalismo sem medos nem concessões. Não dependemos de grupos económicos nem do Estado. Não temos publicidade. Não temos dívidas. Não fazemos fretes. Fazemos jornalismo para os leitores, mas só sobreviveremos com o seu apoio financeiro. Apoie AQUI, de forma regular ou pontual.

  • A vitória do ‘partido fascista’

    A vitória do ‘partido fascista’


    No último dia 10 de Março, tivemos as tão esperadas eleições legislativas, em que a Aliança Democrática – desconsiderando o PPM – ganhou com o menor número e percentagem de votos de sempre. Em 1980 obteve 2,707 milhões de votos (44,91%), em 1979 contabilizou 2,554 milhões de votos (42,52%), em 2015 registou 1,994 milhões de votos (36,86%) e, agora, em 2024 foram 1,867 milhões de votos (28,84%).

    Em 2022, PSD e CDS considerados juntos obtiveram uma percentagem superior de votos (29,27%) do que a Aliança Democrática em 2024. Podemos, assim, considerá-la uma vitória de Pirro, atendendo que não existe qualquer maioria de “direita” no Parlamento – supondo que as promessas das “linhas vermelhas” e do “não é não” são para manter.

    two white patio umbrellas near pink and white painted concrete building

    A única vitória do regime foi, uma vez mais, a manutenção da maioria de dois terços dos deputados – suficiente para aprovar revisões constitucionais – pelos dois partidos socialistas, o PS-1 (Partido Socialista) e o PS-2 (PSD). Com uma percentagem de apenas 56,84%, muito inferior aos 66,6% correspondentes aos dois terços, continuam a controlar 68% dos deputados (156 deputados e tendo em conta os dois deputados do CDS) na Assembleia da República.

    Mais uma vez, sem plebiscitarem as suas propostas de revisão constitucional durante a campanha eleitoral, é provável que voltem à carga com uma nova tentativa de alterar a Constituição da República Portuguesa (CRP). O objectivo é o de sempre: tornar possível que um funcionário administrativo, em lugar de um juiz, decrete a prisão domiciliária de um cidadão em nome do combate a um “vírus”.

    Mas não só, também acomodará na CRP o novo tratado pandémico da Organização Mundial de Saúde (OMS), onde o Sr. Tedros, um personagem “eleito” e “mui” conhecido dos portugueses, decidirá se podemos entrar no avião ou se seremos obrigados a tomar a próxima substância experimental, em nome do combate à doença X – ainda não existe mas já se estão a preparar.

    Do lado dos vitoriosos: o PS-1; depois da saída de 11 ministros e secretários de Estado em pouco mais de um ano, de 3,2 mil milhões € do “nosso dinheiro” na bancarroteira TAP, da pancadaria no Ministério das Infraestruturas, dos despedimentos por WhatsApp, das indemnizações de meio milhão de Euros ao final de 7 meses de trabalho, de uma secretária de Estado da Agricultura que tomou posse e demitiu-se em apenas 26 horas, devido a um processo judicial do marido, da operação Influencer e dos 75 mil € encontrados no escritório do chefe de gabinete do primeiro-ministro, ex-assessor do “grande engenheiro”, é absolutamente extraordinário que ainda existam 1,8 milhões de portugueses a votar no PS-1! Deveria ser um caso de estudo internacional.

    O grande derrotado foi claramente o PCP, reduzido agora a apenas 4 deputados. Daqui a uns tempos, talvez tenhamos de criar uma reserva ou um museu para encontrar comunistas em Portugal. Apesar de tudo, temos de enaltecer o seu respeito pela CRP, ao contrário da extrema-esquerda caviar (Bloco de Esquerda e Livre); hoje, globalista e defensora do projecto totalitário, conhecido por União Europeia.

    Recordemo-nos que há quatro anos foram favoráveis às restrições das nossas liberdades individuais durante a putativa pandemia; nos próximos tempos, iremos certamente vê-los a apoiar a “transição verde”, o envio de tropas para a Ucrânia, a identidade digital da União Europeia e as demais tropelias que se avizinham.

    Em relação aos nossos “liberais”, mantiveram os seus oito deputados, o que se pode considerar uma vitória, tendo em conta o saneamento de Carla Castro ao melhor estilo estalinista, depois de se ter atrevido a candidatar-se à liderança do partido.

    Mas importa destacar o grande vencedor: o partido Chega, que obteve a maior votação de um terceiro partido desde o início da “democracia”. Ligeiramente acima da percentagem obtida pelo PRD em 1985 (17,92%) e com mais 5 deputados, num total de 50.

    Apresentou-se com um programa socialista e com todas as bandeiras: aumento vertiginoso de pensões, impostos sobre “lucros extraordinários”, impostos sobre os “lucros da banca” e favorável à manutenção da bancarroteira nacional nas “nossas mãos”. O único ponto polémico: a introdução de controlos sobre a imigração vigentes há poucos anos em Portugal, nada mais.

    man cleaning white building

    Assim, gera a maior das perplexidades a acrimónia para com o Chega por parte dos órgãos de propaganda, que decidiram proporcionar-nos debates de pouco mais de 20 minutos durante a campanha eleitoral, onde os seus “comentadores”, durante horas a fio, destilavam o seu veneno ao Chega, em particular ao seu líder André Ventura.

    Mais hilariante foi o período pós eleição, nos múltiplos debates e comentários para comentar os resultados. Quem melhor que o canal que nos obrigam a pagar com vários milhares de milhões € para ouvirmos estas pérolas “democráticas”: os deputados do Chega não são mais que “assaltantes de caixas de esmola”; um partido “neofascista”, “racista”, “xenófobo” e “nazi”! Atenção: “nazi”.

    Para não ficar atrás, o comentador Miguel Sousa Tavares informou-nos que as ideias do Chega são “antidemocráticas e contra o Estado de Direito”. É estranho, será que o Tribunal Constitucional não fez o seu trabalho?

    O comentador João Maria Jonet não quis ficar atrás, dando-nos uma ideia do local onde o Chega encontrou os seus deputados: “Quem irá ser o quadragésimo deputado do Chega, vão buscá-lo a uma valeta?, sabe ler e escrever?, sabe falar em público?”

    A cereja no topo do bolo, surgiu da pena de Luísa Semedo, numa coluna de opinião do jornal Público: “Não consigo deixar de olhar hoje para criaturas como Netanyahu, Putin, Trump, Bolsonaro, Orbán ou Ventura e não pensar nos primatas que são”! Enfim, uma macacada.  

    Por fim, a principal surpresa: os mais de 100 mil votos no ADN. No dia das eleições disseram-nos que havia milhares de pessoas a engarem-se no voto; aparentemente desejavam votar na AD, em lugar do ADN.

    Estranha-se, pois nunca vimos tal erro entre os dois partidos socialistas, onde apenas se diferenciavam pela letra D durante múltiplas eleições. Aparentemente, os órgãos de propaganda julgam não existir portugueses revoltados com o que se passou há quatro anos: os confinamentos ilegais, a coacção para a toma de substâncias experimentais, a mortalidade excessiva, os atropelos às liberdades individuais, as fraldas faciais em crianças, a morte ao abandono dos idosos nos lares. Parasse que nada disto existiu, pelo que “são incompreensíveis” as razões para o voto no ADN, para além do erro.

    Mas tenhamos esperança e alegremo-nos, pois dizem-nos que a herança do PS-1 não podia ser melhor: um excedente orçamental de 4,33 mil milhões €, algo inédito na “democracia”. Olvidam-se, no entanto, de mencionar a colossal dívida pública: 271 mil milhões € em Janeiro de 2024; bem como as dívidas da “Segurança Social” não reconhecidas nas contas do Estado. Reparem, a este ritmo necessitaríamos de 63 anos para pagar a dívida pública. Não é fantástico tudo isto?

    Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.


    PÁGINA UM – O jornalismo independente (só) depende dos leitores.

    Nascemos em Dezembro de 2021. Acreditamos que a qualidade e independência são valores reconhecidos pelos leitores. Fazemos jornalismo sem medos nem concessões. Não dependemos de grupos económicos nem do Estado. Não temos publicidade. Não temos dívidas. Não fazemos fretes. Fazemos jornalismo para os leitores, mas só sobreviveremos com o seu apoio financeiro. Apoie AQUI, de forma regular ou pontual.

  • Os assuntos esquecidos da campanha eleitoral

    Os assuntos esquecidos da campanha eleitoral


    A campanha eleitoral para as legislativas de 10 de Março está prestes a terminar e entra agora nos seus últimos dias. Será que foi esclarecedora? Os temas essenciais foram debatidos com a necessária profundidade? As soluções propostas pelos candidatos fazem sentido?

    Parece-me que o esclarecimento foi praticamente inexistente. Podemos atribuir a culpa aos principais órgãos de informação nacionais – hoje apenas canais de propaganda –, que nos serviram debates a dois entre os principais líderes dos partidos com assento parlamentar, com cada um a falar apenas 15 a 20 minutos, fazendo-se impossível expor uma ideia com princípio, meio e fim. Talvez esse tenha sido sempre o propósito.

    Não satisfeitos, serviram-nos uma pletora de comentadores, todos com um enorme viés ideológico e partidário, a falar horas sem fim, em lugar dos candidatos, que nos impingiam os vencedores e os perdedores, como se fôssemos incapazes de interpretar o que acabáramos de assistir.

    Cumulativamente, discriminaram positivamente os dois principais partidos socialistas, aqueles que nos conduziram à actual pobreza franciscana – hoje apenas sete países da União Europeia são mais pobres que Portugal –, e, por outro, impediram os pequenos partidos de aceder aos debates televisivos, excepto a RTP – mal seria que tal não acontecesse, depois de nos extorquirem 185 milhões de euros por ano em 2022 na factura da luz e acederem ao pote do assalto em 272 milhões de euros.

    No que respeita aos temas essenciais, quase todos ficaram de fora. Seja por simplesmente terem sido esquecidos, seja por serem discutidos de forma superficial. Agora que vamos “celebrar” os 50 anos de Abril, reparem que a classe parasitária nunca discute o medíocre desempenho económico da “democracia”.

    Evolução do PIB português desde 1953 (1953=100) tendo por base as taxas anuais de crescimento real; Fonte: Banco de Portugal

    Por que razão a “democracia” é incapaz de nos fazer convergir com os países mais ricos, ao contrário do que ocorreu durante o Estado Novo? Por que razão as taxas de crescimento são ridículas em comparação com os anos 60 e início dos anos 70 do século transacto? Qual a razão da estagnação económica dos últimos 23 anos, que impossibilita a subida dos salários e expulsa os jovens qualificados do país? Nada disto foi verdadeiramente discutido. Um louvor à Iniciativa Liberal por ter proposto uma redução do roubo, sem, no entanto, explicar-nos os necessários cortes na despesa pública para financiar tal medida.

    Ninguém teve a coragem de afirmar uma evidência: o Estado Social é um embuste. A Segurança Social é um esquema em pirâmide absolutamente inviável. Apesar disso, ainda tiveram o despudor de propor subidas vertiginosas no valor das pensões, muito acima do crescimento da economia, ocultando, ao mesmo tempo, de que são os trabalhadores activos, hoje tributados em 60 e 70% (impostos acrescidos de “contribuições”), a pagar a conta.

    Como podemos observar na Figura 2, nos anos 60 tínhamos 43 trabalhadores activos por pensionista; hoje, temos 1,7 trabalhadores activos por pensionista. Tal significa que os jovens que entram hoje no mercado de trabalho têm de ganhar um salário si e para um pensionista!

    Evolução 1960-2021 do número de trabalhadores activos e pensionistas; rácio de cobertura trabalhador activo vs. pensionista (Unidade: milhares); Fonte: Pordata

    Ninguém foi capaz de explicar o funcionamento de um modelo de capitalização, a única alternativa a este modelo, em que o dinheiro vai para um “porquinho” e é investido nos mercados financeiros, seja em acções ou obrigações.

    Vejamos então um exemplo para darmo-nos conta da gigantesca fraude que nos é vendida há décadas. Imaginemos um “milionário” que aufere 1.000 euros por mês, isto significa que “entrega” todos os meses 110 euros à “Segurança Social”, enquanto o seu empregador 237,5 euros. Supondo que trabalha 43 anos, dos 22 aos 65, e tem uma esperança de vida de 80 anos; assim, estará a receber por 15 anos do dinheiro no “porquinho”.  

    Se fosse aplicado a 1%, iria ter uma reforma de 1.244 euros/mês; se aplicasse a 10%, teria uma reforma de 16,5 mil euros por mês. Este último valor não é nenhuma impossibilidade, se tivermos em conta que o mercado norte-americano, em particular o índice S&P 500, gerou um retorno anual de 11% durante os últimos 50 anos, com uma inflação de 3,9% por ano para o mesmo período – um retorno real em torno de 7%. Por outro lado, se este “milionário” falecer aos 50 anos, alguém lhe devolve os “descontos”?

    Outro dos temas que deveria ter sido abordado é o fracasso completo da escola pública. Na última ordenação decrescente dos resultados dos exames nacionais constavam apenas cinco escolas públicas nas primeiras 50. Ao final de meio século do regime, ainda nos apresenta 293 mil analfabetos, cerca de 3% da população – uma vergonha nacional. Nos últimos resultados de PISA, demos um grande tombo em literacia matemática (- 21 pontos), leitura (-15 pontos) e científica (– 7 pontos). Recentemente, ficámos no último lugar num estudo sobre literacia financeira da Zona Euro! Em conclusão: a escola pública limita-se a produzir analfabetos funcionais e continua a ser uma “vaca sagrada” que não merece discussão.

    O mais impressionante foi nenhum político conhecer o custo do “Estado Social”: um roubo de 12,5 mil euros por pessoa, incluindo crianças e idosos; 50 mil euros por uma família de quatro pessoas. Não foi dito por uma simples razão: por que motivo não contratamos directamente a saúde, a educação a reforma, em lugar de o “entregar” a políticos, funcionários e burocratas? Ou melhor: se assaltam cada português em 12,5 mil Euros por ano, por que razão esperamos anos por cirurgias, horas e horas para sermos atendidos numa urgência?

    Outra das questões fora dos debates foi o dinheiro e a inflação. Nenhum político teve a coragem –talvez ignorância – de explicar aos portugueses de que forma o dinheiro criado: por dívida. Cada vez que vamos a um banco e este nos concede um crédito, ocorre a criação novos euros, do nada. A única restrição são as reservas junto do Banco Central Europeu (BCE), que este pode criar de forma infinita em monopólio. Em concluso: os bancos podem imprimir dinheiro porque possuem uma licença bancária; se o comum cidadão pratica contrafacção de dinheiro vai preso.

    Aplicação mensal de 347,5 € durante 43 anos aplicados a diferentes taxas de juro (Unidade: €); Fonte: análise do autor

    Ninguém teve a coragem de explicar as razões da inflação que presentemente vivemos: o brutal incremento de Euros em circulação, em particular em 2020 e 2021, onde as taxas de crescimento anual foram de 12% e 11% respectivamente, os anos da putativa pandemia. Não foi a guerra na Ucrânia, nem os choques externos, mas as rotativas do BCE e dos bancos os verdadeiros causadores desta inflação que vivemos e que permitiu ao Estado português equilibrar o orçamento em 2023, pois as receitas de IVA e dos demais impostos directos dispararam com o este assalto silencioso chamado inflação. Alguém denunciou isto?

    Também não houve qualquer discussão sobre o que se passou durante os três anos da putativa pandemia, em que tivemos confinamentos, restrições à liberdade de circulação, coacção para a toma de inoculações experimentais, prisões domiciliárias decretadas por um funcionário administrativo, um projecto de lei sanitária para nos transformar num regime totalitário e uma mortalidade excessiva desde 2020. Por que razão é um assunto tabu? Foi tudo perfeito? Não se discutem os efeitos adversos das vacinas e o seu impacto na mortalidade excessiva

    Qual a opinião dos dois principais partidos socialistas sobre o tratado pandémico da Organização Mundial de Saúde? Concordam com uma nova entrega de soberania a um órgão supranacional não eleito? A revisão constitucional que tentaram executar há meses é para voltar a repetir e que abrirá caminho à possibilidade de restringir a liberdade de uma pessoa em nome de um “vírus”?

    Evolução da quantidade de dinheiro em circulação medido pelo agregado M2 entre 2000-2023 em Portugal (Unidade: milhões de Euros; %); Fonte: Banco de Portugal

    Por fim, não se discutiu a avaliação do desempenho dos magistrados do Ministério Público: vão continuar impunes e a prender inocentes? Irá existir alguma penalização para os magistrados que acusam pessoas e depois prova-se nos tribunais que são inocentes? Os políticos fogem a estas questões sistematicamente, aparentemente com um enorme medo da justiça.

    Todos estes assuntos sobreditos foram deliberadamente olvidados durante a campanha. Sem surpresa. Ao fim de 50 anos encontramo-nos pobres e miseráveis, sem rumo e cada vez com menos liberdades. Parece que apenas servimos para sermos espoliados todos os dias pelo Estado português.

    Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.


    PÁGINA UM – O jornalismo independente (só) depende dos leitores.

    Nascemos em Dezembro de 2021. Acreditamos que a qualidade e independência são valores reconhecidos pelos leitores. Fazemos jornalismo sem medos nem concessões. Não dependemos de grupos económicos nem do Estado. Não temos publicidade. Não temos dívidas. Não fazemos fretes. Fazemos jornalismo para os leitores, mas só sobreviveremos com o seu apoio financeiro. Apoie AQUI, de forma regular ou pontual.