No incêndio da tarde

Christ Redeemer statue, Brazil

Foi no início da tarde, pouco depois da hora do almoço, quando todo mundo estava sesteando, que se deu o causo, aquela barbaridade. Por que os loucos e os guris não sesteiam?

Todo santo dia, mesmo que fosse inverno e que as águas estivessem frias como chapa de aço, ele nadava no rio. Dava um mergulho e sua cabeça grisalha só reaparecia bem longe. Depois, com braçadas largas, avançava. Era um pouco antes do nascer do sol, escuro ainda. Mesmo nos dias de vento e chuva, quando o rio se encrespava e rugia, ele nadava quase até a outra margem e voltava na mesma braçada segura.

O grito de morte correu por entre as casas, mas depois ficou parado no ar, cristalizou-se bem no meio da rua. Por isso, todos os homens pularam da cama, entorpecidos.

Era um sábado, calor dos infernos. O mulato voltava para o barraco dele. Até aquele dia, era manso, manso. Gostava de missa. Colecionava santinhos. Diziam que de noite, à luz de vela, ficava lá no barraco dele apreciando os bentinhos que ganhava do padre da igreja do Porto depois da missa das dez de domingo. Se naquela tarde traiçoeira ele tivesse passado um pouco antes, ou depois, talvez não tivesse se defrontado com os guris, que estavam ali pela esquina. E, se fosse mais cedo ou mais tarde, podia ser que houvesse algum adulto por ali, para impedir a tragédia.

Quem esqueceu aquela maldita acha de lenha justo ali, na beirinha da calçada?

Os moleques disseram depois que o crioulo se agachou com um movimento muito ligeiro, elástico, que os olhos dele estavam brilhantes de fúria.

Aí, ele voltava até a margem de cá e saía da água, luzindo, nu em pelo. Depois ia até a cabaninha dele, que é um moquiço de lata, e botava a roupa por cima do corpo molhado: uma calça esfarrapada e uma camisa no fio.

Os homens se reuniram na esquina, onde já havia um círculo ao redor do corpo ensanguentado. Alguns nem olharam direito, se contentaram em observar pelo canto do olho o filete vermelho que corria por cima do cimento.

Os outros meninos estavam um pouco mais afastados, assustados. Aí, um dos homens, um de olhos bem azuis, se aproximou deles e perguntou:

– Para onde ele foi?

Pouco antes, os guris estavam por ali, naquela mesma esquina, quando o mulato se veio, gingando naquele passo mole, a cabeça cravada no peito. Eram quatro os piás. Aqueles estavam ali porque não sesteavam. Alguns garotos não têm descanso, são como almas penadas. Estavam debaixo do plátano, na sombrinha. Era cedo para entrar no rio ou para jogar bola, estavam papeando.

– A gente só estava esperando a comida baixar – disse um deles, e desatou a chorar.

O mulato seguia, depois, direto para o Mercado. Era como um relógio, cruzava sempre pelo primeiro ônibus que descia para a Balsa.

– Para onde foi o louco? – insistiu o homem.

O menino apontou para os grandes armazéns à beira do rio.

O homem passou a mão pela cabeça do pequeno que soluçava e voltou até onde estavam os outros homens, ao redor do corpo. Nem falou quase, apenas resmungou. Eles se entenderam mais pelos olhos. Então, cinco ou seis deles foram até as suas casas, mas logo saíram de volta para o calor.

A gurizada estava acostumada com o mulato. Todo dia ele passava por aqui, sempre naquele seu jeito gingado, olhando para o chão. Era mansinho como boi velho, mas naquele dia estava alterado. Por dentro. Por fora, era igualzinho o de sempre, um bicho inofensivo. Aí, eles gritaram:

– Tarcísio louco!

Cedinho, quando o fiscal da Prefeitura, ainda bocejando, enfiava a chave no portão do Mercado, o crioulo já estava por lá. Alto, parecia ainda mais alto no meio dos portugueses das bancas, quase todos baixinhos. Uma mancha escura no meio de rostos pálidos, uma sombra gigantesca e desengonçada. Enfiado na portuguesada, ele entrava Mercado adentro, afoito e displicente ao mesmo tempo.

Ao voltarem à rua, os homens estavam armados. Dava para ver por baixo de cada camisa o volume do revólver. Tinham todos os olhos injetados de quem não sesteou bem.

Então o homem que tinha passado a mão na cabeça do piá, o homem dos olhos azuis, cujo nome agora me escapa, se encaminhou para o rio. Os outros foram atrás. Iam devagar. Devagar demais, como se lhes pesasse muito o andar, como se carregassem um fardo. Seguiram pelo meio da rua. As pedras do calçamento estavam fervendo de tanto calor.

Como se deu a coisa? Bem, primeiro, os guris gritaram. O mulato seguiu em frente, deu ainda mais dois ou três passos. Quando o coro se repetiu, ele parou e levantou a cabeçorra. Tinha sempre uns olhos tristes de vaca, mas, naquele dia, não, os olhos dele brilhavam alucinados. A gurizada tornou a gritar. Foi o erro deles. O mulato olhou em volta. Viu a acha de lenha caída junto ao meio-fio.

– Foi muito rápido – contou um dos meninos, depois. – Ele se agachou, como se fosse de mola. A gente parou de gritar. Quando se levantou, ele já tinha a lenha na mão. A gente saiu correndo.

Aí, ele começava a percorrer os corredores do Mercado. Ia de um lado a outro, arreganhando as narinas, para sentir melhor o cheiro bom que vinha do interior das mercearias. Só parava, e por pouco tempo, diante dos viveiros de passarinhos. Então, um português o chamava. Não importava quem, trabalhava para todos, mesmo para o mais pão-duro. O português apontava uma carroça qualquer e ele ia até lá e agarrava as caixas de frutas. Carregava três de cada vez. Depois, outro portuga lhe gritava o nome e ele ia até outra carroça.

Os homens enveredaram pelo campinho e foram direto ao muquifo do mulato. Para dizer a verdade: era mais ou menos uma casa de cachorro grande. Metro e meio, se tanto, de altura. O homem que tinha afagado a cabeça do moleque do que chorava sacou o revólver e agachou-se, cauteloso, diante da abertura. Não havia nem mesmo uma tábua que servisse de cama. Engatinhando, enfiou-se lá dentro e voltou pouco depois trazendo na mão uma caixa de charutos. Em silêncio, os outros homens o cercaram. Levantada a tampa, todos puderam ver as dezenas de santinhos.

– O pobre maluco – resmungou um deles.

Depois, quando não havia mais carroças para descarregar, um dos portugueses lhe dava uma vassoura e ele varria os corredores. Já havia então bastante gente por ali, na maioria velhas de cabeças cobertas por mantilhas negras, mal saídas da missa na Beneficência Portuguesa. Finda a varrição, o crioulo ia a uma das lancherias para receber sua paga: um litro de leite e um pão sovado de meio quilo recheado com mortadela.

Saindo do barraco, os homens pegaram a trilha que levava ao rio, a trilha aberta pelos pés do próprio mulato. Só pararam junto à margem, amontoados debaixo da sombra pouca de um salso chorão. Viram logo um ponto no meio do canal de navegação. Era a cabeça dele.

Aí o homem de olhos azuis, assumindo o comando, ordenou que dois fossem até o Clube de Regatas para trazer uns caíques.

O ponto escuro no meio do rio sumia aqui e reaparecia lá adiante.

– Mais dia, menos dia, a gente ia ter que fazer isso mesmo – disse um deles. – Não existe louco manso.

Foi o quinto e último filho. Seus quatro irmãos eram pretos como a noite. Quando viu o recém-nascido, clarinho, o homem que deveria ter sido seu pai, se foi para nunca mais voltar. Sumiu sem fazer uma só pergunta à mulher, sumiu sem um só xingamento.

A mulher rezara muito para Santa Bárbara pedindo que a gravidez não vingasse, mas a santinha não lhe ouviu as preces.

Desesperada por ter sido abandonada, ela descontou a desgraça no filho. Negou-lhe o peito, mas, mesmo assim, ele cresceu forte como um novilho. Negou-lhe cafunés, mas, mesmo assim, ele era amoroso. Então, ela começou a bater nele de rebenque. Por onde pegasse, na cabeça de preferência. Na cabeça de cabelos cacheados, cacheados como os cabelos do branco.

Pouco depois chegaram os dois barquinhos. Os homens embarcaram em silêncio. O homem dos olhos azuis, na proa de um deles, não desgrudava sua mirada do pontinho negro no dourado das águas.

– Ele está girando em círculo – disse alguém. – Vai ser fácil pegar ele.

Quando chegou o tempo das primeiras palavras, o mulatinho não se pronunciou. Não falaria uma só palavra em toda sua vida. Ainda bem pequeno, ganhou o jeito esquivo dos bichos do mato. Depois de muito escorraçado pelos irmãos, não tentou mais brincar com eles. Mirava a mãe de soslaio, à espera de um aceno carinhoso que nunca veio. Começou a se refugiar no mais escuro do mato e ali passava os dias.

Tempos depois, mais taludo, passou a perambular pelos campos. Voltava à tardinha, depois da janta dos irmãos, para comer os restos. Cada vez ia mais longe nessas andanças. Certo dia descobriu duas coisas assombrosas: a Lagoa, que era um mundo de água que não acabava nunca, e o negro velho que não tinha uma perna.

Os barcos deslizavam embora os remos estivessem levantados.

– Temos muito tempo ainda antes de escurecer – disse o homem dos olhos azuis, mirando o céu vermelho.

Ficou morando por ali, num canto da cabana do negro velho. Não apanhava mais de rebenque, e isso era bom. No verão, passava os dias dentro da água. Da margem, mal equilibrado na muleta, o velho fazia uns gestos que o menino tentava imitar. Foi assim que aprendeu a nadar. O velho o ensinou também a pescar de caniço e a matar marrecões a pedrada.

– Com esse tempo todo dentro d’água, ele deve estar cansado – disse alguém.

Um dos homens apontou para onde vinha deslizando uma lancha. Compreenderam então que ela passaria entre eles e aquele que caçavam.

Acordava e ia pescar. Quando voltava com a fieira de peixes, o fogo já estava aceso e o velho mateava. Enquanto os peixes fritavam, o velho contava histórias que o pequeno não compreendia. Falava principalmente das barbaridades que vira nas revoluções: degolas e capações.

Após a passagem da lancha, quando a paisagem se refez, os homens só viram o largo rastro da água que se abria. Não havia nem sinal do nadador. Os caícos ficaram totalmente parados, como que pendurados no calorão da tarde.

– Lá está ele – disse um homem, por fim. – Não é sonso como a gente pensa. Aproveitou a passagem da lancha para escapar.

Depois de vencer os juncos da margem, o homenzarrão nu corria pelo descampado em direção ao seu barraco.

– Se eu tivesse um fuzil… – disse alguém.

Ofegante, apressado, o mulato se agachou diante de abertura do seu barraco, enfiou-se por ela e apanhou a caixa de charutos. Com os dedos molhados, manipulou as estampas de santos.

– Força nos remos! – gritou o homem dos olhos azuis.

Quando reapareceu, correndo, aquele homem que era a caça estava se dirigindo ao rio, mas agora fazia um caminho diverso do anterior: cortava pelo meio do capinzal crescido.

– Já nos viu – disse alguém. – Está desviando.

– Não adianta – disse o homem dos olhos azuis. – Ele sabe que não nos escapa.

Às vezes, aparecia com um marrecão, um préa ou uma perdiz. Ou frutas do mato. O negro velho cultivava um roçado de mandioca.

Entenderam o que ele ia fazer. Corria para a barranca alta de onde os guris gostavam de pular de ponta-cabeça na água. Sem se falar, os remadores mudaram o curso dos barquinhos.

Embalado pela corrida, o mulato escalou a barranca e lá de cima saiu voando: o imenso corpanzil estirado, as mãos unidas na frente.

Então, alguém fez fogo. Foi um gordo, que trabalhava de balconista numa farmácia.

A explosão desfez a beleza do movimento do homem que voava. Ele se contraiu e caiu de lado, levantando uma nuvem de água.

– Acertei no costado dele – comemorou o gordo, erguendo o revólver.

Num dia de inverno, ao voltar da Lagoa, o mulato não encontrou o fogo aceso. O velho dormia ainda. Agachou-se junto à porta e esperou. Esperou por todo o dia, mas o velho não se levantou.

No amanhecer seguinte, tangido pela fome, saiu caminhando. Precisava encontrar alguém que tivesse um fogo para assar os peixes que havia pescado no dia anterior.

Mais uma vez os caçadores ficaram em silêncio nos botes imóveis. Por mais que mergulhasse, e o mulato mergulhava uma barbaridade, ele não podia ir muito longe já que estava baleado.

– Talvez tenha morrido – disse alguém.

Aí, como que para desmenti-lo, o caíque virou. Duas grandes mãos escuras seguraram na borda e a puxaram para baixo. Foi rápido e inesperado. O pequeno barco oscilou bruscamente e os homens não tiveram tempo de se segurar.

A calmaria da tarde foi cortada pelos gritos dos que caíam na água e dos que estavam no outro bote. Esses, agarrados à borda, tiveram tempo de sacar seus revólveres, mas não encontraram um alvo.

Os que tinham sido jogados na água nadaram até a margem, mas um deles teve que ser recolhido porque não sabia nadar.

– Foi tudo muito de repente – disse o resgatado. – Eu só vi as mãos na borda, bem pertinho de mim, e veio a puxada forte. Malandro! E eu, trouxa, achando que ele já estava mortinho no fundo do rio.

Lá pelas tantas, encontrou cabanas parecidas com a do velho, cinco ou seis, também na beira de um curso de água. Sentiu vontade de nadar ali, mas tinha fome, muita fome. Precisava de alguém que lhe cozinhasse os peixes. Entregou-os a uma velha magricela de carapinha branca.

A mulher resmungou um bocado antes de perceber que havia alguma coisa errada com aquele rapagão com olhos macios de criança. Deve de ser atrasadinho das ideias, pensou ela. Então jogou fora os peixes, mas botou um feijão para cozinhar.

Por um tempo ele ficou parado diante da água. Não entendia por que a água não se perdia de vista, como na frente da cabana do preto velho. Dali podia ver a margem do outro lado. Mesmo estranhando, entrou na água e se pôs a nadar.

– Só pode ser doidinho mesmo – resmungou a velha. – Como é que me entra numa água gelada dessas?

O mulato reapareceu no meio do rio, nadando forte.

– O que é que ele vai aprontar agora? – perguntou alguém.

O homem de olhos azuis suspirou fundo. Havia alguma coisa de muito dolorosa naquelas largas braçadas, pensou ele. Por que não se entrega de uma vez?

– As palmas das minhas mãos estão em carne viva – disse um dos remadores.

Estava terminando de comer o feijão quando chegaram os homens da Guarda Municipal. Queriam ver seus documentos, queriam saber de onde vinha. Como não respondesse, eles o levaram preso, algemado. No quartel, só quando ele já estava muito ensanguentado, o cabo desistiu de interrogá-lo.

– Para apanhar desse jeito, que nem boi ladrão, sem dizer nem água nem sal, só pode ser mudo ou louco. Ou as duas coisas juntas.

Perto da ponte, o mulato parou de nadar. Boiou de costas por um tempo, como disposto a esperar pelos seus perseguidores. Mas, de repente, quando os homens se aproximaram, submergiu.

– Desgraçado!

Os remadores levantaram os remos e o barco seguiu escorregando pela chapa das águas, perdendo velocidade.

– O que esse louco danado está preparando agora?

– Talvez queira virar o nosso barco também.

Quando foi solto, no dia seguinte, bem cedo, andou pelo centro da cidade, aparvalhado com todas aquelas construções enormes.

Perseguido pelos moleques que o xingavam, refugiou-se no Mercado. Ali, um português apiedou-se dele e mandou que descarregasse uma carroça que estava atulhada de engradados de cerveja.

O fugitivo tornou a reaparecer, já fora da água, na margem direita, debaixo da ponte. Rengueando, meio vergado, corria para um capão de mato.

– Agora, não nos escapa mais – disse alguém. Os remos voltaram a bater com fúria na água. – Ali no mato a gente faz o serviço nele.

O mulato reapareceu, além das árvores, subindo o barranco que levava à rodovia. A escalada era penosa.

– Será que pretende fugir pela estrada?

O mulato chegou à ponte. Encurvado, o torso projetado para diante, as mãos pendentes ao lado do corpo, pôs-se de pé sobre o parapeito.

– Deve ter perdido muito sangue – disse alguém.

Com os braços abertos, como equilibrista de circo, o perseguido começou a caminhar sobre o parapeito.

Naquele dia mesmo, o português lhe arranjou um nome.

– Na minha terra, lá em Cinfães, havia um gajo grandalhão como tu, e igualmente comilão e tolo. Chamava-se Tarcísio aquele estupor. Por isso, vou chamar-te Tarcísio.

A proa do caíco voltou a ser apontada para o meio do rio e os homens tornaram a avançar, mas devagarinho. Acompanhavam a lenta caminhada do ferido por cima da amurada da ponte.

– O que é que esse desgraçado vai fazer, meu Deus?

Passou sua segunda noite na cabana da preta velha. De manhã cedo, nadou no rio. Mais tarde, quando sentiu fome, dirigiu-se ao Mercado.

Na metade da ponte, exatamente no centro do rio, ele se deteve. Virou-se de frente para o lado do porto. Levou a mão direita à cintura, ao local onde havia sido atingido, e ficou esperando que o bote deslizasse até perto de onde estava. Então, num movimento vagaroso, que lembrava o de um pássaro grande prestes a alçar voo, ele abriu os braços.

A negra velha morreu pouco depois.

Um dia, os homens da Prefeitura vieram e derrubaram todos os barracos. Mas ele, só ele, continuou por ali. Não adiantava destruir o casebre porque ele sempre voltava a reconstruí-lo. Então o deixaram de mão.

O mulato se abaixou um pouco. Tomou a feição de uma pantera pronta para atacar.

O homem dos olhos azuis tentou inutilmente secar na camisa úmida a mão empapada de suor que segurava o cabo do revólver.

O grande corpo musculoso descreveu uma curva elegante contra a vermelhidão do sol e fendeu a água quase sem levantar respingos.

Os homens empunhavam os revólveres. A espera se alongava.

Ele deve ter ido ao fundo, pensou o homem dos olhos azuis. Não sei o motivo, mas acho que ele precisa tocar pela última vez o lodo do fundo do rio, pensou o homem de olhos azuis, o homem cujo filho fora assassinado no início daquela tarde.

Então, a cabeça já grisalha e a cara morena afloraram a água.

A distância entre o caçador e a presa era de dois metros.

O homem de olhos azuis mirou na testa sem rugas.

O som seco do tiro ficou ecoando entre as pilastras da ponte.

Quando a água voltou a se imobilizar, o gordo que trabalhava na farmácia estendeu o remo e pegou o santinho que flutuava.

– É São Benedito – disse.

Lourenço Cazarré é escritor

Texto originalmente integrado no livro Histórias suburbanas


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