Etiqueta: Transparência

  • TOP 20 dos adjudicantes (públicos): unidades de saúde

    TOP 20 dos adjudicantes (públicos): unidades de saúde


    JANEIRO-AGOSTO (2023)

    número de contratos públicos acima dos 100.000 euros


    1 – Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra – 195

    2 – Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte – 165

    3 – Hospital de Braga – 146

    4 – Instituto Português de Oncologia do Porto – 79

    5 – Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro – 70

    6 – Centro Hospitalar Universitário do Algarve – 64

    7 – Centro Hospitalar Universitário de São João – 62

    8 – Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca – 61

    9 – Hospital de Loures – 56

    10 – Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia – Espinho – 53

    11 – Instituto Português de Oncologia de Lisboa – 48

    12 – Hospital Garcia de Orta – 43

    13 – Centro Hospitalar Universitário de Santo António – 37

    14 – Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga – 28

    15 – Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira – 26

    16 – Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano – 26

    17 – Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental – 24

    18 – Centro Hospitalar do Médio Tejo – 23

    18 – Centro Hospitalar Tondela-Viseu – 23

    20 – Centro Hospitalar Barreiro Montijo – 22

    20 – Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira – 22


    N.D. Este ranking do PÁGINA UM é elaborado a partir dos dados do Portal Base, seleccionando-se exclusivamente os contratos públicos por ajuste directo (regime geral) a partir do preço contratual de 100.000 euros, tendo como referência a data de publicação (e não a data da celebração do contrato). Saliente-se que a identificação das entidades é confirmada com o número de identificação de pessoa colectiva (NIPC), uma vez que as denominações das entidades públicas (adjudicantes) e das empresas privadas (adjudicatárias, que raramente são entidades públicas) usadas no Portal Base nem sempre são escritas da mesma forma, o que pode suscitar alguma confusão. Somente no ranking dos 25 maiores contratos se verificará se houve alteração no preço contratual.

  • TOP 20 dos adjudicatários (privados): geral (excluindo bens e serviços de saúde)

    TOP 20 dos adjudicatários (privados): geral (excluindo bens e serviços de saúde)


    JANEIRO-AGOSTO (2023)

    número de contratos publicados acima dos 100.000 euros


    1 – Petrogal (Energia) – 30

    2 – Uniself (Restauração) – 25

    3 – ITAU (Restauração) – 20

    4 – Endesa (Energia) – 19

    5 – Sá Limpa (Limpezas) – 17

    5 – COPS (Vigilância) – 17

    7 – Interlimpe – Facility Services (Limpezas) – 15

    8 – Porto Editora (Editora) – 12

    8 – Prestibel (Vigilância) – 12

    10 – Eurest Portugal (Restauração) – 11

    10 – Fine Facility Services (Limpezas) – 11

    10 – EDP Comercial (Energia) – 11

    13 – CTT – Correios de Portugal (Mercadorias) – 10

    14 – Gertal (Restauração) – 9

    14 – Ronsegur (Vigilância) – 9

    16 – Fidelidade (Seguros) – 8

    16 – Generali (Seguros) – 8

    16 – Iberlim (Limpezas) – 8

    16 – Iberdrola (Energia) – 8

    16 – Euromex (Limpezas) – 8


    N.D. Este ranking do PÁGINA UM é elaborado a partir dos dados do Portal Base, seleccionando-se exclusivamente os contratos públicos por ajuste directo (regime geral) a partir do preço contratual de 100.000 euros, tendo como referência a data de publicação (e não a data da celebração do contrato). Saliente-se que a identificação das entidades é confirmada com o número de identificação de pessoa colectiva (NIPC), uma vez que as denominações das entidades públicas (adjudicantes) e das empresas privadas (adjudicatárias, que raramente são entidades públicas) usadas no Portal Base nem sempre são escritas da mesma forma, o que pode suscitar alguma confusão. Somente no ranking dos 25 maiores contratos se verificará se houve alteração no preço contratual.

  • TOP 20 dos adjudicatários (privados): bens e serviços de saúde

    TOP 20 dos adjudicatários (privados): bens e serviços de saúde


    JANEIRO-AGOSTO (2023)

    número de contratos públicos acima dos 100.000 euros


    1 – Medtronic Portugal – 61

    2 – Laboratório Pfizer – 45

    2 – Sanofi – 45

    4 – Johnson & Johnson – 39

    5 – Novartis Farma – 36

    6 – Roche – 35

    7 – Gilead Sciences – 34

    8 – Roche Sistemas de Diagnósticos – 28

    9 – Abbott Laboratórios – 27

    10 – Takeda – 25

    11 – Werfen Portugal – 24

    12 – Abbott Medical – 23

    12 – Biogen Portugal – 23

    12 – Siemens Healthcare – 23

    15 – Janssen-Cilag – 21

    16 – Cepheid Iberia – 20

    17 – Abbvie – 19

    18 – Octapharma – 18

    18 – Alexion Pharma – 18

    20 – Vertex Pharmaceuticals – 17


    N.D. Este ranking do PÁGINA UM é elaborado a partir dos dados do Portal Base, seleccionando-se exclusivamente os contratos públicos por ajuste directo (regime geral) a partir do preço contratual de 100.000 euros, tendo como referência a data de publicação (e não a data da celebração do contrato). Saliente-se que a identificação das entidades é confirmada com o número de identificação de pessoa colectiva (NIPC), uma vez que as denominações das entidades públicas (adjudicantes) e das empresas privadas (adjudicatárias, que raramente são entidades públicas) usadas no Portal Base nem sempre são escritas da mesma forma, o que pode suscitar alguma confusão. Somente no ranking dos 25 maiores contratos se verificará se houve alteração no preço contratual.

  • Google e YouTube no tribunal por censurarem candidato presidencial Robert F. Kennedy Jr.

    Google e YouTube no tribunal por censurarem candidato presidencial Robert F. Kennedy Jr.

    De respeitável e temido (pelas corporações) advogado de causas ambientais, Robert F. Kennedy Jr. não tem tido agora vida fácil nos Estados Unidos a defender os seus princípios, sobretudo desde que, durante a pandemia, começou a tecer críticas à narrativa oficial sobre a origem do SARS-CoV-2 e a segurança das vacinas contra a covid-19. Oriundo de uma das famílias com mais história na política norte-americana, Kennedy propôs-se enfrentar o actual presidente Joe Biden nas primárias democratas a iniciar em Fevereiro do próximo ano. E acusa agora o Google e o Youtube de o censurarem numa parceria com o Governo Federal. O caso está agora nos tribunais, num processo que promete: ali se determinará se é lícito que empresas tecnológicas definam o que é ou não desinformação e penalizem sem apelo quem foge da “linha”.


    O candidato presidencial Robert F. Kennedy Jr. apresentou ontem uma queixa no Tribunal do Distrito Norte da Califórnia contra o Google e a sua subsidiária YouTube. Em causa está, segundo político democrata, uma alegada colaboração entre o Google e o Governo Federal para desenvolver e aplicar regras sobre “desinformação” com o objectivo de censurar oponentes políticos da Administração Biden.

    Robert F. Kennedy Jr. – um advogado conceituado que se destacou, desde os anos 90, pela seu activismo em questões ambientais, muitas vezes contra corporações – tem sido, nos últimos anos, particularmente crítico sobre o uso de determinados produtos químicos tóxicos, questionando também a origem do SARS-CoV-2 e manifestando preocupações sobre a segurança das vacinas contra a covid-19.

    Robert F. Kennedy Jr., de respeitado advogado de causas ambientais até à censura pelas redes sociais. Sinal dos tempos modernos.

    O Google e o Youtube têm, sobretudo desde a apresentação da sua candidatura às primárias democratas, removido vídeos de Robert F. Kennedy Jr. por suposta “desinformação médica”, mesmo se,em muitos casos, nem sequer são abordados temas relacionados com a saúde pública. De acordo com um comunicado da campanha de Kennedy – sobrinho do assassinado presidente norte-americano John F. Kennedy –, o Google está a violar a Primeira Emenda, uma vez que a acção da empresa tecnológica, que controla o YouTube, se baseia numa parceria público-privada que depende de fontes governamentais.

    De acordo com um comunicado da campanha de Kennedy – que defrontará Biden nas primárias a partir de Fevereiro de 2024 –, embora o YouTube se tenha tornado “uma plataforma importante para o discurso político nos Estados Unidos, uma praça digital em que os eleitores confiam como um local para obter notícias e opiniões sobre questões do dia”, tem-se constatado que “o Google censurou inúmeros americanos por causa das suas opiniões críticas às narrativas do Governo norte-americano”. E diz ainda que “Kennedy é apenas a vítima mais proeminente dessa campanha de censura”, concluindo que “esse grau de censura de um importante candidato presidencial não tem precedentes na História americana”.

    Um dos exemplos mais paradigmáticos ocorreu em Março passado quando discursou no Instituto de Política de New Hampshire, onde Robert F. Kennedy Jr, salientou que “ uma das razões pelas quais estou pensando em concorrer à Presidência é superar a polarização tóxica que divide republicanos e democratas, permitindo que as elites capturem o nosso Governo e saqueiem o nosso país”. O vídeo foi censurado pelo Youtube, e está agora somente no Substack.

    “O Governo [norte-americano] não pode censurar seus críticos”, defende Scott Street, da JW Howard Attorneys, o advogado que lidera a acção judicial, citado pelo site da campanha de Kennedy. “O Governo não pode fazer isso directamente e não pode fazer isso autorizando entidades privadas como o Google a actuarem como censores. Esse princípio é fundamental para a democracia americana, especialmente quando se trata de discurso político; trata-se de preservar a liberdade dos eleitores para falar, ouvir e pensar por si mesmos.”

    Com esta acção, Robert F. Kennedy busca providência cautelar (injunction, em inglês) para proibir o Google de se basear nas suas políticas de alegado combate à “desinformação” para censurá-lo durante a sua campanha presidencial. O caso já foi atribuído ao juiz Nathanael Cousins.

    Apesar de ainda estar atrás de Joe Biden nas intenções de voto nas primárias do Partido Democrata, Kennedy tem conseguido granjear apoios, embora a maioria da imprensa mainstream lhe esteja a mover uma campanha de ataque reputacional. Esquecendo propositadamente o seu passado respeitável – por exemplo, foi considerado Heroe for the Planet pela Time Magazine e recebeu variadas distinções por lutas ambientais –, apelidando-o constantemente de anti-vaxxer, mesmo se ele nunca se manifestou contra as vacinas, mas sim sobre a sua segurança.

  • Pandemia: Farmacêuticas pressionaram Twitter a calar vozes favoráveis às vacinas ‘low cost’

    Pandemia: Farmacêuticas pressionaram Twitter a calar vozes favoráveis às vacinas ‘low cost’

    As grandes farmacêuticas fizeram pressão junto do Twitter para censurar conteúdos sobre vacinas contra a covid-19 que podiam afectar os lucros recorde que obtiveram na pandemia. A alemã BioNtech, parceria da Pfizer na produção da sua vacina mRNA contra a covid-19, actuou junto do Twitter para censurar activistas e conteúdos que pediam que houvesse vacinas genéricas contra a covid-19 para os países mais pobres. Também o Governo alemão pressionou a rede social. Nas novas revelações dos chamados ‘Twitter Files’, conhecidas esta segunda-feira, também se ficou a saber que as farmacêuticas fizeram lobby para pressionar as redes sociais a censurar conteúdos sobre vacinas, incluindo publicações contra o ‘certificado digital’, ou ‘passe verde’, que vieram impulsionar – ou mesmo forçar – o consumo de vacinas contra a covid-19. Antes destas revelações, foram divulgados mais detalhes que deitaram por terra a tese do Partido Democrata, que foi amplificada pelos media mainstream, sobre a existência de uma alegada ingerência russa nas eleições presidenciais nos Estados Unidos.


    Para proteger o seu lucro, a alemã BioNtech – que produz com a norte-americana Pfizer a vacina mRNA contra a covid-19, uma das mais utilizadas no Mundo –, pressionou o Twitter para que a rede social censurasse conteúdos de activistas que pediam o lançamento de vacinas genéricas, mais baratas, para os países mais pobres. Também o Governo alemão se juntou à farmacêutica para levar a plataforma, antes da sua aquisição por Elon Musk, a censurar activistas que pediam o acesso global às vacinas.

    Esta é uma das novas revelações feitas esta segunda-feira pelo jornalista de investigação Lee Fang no Twitter, no âmbito dos chamados ‘Twitter Files’.

    Segundo as informações divulgadas a partir da própria rede social, o BIO – um lobby da indústria farmacêutica, incluindo da Pfizer e da Moderna – pagou quase 1,3 milhões de dólares por uma campanha para censurar conteúdos no Twitter.

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    As farmacêuticas fizeram também pressão e lobby junto das redes sociais no sentido de serem censurados publicações de activistas sobre as vacinas contra a covid-19, incluindo também aquelas que contestassem o polémico “certificado digital” ou green pass, que, em alguns casos, implicou a obrigatoriedade de se ter a vacina para aceder a serviços ou viajar. O certificado foi uma das medidas que impulsionou o consumo e a venda de vacinas contra a covid-19.

    De acordo com Fang, “a indústria farmacêutica pressionou as redes sociais para moldar conteúdos em torno da política da vacina”. Segundo o jornalista, o lobby das farmacêuticas “incluiu a pressão direta do parceiro da Pfizer, a BioNTech, para censurar ativistas que exigiam vacinas genéricas de baixo custo para países de baixo rendimento”.

    A existência de pressão de farmacêuticas no sentido de as redes sociais censurarem conteúdos já tinha surgido antes. Segundo anteriores revelações dos ‘Twitter Files’, um administrador da Pfizer Scott Gottlieb, pressionou o Twitter no sentido de agir perante um tweet de Brett Giroir, um dos principais rostos da gestão inicial da pandemia nos Estados Unidos, que referia correctamente que a imunidade natural conferida pela infecção por covid-19 é superior à obtida pela vacina contra a doença.

    O jornalista Lee Fang escreve agora que “em 2020, ficou claro que a pandemia exigiria uma inovação rápida” e que “desde cedo, houve um impulso para tornar a solução equitativa: uma parceria internacional para partilhar ideias, tecnologia, novas formas de medicina para resolver rapidamente esta crise”.

    Mas “os gigantes globais dos medicamentos viam a crise como uma oportunidade para um lucro sem precedentes”. De acordo com o jornalista, “à porta fechada, as farmacêuticas lançaram um enorme blitz de lobbying [influência] para esmagar qualquer esforço para partilhar patentes/ IP para novos medicamentos relacionados com a covid-19, incluindo terapêuticas e vacinas”.

    Fang revelou hoje que o BIO escreveu ao então recém-eleito presidente Biden, exigindo que o Governo dos Estados Unidos sancionasse “qualquer país que tente violar os direitos de patente e que crie medicamentos ou vacinas genéricas de baixo custo”.

    Ora, segundo as novas revelações, “o blitz [bombardeamento] global de lobbying inclui pressão direta nas redes sociais”. A alemã “BioNTech, que desenvolveu a vacina da Pfizer, contactou o Twitter para lhe pedir que censurasse diretamente os utilizadores a pedirem vacinas genéricas de baixo custo” na rede social.

    Os “representantes do Twitter responderam rapidamente ao pedido da farmacêutica alemã, que também foi apoiado pelo Governo alemão”. Um lobista na Europa pediu à equipa de moderação de conteúdos do Twitter “para monitorizar as contas da Pfizer, AstraZeneca & hashtags ativistas como #peoplesvaccine [vacinas do povo]”.

    As supostas contas de “perfis falsos” que criticavam a Pfizer e que eram monitorizados pelo Twitter eram afinal de utilizadores verdadeiros, incluindo um reformado britânico que foi contactado telefonicamente por Fang. Estas contas eram sinalizadas pelo Twitter por alegados “potenciais termos de violações de uso”.

    Além disso, o grupo de lobby da Pfizer e da Moderna “financiou na totalidade uma campanha especial de moderação de conteúdos desenhada por um prestador de serviços chamado Public Good Projects, que trabalhou no Twitter para definir regras de moderação de conteúdos em torno da “desinformação” covid”.

    O BIO pagou um total de 1.275.000 dólares para a campanha, “parte da qual é revelada através de formulários fiscais”. A campanha, denominada “Stronger”, auxiliou o Twitter a criar bots de moderação de conteúdos, seleccionando quais as contas de saúde pública que podiam ser classificadas como “verificadas” pelo Twitter.

    A campanha paga pela BIO visou muitos tweets que constituíam verdadeira desinformação, como os que tinham alegações de que as vacinas incluem microchips, mas também pressionou o Twitter a censurar tweets relacionados com passaportes de vacinas e vacinação obrigatória, políticas que coagiram no sentido da vacinação.

    A campanha incluía e-mails regulares diretos com o Twitter, com listas de tweets para serem eliminados e outros para serem verificados. Fang mostrou um exemplo desses tipos de e-mails enviados directamente pelos lobistas das farmacêuticas.

    Fang descobriu ainda nesta sua investigação – que contou com a colaboração de David Zweig e Leighton Woodhouse – que “este enorme impulso para censurar e rotular conteúdos sobre covid como desinformação, nunca se aplicava às empresas farmacêuticas”. De acordo com o jornalista, “quando grandes farmacêuticas exageravam descontroladamente os riscos de criar vacinas genéricas de baixo custo”, nada foi feito. Ou seja, “as regras aplicavam-se apenas aos críticos da indústria” farmacêutica.

    Este conjunto de revelações surge no âmbito da decisão de Elon Musk, novo dono do Twitter, de tornar públicos documentos e mensagens internas que mostram as práticas de censura que a rede social levou a cabo até à compra da empresa por Musk, em Outubro de 2022. Do que foi revelado desde 2 de Dezembro do ano passado, até hoje, a censura foi aplicada sobretudo a críticos da gestão da pandemia, incluindo a supressão de informação verdadeira, e a vozes politicamente conservadoras, nomeadamente do Partido Republicano norte-americano.

    Antes destas informações hoje tornadas públicas por Fang, o jornalista independente Matt Taibbi também revelou recentemente documentos e dados que comprovam a pressão feita pelo Partido Democrata sobre o Twitter para que corroborasse a sua tese sobre uma alegada interferência russa nas eleições presidenciais nos Estados Unidos. A recém-divulgada súmula de documentos divulgados por Taibbi é mais uma “machadada” na narrativa de uma tentativa de manipulação eleitoral por parte do Kremlin.

    Os Democratas alegaram, em 2018, que o polémico hashtag #ReleaseTheMemo estaria a ser impulsionado por bots de origem russa, apesar dos registos apresentados pelos executivos da rede social negarem categoricamente essa teoria.

    O “Memo” em questão, que milhares de utilizadores do Twitter queriam ver tornado público, era um documento confidencial de quatro páginas que afirmava que o FBI (Federal Bureau of Investigation) teria recorrido a “fontes duvidosas ou politicamente motivadas” e agido de forma tendenciosa contra Donald Trump no início da investigação à suposta interferência russa nas eleições presidenciais, ainda em 2016.

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    Submetido a 18 de Janeiro de 2018 pelo então responsável pelo Comité de Inteligência da Câmara dos Representantes pelo Partido Republicano, Devin Nunes, o relatório punha em causa, sobretudo, a legitimidade da autorização concedida ao FBI para a realização de escutas telefónicas a Carter Page, antigo conselheiro de campanha de Trump.

    O seu conteúdo foi, porém, rapidamente desacreditado pela comunicação social como sendo uma “conspiração” e uma “piada”. Em simultâneo, os democratas Dianne Feinstein e Adam Schiff, argumentaram, numa carta aberta publicada a 23 de Janeiro de 2018, que o frenesim gerado no Twitter em torno do documento havia sido fomentado pelos serviços de inteligência russos.

    No entanto, mensagens reveladas pelo jornalista Matt Taibbi mostram que os executivos da rede social refutaram, em diversas ocasiões, a ideia de que a catadupa de publicações referentes ao hashtag constituía uma manobra de propaganda russa.

    Além disso, Taibbi referiu que a gigante tecnológica alertou “políticos e meios de comunicação” de que as contas que reproduziam tweets sobre #ReleaseTheMemo não tinham conexões à Rússia. Contudo, afirma, os avisos foram “totalmente ignorados”.

    Para além de Feinstein e Schiff, também Richard Blumenthal, um senador de Connecticut, declarou na altura: “consideramos repreensível que agentes russos tenham manipulado tão avidamente americanos inocentes”.

    Donald Trump

    Segundo Matt Taibbi, a fonte das suspeitas levantadas por Feinstein, Schiff, Blumenthal e dos media mainstream resumia-se ao site “Hamilton 68”, que monitorizava campanhas de influência russas e fora criado pelo ex-agente de contra-espionagem do FBI, Clint Watts.

    “Todo o alvoroço sobre #RelaseTheMemo é baseada no Hamilton”, disse Yoel Roth, um executivo do departamento de Segurança e Confiança do Twitter, numa comunicação interna.

    De facto, a “palavra” dos executivos do Twitter, que garantiam que a adesão dos utilizadores da rede social à hashtag era “esmagadoramente orgânico” não foi suficiente para abrandar as teses de manipulação russa pelos democratas.

    Matt Taibbi salientou que as afirmações do controverso documento de Devin Nunes viriam a ser “quase todas confirmadas” por um relatório do Inspector-Geral do Departamento de Justiça, Michael Horowitz, em Dezembro de 2019.

    [Pode ler aqui toda a cobertura dos “Twitter Files” feita pelo PÁGINA UM.]

  • Negócio: Administrador da Pfizer conseguiu que Twitter classificasse ser ‘enganoso’ que infecção prévia concede imunidade natural

    Negócio: Administrador da Pfizer conseguiu que Twitter classificasse ser ‘enganoso’ que infecção prévia concede imunidade natural

    Novas revelações dos ‘Twitter Files’ mostram como um administrador da Pfizer pressionou o Twitter para censurar informação científica verdadeira divulgada por um dos principais rostos da gestão inicial da pandemia de covid-19 nos Estados Unidos, com uma notável carreira na área da saúde e antigo almirante de quatro estrelas. As novas informações, reveladas pelo jornalista e autor Alex Berenson, revelam como o Twitter acabou por proteger a farmacêutica, cujas vendas das vacinas mRNA contra a covid-19 representaram quase metade dos seus lucros em 2021.


    No dia 27 de Agosto de 2021, um administrador da Pfizer, Scott Gottlieb, pressionou o Twitter no sentido de agir perante um tweet de Brett Giroir, um dos principais rostos da gestão inicial da pandemia nos Estados Unidos, que referia correctamente que a imunidade natural conferida pela infecção por covid-19 é superior à obtida pela vacina contra a doença.

    Esta ação de pressão de Gottlieb – um antigo responsável da Food and Drug Administration (FDA) – foi revelada ontem pelo jornalista e autor Alex Berenson no âmbito dos chamados “Twitter Files”. O Twitter acabou por censurar a publicação que desagradou ao administrador da Pfizer, colocando um aviso de que o tweet era “enganador” e impedindo que o mesmo fosse partilhado, comentado ou recebesse ‘likes‘.

    Scott Gottlieb

    Este caso de censura vem juntar-se a outros que têm sido revelados pelos “Twitter Files”. Só que o autor do tweet alvo de censura, Brett Giroir, não é um especialista qualquer. Antigo responsável da Food and Drug Administration (FDA), Giroir foi um dos principais rostos e membro-chave da task force da Casa Branca de resposta inicial à pandemia de covid-19, sob a administração de Trump.

    Além de ser um reputado pediatra, Giroir tem uma vasta e notável carreira, tendo sido secretário assistente para a Saúde do Governo norte-americano, representante dos Estados Unidos na administração executiva da Organização Mundial da Saúde. Foi ainda conselheiro científico e de saúde pública, incluindo do Disease Control and Prevention (CDC). É ainda um antigo almirante com quatro estrelas – o posto mais elevado da Marinha norte-americana. Actualmente, Giroir é presidente-executivo da farmacêutica Altesa BioSciences – especializada no desenvolvimento de tratamentos para vírus respiratórios.

    O seu tweet, que desagradou ao administrador da Pfizer, foi visto por Gottlieb como uma ameaça para as receitas da farmacêutica provenientes da venda de vacinas contra a covid-19.

    No tweet, Giroir afirmava ser “claro” que a imunidade natural é muito superior à imunidade vacinal contra a covid-19, e que não existe nenhuma justificação científica para que tenha de haver “provas de vacinação” [aludindo aos certificados digitais] em casos de infeção prévia pelo vírus, apelando, contudo, à vacinação nos restantes casos. Nesse sentido, Giroir instava ainda o governo norte-americano a “seguir a ciência”.

    Segundo Alex Berenson, ao ver o tweet de Giroir, Gottlieb contactou Todd O’Boyle, um lobista de topo e intermediário entre a Casa Branca e o Twitter.

    Scott Gottlieb afirmou que temia que a publicação se tornasse “viral” e objecto de cobertura mediática, tendo Todd O’Boyle reencaminhado o e-mail do executivo da Pfizer para a equipa de Resposta Estratégica do Twitter, responsável por processar os pedidos dos “mais importantes funcionários e utilizadores” da rede social.

    Na comunicação, O’Boyle referiu-se ao empresário apenas como “antigo comissário da FDA”, omitindo o cargo de Gottlieb como executivo da Pfizer e ocultando, assim, um manifesto conflito de interesses. Como salientou Alex Berenson, a venda das vacinas de mRNA contra a covid-19 representou quase metade do lucro de 81 mil milhões de dólares (mais de 75 mil milhões de euros) que aquela companhia farmacêutica obteve em 2021. Por seu turno, nesse ano, Gottlieb arrecadou 365 mil dólares como administrador da Pfizer.

    Embora a equipa que analisou o tweet em causa – que tinha, inclusivamente, respaldo em vários estudos científicos significativos – tenha concluído que o mesmo não violava as políticas de desinformação da empresa, o Twitter acabou por ‘sinalizar’ a publicação colocando uma etiqueta que a qualificava como “enganadora” e reduzindo massivamente a sua visibilidade.

    Num tweet publicado esta terça-feira, Brett Giroir reafirmou o que escreveu na publicação que foi censurada pelo Twitter. O antigo almirante escreveu: “o meu tweet estava correto na altura, e continua a ser assim agora”. “Eu não sou ‘anti-vax’ e até recomendei a vacinação no tweet censurado”, adiantou. E sublinhou: “mas não havia base científica para discriminar/ atormentar/ arruinar aqueles que tinham sido naturalmente infetados, mas não foram vacinados”. Giroir escreveu ainda que o Twitter nunca lhe respondeu.

    Apenas uma semana depois da pressão sobre o Twitter sobre a publicação de Giroir, Todd O’Boyle recebia uma nova queixa de Scott Gottlieb. Desta vez, visando uma publicação de Justin Hart, um consultor e autor especializado em análise de dados, que criticava o facto de, apesar de o vírus ter um impacto quase nulo na mortalidade infantil, ter custado “cerca de três anos de escolaridade” às crianças.

    Brett Giroir

    Berenson recordou que este e-mail de Gottlieb antecedeu a aprovação das vacinas contra a covid para a faixa etária dos cinco aos 11 anos. Porém, sobre este tweet, que poderia, eventualmente, ameaçar as receitas da Pfizer no que toca à vacinação infantil contra a covid-19, a rede social optou por não agir.

    Note-se que Berenson – jornalista de investigação e escritor com ampla experiência na cobertura de assuntos relacionados com a indústria farmacêutica, tendo chegado a colaborar com o reputado New York Times durante mais de uma década –, teve, ele próprio, a sua conta de Twitter permanentemente suspensa a 28 de Agosto de 2021, por alegada violação dos termos de utilização da rede social no que concerne à “desinformação” sobre a covid-19. No entanto, o jornalista conseguiu que a suspensão fosse levantada em Junho do ano passado, depois de ter processado a plataforma tecnológica.

    Um crítico da gestão da pandemia desde o início, Alex Berenson defendeu que a perigosidade do SARS-CoV-2 foi exagerada com o intuito de expandir o poder governamental, e alertou, em 2021, para os efeitos adversos das vacinas de mRNA contra a covid-19, que considerou “perigosas e ineficazes”.

    Afirmando que Scott Gottlieb também pressionou o Twitter para “agir contra” si, o jornalista que agora divulga estes novos documentos internos da empresa com a autorização de Elon Musk, indicou ainda que terá “mais a dizer” sobre o seu caso e que irá processar Gottlieb, a Pfizer e a Casa Branca “em breve”.

    [Pode ler aqui toda a cobertura dos “Twitter Files” feita pelo PÁGINA UM.]

  • Sem levantar ondas: Infarmed demora 11 anos a retirar fármaco cancerígeno do mercado português

    Sem levantar ondas: Infarmed demora 11 anos a retirar fármaco cancerígeno do mercado português

    Eis um caso paradigmático de um medicamento retirado discretamente do mercado, mas com um polémico histórico de problemas éticos e de segurança. Em 2011, foi revelado que a pioglitazona, um antidiabético no mercado desde 1999, causava cancro da bexiga. Três anos mais tarde, duas farmacêuticas foram condenadas ao pagamento de uma indemnização avultada por um tribunal norte-americano, mas na Europa somente França e Alemanha decidiram retirar o fármaco de circulação. Em Portugal, o Infarmed aguardou 11 anos pela decisão da Agência Europeia do Medicamento de suspender o fármaco, usando argumentos pouco claros. E não responde quantos foram os casos de cancro da bexiga reportados no Portal RAM com ligação directa a este fármaco.


    Passaram 11 longos anos até o Infarmed decidir retirar do mercado português um medicamento para tratamento de diabetes tipo II considerado cancerígeno, e já envolto num processo judicial nos Estados Unidos, que levou duas farmacêuticas (Takeda e Eli Lilly) a pagarem 9 mil milhões de dólares por esconderem dados clínicos sobre efeitos secundários graves.

    A decisão do regulador português foi tomada na semana anterior ao Natal, no passado dia 21 de Dezembro, mas de uma forma absurdamente discreta, através de uma simples circular onde a retirada do fármaco em causa – a pioglitazona, comercializada (como genérico) em comprimidos sob a forma de genérico pela farmacêutica Mylan –, surge integrada numa lista de 13 medicamentos com suspensão de autorização de introdução de mercado (AIM), entre os quais um antibiótico, um anti-retroviral e outros para tratamento de sintomas da artrite, gripe e colesterol.

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    Na divulgação à imprensa, o Infarmed não fez qualquer menção às polémicas e casos judiciais envolvendo ao pioglitazona, referindo mesmo que “não há evidência de dano ou falta de eficácia em nenhum dos medicamentos incluídos neste procedimento”. O regulador, presidido por Rui Santos Ivo, justifica a suspensão de comercialização de todos aqueles fármacos por o Comité dos Medicamentos de Uso Humano (CHMP) da Agência Europeia do Medicamento (EMA) ter ficado com “dúvidas quanto à integridade dos dados em estudos realizados pela empresa Synchron Research Services localizada em Ahmedabad”, no estado indiano de Gujarate, que aparentemente apenas se referem a questões de bioquivalência.

    Salienta-se aqui o termo “aparentemente”, porque os documentos da EMA e a troca de correspondência entre este organismo europeu e o Infarmed estão legalmente protegidos, por razões comerciais, e os tribunais administrativos portugueses já sentenciaram não haver possibilidade, mantendo-se os diplomas legais em vigor, de aceder a esse tipo de informação ao abrigo da Lei do Acesso aos Documentos Administrativos. O PÁGINA UM perdeu, aliás, um processo em tribunal em Outubro passado, ficando impedido de aceder a documentos sobre a pandemia.

    Segundo apurou o PÁGINA UM junto de médicos, antes desta decisão do Infarmed de suspender a administração de pioglitazona, já poucos diabéticos usavam este fármaco. Em cerca de 1,3 milhões de diabéticos em Portugal, estima-se que pouco mais de quatro mil continuavam a usar a pioglitazona, até por existirem alternativas terapêuticas mais seguras.

    Porém, (mais) este episódio demonstra como a preocupação do regulador português aparenta incidir mais na protecção dos interesses das farmacêuticas do que na protecção e informação dos consumidores.

    De facto, a pioglitazona – patenteada pela japonesa Takeda em 1985, com uso clínico a partir de 1999 e comercializada na Europa desde Outubro de 2000 – começou a ter uma utilização bastante intensa a nível mundial na primeira década do presente século, quer de forma isolada (sob a marca comercial de Actos) quer em produtos combinados com outros fármacos. Em 2011 passou a ser comercializado também como genérico, e foi a partir daí que começaram a ser descobertos os efeitos secundários adversos.

    Circular de 2011 do Infarmed sobre a pioglitazona.

    Em Abril desse ano, a Food and Drug Administration (FDA) – o regulador norte-americano – passou a obrigar a inclusão de risco de cancro na bexiga na bula da pioglitazona. Essa decisão levaria a França, nesse mesmo ano, e a Alemanha, dois anos mais tarde, a retirarem este fármaco do mercado. No entanto, a EMA, bem como o Infarmed, para o mercado português, decidiram apenas exigir mais estudos, considerando que os benefícios suplantavam os riscos.

    De acordo com uma circular do Infarmed de Junho de 2011 – ou seja, há mais de 11 anos –, a CHMP do regulador europeu solicitou “ao Titular de Autorização de Introdução no Mercado a realização de um estudo epidemiológico europeu que permita uma caracterização mais robusta do risco de cancro da bexiga, em particular, o risco associado ao tempo de exposição e o risco associado à idade, para que possam vir a ser tomadas medidas de minimização do risco mais específicas”. E estabeleceu ainda que “este estudo deve incidir sobre a análise do tipo, evolução e gravidade dos casos de cancro da bexiga que ocorreram nos doentes em tratamento com pioglitazonas em comparação com os diabéticos que não estão em tratamento com pioglitazonas.”

    Porém, apesar disso, o Infarmed assegurava já então, nessa circular, e sem os tais estudos que a EMA pedira, que “os benefícios da pioglitazona continuam a superar os seus riscos em doentes que respondam adequadamente ao tratamento”, sugerindo somente precaução na prescrição em doente que tenham ou tivessem tido “cancro da bexiga ou que apresentem hematúria macroscópica de causa desconhecida” ou estivesse sujeitos a factores de risco, como idade, tabagismo e “exposição a certos químicos ou tratamentos”, não especificados.

    Não houve nenhuma alteração nos procedimentos nos anos seguintes, mesmo quando a farmacêutica japonesa Takeda e o seu parceiro de marketing, a norte-americana Eli Lilly, foram condenadas em Abril de 2014 por sentença de um tribunal do Estado da Louisana ao pagamento de um verba de 9 mil milhões de dólares, por “danos punitivos”.

    O tribunal norte-americano considerou que a Takeda escondera deliberadamente os efeitos da pioglitazona na promoção de cancro da bexiga em diabéticos, obrigando-a ao pagamento de dois terços do montante. A farmacêutica japonesa conseguira, antes da perda do monopólio da comercialização, receitas da ordem dos 4,5 mil milhões de euros apenas no ano de 2011, representando então 27% da sua facturação.

    Takeda foi multada em 6 mil milhões de dólares por um tribunal norte-americano em 2014. A sua parceira Eli Lilly foi condenada ao pagamento de 3 mil milhões de dólares.

    Apesar das limitações legais de aceder a documentos considerados “segredo comercial”, o PÁGINA UM contactou o Infarmed, para que esclarecesse “os verdadeiros motivos para a retirada deste fármaco”, e que fossem indicados “quantos pacientes usaram o fármaco no ano mais recente, quais as alternativas farmacológicas actualmente existentes, e quantos doentes portugueses tratados com pioglitazona foram, segundo dados do Portal RAM, diagnosticados com cancro da bexiga desde 2011.”

    O Conselho Directivo do Infarmed, presidido por Rui Ivo Santos, somente repetiu os termos da sua circular de Dezembro passado, além de acrescentar que “a associação entre desenvolvimento ou agravamento de cancro da bexiga com a utilização de medicamentos contendo pioglitazonas é um risco já conhecido desde 2011 e já está incluído nos Resumo das Caraterísticas do Medicamento e Folheto Informativo de todos estes medicamentos, nomeadamente na secção 4.3, 4.4, 4.8 e 5.3, secções 2 e 4.”

    Eis a hermética forma de comunicação do Infarmed em 2023 sobre um medicamento retirado do mercado em 2022, mas que já dava sinais de preocupantes problemas, também de ética, desde 2011.

  • Licínia Girão: a “jurista de reconhecido mérito” sem mérito para concluir estágio

    Licínia Girão: a “jurista de reconhecido mérito” sem mérito para concluir estágio

    A presidente da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista. Licínia Girão, cancelou a sua inscrição como estagiária na Ordem dos Advogados depois de se mostrar incapaz de concluir o estágio de advocacia iniciado em finais de 2020, e que duraria 18 meses. A este soma-se um “chumbo” nas provas de admissão para o curso de magistrados. Nada de anormal adviria daqui, se não fosse o caso de Licínia Girão, que como jornalista trabalhou sobretudo na imprensa regional, não tivesse sido cooptada para a liderança da CCPJ por, supostamente, ser uma “jurista de reconhecido mérito”.


    A presidente da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ), Licínia Girão, continua a coleccionar “feitos” que contradizem esse estatuto de “jurista de reconhecido mérito e experiência na área da comunicação social”, condições legais que terão merecido a sua indigitação em Maio passado para liderar este órgão regulador e disciplinador.

    Licenciada em Direito, a jurista de 57 anos – que completou os estudos numa fase já adiantada da sua vida profissional, tendo trabalhado sobretudo na imprensa regional – já tinha fracassado no Verão passado, logo na fase inicial de provas, o acesso ao curso para magistrados do Centro de Estudos Judiciários. Licínia Girão “chumbou” em dois dos três exames, todos de carácter exclusivo, com um total de 24,30 valores (em 60 possíveis), colocando-a no lugar 230 em 269 candidatos.

    A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista funciona no Palácio Foz, em Lisboa.

    Agora, apurou o PÁGINA UM, a presidente da CCPJ nem sequer conseguiu ultrapassar as provas para conclusão do estágio da Ordem dos Advogados, que começara em finais de 2020. A sua inscrição como advogada-estagiária foi mesmo “cancelada” desde 10 de Outubro do ano passado, conforme confirmou ao PÁGINA UM o Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados, que não adiantou qual a causa.

    De acordo com os regulamentos, o cancelamento – que é diferente da suspensão (temporária) – pode advir de um pedido do próprio candidato, “que pretenda abandonar definitivamente o exercício da advocacia”, ou por falta de idoneidade determinada pela própria Ordem ou após pena disciplinar de expulsão.

    Apesar de Licínia Girão ter estado a realizar parte do estágio-fantasma num escritório de Santo Tirso, a razão para o abandono do estágio não terá sido, em princípio, esta irregularidade com contornos também éticos. De acordo com a mensagem transmitida pelos serviços administrativos da CCPJ – em reacção a perguntas colocadas pelo PÁGINA UM directamente a Licínia Girão –, “o cancelamento da inscrição na Ordem dos Advogados foi solicitado pela então advogada estagiária Licínia Girão, por motivos profissionais”, adiantando ainda que “o Conselho Regional do Porto se limitou a deferir o pedido”.

    O registo de Licínia Girão na Ordem dos Advogados como estagiária, foi feito em 22 de Fevereiro de 2021, mas foi iniciado em 10 de Dezembro de 2020. Indicava um endereço que corresponde ao da sociedade Rodrigues Braga & Associados, onde fez um estágio-fantasma. A sua inscrição como como estagiária foi cancelada em 10 de Outubro do ano passado. Nunca chegou a exercer como advogada.

    Independentemente da veracidade desta declaração, não comprovada por qualquer documento, certo é que a opção pelo cancelamento – em vez de uma suspensão (que implicaria que, a qualquer momento, pudesse reatar a inscrição –, não esconde mais um insucesso de Licínia Girão no “mundo das leis”, sobretudo para quem chegou à liderança da CCPJ rotulada de “jurista de reconhecido mérito”.

    Com efeito, o cancelamento da sua inscrição como advogada-estagiária ocorreu já depois do prazo normal necessário para os candidatos da sua turma concluírem o processo, incluindo exames e prova de agregação. Licínia Girão começara o estágio em 10 de Dezembro de 2020, numa turma integrando 52 candidatos a advogado, e deveria ter concluído esse estágio em 18 meses, ou seja, em Junho do ano passado, se tivesse sido posteriormente aprovada num exigente exame da Ordem seguido de provas escritas e orais de agregação. Mas tal não sucedeu.

    Na verdade, consultando a lista dos 52 advogados-estagiários, onde estava integrada Licínia Girão, apenas 20 surgem já inscritos como advogados, de acordo com uma consulta minuciosa do PÁGINA UM. Na generalidade, estes antigos colegas de turma de Licínia Girão estão inscritos como advogados desde Setembro do ano passado. Além destas duas dezenas de novos advogados, encontram-se 14 outros que ainda têm o estágio em curso – ou seja, não terão conseguido, após o estágio num escritório, aprovação no exame ou nas provas de agregação. E, por fim, além de Licínia Girão, outros 13 não constam agora em qualquer uma das duas bases de dados da Ordem dos Advogados. Ou seja, terão suspendido ou cancelado a inscrição.

    Ao invés do mundo da magistratura e advocacia, Licínia Girão, a actual presidente da CCPJ, tem tido mais “sucesso” nas artes. Por exemplo, em Junho de 2021, obteve a Menção Honrosa na categoria Ensaio/ Prosa no âmbito dos 13º Jogos Florais da Junta de Freguesia de São Domingos de Rana.

    Os dois revezes de Licínia Girão – nos mundos da Magistratura e na Advocacia em apenas um ano – não a impedem de continuar a sua profissão de jurista (embora limitada em termos de actividade profissional), nem de ser considerada pelos seus pares (oito jornalistas) que a cooptaram para a CCPJ, como alguém de “mérito reconhecido”.

    Em todo o caso, saliente-se que Licínia Girão continua afincadamente a tentar enriquecer o seu currículo de jurista: o PÁGINA UM confirma que é um dos 18 candidatos admitidos, em 16 de Dezembro do ano passado, para mediadores de conflitos no Julgado de Paz no concelho de Santo Tirso.

  • #TwitterFiles: Ameaças do Partido Democrata levaram Twitter a aceitar trabalhar com serviços de informação (e vêm aí os #FauciFiles)

    #TwitterFiles: Ameaças do Partido Democrata levaram Twitter a aceitar trabalhar com serviços de informação (e vêm aí os #FauciFiles)

    Perante ameaças de membros do Partido Democrata norte-americano, o Twitter acabou por ser levado a aceitar trabalhar com agências de informação e segurança, como o FBI e a CIA, para censurar conteúdos na rede social. Democratas exigiram ao Twitter que encontrasse “provas” de que havia uma alegada tentativa de interferência russa no processo eleitoral nos Estados Unidos. Quando o Twitter apenas detectou algumas contas suspeitas, surgiram ameaças por parte dos Democratas. Com a ajuda de notícias colocadas em alguns media mainstream, o Partido Democrata levou o Twitter a ter de aceitar o envolvimento de serviços de informação norte-americanos na moderação de conteúdos na rede social. Como se sabe hoje, o Twitter acabou por interferir nas eleições presidenciais nos Estados Unidos de 2020, censurando o então presidente norte-americano, Donald Trump, e outros conservadores, e protegendo Joe Biden e o Partido Democrata. Entretanto, ainda esta semana deverão ser revelados os muito aguardados “Fauci Files”, sobre a censura de informação verdadeira relacionada com a pandemia de covid-19.


    As últimas revelações dos chamados “Twitter Files”, divulgadas ontem à noite pelo jornalista independente Matt Taibbi, mostram como a plataforma tecnológica foi levada a ter de permitir que serviços de informação e segurança participassem na moderação de conteúdos na rede social, sob um manto de ameaças e pressão por parte do Partido Democrata, com a ajuda de alguns media mainstream.

    Tudo começou com o facto de Democratas exigirem, a todo o custo, que o Twitter apresentasse “provas” de haver uma alegada tentativa de influência russa no processo eleitoral nos Estados Unidos.

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    Em 2017, quando o Congresso investigava o Facebook, os funcionários do Twitter estavam seguros de que a actividade russa potencialmente ‘maligna’ na plataforma era negligenciável, já que, após as suas pesquisas, apenas cerca de 25 contas tinham merecido suspensão. 

    “O Twitter não é o foco do inquérito sobre a interferência russa nas eleições, neste momento – o foco está no Facebook”, escreveu Colin Crowell, vice-presidente do departamento de Políticas Públicas do Twitter, em Setembro de 2017.

    Na altura, o Facebook, a rede social liderada por Mark Zuckerberg, estava na ‘berlinda’ por se acreditar ter sido alegadamente utilizada para disseminar eventual propaganda russa, tendo em Agosto desse ano suspendido 300 contas por suspeitas de “origem russa”.

    Naquele mês, o Twitter viria a informar o senado norte-americano que suspendera 22 “possíveis contas russas” e 179 outras potencialmente conectadas, num segmento de cerca de 2700 contas suspeitas que foram “manualmente examinadas”.

    Mas um senador do Partido Democrata e membro do Comité de Inteligência do Senado, Mark Warner, não ficou satisfeito com o que a gigante tecnológica relatara e qualificou, numa conferência de imprensa, as informações como “francamente inadequadas a todos os níveis”.

    Após ter reunido com líderes do Congresso, Crowell declarou, em comunicações internas, que Mark Warner tinha “incentivo político para manter este assunto no topo das notícias, continuar a pressionar-nos e à indústria para produzirmos material para eles, e gerar interesse para a audiência planeada para dia 1 de Novembro”.

    Hillary Clinton foi derrotada nas eleições presidenciais que deram a vitória ao Republicano Donald Trump, em 2016.

    Taibbi salientou ainda que os Democratas estavam a “receber ordens” de Hillary Clinton, que tinha alegado que a rede social estava a ser usada como “ferramenta para uma ciber-guerra”.

    Para atender às exigências governamentais por provas da alegada interferência russa, explicou Taibbi, o Twitter criou uma “Russia Task Force”, que inicialmente servia-se de “dados partilhados pelos colegas do Facebook, centrados em contas supostamente ligadas à Internet Research Agency (IRA) da Rússia”.

    Mas as evidências de interferência russa continuavam a ser poucas. Numa mensagem que data de 23 de Outubro, um funcionário escrevia que, em 2500 contas “analisadas manualmente”, apenas 32 pareciam suspeitas e só 17 tinham conexões com a Rússia. No entanto, apenas duas tinham tido “gastos significativos” [com conteúdos pagos], e uma delas era o canal de televisão estatal Russia Today (RT).

    Como consequência, seguiram-se, nos meios de comunicação norte-americanos, artigos em que se insinuava uma conivência do Twitter com a alegada campanha de desinformação russa. No conhecido jornal Politico, por exemplo, um título afirmava que o “Twitter apagou dados potencialmente cruciais para a investigação à Rússia”.

    Paralelamente, o Congresso preparava-se para criar uma nova lei que ‘apertasse o cerco’ às redes sociais no que respeitava a anúncios publicitários de cariz político, exigindo às plataformas tecnológicas uma “maior divulgação” sobre estas matérias.

    Mark Taibbi apontou que o Twitter se mostrou disposto a colaborar com o Senado e “comprometeu-se a trabalhar com eles (membros do Senado) no seu desejo de legislar”. A legislação, intitulada Honest Ads Act, que teria como objectivo “proteger a integridade” das eleições norte-americanas, seria apresentada pelos senadores Democratas Amy Klobuchar, Mark Warner e John McCain.

    Membros do Partido Democrata, com a ajuda de alguns media mainstream, pressionaram o Twitter para “encontrar” contas “ligadas” à Rússia, no âmbito da sua estratégia política de alegar que russos estavam a querer interferir no processo eleitoral.

    Ainda assim, a pressão sobre a plataforma tecnológica então liderada por Jack Dorsey não abrandou. Mesmo quando a rede social se preparava para alterar as suas regras relativas a publicidade, e depois de ter, inclusivamente, concordado em remover as contas da RT e da agência de notícias russa Sputnik, o Congresso divulgou a lista de 2700 contas que o Twitter tinha inicialmente identificado e reportado como sendo “suspeitas” – causando um frenesim mediático e colocando, novamente, o Twitter “debaixo de fogo”.

    O Twitter acabou por permitir que agências de informação e segurança norte-americanas viessem a interferir na moderação de conteúdos na rede social, incluindo bloqueando contas e disseminando informação falsa, tendo mesmo contratado para os seus quadros antigos funcionários daquelas agências.

    Em consequência, o Twitter começou a censurar contas e conteúdos mais conservadores e a proteger o Partido Democrata, tendo ficado provado que interferiu nas eleições presidenciais que deram a vitória a Joe Biden, ao impedir a divulgação do caso do escândalo envolvendo o portátil de Hunter Biden, filho do actual presidente dos Estados Unidos.

    Desde 2020, o Twitter também perseguiu cientistas, peritos e médicos que criticaram a gestão da pandemia de covid-19 e avançaram com soluções baseadas na evidência.

    Anthony Fauci, conselheiro-chefe de Joe Biden para a saúde. Elon Musk anunciou que esta semana deverão ser divulgados os “Fauci Files” sobre a censura de informação verdadeira relativa à pandemia de covid-19.

    Estas revelações sobre as antigas práticas de censura do Twitter começaram a surgir por iniciativa de Elon Musk, que concluiu a compra da rede social em Outubro de 2022. Musk anunciou que, no final desta semana, deverão ser divulgados documentos internos envolvendo o principal rosto da gestão da pandemia nos Estados Unidos, Anthony Fauci, que copiou medidas sem precedentes implementadas pela China, como confinamentos e uso de máscara facial, sem qualquer base científica.

    Fauci também defendeu a censura de informação sobre a covid-19 e a imposição da vacinação geral contra a covid-19, incluindo em crianças e jovens, mesmo perante os alertas sobre os riscos das vacinas serem maiores do que os benefícios nos grupos etários com menos risco de enfrentarem doença grave ou morte devido à covid-19.

    [Pode ler aqui toda a cobertura dos “Twitter Files” feita pelo PÁGINA UM.]

  • #TwitterFiles: Como a CIA influenciou a censura de conteúdos no Twitter durante anos

    #TwitterFiles: Como a CIA influenciou a censura de conteúdos no Twitter durante anos

    Depois de se saber que o Twitter serviu durante anos como uma espécie de subsidiária do FBI, colaborou com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos e que foi uma “arma” usada pelo Pentágono, foi agora revelado que também a norte-americana CIA reunia regularmente com antigos executivos daquela rede social. Está agora comprovado que os serviços de informação e segurança dos Estados Unidos indicavam ao Twitter o que censurar e quem perseguir na rede social. E que o Twitter foi usado, ao longo de anos, pelos serviços de informação e de defesa para fazer política, propaganda e como arma contra “adversários” e vozes incómodas. Em vários documentos internos do Twitter que têm estado a ser divulgados por iniciativa do novo dono da rede social, Elon Musk, ficou claro que os serviços de informação e segurança norte-americanos não “trabalhavam” apenas com o Twitter mas também com outras grandes tecnológicas e redes sociais.


    Nas últimas séries dos chamados “Twitter Files”, já tinha sido revelado o “compadrio” que, ao longo de anos, existiu entre a plataforma tecnológica, agências de inteligência norte-americanas como o FBI, e o Departamento de Defesa, para a implementação de práticas de censura e amplas campanhas de desinformação no Twitter.

    Agora, com a divulgação de novos documentos internos da empresa, no passado sábado, o jornalista independente Matt Taibbi assegurou que a CIA [Central Intelligence Agency] também fazia parte da ‘equação’.  

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    Além de revelar que um antigo executivo do Twitter já havia trabalhado para a CIA, Taibbi divulgou comunicações internas que remontam a Julho de 2020 e que mostram Stacia Cardille, uma funcionária da rede social, a informar Jim Baker, antigo advogado do FBI e, na altura, recém-contratado pelo Twitter, de que a CIA também deveria “juntar-se virtualmente” a uma conferência onde participariam os quadros da gigante tecnológica e o FBI.  

    Noutra mensagem, um agente do FBI, Elvis Chan, pergunta a dois executivos do Twitter se pode reencaminhar um “convite” a outra “OGA” (Other Government Organization), [em português, “Outra Organização Governamental”].

    Matt Taibbi explicou que, de acordo com vários ex-agentes de serviços de informação norte-americanos, “OGA” é um “eufemismo” utilizado para designar a CIA. O jornalista referiu que um denunciante e antigo agente da CIA, John Kiriakou, “reconhece o formato” das comunicações que agora vieram a público, e que acredita que vêm mesmo daquela entidade governamental. 

    Facto é que as reuniões entre executivos do Twitter, a Foreign Influence Task Force [FITF], membros do FBI e “um ou dois” participantes da dita “OGA” eram frequentes. Na “ordem de trabalhos” anexada nas convocatórias para as reuniões, um dos pontos a abordar era quase sempre um briefing da OGA”, que normalmente versava sobre assuntos estrangeiros.

    Mas não eram apenas matérias ‘supranacionais’ que preocupavam e ocupavam as agências governamentais e a famosa rede social. A FITF e o departamento do FBI de São Francisco transmitiam também ao Twitter pedidos de “moderação” de outras entidades, nomeadamente de polícias locais, sobre assuntos “domésticos”. Ou seja, nacionais. Estas solicitações eram, com frequência, enviadas através do canal unidirecional Teleporter, e com um ‘temporizador’ para a sua autodestruição.

    Saliente-se ainda que, segundo Taibbi, a “OGA” partilhava informações com plataformas com várias plataformas, incluindo o Yahoo!, a Twitch e o LinkedIn.

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    Matt Taibbi afirmou que, sobretudo na véspera das eleições presidenciais de Novembro de 2020, as agências ‘inundaram’ o Twitter com pedidos respeitantes a centenas de “contas problemáticas”. Na verdade, pouco tempo antes das eleições, o abundante influxo de solicitações por parte do governo ‘obrigou’ mesmo a rede social a ter de criar um sistema de triagem de modo a ‘priorizar’ as mais urgentes.

    A diligente monitorização de violações aos termos de uso do Twitter por parte das agências governamentais chegou a causar alguma perplexidade entre os executivos da rede social. Numa troca de mensagens, Jim Baker comentou com Stacia Cardille: “estranho que eles estejam à procura de violações das nossas políticas”.

    Como já tinha vindo à luz noutras séries de “Twitter Files”, a insistente procura de provas de interferência estrangeira pelas agências de inteligência norte-americana – que pareciam sempre escassas – levava os funcionários da rede social a ser “criativos” nas suas respostas, no sentido de ir ao encontro dos pedidos dos agentes governamentais.

    Em Agosto passado, após ter ‘passado a pente fino’ uma série de contas, um analista chegou a responder que não encontrara “ligações à Rússia” mas podia “tentar encontrar uma conexão mais forte [à Rússia]” fazendo “brainstorm”.

    Aos relatórios que os serviços de informação enviavam ao Twitter, que eram geralmente curtos, seguiam-se longas listas de contas ‘rotuladas’, por exemplo, como “pró-Maduro”, “pró-Cuba”, “pró-Rússia”.  Por vezes, eram mais de mil as contas a ser “digitalmente executadas”.

    Os conteúdos dos relatórios iam desde a sinalização de contas com suposta “propaganda ucraniana neo-nazi” a alegações de que “as contas que acusam a administração de Joe Biden de corrupção na distribuição de vacinas fazem parte de uma campanha de influência russa” ou, ainda, de que um site que relatava violações de direitos humanos cometidas por ucranianos desde 2014 era “dirigido por agentes russos”.

    De facto, as narrativas “anti-Ucrânia” estavam entre as mais perseguidas: em vários relatórios das agências governamentais, constavam precisamente as publicações em jornais, no Twitter ou no Youtube que disseminavam esse tipo de discurso.

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    A divulgação de documentos internos do Twitter, sobre as antigas práticas de censura praticadas naquela rede social, partiu de uma iniciativa de Elon Musk, novo dono do Twitter. Musk tem estado a entregar documentação interna a jornalistas independentes e autores que fazem investigação, os quais têm estado a analisar e a publicar as suas descobertas.

    Ontem, foram feitas novas revelações, as quais vieram comprovar que o Twitter censurou informação verdadeira sobre a pandemia de covid-19.

    Antigos funcionários e executivos do Twitter também censuraram contas de médicos e especialistas com visões e soluções diferentes das adoptadas pelo governo norte-americano na gestão da pandemia. Segundo as novas revelações, até contas de utilizadores comuns foram alvo de censura, sendo suprimida informação com dados oficiais verdadeiros da CDC (Centers for Disease Control and Prevention).

    [Pode ler aqui toda a cobertura dos “Twitter Files” feita pelo PÁGINA UM.]