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  • Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 15 de Fevereiro

    Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 15 de Fevereiro


    Ontem, dia 15 de Fevereiro, no Portal Base foram divulgados 657 contratos públicos, com preços entre os 20,33 euros – para aquisição de consumíveis para acondicionamento e identificação de materiais, pela Unidade Local de Saúde da Região de Leiria, através de ajuste directo – e os 5.485.988,20 euros – para aquisição de serviços de disponibilização e locação de meios aéreos (DECIR 2023-2024), pelo Estado Maior da Força Aérea, através de concurso público.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 24 contratos, dos quais 21 por concurso público, dois ao abrigo de acordo-quadro e um por ajuste directo.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados 14 contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: SPMS – Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (com a MEO – Serviços de Comunicações e Multimédia, no valor de 850.000,00 euros); dois do Centro Hospitalar de Setúbal (um com a Novartis Farma; Janssen Cilag, no valor de 341.274,37 euros, e outro com várias entidades, no valor de 252.544,73 euros); três do Hospital do Espírito Santo de Évora (um com a Profarin, no valor de 368.399,60 euros, outro com a Biogen Portugal, no valor de 331.555,92 euros, e outro com a COPS – Companhia Operacional de Segurança, no valor de 167.784,18 euros); dois da Unidade Local de Saúde de Santa Maria (um com a Medtronic Portugal, no valor de 242.123,00 euros, e outro com a CSL Behring, no valor de 169.430,00 euros); Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia – Espinho (com a Baxter – Medico Farmacêutica, no valor de 193.725,00 euros); Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (com a Imprensa Nacional – Casa da Moeda, no valor de 172.656,00 euros); Serviços Municipalizados de Setúbal (com a Axianseu II Digital Consulting, no valor de 145.000,00 euros); Instituto Português do Mar e da Atmosfera (com a Ozec – Equipamentos Industriais, no valor de 144.850,00 euros); Município de Loulé (com a Conquista Adrenalina – Animação, no valor de 123.000,00 euros); e o Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil (com a Willis – Correctores de Seguros., no valor de 122.385,78 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no dia 15 de Fevereiro

    1Aquisição de serviços de disponibilização e locação de meios aéreos (DECIR 2023-2024) – Bloco 1A

    Adjudicante: Estado Maior da Força Aérea

    Adjudicatário: Helibravo – Aviação

    Preço contratual: 5.485.988,20 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    2Aquisição de serviços de disponibilização e locação de meios aéreos (DECIR 2023-2024) – Bloco 1A

    Adjudicante: Estado Maior da Força Aérea

    Adjudicatário: Gestifly

    Preço contratual: 5.456.530,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    3Aquisição de serviços de disponibilização e locação de meios aéreos (DECIR 2023-2024) – Bloco 1A

    Adjudicante: Estado Maior da Força Aérea

    Adjudicatário: Helibravo Aviação

    Preço contratual: 5.371.082,10 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    4Empreitada de construção de residência de estudantes composta por cinco blocos no Campus do da Universidade de Aveiro

    Adjudicante: Universidade de Aveiro

    Adjudicatário: RUCE – Construção e Engenharia

    Preço contratual: 4.999.741,81 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    5Aquisição de energia eléctrica para as empresas do Grupo Águas de Portugal

    Adjudicante: Águas do Norte

    Adjudicatário: Endesa Energia

    Preço contratual: 4.266.788,03 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no dia 15 de Fevereiro

    1 Serviços de desenvolvimento tecnológico, implementação e gestão da operação do SNS 24

    Adjudicante: SPMS – Serviços Partilhados do Ministério da Saúde

    Adjudicatário: MEO – Serviços de Comunicações e Multimédia

    Preço contratual: 850.000,00 euros


    2Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Hospital do Espírito Santo de Évora

    Adjudicatário: Profarin – Distribuidora de Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 368.399,60 euros


    3Aquisição de medicamentos diversos

    Adjudicante: Centro Hospitalar de Setúbal

    Adjudicatário: Novartis Farma – Produtos Farmacêuticos; Janssen Cilag

    Preço contratual: 341.274,37 euros


    4Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Hospital do Espírito Santo de Évora

    Adjudicatário: Biogen Portugal

    Preço contratual: 331.555,92 euros


    5Aquisição de medicamentos diversos

    Adjudicante: Centro Hospitalar de Setúbal

    Adjudicatário:  Nestlé Portugal; Sanofi; Pfizer; Abbvie, Lda.; Roche – Farmacêutica; B Braun Medical; Novartis Farma; Merck Sharp Dohme; Advanz Pharma

    Preço contratual: 252.544,73 euros


    MAP

  • Pintar (de forma artística) um muro de 123 metros custa 100 mil euros

    Pintar (de forma artística) um muro de 123 metros custa 100 mil euros


    É mais um caso com enquadramento legal, mas de ética questionável: a Câmara Municipal de Almada decidiu contratar, sem qualquer concurso público ou prévio concurso de ideias, um artista plástico daquele concelho para uma “intervenção artística” num muro de 123 metros, pagando-lhe, com IVA, um total de 99.726 euros. A dita intervenção artística será feita na denominada Quinta do Almaraz, nas cercanias do castelo de Almada, sendo considerado um dos mais importantes sítios arqueológicos do primeiro milénio anterior à era cristã em território nacional.

    O contrato por ajuste directo foi celebrado no passado dia 5, e ontem publicado no Portal Base, tendo sido assinado pelo vereador das Obras Municipais, José Pedro Ribeiro, e os sócios da Coruja Lunática. A empresa foi criada apenas em Maio do ano passado, tendo como um dos sócios Tiago Vasco Proença, um artista de Almada que usa o nome artístico de Tiago Hesp.

    Embora o caderno de encargos não esteja inserido no Portal Base, apesar de se referir no contrato que o integra, e de não ter sido satisfeito um pedido do PÁGINA UM para ser enviado, o departamento de comunicação da Câmara Municipal de Almada adianta que, como a Quinta do Almaraz, “não se encontra aberta ao público, pretende-se, através de uma intervenção artística no muro, que [seja] transmit[d]a, a quem percorre a rua, o interesse, as descobertas e os trabalhos arqueológicos desenvolvidos neste local, e assim comunicar a importância histórica” deste local arqueológico.

    O referido muro tem uma extensão de 123 metros lineares, e uma área de aproximadamente 500 metros quadrados, ou seja, possui uma altura média de quatro metros, prevendo-se, como trabalhos, a desenvolver por Tiago Hesp, “a execução da criação artística e registo gráfico da transformação”, no contexto de um projecto de turismo sustentável daquele município.

    A autarquia de Almada defende que “a contratação do artista Tiago Hesp para a intervenção de recuperação e decoração do ‘Muro de Almaraz’, se deveu ao facto de “se reconhecer ao mesmo a capacidade criativa e a respetiva qualidade para a produção/execução do projeto”. Salientando-se que a escolha de artistas para a execução de obras pode ser feita por ajuste directo, sem concurso público, a autarquia de Almada não diz quem fez o ‘reconhecimento’ da capacidade criativa de Tiago Hesp, nem quais os critérios para a ‘eleição’ de alguém que, de forma artística, sem sequer se conhecer a ideia, vai pintar um muro por 100 mil euros.

    Tiago Hesp, nome arístico de Tiago Vasco Proença, criou a empresa Coruja Lunática em Maio do ano passado.

    Saliente-se, no entanto, que esta prática não é ilegal, estando enqudrada no Código dos Contratos Públicos, mas um ajuste directo para a criação de Arte, por ser uma escolha pessoal, acaba por constituir uma limitação ao surgimento de novas ideias e conceitos, bem como a novos artistas.

    O contrato entre a Câmara Municipal de Almada e a empresa Coruja Lunática integra o Boletim P1 da Contratação Pública e Ajustes Directos que agrega os contratos divulgados no 5 de Fevereiro de 2024. Desde Setembro de 2023, o PÁGINA UM apresenta uma análise diária aos contratos publicados no dia anterior (independentemente da data da assinatura) no Portal Base. De segunda a sexta-feira, o PÁGINA UM faz uma leitura do Portal Base para revelar os principais contratos públicos, destacando sobretudo aqueles que foram assumidos por ajuste directo.

    PAV


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    Ontem, dia 14 de Fevereiro, no Portal Base foram divulgados 785 contratos públicos, com preços entre os 31,11 euros – para aquisição de medicamentos, pelo Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, ao abrigo de acordo-quadro – e os 2.630.731,00 euros – para aquisição de medicamentos, pelo Centro Hospitalar São João, através de ajuste directo.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 12 contratos, dos quais sete por concurso público, um ao abrigo de acordo-quadro, quatro por ajuste directo.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados 14 contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: Centro Hospitalar de São João (com a Sanofi, no valor de 2.630.731,00 euros); Fundação para a Ciência e a Tecnologia (com a IP Telecom – Serviços de Telecomunicações, no valor de 1.542.800,00 euros); Unidade Local de Saúde de São João (com a Euromex – Facility Services, no valor de 966.205,29 euros); três do Estado Maior da Força Aérea (um com a General Dynamics, no valor de 527.472,00 euros, outro com a OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, no valor de 402.088,12 euros, e outro com a Leonardo MW LTD, no valor de 382.809,00 euros); dois do Município de Coimbra (um com a JMC Cleaning Services, no valor de 240.000,00 euros, e outro com a Interlimpe – Facility Services, no valor de 107.656,4 euros); Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia – Espinho (com a Ronsegur – Rondas e Segurança, no valor de 222.449,94 euros); Autoridade Nacional de Comunicações (com a INDRA – Sistemas Portugal, no valor de 184.595,45 euros); Munícipio de Fafe (com a CTT – Soluções Empresariais, no valor de 180.757,06 euros); Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (com a Werfen Portugal, no valor de 162.620,00 euros); Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (com a Stomacare – Entregas Médicas, no valor de 134.304,00 euros); e o Estado-Maior-General das Forças Armadas (com a CSL Behring, no valor de 110.000,00 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no dia 14 de Fevereiro

    1Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Centro Hospitalar de São João

    Adjudicatário: Sanofi – Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 2.630.731,00 euros

    Tipo de procedimento: Ajuste directo


    2Empreitada de adaptação e reabilitação de edifício para instalação da Residência de Estudantes do Centro Histórico de Tomar

    Adjudicante: Instituto Politécnico de Tomar

    Adjudicatário: Luzecon – Sociedade de Construção e Restauro

    Preço contratual: 1.977.080,66 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    3Aquisição de direitos de passagem de cabo de fibra óptica entre Lisboa e Braga

    Adjudicante: Fundação para a Ciência e a Tecnologia

    Adjudicatário: IP Telecom, Serviços de Telecomunicações

    Preço contratual: 1.542.800,00 euros

    Tipo de procedimento: Ajuste directo


    4Aquisição de serviços de limpeza – 1º trimestre de 2024

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde de São João

    Adjudicatário: Euromex – Facility Services

    Preço contratual: 966.205,29 euros

    Tipo de procedimento: Ajuste directo


    5Aquisição de equipamentos informáticos

    Adjudicante: Banco de Portugal

    Adjudicatário: BASEDOIS – Informática e Telecomunicações

    Preço contratual: 874.850,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no dia 14 de Fevereiro

    1 Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Centro Hospitalar de São João

    Adjudicatário: Sanofi – Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 2.630.731,00 euros


    2Aquisição de direitos de passagem de cabo de fibra óptica entre Lisboa e Braga

    Adjudicante: Fundação para a Ciência e a Tecnologia

    Adjudicatário: IP Telecom, Serviços de Telecomunicações

    Preço contratual: 1.542.800,00 euros


    3Aquisição de serviços de limpeza – 1º trimestre de 2024

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde de São João

    Adjudicatário: Euromex – Facility Services

    Preço contratual: 966.205,29 euros


    4Aquisição de componentes essenciais à modernização das aeronaves P-3C

    Adjudicante: Estado Maior da Força Aérea

    Adjudicatário: General Dynamics    

    Preço contratual: 527.472,00 euros


    5Trabalhos de reparação na aeronave P-3C N/C 14808

    Adjudicante: Estado Maior da Força Aérea

    Adjudicatário: OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal

    Preço contratual: 402.088,12 euros


    MAP

  • 10,4 milhões: Santiago Calatrava ‘saca’ segundo ajuste directo para ampliação da Gare do Oriente

    10,4 milhões: Santiago Calatrava ‘saca’ segundo ajuste directo para ampliação da Gare do Oriente

    São mais 10,4 milhões de euros a cair no bolso de Santiago Calatrava, o arquitecto valenciano que concebeu a Gare do Oriente, uma belíssima ‘peça de arte’ concebida para a Expo 98 mas de funcionalidade questionável, por ser inóspita para os passageiros ferroviários. Por razões de direitos de autor, e por um projecto de execução concluído tem 2012 ter expirado, a Infraestruturas de Portugal viu-se agora obrigada a pagar um segundo contrato para se avançar para a ampliação de oito para 11 linhas desta estação do Parque das Nações no âmbito do projecto da Alta Velocidade. O contrato foi assinado na sexta-feira e divulgado hoje no Portal Base.


    A Infraestruturas de Portugal celebrou na sexta-feira passada um contrato por ajuste directo com o arquitecto espanhol Santiago Calatrava com vista à execução da ampliação da Gare do Oriente e do viaduto ferroviário que será inserido no projecto da Linha de Alta Velocidade.

    O contrato está avaliado em 10,4 milhões de euros, com IVA incluído, e foi entregue ao arquitecto espanhol, residente na Suíça, por estar em causa a alteração de uma obra com direitos autorais, protegida por lei, embora seja questionável se o projecto de execução do túnel ferroviário não pudesse ser alvo de concurso público. Além disso, será a segunda vez que Calatrava era planear, nas duas últimas décadas, a ampliação desta estação no Parque das Nações, em Lisboa.

    aerial photograph of railroad

    Recorde-se que a Gare do Oriente – construída praticamente no mesmo local da demolida Estação dos Olivais e com custos da ordem dos 30 milhões de euros – foi inaugurada em 18 de Maio de 1999, no âmbito da Expo 98, surgindo mais como ‘peça de arte’, uma espécie de ícone da renovação urbanística então em curso, mas que foi ganhando estatuto no contexto rodoferroviário de Lisboa.

    Porém, sempre apresentou gravíssimas deficiências funcionais, sobretudo por ser um espaço demasiado amplo e aberto, quase inóspito no Inverno e em dias de chuva. Do ponto de vista arquitectónico foi considerada obra arrojada, tendo mesmo sido distinguida na categoria Arquitectura dos Brunel Awards em 1998.

    Em todo o caso, como o local será uma peça importante no contexto da Alta Velocidade, Calatrava teve assim direito a um ‘brinde’ para executar o novo projecto num prazo de 465 dias, pois nenhum outro arquitecto, de acordo com o Código de Direitos de Autor e Direitos Conexos, que inclui obras de arquitectura, pode ‘mexer’ em obra de arquitecto vivo, sob risco de pagamento de indemnizações.

    Santiago Calatrava nasceu em Valência em 1951. Tinha 47 anos quando foi inaugurada a Gare do Oriente.

    Actualmente, a Estação do Oriente dispõe de oito linhas para o serviço convencional, pelo que, de acordo com estudos da extinta Rede Ferroviária de Alta Velocidade (RAVE), serão necessárias mais três linhas para o serviço de Alta Velocidade desde o Porto e desde Madrid. Essa ampliação vai implicar que a actual estação imjplica o alargamento para poente, posicionando-a sobre a estação do metropolitano. E é porque “a sua viabilidade impõe o necessário respeito pela solução da estrutura atual, replicando-a sob as novas plataformas”, que teve de ser contratado o valenciano Santiago Calatrava.

    Excepto o preço do contrato, este desfecho não é necessariamente uma surpresa agora que o Governo quis garantir o avanço da LAV para aproveitar fundos comunitários. Porém, de acordo com documentos da Infraestruturas de Portugal, Santiago Calatrava vai fazer sensivelmente o mesmo que fez quando foi contratado em 2008 pela RAVE para a “prestação de serviços de arquitectura e engenharia relativos à ampliação da Estação do Oriente e sua adaptação à Alta Velocidade”.

    O PÁGINA UM não consegui ainda apurar qual o valor pago pela RAVE ao arquitecto espanhol, mas sabe que, apesar do projecto de execução ter sido entregue em 2011, já não pode ser agora usado, porque, “como não chegou à fase de obra (…), o respectivo contrato que lhe deu origem [foi] extinto”.

    Ou seja, basicamente, com o contrato de 10,4 milhões de euros, a Infraestruturas de Portugal confessa que “pretende, agora, que o projeto desenvolvido pela ex-RAVE em 2011 seja revisto e atualizadoi, de acordo com o normativo legal em vigor e com os novos requisitos técnicos e funcionais do projecto AV [Alta Velocidade] e, complementarmente à ampliação, que seja desenvolvido o projecto de reabilitação da estação atual”.

    No registo do Portal Base deste contrato, publicado hoje, refere-se que a avaliação custo-benefício deixou de ser aplicável aos procedimentos de formação de contratos que se destinem à execução de projetos financiados ou cofinanciados por fundos europeus. Ou seja, é gastar sem saber se vale o investimento.


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  • Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 13 de Fevereiro

    Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 13 de Fevereiro


    Ontem, dia 13 de Fevereiro, no Portal Base foram divulgados apenas 96 contratos públicos (por causa da tolerância de ponto do Carnaval), com preços entre os 11,20 euros – para aquisição de lâmpada, pela Unidade Local de Saúde do Alto Minho, através de consulta prévia – e os 404.612,21 euros – para aquisição de medicamentos diversos, pelo Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, ao abrigo de acordo-quadro.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, não foi publicado nenhum contrato.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, não foi publicado nenhum contrato.


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no dia 13 de Fevereiro

    1Aquisição de medicamentos diversos

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte

    Adjudicatário: Astellas Farma

    Preço contratual: 404.612,21 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    2Aquisição de medicamentos do foro oncológico e imunomoduladores

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte

    Adjudicatário: Roche Farmacêutica

    Preço contratual: 350.584,80 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    3Aquisição de medicamentos diversos

    Adjudicante: Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil

    Adjudicatário: Pierre Fabre Portugal

    Preço contratual: 263.594,64 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    4Aquisição de medicamentos do foro oncológico e imunomoduladores

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte

    Adjudicatário: Sanofi – Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 262.307,83 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    5Aquisição de medicamentos diversos

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte

    Adjudicatário: Teva Pharma – Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 195.489,90 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no dia 13 de Fevereiro

    1 Aquisição de reagentes

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde de Santa Maria

    Adjudicatário: BioMérieux Portugal

    Preço contratual: 94.897,60 euros


    2Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde de Santa Maria

    Adjudicatário: Pfizer

    Preço contratual: 24.974,94 euros


    3Aquisição de sistema de mapeamento

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde de Santa Maria

    Adjudicatário: Abbott Medical

    Preço contratual: 22.900,00 euros


    4Serviços de reparação de intensificador de imagem

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde da Região de Leiria

    Adjudicatário: Iberdata – Equipamentos

    Preço contratual: 20.811,84 euros


    5Aquisição de reagentes

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde de Santa Maria

    Adjudicatário: Quilaban, S.A

    Preço contratual: 15.199,20 euros


    MAP

  • Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 12 de Fevereiro

    Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 12 de Fevereiro


    Ontem, dia 12 de Fevereiro, no Portal Base foram divulgados 657 contratos públicos, com preços entre os 19,80 euros – para aquisição de pilha recarregável, pela Unidade Local de Saúde do Alto Minho, através de consulta prévia – e os 8.477.500,00 euros – para ampliação da Estação do Oriente e do Viaduto Ferroviário de Transição, pela Infraestruturas de Portugal, através de ajuste directo.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 17 contratos, dos quais 11 por concurso público, três ao abrigo de acordo-quadro e três por ajuste directo.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados 14 contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: Infraestruturas de Portugal (com a Santiago Calatrava LLC, no valor de 8.477.500,00 euros); dois do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (ambos com a Profarin, um no valor de 1.118.241,70 euros, e outro no valor de 161.046,96 euros); dois da Unidade Local de Saúde de Santa Maria (um com a Iberdrola, no valor de 503.873,84 euros, e outro com a Medtronic Portugal, no valor de 163.643,00 euros); Município de Sintra (com a Endesa Energia, no valor de 381.524,05 euros); dois do Hospital Distrital de Santarém (um com a Dräger Portugal, no valor de 293.851,88 euros, e outro com a TechEra, Lda., no valor de 135.000,00 euros); Unidade Local de Saúde de Santo António (com a ITAU – Instituto Técnico de Alimentação Humana, no valor de 265.745,12 euros); Lusa – Agência de Notícias de Portugal (com a MEO – Serviços de Comunicações e Multimédia, no valor de 255.000,00 euros); Instituto Português do Mar e da Atmosfera (com a S&C – Gestão de Navios e Tripulações, no valor de 214.090,00 euros); Centro Formação Profissional Indústria de Cortiça (com a Linhas Impares, Lda., no valor de 175.000,00 euros); Parques de Sintra – Monte da Lua (com a Interlimpe – Facility Services, no valor de 104.763,15 euros); e o Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (com a Sanofi, no valor de 100.509,32 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no dia 12 de Fevereiro

    1Ampliação da Estação do Oriente e do Viaduto Ferroviário de Transição

    Adjudicante: Infraestruturas de Portugal

    Adjudicatário: Santiago Calatrava LLC

    Preço contratual: 8.477.500,00 euros

    Tipo de procedimento: Ajuste directo


    2Prestação de serviços de recolha, transporte e distribuição de objectos em serviço expresso a nível internacional

    Adjudicante: Imprensa Nacional – Casa da Moeda

    Adjudicatário: DHL Portugal

    Preço contratual: 3.564.009,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    3Fornecimento de género alimentar (frango congelado) no âmbito do Fundo de Auxílio Europeu às Pessoas Mais Carenciadas

    Adjudicante: Instituto da Segurança Social

    Adjudicatário: Avibom Avícola, S.A.

    Preço contratual: 2.781.771,80 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    4Fornecimento de género alimentar (arroz carolino) no âmbito do Fundo Europeu de Auxílio às Pessoas Mais Carenciadas

    Adjudicante: Instituto da Segurança Social, I. P.

    Adjudicatário: Sociedade Europeia de Arroz

    Preço contratual: 2.224.985,40 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    5Fornecimento de género alimentar (espinafres ultracongelados) no âmbito do Fundo Europeu de Auxílio às Pessoas Mais Carenciadas

    Adjudicante: Instituto da Segurança Social, I. P.

    Adjudicatário: IFT – Comércio Alimentar Internacional

    Preço contratual: 1.527.247,26 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no dia 12 de Fevereiro

    1 Ampliação da Estação do Oriente e do Viaduto Ferroviário de Transição

    Adjudicante: Infraestruturas de Portugal

    Adjudicatário: Santiago Calatrava LLC

    Preço contratual: 8.477.500,00 euros


    2Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário do Algarve

    Adjudicatário: Profarin – Distribuidora de Produtos Farmacêuticas Industriais

    Preço contratual: 1.118.241,70 euros


    3Aquisição de energia eléctrica para o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte – Janeiro e Fevereiro 2024  

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde de Santa Maria

    Adjudicatário: Iberdrola

    Preço contratual: 503.873,84 euros


    4Fornecimento de energia eléctrica para edifícios municipais, iluminação pública e outras instalações municipais

    Adjudicante: Município de Sintra

    Adjudicatário: Endesa Energia

    Preço contratual: 381.524,05 euros


    5Prestação de serviços de assistência técnica e manutenção aos equipamentos Dräger pelo período de 36 meses

    Adjudicante: Hospital Distrital de Santarém

    Adjudicatário: Dräger Portugal

    Preço contratual: 293.851,88 euros


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  • Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 9 a 11 de Fevereiro

    Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 9 a 11 de Fevereiro


    Nos últimos três dias, de sexta-feira até ontem, no Portal Base foram divulgados 925 contratos públicos, com preços entre os 2,02 euros – para aquisição de materiais diversos, pela The Cricket Farming Co, através de ajuste directo simplificado – e os 5.242.642,64 euros – para fornecimento de electricidade em regime de mercado livre, pelo Instituto da Segurança Social, ao abrigo de acordo-quadro.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 14 contratos, dos quais 11 por concurso público e três ao abrigo de acordo-quadro.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados 10 contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: Autoridade Tributária e Aduaneira (com a BMC Software Distribuition BV, no valor de 462.556,58 euros); dois do Estado Maior da Força Aérea (ambos com a Leonardo Spa, um no valor de 352.441,12 euros, e outro no valor de 122.833,45 euros); três do Hospital do Espírito Santo de Évora (um com a Sanofi – Produtos Farmacêuticos, no valor de 273.388,26 euros, outro com a Servier Portugal – Especialidades Farmacêuticas, no valor de 189.420,00 euros, e outro com a Pfizer, no valor de 102.528,66 euros); Administração Regional de Saúde do Norte (com a ITAU – Instituto Técnico de Alimentação Humana, no valor de 195.073,44 euros); Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (com a Quilaban, S.A., no valor de 172.019,70 euros); Centro Hospitalar Universitário do Algarve (com a Alert Life Sciences Computing., no valor de 126.835,33 euros); e a Infraestruturas de Portugal (com a Cedru, Lda., no valor de 108.144,40 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no período de 9 a 11 de Fevereiro

    1 Fornecimento de electricidade em regime de mercado livre para Portugal Continental

    Adjudicante: Instituto da Segurança Social

    Adjudicatário: Endesa Energia

    Preço contratual: 5.242.642,64 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    2Aquisição de actualizações e suporte do software Oracle 2024-2025

    Adjudicante: Instituto de Informática, I.P.

    Adjudicatário: NORMÁTICA – Serviços de Informática e Organização

    Preço contratual: 2.836.531,88 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    3Empreitada para promover a supressão da Passagem de Nível ao km 43,380 a km 44,010 da Linha do Norte em Assacaias

    Adjudicante: Infraestruturas de Portugal

    Adjudicatário: Civibérica – Obras Civis

    Preço contratual: 2.245.000,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    4Aquisição de infraestrutura tecnológica, equipamentos e mobiliário destinados à prática educativa e formativa no Centro Tecnológico Especializado Industrial

    Adjudicante: Escola Profissional de Tondela

    Adjudicatário: MEO – Serviços de Comunicações e Multimédia

    Preço contratual: 978.451,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    5Aquisição de combustíveis (gasolina e gasóleo) em postos de abastecimento público – por lotes

    Adjudicante: Município de Torres Vedras

    Adjudicatário: Petrogal

    Preço contratual: 968.357,00 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no período de 9 a 11 de Fevereiro

    1 Aquisição de serviços de assistência técnica aos produtos BMC Mainviews e Utilitários DB2

    Adjudicante: Autoridade Tributária e Aduaneira

    Adjudicatário: BMC Software Distribuition, BV

    Preço contratual: 462.556,58 euros


    2Aquisição de um MAIN ROTOR ASSEMBLY para o Sistema de Armas AW119MKII

    Adjudicante: Estado Maior da Força Aérea

    Adjudicatário: Leonardo Spa

    Preço contratual: 352.441,12 euros


    3Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Hospital do Espírito Santo de Évora

    Adjudicatário: Sanofi – Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 273.388,26 euros


    4Aquisição de refeições confeccionadas para a Unidade de Desabituação Norte e Comunidade Terapêutica Ponte da Pedra

    Adjudicante: Administração Regional de Saúde do Norte

    Adjudicatário: ITAU – Instituto Técnico de Alimentação Humana

    Preço contratual: 195.073,44 euros


    5Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Hospital do Espírito Santo de Évora

    Adjudicatário: Servier Portugal – Especialidades Farmacêuticas

    Preço contratual: 189.420,00 euros


    MAP

  • IPO de Lisboa: empresa que impugnou concurso público ‘premiada’ com 12 ajustes directos sucessivos

    IPO de Lisboa: empresa que impugnou concurso público ‘premiada’ com 12 ajustes directos sucessivos

    A direcção do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, liderada por Eva Falcão, anda desde 2022 a lançar concursos públicos para serviços de limpeza e consumíveis de casa de banho (como papel higiénico), sempre com problemas. Só um resultou em adjudicação, mas mesmo assim com uma duração irrisória: apenas um mês. Este contrato ‘efémero’ foi o que bastou à empresa vencedora, a Sá Limpa, para ‘assentar arraiais”: num novo concurso em 2023, que perdeu para concorrência, apresentou impugnação. Enquanto a resposta não veio, o IPO de Lisboa deu-lhe sucessivos ajustes directos mensais. Desde Janeiro de 2023 já se contam 12, e este ano já são dois, totalizando tudo 2,6 milhões de euros. Entretanto, a vigência do contrato impugnado expirou e, enquanto não há decisão do novo concurso público, a Sá Limpa continua a limpar e a receber quase 200 mil euros por mês. Quando houver decisão para o concurso em análise, a história pode repetir-se, porque a unidade hospitalar alega conveniência logística e “urgência imperiosa”, um critério material que tem justificado ajustes directos sem limite de tempo e de preço.


    O Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, presidida por Eva Falcão – ex-chefe de gabinete da antiga ministra da Saúde Marta Temido –, celebrou este mês o 12º ajuste directo sucessivo com a mesma empresa de limpeza, a Sá Limpa. Os contratos, com uma periodicidade quase sempre mensal, e apesar de serem para banais serviços de limpeza e de fornecimento de consumíveis de casa de banho, como papel higiénico, têm sido justificados sempre com uma falácia: “motivos de urgência imperiosa resultante de acontecimentos imprevisíveis pela entidade adjudicante”.

    Ou seja, os 12 contratos de ‘mão beijada’, que já totalizam os 2,6 milhões de euros, invocam uma norma que, aplicando ao caso concreto, significa que Eva Falcão e os seus colegas da administração têm estado, mês após mês, a serem surpreendidos com uma “urgência imperiosa” – limpar o chão e fornecer papel higiénico e sabão – que resultou em acontecimentos imprevisíveis – a sujidade do chão e a ida à casa de banho por parte dos utentes e visitantes.

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    No entanto, o mais absurdo desta sequência perfeitamente anormal está no facto de estes 12 contratos sucederam ao término de um estranho contrato resultante de um concurso público que acabou por ter uma vigência de apenas um mês e meio. Isso mesmo: contrariando aquilo que se mostra habitual em aquisição de serviços de limpeza – contratos após concurso público para uma duração de, pelo menos, um ano, até por razões de eficiência logística e burocrática –, o IPO de Lisboa decidiu ‘inovar’. E assim lançou um concurso público em 18 de Julho de 2022, tendo como preço base cerca de 613 mil euros para um prazo de apenas quatro meses.

    O IPO justificou ao PÁGINA UM que essa decisão se deveu ao facto de um concurso público anterior – anunciado em 21 de Março daquele ano, para oito meses, e um preço base de 1,23 milhões de euros –, não ter sido concluído “e se extinguiu, por circunstâncias imprevistas que obrigavam à alteração de aspectos fundamentais das peças do procedimento”. A instituição não explicou as razões dessas “circunstâncias imprevistas” nem os motivos para que o concurso público de 18 de Julho ter sido lançado apenas para quatro meses.

    Mas nem esse concurso público para quatro meses correu bem, porque só ficou concluído em Novembro de 2022 e somente pôde, de acordo com o IPO de Lisboa, “e só pôde “ter efeitos até final desse mesmo ano, em concordância com a autorização para a realização da respetiva despesa”. Resultado: num concurso que até registou um interesse do sector, com oito empresas concorrentes (PreZero, Operandus, Servilimpe, Clece, Iberlim, Euromex, Derichebourg e Sá Limpa), o IPO acabou por entregar um contrato público à vencedora – a empresa Sá Limpa – por apenas um mês e meio. Esse contrato decorrente do concurso público foi celebrado em 14 de Novembro de 2022, mas teve apenas uma vigência até ao final desse ano (49 dias), apesar de no Portal Base surgir a referência a um prazo de execução de 31 dias, pelo que o preço contratual foi de 153.074 euros.

    E foi a partir desse contrato de um mês (ou mês e meio) que começaram os sucessivos ajustes directos que, aparentemente, não têm um fim à vista. Sem contrato para manter a limpeza a partir de 1 de Janeiro de 2023, a direcção liderada por Eva Falcão celebrou nesse mesmo dia, mesmo se feriado, um ajuste directo com a Sá Limpa por dois meses com um preço contratual de 306.148 euros. E preparou novo concurso público para o período de Março a Dezembro de 2023, que foi lançado em 9 de Janeiro, com um preço base de 1,69 milhões de euros.

    E é aqui que começaram os verdadeiros problemas com decisões do IPO de Lisboa que deixam no ar muitas questões éticas e até legais. Com efeito, esse concurso de Janeiro de 2023, apurou o PÁGINA UM, foi ganho pela empresa Iberlim, que assim deveria substituir a Sá Limpa, mas esta segunda decidiu impugnar a decisão do IPO de Lisboa. E a instituição hospitalar, em vez de uma ‘solução salonómica’ – por exemplo, lançar uma consulta prévia ou um ajuste directo a uma terceira empresa – manteve a Sá Limpa em funções, passando a oferecer-lhe sucessivos ajustes directos mensais, usando o critério material do Códigos dos Contratos Públicos, mesmo se usando o falacioso argumento de “urgência imperiosa resultante de acontecimentos imprevisíveis”.

    E assim, com duração mensal e preço contratual variando entre os 159.111 e os 165.014 euros por contrato, a Sá Limpa foi ‘coleccionando’ ajustes directos ao longo de 2023: em 15 de Março, em 4 de Abril, em 11 de Maio, em 3 de Julho (dois contratos), em 8 de Agosto, em 24 de Agosto, em 27 de Setembro e em 30 de Outubro. Isto porque não houve resposta do Tribunal Administrativo. E mesmo que venha ainda já não vale a pena, porque entretanto o ano de 2023 terminou.

    Entretanto, começou nova saga, e uma provável repetição do sucedido em 2023, porque o IPO lançou novo anúncio de concurso público no passado mês de Outubro para aquisição de serviços de limpeza para o ano de 2024. Ora, estando a ainda em curso a análise deste novo concurso público, o IPO continuou a fazer ajustes directos com a Sá Limpa.

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    Em 25 de Janeiro foi celebrado mais um, com o preço de 182.653 euros – que nem sequer teve contrato escrito, alegadamente por causa da urgência (mas que indicia ter sido para ocultar pagamentos por serviços já executados sem suporte contratual), e o segundo ocorreu na semana passado, no dia 1. Pelo histórico nada garante que, havendo decisão desfavorável à Sá Limpa, a empresa repita a estratégia: impugna nos tribunais, e continua a beneficiar de mais ajustes directos.

    O IPO de Lisboa defende que “a celebração de contratos decorrentes dos sucessivos procedimentos de ajuste direto sempre com a mesma empresa [Sá Limpa] sustentou-se em duas questões essenciais: esta era a empresa contratada em 2022 (prestadora do serviço ao IPO Lisboa no final desse ano) e a mudança de prestador na área em causa viria a implicar um elevado esforço logístico, com impacto no normal funcionamento dos serviços e sem ganhos económicos que, de alguma forma, o compensassem ou justificassem”.

    Este argumento, saliente-se, constitui uma autêntica ‘carta branca’ para estratégias ardilosas que, aparentemente, pululam neste sector das limpezas. Conforme o PÁGINA UM tem destacado por várias vezes, a par com os serviços de alimentação e de segurança, no sector das limpezas a prevalências de ajuste directo é elevadíssimo, com empresas a conseguir acumular contratos de ‘mão beijada’ uns atrás dos outros com a maior das facilidades… e impunidades.


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  • Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 8 de Fevereiro

    Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 8 de Fevereiro


    Ontem, dia 8 de Fevereiro, no Portal Base foram divulgados 909 contratos públicos, com preços entre os 0,13 euros – para fornecimento de energia em regime de mercado livre, pela União das Freguesias de Águeda e Borralha, ao abrigo de acordo-quadro – e os 19.549.998,24 euros – para prestação de serviços de recolha de resíduos urbanos e de limpeza urbana, pelo Município de Santo Tirso, através de concurso público.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 23 contratos, dos quais nove por concurso público, seis ao abrigo de acordo-quadro e oito por ajuste directo.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados 36 contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: três do Centro Hospitalar de São João (um com a Vertex Pharmaceuticals, no valor de 6.515.640,99 euros, outro com a Novo Nordisk Portugal, no valor de 762.792,00 euros, e outro com a CSL Behring, no valor de 554.948,16 euros); dois do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (um com a Novartis Farma – Produtos Farmacêuticos, no valor de 1.857.400,00 euros, e outro com a Werfen Portugal, no valor de 569.290,05 euros); 16 da Unidade Local de Saúde de Braga (um com a Pfizer, no valor de 972.056,25 euros, outro com a Alexion Pharma Spain, no valor de 713.668,12 euros, outro com a Lilly Portugal – Produtos Farmacêuticos, no valor de 527.574,57 euros, dois com Janssen Cilag, um no valor de 439.598,44 euros, e outro no valor de 208.309,50 euros, outro com a Fresenius Kabi Pharma, no valor de 421.050,00 euros, outro com a Pharmakern Portugal, no valor de 292.000,00 euros, outro com a Abbvie, Lda., no valor de 216.000,00 euros, outro com a Merck, S.A., no valor de 204.825,60 euros, outro com a GlaxoSmithKline, no valor de 159.637,97 euros, outro com a Biogen Portugal, no valor de 144.480,00 euros, outro com a Novo Nordisk Portugal, no valor de 144.468,00 euros, dois com a Takeda – Farmacêuticos, um no valor de 128.750,00 euros, e outro no valor de 115.875,00 euros, outro com a Merck Sharp and Dohme, no valor de 122.508,00 euros, e outro com a Novartis Farma, no valor de 119.233,20 euros); Município de Vila do Conde (com a Inetum España, S.A., no valor de 463.364,40 euros); Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (com a GS24 – Healthcare Solutions, no valor de 451.776,60 euros); Universidade Nova de Lisboa (com a Elsevier, BV, no valor de 383.440,10 euros); Município de Guimarães (com a Miguel Melo Arquitectura, Lda., no valor de 299.500,00 euros); Ordem dos Farmacêuticos (com a PLMJ – Sociedade de Advogados, RL, no valor de 214.999,00 euros); Cascais Próxima – Gestão de Mobilidade, Espaços Urbanos e Energias (com a Grupo 8 – Vigilância e Prevenção Electrónica, no valor de 202.781,44 euros); Município da Maia (com a Medidata.Net, S.A., no valor de 192.381,07 euros); Município de Chaves (com a Flaviamobil, Lda., no valor de 180.000,00 euros); Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal (com a Carl Zeiss Meditec Portugal, no valor de 172.800,00 euros); Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (com a Quilaban, S.A., no valor de 159.000,00 euros); Município de Aveiro (com a Interlimpe – Facility Services, no valor de 130.280,00 euros); INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (com a Interlimpe – Facility Services, no valor de 117.340,71 euros); Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (com a Siemens Healthcare, no valor de 114.000,00 euros); Município da Nazaré (com a Associação de Nadadores Salvadores da Nazaré, no valor de 111.954,15 euros); Instituto Politécnico de Castelo Branco (com a Digitalis – Distribuição e Gestão de Informática, no valor de 110.575,31 euros); e o Município de Torres Novas (com a Rodoviária do Tejo, no valor de 107.619,30 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no dia 8 de Fevereiro

    1 Prestação de serviços de recolha de resíduos urbanos e de limpeza urbana

    Adjudicante: Município de Santo Tirso

    Adjudicatário: SUMA – Serviços Urbanos e Meio Ambiente; Ecoambiente – Serviços e Meio Ambiente

    Preço contratual: 19.549.998,24 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    2Aquisição de serviços de operações e suporte, administração de sistemas e manutenção de aplicações

    Adjudicante: Banco de Portugal

    Adjudicatário: NOS – Comunicações

    Preço contratual: 13.500.000,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso limitado por prévia qualificação


    3Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Hospitalar São João

    Adjudicatário: Vertex Pharmaceuticals

    Preço contratual: 6.515.640,99 euros

    Tipo de procedimento: Ajuste directo


    4Contratação de formação de pilotagem em helicópteros

    Adjudicante: Estado Maior da Força Aérea

    Adjudicatário: World Aviation SL

    Preço contratual: 4.014.500,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    5Aquisição de energia eléctrica (2024-2025)

    Adjudicante: Município de Vila Real

    Adjudicatário: LUZBOA – Comercialização de Energia

    Preço contratual: 2.430.360,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no dia 8 de Fevereiro

    1 Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Hospitalar São João

    Adjudicatário: Vertex Pharmaceuticals

    Preço contratual: 6.515.640,99 euros


    2Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil

    Adjudicatário: Novartis Farma – Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 1.857.400,00 euros


    3Aquisição de diversos medicamentos

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde de Braga

    Adjudicatário: Pfizer

    Preço contratual: 972.056,25 euros


    4Aquisição de medicamento – várias dosagens

    Adjudicante: Centro Hospitalar de São João

    Adjudicatário: Novo Nordisk Portugal

    Preço contratual: 762.792,00 euros


    5Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde de Braga

    Adjudicatário: Alexion Pharma Spain

    Preço contratual: 713.668,12 euros


    MAP

  • Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 7 de Fevereiro

    Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 7 de Fevereiro


    Ontem, dia 7 de Fevereiro, no Portal Base foram divulgados 831 contratos públicos, com preços entre os 4,02 euros – para aquisição de medicamentos, pelo Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, ao abrigo de acordo-quadro – e os 8.047.418,19 euros – para reabilitação de bairro municipal em Sacavém (Lotes 1 a 40) – PRR, pelo Município de Loures, através de concurso público.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 20 contratos, dos quais nove por concurso público, sete ao abrigo de acordo-quadro e quatro por ajuste directo.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados 20 contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: CeNTI – Centro de Nanotecnologia e M. T. F. e I. (com a Dienes Apparatebau GmbH, no valor de 887.000,00 euros); Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia – Espinho (com a Roche – Sistemas de Diagnósticos, no valor de 742.630,47 euros); Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (com a Roche – Sistemas de Diagnósticos, no valor de 680.687,02 euros); dois da Unidade Local de Saúde de Santa Maria (um com a Werfen Portugal, no valor de 505.100,00 euros, e outro com a Beckman Coulter Portugal, no valor de 124.700,00 euros); dois do Estado Maior da Força Aérea (um com a OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, no valor de 310.500,00 euros, e outro com a Derco Aerospace Inc, no valor de 182.870,37 euros); dois do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (um com a TSH Amadora, no valor de 261.088,74 euros, e outro com a IMI – Imagens Médicas Integradas, no valor de 101.030,00 euros); Ministério da Defesa Nacional – Marinha (com a Lucena & Lucena, Lda, no valor de 245.686,04 euros); CMPEAE – Empresa de Águas e Energia do Município do Porto (com a ESRI Portugal, no valor de 224.695,00 euros); Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (com a Sá Limpa – Sociedade de Limpezas, no valor de 199.090,00 euros); três da Autoridade Tributária (todos com a BMC Software Distribuition, um no valor de 173.150,85 euros, outro no valor de 172.279,49 euros, e outro no valor de 134.323,03 euros); dois da Unidade Local de Saúde de Braga (um com a Janssen Cilag, no valor de 160.646,40 euros, e outro com a Takeda – Produtos Farmacêuticos, no valor de 115.875,00 euros); Instituto do Emprego e da Formação Profissional (com a AMBISIG – Ambiente e Sistemas de Informação Geográfica, no valor de 129.540,00 euros); Município da Amadora (com a Silhuetas Difusas – Unipessoal, no valor de 113.955,60 euros); e o Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (com a Terumo BCT Portugal, no valor de 105.932,52 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no dia 7 de Fevereiro

    1Reabilitação de bairro municipal em Sacavém (Lotes 1 a 40) – PRR

    Adjudicante: Município de Loures

    Adjudicatário: Wikibuild, S.A.

    Preço contratual: 8.047.418,19 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    2Prestação de serviços de alimentação

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo

    Adjudicatário: Eurest Portugal

    Preço contratual: 4.722.647,25 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    3Empreitada de renovação e ampliação de residência de estudantes em Portalegre, no âmbito do PRR

    Adjudicante: Instituto Politécnico de Portalegre

    Adjudicatário: Damião & Belo, Lda.

    Preço contratual: 3.831.766,58 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    4Aquisição de serviços de vigilância humana

    Adjudicante: Instituto Superior Técnico

    Adjudicatário: Ronsegur – Rondas e Segurança

    Preço contratual: 2.715.619,73 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    5Fornecimento de electricidade em regime de mercado livre para Portugal Continental

    Adjudicante: Laboratório Nacional de Engenharia Civil

    Adjudicatário: Iberdrola

    Preço contratual: 1.884.210,29 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no dia 7 de Fevereiro

    1 Aquisição de unidade de produção de base celulose, no âmbito do projecto BE@T – Bioeconomia para Têxtil e Vestuário (PRR)

    Adjudicante: CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes

    Adjudicatário: Dienes Apparatebau GmbH

    Preço contratual: 887.000,00 euros


    2Aquisição de reagentes e demais bens necessários para Corelab

    Adjudicante: Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia – Espinho

    Adjudicatário: Roche – Sistemas de Diagnósticos

    Preço contratual: 742.630,47 euros


    3Aquisição de reagentes para serviço de Patologia Clínica

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte

    Adjudicatário: Roche – Sistemas de Diagnósticos

    Preço contratual: 680.687,02 euros


    4Aquisição de reagentes de laboratório para Hematologia

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde de Santa Maria

    Adjudicatário: Werfen Portugal

    Preço contratual: 505.100,00 euros


    5Fornecimento do cumprimento da Time Compliance Technical Order (TCTO) em três aeronaves F-16

    Adjudicante: Estado Maior da Força Aérea

    Adjudicatário: OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal

    Preço contratual: 310.500,00 euros


    MAP

  • Governo na CGD: Contrato de arquitectura (de 940 mil euros) sob risco de ‘chumbo’ pelo Tribunal de Contas

    Governo na CGD: Contrato de arquitectura (de 940 mil euros) sob risco de ‘chumbo’ pelo Tribunal de Contas

    O Tribunal de Contas ainda está a avaliar a legalidade de dois ajustes directos integrados no plano de mudança dos Ministérios para o edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos (CGD), mas, pelos antecedentes, a probabilidade de ‘chumbo’ do contrato de arquitectura celebrado com o atelier de Diogo Lima Mayer é extremamente elevado. Num passado recente, mesmo quando foram apresentados nomes sonantes da arquitectura mundial, como Souto Moura e Siza Vieira, o Tribunal de Contas considerou ilegal e lesivo do interesse público a celebração de ajustes directos. Um (muito) previsível ‘chumbo’ deste ajuste directo de cerca de 940 mil euros acarretará um atraso no avanço das obras de reabilitação, uma vez que a intenção seria que Diogo Lima Mayer apresentasse, entre outros planos, um projecto de arquitectura de interiores para nove pisos.


    O Tribunal de Contas ainda não terminou a análise dos dois polémicos contratos por ajuste directo integrados no programa de remodelação da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para receber gabinetes ministeriais, mas a recusa de visto será a decisão mais provável, sobretudo no caso do projecto de arquitectura entregue de ‘mão beijada’, e com o valor de 760.885 euros (cerca de 940 mil euros com IVA), ao atelier de Diogo Lima Mayer, também proprietário da Coudelaria do Monte Velho. O outro contrato, como o PÁGINA UM revelou na sexta-feira passada, beneficiou a Siemens, escolhida sem concurso público para, por cerca de 1,2 milhões de euros (com IVA), renovar o sistema de climatização do sétimo piso, aquele que onde se prevê instalar os primeiros ministérios, já na próxima legislatura.

    O PÁGINA UM apurou que, ao contrário das informações que foram sendo transmitidas a partir de Novembro, o Tribunal de Contas não validou a totalidade das obras previstas para aproveitar parte do edifício sede da CGD, com um orçamento previsto de 40 milhões de euros. Na verdade, segundo fonte da instituição de controlo financeiro do Estado liderado por José Tavares, apenas foi concedido visto “em 9 de Novembro de 2023,  [a]o contrato relativo à reabilitação do sétimo piso [do edifício-sede da CGD], no valor de 2.922.883,20 euros”, estando “neste momento, […] em análise dois processos sobre o mesmo processo de transferência”, ou seja, o da Siemens e os da Intergaup.

    António Costa, primeiro-ministro de Portugal. A Presidência do Conselho de Ministros achou por bem ‘passar um atestado de incompetência’ aos gabinetes de arquitectura e às empresas de climatização.

    Mas se o visto para o contrato com visto em Novembro foi pacífico – tratou-se de uma empreitada ganha pela empresa Ecociaf, antecedido de anúncio público, tendo concorrido quatro empresas –, o mesmo não sucede com os contratos da Siemens e da Intergaup, onde o Governo, apesar da existência de concorrência, tanto na climatização de edifício como em projectos de arquitectura, decidiu-se pelo ajuste directo, ou seja, arredando eventuais interessados.

    Esta opção, sobretudo no caso do projecto de arquitectura entregue ao atelier de Diogo Lima Mayer, tem ‘condições’ para não conseguir um visto favorável por parte do Tribunal de Contas. Apesar de não adiantar quaisquer indicações sobre este caso em concreto, certo é que já houve pelo menos dois contratos de projectos de arquitectura ‘chumbados’ pelo Tribunal, mesmo quando os arquitectos escolhidos eram nomes sonantes.

    Em Abril de 2017, o Tribunal de Contas recusou o visto a um contrato celebrado pela autarquia de Matosinhos, considerando ilegal o ajuste directo para a elaboração do projecto de arquitectura do Núcleo Museológico Cais da Língua e das Migrações, que beneficiara o atelier do arquitecto Souto Moura valor de 412.992,00 euros, acrescido de IVA. O acórdão determinou que “a adjudicação por ajuste directo não era legalmente possível, impondo-se que o contrato tivesse sido precedido da realização de um concurso público ou limitado por prévia qualificação”.

    Segundo a interpretação dos juízes, “o ajuste directo só pode ser utilizado para contratações de valor inferior a 75 mil euros”, e que a alegação de se tratar de “domínio artístico” não colhe, por ser algo do “domínio da arquitectura”. O Tribunal de Contas concluiu que a adjudicação por ajuste direto só seria possível se antecidida da realização de um concurso público ou limitado por prévia qualificação, eventualmente na modalidade de concurso de concepção. Ou seja, teria de haver primeiro a escolha de uma ‘ideia’ ou ‘plano’ aberta a outros candidatos.

    O segundo caso de ‘chumbo’ atingiu também outro nome conceituado da arquitectura portuguesa. (CCP): Siza Vieira. Em 2019, a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim celebrou um contrato por ajuste directo com a empresa Álvaro Siza 1 – Arquitecto para a elaboração do projecto de arquitetura do Fórum Cultural Eça de Queirós. O preço contratual era de 550.000 euros, e o visto também foi recusado pelos mesmos motivos. O acórdão diz mesmo que “a intenção de adjudicação do projeto de arquitetura com natureza intuitus personae a arquiteto de elevado prestígio nacional e internacional não encontra fundamento legal, pois não são válidos os argumentos utilizados pelo Município para justificar que a elaboração do projeto de conceção apenas pode ser confiada àquele arquiteto”.

    E os juízes salientaram também que “a escolha de uma única entidade a convidar – para além do impacto direto na (restrição da) concorrência – produziu ainda um outro efeito na fixação do preço base do procedimento, uma vez que este foi determinado tout court pelo único concorrente convidado, o que é censurável por representar a total ausência de espírito crítico por parte da entidade adjudicante”. Ou seja, o preço foi determinado pelo arquitecto e não regido pelo interesse público.

    No caso do contrato com o atelier de Diogo Lima Mayer, a Presidência do Conselho de Ministros, embora invocando critérios materiais similares, não invocou a via artística – até por se tratar sobretudo de projecto de arquitectura de interiores –, mas seguiu uma outra via ainda mais temerária: considera que não existe concorrência “por motivos técnicos”, embora não haja qualquer análise ou documento que prove tal, até por ser uma intervenção acessível à generalidade dos ateliers.

    No contrato com o atelier de Lima Mayer que consta no Portal Base, celebrado em 21 de Dezembro do ano passado, com um prazo de execução de três anos, o Governo é extremamente omisso, como geralmente sucede, na definição em concreto do objecto, remetendo para um caderno de encargos, que não se encontra naquela plataforma da contratação públicas.

    O PÁGINA UM pediu, contudo, esse caderno de encargos à Presidência do Conselho de Ministros que acabou por enviar alguns elementos, mas não todos, alegando necessidade de “expurgo dos dados pessoais” e retirar “alguns aspectos relacionados com as especificações técnicas que possa, de alguma forma pôr em causa alguns requisitos de segurança”.

    Mas mesmo perante a falta de alguns elementos essenciais, nada no caderno de encargos e sobretudo na memória descritiva e justificativa, parece, passe o pleonasmo, justificar a escolha da Intergraup através de um contrato de mão-beijada, afastando a concorrência – que haveria se fosse lançado um concurso público.

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    De facto, em causa estão apenas intervenções, sem elevada complexidade ou necessidade de ‘criação artística’ ao nível de design de interiores, incluindo instalações sanitárias, reparação de tectos, execução de paredes divisórias para salas de trabalho e de videochamada, reformulações na circulação, e definição de gabinetes em nove pisos, um dos quais, o oitavo, com 197 postos de trabalho e 25 gabinetes afectos ao Primeiro-Ministro. Contabilizado, para já, está a integração de mais de 4400 trabalhadores ligados ao Governo e Administração Pública.

    Na listagem das tarefas a executar pelo gabinete de arquitectura encontra-se também a elaboração de um plano de manutenção e intervenção em fachadas e coberturas, a mudança da identidade exterior do edifício após a saída da CGD e um projecto de reformulação dos espaços exteriores e das áreas desportivas. Nada que centenas de gabinetes de arquitectura não podem almejar conseguir apresentar, mas que não será já possível porque a Presidência do Conselho de Ministro garante que o arquitecto dono da Coudelaria do Monte Velho é o único capaz, não existindo concorrência por motivos técnicos. Aliás, a somar a isto não fica absolutamente nada claro como foi definido o preço do contrato.


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