Etiqueta: Manuscrito

  • O segredo por detrás de uma vida equilibrada

    O segredo por detrás de uma vida equilibrada

    Título

    Como ter tempo para tudo

    Autora

    SOFIA PEREIRA 

    Editora

    Manuscrito (Fevereiro de 2023)

    Cotação

    19/20

    Recensão

    Ajudar o leitor a equilibrar a vida pessoal, familiar e profissional é o que propõe este livro de Sofia Pereira, especialista em gestão consciente do tempo.

    Curiosamente, uma das propostas é que, se ainda não o faz, deve começar a tirar tempo para si, todos os dias!

    O livro conta com perguntas, em cada capítulo, que ajudam o leitor a observar o seu dia-a-dia e a verificar para onde ‘voa’ o seu tempo, diariamente. Um exemplo de questão no domínio do propósito de vida é: “o que o motiva a levantar-se todos os dias da cama e viver mais um dia?”

    A autora também propõe, por exemplo, uma análise às conquistas pessoais, aos talentos e aptidões (e como estão a ser ‘monetizadas’ em termos de valorização pessoal e profissional). Como não podia deixar de ser, uma das ferramentas propostas pela autora é dizer “não”, mas de forma “gentil e firme”. A especialista também apresenta múltiplas estratégias práticas e específicas, designadamente para “não deslizar em interrupções”, incluindo na gestão de correio electrónico, por exemplo.

    Na obra, há ainda espaço para saber como lidar com os “sabotadores internos” e os intrusivos “pensamentos excessivos”, além do grande papão que é a “procrastinação”. O leitor também encontra exercícios para se pôr à prova e integrar melhor as ferramentas propostas pela autora. Um dos capítulos, “o sexto passo” numa mudança na gestão de tempo, propõe um planeamento consciente, com a sugestão de “práticas conscientes a manter”.

    No fundo, um resumo da obra poderia ser o de sugerir a implementação de uma estratégia para desligar o ‘piloto automático’ que tem conduzido o leitor por uma vida em que o tempo é um bem escasso e não chega para tudo, uma vida assoberbada de tarefas e desgastante. Mas, para desligar esse ‘piloto automático, é preciso estar atento à condução e saber para onde vai. Este livro pode servir de guia para definir (e avançar por) esse novo rumo em direcção a um dia-a-dia mais organizado e a uma vida mais tranquila e feliz.  

  • O fascínio pelas ruínas

    O fascínio pelas ruínas

    título

    Edifícios abandonados em Portugal

    autor

    RICARDO RAIMUNDO

    Editora (Edição)

    Manuscrito (novembro de 2022)

    Cotação

    16/20

    Recensão

    Na última década, Ricardo Raimundo, agora com 41 anos, tem-se dedicado a divulgar, através da escrita de livros, vários e interessantes episódios da nossa vasta História. Começou em 2011, com Vidas surpreendentes, mortes insólitas na História de Portugal , continuous dois anos mais tarde com Escandalos da monarquia portuguesa e em 2014 com Os maus na História de Portugal , todos editados pela Esfera do Livro.

    A partir de 2016 mudou de editora, para a Manuscrito, mas não de temáticas, sempre focadas em episódios mais ou menos conhecidos, todos rocambolescos, da nossa historiografia. Em fevereiro passado tinha publicado, na Manuscrito, a sua quarta obra nesta editora: Enigmas e mistérios da História de Portugal.

    Agora, com Edifícios abandonados em Portugal , Ricardo Raimundo – que tem uma licenciatura em Filosofia e um mestrado em História Moderna – inflete de tema, mas não completamente. Na verdade, como confessa na introdução, neste novo livro dá asas ao seu fascínio sobre edifícios em ruínas ou abandonados, que lhe nasceu desde a infância, quando viajava com os pais e avós até Trás-os-Montes. Não por acaso, um dos 15 edifícios retratados – dir-se-ia esventrados no sentido de revelado – é o Solar dos Pimentéis, um palacete do século XVIII da aldeia de Castelo Branco, no concelho de Mogadouro, que tem a particularidade de possuir 365 portas e janelas.

    O tema dos edifícios abandonados tem sido registrado – nem sempre com bons propósitos (eg, vandalismo) – um crescente interesse e curiosidade, por mor da aventura, mas esta obra de Ricardo Raimundo não tem, como propósito, mostrar através de imagens e fotografias aquilo que o tempo, esse grande destruidor, e a ação humana, ainda maior do que aquele, causaram em espaços outra de riqueza e esplendor.

    De facto, embora todos os 15 edifícios tenham uma fotografia actual, a intenção de Ricardo Raimundo foi tão-só (e é muito bom nisso) contar a história, com todos os pormenores, da origem e evolução de cada um dos edifícios, e seus protagonistas, bem como as causas que levaram ao seu abandono e decadência, que, em muitos casos ainda se mantém, ou que levaram mesmo até à quase ruína.

    Num estilo descomprometido, quase jornalístico, mas com rigor, apresentando uma quantidade colossal de detalhes interessantíssimos, temos aqui um livro de leitura bastante atractiva, sem sofrer de qualquer mácula de escrita hermética, como muitas vezes sucede em livros de divulgação escritos por especialistas em História . No entanto, a atender à longa lista bibliográfica – não apenas histórica, mas também da imprensa, para abordar o passado mais recente dos edifícios –, nota-se que Ricardo Raimundo fez um meticuloso trabalho de investigação.

    Retratando, como se disse, 15 edifícios (e não apenas de habitação), também equilibrados se encontram a sua distribuição geográfica: Lisboa (dois, o Palácio da Quinta das Águias e o Pavilhão Carlos Lopes), Mogadouro, Caldas da Rainha, Carregal do Sal , serra da Arrábida, Porto, Coina, Braga, Caramulo, Sabugal, Vila Franca de Xira, Ponta Delgada, Almada e Sintra.

    Lendo um “edifício” por dia – tarefa exequível, por enquanto cada capítulo tem entre uma dezena e duas dezenas de páginas – ficará a saber o bem que lhe fará um pouco de História e curiosidades, sobretudo quando se cruzar, um destes dias, com algum deles.

    Em todo o caso, resta uma sensação de incompletude: este tema mereceria uma edição mais completa, com maior número de edifícios e uma apurada “cobertura” fotográfica (e iconográfica, se possível) para se chegar à perfeição. Assim, sabe apenas a aperitivo, mas dos excelentes.

  • Um manual de influência e persuasão

    Um manual de influência e persuasão

    Título

    Aprenda a influenciar pessoas

    Autor

    JOÃO FERNANDO MARTINS

    Editora (Edição)

    Manuscrito (Maio de 2022)

    Editora (Edição)

    14/20

    Recensão

    Psicólogo de formação, com licenciatura no ISMAI, em 2008, e especialista em Análise Comportamental, João Fernando Martins tem dedicado a sua vida ao estudo – continua a sua formação como doutorando na Universidade de Santiago de Compostela, depois do mestrado em Medicina Legal no Instituto Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS).

    Não é estranho, portanto, que a sua vontade em escrever e partilhar a sua experiência como psicólogo e como formador e especialista (implicando actualização e estudo constantes) tenha vindo à tona aquando dos confinamentos resultantes da situação pandémica provocada pela covid-19.

    Não foi o único a aproveitar esse recolhimento, conforme outros livros aqui comentados, como este e este. É possível que muitos outros estejam prestes a surgir.

    Quanto ao livro agora publicado pela Manuscrito, Aprenda a influenciar pessoas, está enquadrado nas prateleiras de auto-ajuda em diversas livrarias, sendo, com efeito, mais um manual com ferramentas e estratégias para melhor lidar com as pessoas.

    Os contextos são diversos, como variadas são as dimensões em que nos movemos no palco da vida, como diria Erving Goffman. O representante do interacionismo simbólico foi um dos primeiros estudiosos da interação social, comparando-a com papéis interpretados consoante o palco em que actuamos.

    Dizemos mais um manual, dado que este livro está na mesma linha de outro recentemente recenseado no PÁGINA UM – Aprenda a ser carismático –, ainda que tentando ser mais específico. Neste que tratamos, o autor dedica-se, sobretudo, às técnicas de persuasão, enquanto técnicas que podem ser aprendidas, como um papel que pode ser estudado por um actor.

    Para isso, contextualiza e esclarece o leitor quanto às dimensões implicadas na comunicação, designadamente, a sua componente fisiológica, psicológica, espácio-temporal, não verbal e verbal. A sua divisão tem a ver com a necessidade que temos em categorizar e classificar, para mais rapidamente apreendermos a realidade. O que, na verdade, está associado ao modo como impressionamos as pessoas num primeiro momento (ou somos impressionados). Razão pela qual este e outros livros têm tido algum sucesso. Numa sociedade tão preocupada com as aparências, o impacto da primeira impressão ganha cada vez mais importância.

    Por essa razão, este é um livro interessante para aqueles que têm curiosidade por temas como o modo como os gestos e posturas corporais podem auxiliar, ou, pelo contrário, dificultar ou mesmo impedir primeiros contactos frente-a-frente. Também pode ser bem acolhido pelas pessoas que querem aprender a influenciar, persuadindo o seu público-alvo a obter os seus produtos e/ou serviços.

    A redacção é simples e acessível (ainda que a revisão pudesse ser mais cuidada quanto à repetição de determinados termos), podendo, no entanto, ser mais sucinta em alguns momentos, nomeadamente em finais de capítulo, enunciando de forma mais sistematizada as “Ideias a reter”.