Etiqueta: Dossier P1 – Farmacêuticas & Sociedades

  • Remdesivirgate: um negócio de 20 milhões de euros e de lobbies associados à Ordem dos Médicos

    Remdesivirgate: um negócio de 20 milhões de euros e de lobbies associados à Ordem dos Médicos

    A Gilead conseguiu ver aprovadas compras avultadas de um seu fármaco contra a covid-19 que veio a ser desaconselhado pela Organização Mundial de Saúde. Em Portugal foram cerca de 20 milhões de euros gastos, e poderia ter sido ainda mais. Mas, ao contrário de outros medicamentos “malditos”, como a ivermectina, o remdesivir sempre contou com o apoio de muitos médicos bem colocados, quatro dos quais integram a equipa da DGS responsável pelas terapêuticas a aplicar nos hospitais. E dois são mesmo membros do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, escolhidos pelo bastonário Miguel Guimarães. Todos receberam dinheiro directo da Gilead, e por causa do remdesivir. Não foram os únicos. O PÁGINA UM revela um caso que deveria ser de “polícia”.


    A Gilead, através de um acordo com a Comissão von der Leyen, conseguiu vender, durante a pandemia, largas centenas de milhões de euros do fármaco remdesivir – um caro antiviral criado para o ébola –, mas que um poderoso lobby médico promoveu como remédio milagroso contra a covid-19, até que a Organização Mundial da Saúde (OMS) o desaconselhou em 20 de Novembro de 2020.

    A própria OMS destacou que esse medicamente, comercializado sob o nome Veklury, “não é recomendado para pacientes internados com covid-19, independentemente da gravidade da doença, pois actualmente não há evidências de que melhore a sobrevida ou que evite a ventilação artificial”. Além disso, surgiram fortes suspeitas de efeitos renais graves.

    Mas já era tarde para os cofres públicos portugueses. No mês anterior, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) fora mandatada pelo Governo de António Costa para comprar doses de Veklury num máximo de 35.376.645 euros, tendo o primeiro lote no valor de quase 19,5 milhões de euros sido comprado ainda em 2020. O primeiro contrato da DGS foi assim assinado em 23 de Outubro. Na Resolução de Conselho de Ministros, além de se referir o acordo feito pela Comissão Europeia, estava bem expresso uma justificação alegadamente terapêutica: o remdesivir estava “recomendado para os doentes internados com covid-19, de acordo com a Norma 004/2020” da DGS.

    Negócio de milhõs

    A decisão da OMS não era surpreendente, porque, na verdade, o remdesivir nunca antes mostrara resultados atractivos, excepto para determinados “especialistas” que, por exemplo, em Portugal sempre glorificaram o fármaco da Gilead. Quatro deles sempre estiveram incluídos na equipa de especialistas da DGS, que elaboraram a tal Norma 004/2020: Filipe Froes, Fernando Maltez, António Diniz e Maria João Brito. Todos receberam verbas da Gilead, e todos especificamente por causa do remdesivir.

    As evidentes ligações destes médicos à Gilead mostraram-se logo nos primeiros meses da pandemia, e envolveram já três deles: em 16 de Julho de 2020, participaram num webinar entre as 19:00 e as 20:00 horas intitulado “Avanços no tratamento antiviral da covid-19: remdesivir, o primeiro tratamento aprovado”.

    Com moderação de Filipe Froes – pneumologista do Hospital Pulido Valente, mas então apresentado como representante da Ordem dos Médicos para a Covid-19 –, contou com a participação de um médico espanhol (Alex Soriano) e de quatro médicos portugueses: Fernando Maltez (director do serviço de doenças infeciosas do Hospital Curry Cabral), Maria João Brito (coordenadora da unidade de infeciologia do Hospital Dona Estefânia), Tomás Fonseca (médico internista do Centro Hospitalar da Universidade do Porto) e Nuno Germano (responsável da unidade de cuidados intensivos no Hospital Curry Cabral).

    Apenas por esta participação, Filipe Froes (através da sua empresa Terra & Froes) recebeu 1.230 euros, enquanto Fernando Maltez e Maria João Brito arrecadaram, cada um, 775 euros. Nuno Germano (através da sua empresa Germano & Emílio – Serviços de Saúde) arrecadou 630 euros, um pouco mais do que Tomás Fonseca, que amealhou 560 euros.

    Filipe Froes, António Diniz e Francisco Antunes: três médicos (em conversa na Ordem dos Médicos) que receberam dinheiro da Gilead e que sempre elogiaram o remdesivir.

    Médico no Hospital Pulido Valente, o pneumologista Filipe Froes – que lidera também o Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19 – é um dos clínicos portugueses com maiores ligações à indústria farmacêutica. Tendo arrecadado mais de 380 mil euros deste sector desde 2013 – com destaque para a Pfizer (134,5 mil euros), Merck Sharp & Dohme (85,5 mil euros) e BIAL (47,3 mil euros) –, a Gilead não poderia deixar de estar no seu radar. Facturou 13.480 euros em 2020 e 2021 desta farmacêutica.

    Aliás, Froes aumentou assim o seu portefólio, porque antes da pandemia não tivera relações com essa empresa norte-americana. E fez de tudo para merecer as benesses da Gilead: em 2020 moderou dois webinares e integrou o grupo de consultores (advisory board) para o remdesivir; em 2021 foram mais quatro eventos.

    O piscar de olhos de Filipe Froes à Gilead começou mesmo antes do surgimento do SARS-CoV-2 em território nacional. Em 29 de Janeiro de 2020, já falava naquele fármaco como potencial tratamento da covid-19, em entrevista ao Público. Em Abril desse ano, em plena “primeira vaga”, reforçou a ideia, em entrevista à Rádio Renascença. E continuou, sempre que lhe davam espaço mediático e oportunidade, sempre falou bem do remdesivir, especificamente. Mesmo já depois da OMS ter desaconselhado o seu uso, como ficou patente em declarações ao site Medic News, em 24 de Março do ano passado, no âmbito de mais um webinar patrocinado pela Gilead.

    Quanto a António Diniz – que também se destacou como um dos membros do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19, escolhido pelo bastonário, o urologista Miguel Guimarães – consta na Plataforma da Transparência e Publicidade do Infarmed como tendo recebido, em duas tranches, 2.164,8 euros da Gilead especificamente como consultor (advisory board) para o remdesivir. Desde o início da pandemia, recebeu da Gilead 7.950,13 euros.

    Fernando Maltez, por sua vez – que também é consultor da DGS – viu na pandemia uma oportunidade de negócio. Através de webinares e consultorias, recebeu da Gilead, em 2020 e 2021, um total de 17.342 euros. Do sector farmacêutico recebeu, neste período, 56.952 euros.

    Especificamente sobre o remdesivir também foi convidado para consultor (advisory board) e integrou três webinares que debateram os alegados benefícios deste fármaco. Chegou mesmo a participar em dois programas do Rádio Observador para falar sobre a pandemia, supostamente como especialista independente, mas recebeu, para isso, 2.460 euros da própria Gilead.

    Um dos webinares sobre o remdesivir, patrocinado e pago pela Gilead, e apoiado pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna.

    As ligações de Maria João Brito à Gilead são mais ténues. Além da participação no webinar de Julho de 2020, pelo qual recebeu 774,90 euros, apenas teve outro apoio em 2021 desta farmacêutica no valor de 622 euros para um congresso de pediatria em Lisboa. Desde o início da pandemia recebeu 9.400,6 euros de nove farmacêuticas distintas.

    Mas existem mais ligações fortes de conceituados médicos com o remdesivir e a Gilead ao longo da pandemia. Um desses casos é do Francisco Antunes, professor jubilado da Faculdade de Medicina de Lisboa.

    Em 2 de Maio de 2020, afirmou à revista Sábado que este anti-viral era “muito credível”, acrescentando ainda que o facto de um estudo então revelado nos Estados Unidos “ter sido anunciado por Anthony Fauci, dá-lhe muita credibilidade”. No mês seguinte, por uma sessão de formação no âmbito deste medicamento, ganharia 1.390 euros, pagos pela Gilead. Passado menos de 30 dias, a mesma farmacêutica desembolsaria mais 2.004,90 euros para o compensar por uma formação interna dedicada ao… remdesivir.

    Apesar de reformado, Francisco Antunes desdobrou-se, ao longo dos dois anos de pandemia, em intervenções um pouco por todo o lado, sobre a covid-19 e os avanços científicos no seu tratamento. Foi também presença habitual na imprensa, sempre interessada em “especialistas”. Também interessada nele esteve a Gilead. Ao longo de 2021, a Gilead pagou-lhe 21.970 euros para serviços de consultoria para a criação de um website sobre a covid, o qual é tão útil público que somente se acede por password.

    white hallway with white light

    Note-se que Francisco Antunes era já cara conhecida da Gilead. Antes da pandemia fizera parte da comissão de avaliação de prémios de investigação promovidos por esta farmacêutica (programa Génese), e em 2019 recebera 4.022 euros em diversos eventos.

    Contudo, a partir de 2020 a sua conta bancária teve transferências de 27.726 euros proveniente da Gilead. Recebeu, já agora, no mesmo período, 21.999 euros da Merck Sharp & Dohme.

    Uma entidade ligada à Universidade de Lisboa – a Associação para Investigação e Desenvolvimento da Faculdade de Medicina (AIDFM) – também beneficiou bastante com a Gilead e especificamente com o remdesivir.

    Durante o ano de 2020, esta entidade recebeu desta farmacêutica 15.375 euros para um estudo intitulado “Análise do impacto de remdesivir na capacidade hospitalar do SNS” e mais 30.750 euros para o “Estudo de suporte do pedido de financiamento público de remdesivir no tratamento da covid-19”.

    Já em 2021, recebeu mais verbas para o “Estudo comparativo sobre a utilização de remdesivir” (9.225 euros) e “Actualização do dossier de valor terapêutico de remdesivir (Veklury) na indicação aprovada” (12.300 euros). Este ano, no Portal da Transparência e Publicidade do Infarmed constam ainda mais dois estudos pagos pela Gilead: “Análise descritiva da utilização de remdesivir” (9.225 euros) e uma actualização do valor terapêutico (mais 12.300 euros).

    Apesar de ser uma associação sem fins lucrativos criada por uma universidade pública, nenhum destes seis estudos – pelos quais recebeu um total de 89.175 euros – foi divulgado nem a direcção da AIDFM respondeu aos pedidos de informação do PÁGINA UM, que incluíam cópia dos relatórios efectuados, o mesmo tendo sucedido com a Gilead Portugal.

    A farmacêutica norte-americana foi também particularmente generosa com a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares – que já foi presidida pela ministra da Saúde Marta Temido –, a quem entregou, durante os dois anos da pandemia, apoios no valor de 95.442,5 euros. Uma outra entidade bastante beneficiada durante a pandemia foi a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, que obteve um inédito apoio de 76.260 euros no ano passado. Em 2020 foram 14.967 euros.

    Destaque-se, por fim, que o PÁGINA UM solicitou ao Infarmed o acesso à base de dados das reacções adversas (Portal RAM) para analisar os problemas detectados no uso terapêutico do remdesivir – até porque a compra do segundo lote previsto foi drasticamente reduzida, porque o fármaco deixou praticamente de ser usado -, mas esta entidade não respondeu. Aguarda-se o parecer da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA) sobre a queixa apresentada. A DGS também não respondeu a qualquer questão colocada pelo PÁGINA UM sobre esta matéria.

  • Um congresso à pala: saiba quais os pneumologistas que receberam das farmacêuticas, e quanto receberam

    Um congresso à pala: saiba quais os pneumologistas que receberam das farmacêuticas, e quanto receberam

    Nos congressos médicos não se discute apenas Ciência. Talvez se deva dizer que também se debate Ciência, porque, na verdade, esses eventos são sobretudo encontros de médicos onde se confirma a influência das farmacêuticas. O PÁGINA UM revela os números conhecidos do último Congresso Português de Pneumologia, e revela quem pagou e quem recebeu. E quanto. Basta conferir a lista no final. Por ordem alfabética. Não vai de A a Z, porque acaba em V, mas são quase quatro centenas de nomes. Há 677 pneumologistas em Portugal.


    562.381,60 euros. Este foi o pecúlio que a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) arrecadou da indústria farmacêutica apenas para a organização do seu recente congresso nacional, que se realizou entre 11 e 13 de Novembro do ano passado, num luxuoso hotel de cinco estrelas em Vilamoura.

    Cerca de dois terços (65,6%) deste pecúlio foi financiamento directo das farmacêuticas que desejaram expor o seu nome em uma das muitas iniciativas, cursos e outros eventos, onde a covid-19 foi “estrela”, embora não o tema único.

    Quase todos os eventos contaram com um patrocínio de uma farmacêutica, com excepção da esmagadora maioria dos debates sobre a pandemia, onde, talvez por pudor da organização, nenhuma das principais farmacêuticas com fármacos contra a covid-19 quis estar com o nome associado. Ficava mal para a imagem de independência, claro.

    Mas, contas feitas, houve farmacêuticas interessadas em apoiar a SPP: 13, apenas para o congresso, destacando-se a Boehringer Ingelheim (113.400 euros), seguindo-se a Pfizer (70.000 euros) e a BIAL (54.733 euros).

    A parte restante – num total de 193.413,20 euros –, gasta pelas farmacêuticas, e que acabou por entrar também nos cofres da SPP, foi para custear inscrições e a moderação de cerca de 400 participantes, quase todos pneumologistas.

    Como, segundo o Instituto Nacional de Estatística, estavam inscritos 677 pneumologistas em Portugal no ano de 2020, significa então, seguramente, que mais de metade dos médicos desta especialidade têm, em maior ou menor grau, ligações financeiras com farmacêuticas.

    E isto apenas analisando inscrições de um simples congresso, onde a “independência” se mede em querer ou não gastar umas dezenas ou centenas de euros das finanças pessoais.

    Com efeito, os pagamentos das inscrições neste congresso, em função dos eventos, situaram-se entre os 71 euros pagos pela Novartis para uma inscrição da pneumologista Andreza Lopes Machado e os 1.230 euros pagos pela BIAL à pneumologista Ana Sofia Oliveira, neste caso para lhe custear os incómodos de uma moderação.

    Aliás, no âmbito deste congresso, a BIAL também pagou 1.230 euros a Carlos Robalo Cordeiro, e a Sanofi pagou 1.159,89 euros a Filipe Froes. Estes dois pneumologistas, com históricas ligações à indústria farmacêutica, foram signatários da denúncia à Ordem dos Médicos do médico Jorge Amil Dias, presidente do Colégio de Pediatria daquela associação profissional, por delito de opinião.

    Só a Novartis – que não financiou directamente a SPP – gastou 48.294 euros no pagamento de 78 inscrições. A Boehringer Ingelheim gastou um pouco mais (49.678 euros) para desafogar as finanças de 104 profissionais da saúde, pagando-lhes as inscrições no congresso. Como também deu à SPP, de uma só assentada, 113.400 euros em patrocínios, os três “dias de festa” deste congresso resultou numa factura de 163.078 euros.

    A BIAL desembolsou também valores consideráveis, superiores a 20 mil euros, para pagar inscrições de 38 participantes, enquanto a Mylan teve de gastar pouco mais de 16 mil para deixar 50 pneumologistas satisfeitos. Note-se que houve casos de profissionais de saúde que, por se terem inscrito em mais do que um evento ou curso, recorreram a mais do que uma farmacêutica.

    Outras duas empresas deste sector – a Nippon Gases e a Gasoxmed – também pagaram inscrições acima dos 10 mil euros. A Pfizer ficou um pouco aquém: aos 70.000 euros entregues directamente à SPP, também descartou encargos a 27 pneumologistas e/ou outros profissionais de saúde, pagando-lhes inscrições.

    O PÁGINA UM não questionou especificamente a SPP para saber se houve algum participante que, enfim, tenha pago a inscrição do seu próprio bolso, mas questionou esta sociedade médica no âmbito desta investigação jornalística, pedindo-lhe igualmente informação financeira, e não obteve qualquer reacção.


    Lista completa de profissionais de saúde que receberam verbas de farmacêuticas para inscrição no XXXVII Congresso Português de Pneumologia (incluindo também apoios directos à SPP) – Fonte: Infarmed.

    Adriana Sofia Correia Dias (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Alcina Maria Vicente Tavares Barroso Vicente (Nippon Gases) – 415 euros
    Alessandra Alencastro Pinheiro (Mylan) – 250 euros
    Alexandra Margarida Félix Carvalho (Boehringer Ingelheim) – 645 euros
    Alexandra Maria Almeida Carreiro (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Amélia Simas Ribeiro (Pfizer) – 431 euros
    Ana Alves Dias da Silva (Novartis) – 939,03 euros
    Ana Catarina Costa Custodio (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    Ana Catarina Rodrigues da Costa (Gasoxmed) – 580 euros
    Ana Cristina Azenha da Silva Lucas (Mylan) – 250 euros
    Ana Cristina de Mendonça Galveia (Nippon Gases) – 375 euros
    Ana Cunha Fonseca (Boehringer Ingelheim) – 435 euros
    Ana Daniela Silva Ferreira (Nippon Gases) – 665 euros
    Ana Filipa Ascensão Alves Santos (Novartis) – 426 euros
    Ana Filipa Caldeira Damásio (Pfizer) – 403 euros
    Ana Filipa Torres Silva (Mylan) – 475 euros
    Ana Filipa Torres Silva (Mylan) – 480 euros
    Ana Inês Ferrão (Gasoxmed) – 580 euros
    Ana Isabel Batista Correia (Boehringer Ingelheim) – 467,5 euros
    Ana Isabel Carvalhal Roque Loureiro (BIAL) – 831,43 euros
    Ana Isabel Carvalho Coutinho Alves Silva (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Ana Isabel Correia Viseu (Pfizer) – 275 euros
    Ana Isabel Reis Santos (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Ana Josefina Alves Gomes (Boehringer Ingelheim) – 495 euros
    Ana Luísa Ramos Costa e Silva (Novartis) – 426 euros
    Ana Luísa Santos Fonseca (Tecnifar) – 275 euros
    Ana Mafalda Van Zeller M Basto Goncalves (Novartis) – 526 euros
    Ana Margarida Antunes Cruz (BIAL) – 521,43 euros
    Ana Margarida Correia Valente A. Matias (Boehringer Ingelheim) – 150 euros
    Ana Margarida Correia Valente Agostinho Matias (Novartis) – 426 euros
    Ana Margarida Da Silva Gomes de Sousa Pires (Pfizer) – 389 euros
    Ana Margarida Ferreira Campos (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Ana Margarida Mendes Carvalho (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    Ana Margarida Mestre (Mylan) – 475 euros
    Ana Patrícia Almeida Serra Fernandes (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Ana Paula Capitão Costa Silva (Pfizer) – 220 euros
    Ana Pedro Cunha Craveiro (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Ana Raquel Afonso Magalhaes Lopes (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    Ana Raquel Caldas Marcoa (Laboratório Medinfar) – 470 euros
    Ana Raquel Viana Silva (Novartis) – 275 euros
    Ana Rita Catarino Ferro (Gasoxmed ) – 765 euros
    Ana Rita Diegues Linhas (Laboratório Medinfar) – 200 euros
    Ana Rita Queiroz Rodrigues (Boehringer Ingelheim) – 585 euros
    Ana Rita Santos Fernandes (Boehringer Ingelheim) – 275 euros
    Ana Rita Sousa Osório (Gasoxmed ) – 865 euros
    Ana Sofia Alexandre Oliveira (BIAL) – 1230 euros
    Ana Sofia Maciel Campos Silva (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    Ana Sofia Martins Granadeiro (Novartis) – 326 euros
    Ana Sofia Moreira Pinto (Nippon Gases) – 535 euros
    Ana Sofia Silva Barroso (BIAL) – 596,43 euros
    Ana Teresa Silva Pereira Costa (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Ana Veronica Santos Cardoso (Laboratório Medinfar) – 200 euros
    Anatilde Pagaimo Trindade (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    André Filipe Morgadinho Fabiano (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    André Gouveia Santos (Mylan) – 375 euros
    Andrea Suzana Teixeira Lopes Machado (Novartis) – 71 euros
    Ângela Mafalda Mouco Martins (Nippon Gases) – 250 euros
    Ângela Maria Dias Cunha (Sanofi) – 740 euros
    Ângelo Costa Andrade (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    António Fernando Oliveira Meleiro (Novartis) – 520 euros
    António Filipe Tavares Junqueira M Serrano (Mylan) – 250 euros
    António Jaime Botelho Correia Sousa (BIAL) – 641,43 euros
    António José Santos Pinto Saraiva (Tecnifar) – 525 euros
    António José Simões Reis Martins Correia (Tecnifar) – 300 euros
    António Josué Martins Pinto (Novartis) – 700 euros
    António Manuel Fernandes Santos Costa (BIAL) – 220 euros
    António Manuel Gomes Miguel (Tecnifar) – 525 euros
    António Manuel Silva Duarte Araujo (BIAL) – 556,43 euros
    António Pedro Oliveira Ferreira Leite (Boehringer Ingelheim) – 467,5 euros
    António Pedro Sousa Fernandes (BIAL) – 629,7 euros
    Aurora Maria Caetano Lopes Bragança (Pfizer) – 481 euros
    Barbara Goncalves Rodrigues (Boehringer Ingelheim) – 515 euros
    Beatriz Martins (Novartis) – 150 euros
    Beatriz Santos Pacheco (Gasoxmed) – 495 euros
    Bebiana Conceição Fernandes Palheiros Conde (Novartis) – 800 euros
    Benedita Maria Amado Costa Neves Laranjeira (Mylan) – 325 euros
    Bernardo João Sousa Pinto (BIAL) – 391,43 euros
    Bruno Aguiar Mendes (Novartis) – 700 euros
    Bruno Gil Neto Gonçalves (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Carina Maria Rolo Silvestre (Pfizer) – 633 euros
    Carla Alves Costa Cardoso (Novartis) – 675 euros
    Carla Augusta Goncalves Rodrigues Damas (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Carla Cristina Sousa Nogueira (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Carla Marisa Fernandes Gomes (Boehringer Ingelheim) – 410 euros
    Carla Susana Maia Farinha Ribeiro (Novartis) – 700 euros
    Carlos Lopes Figueiredo (Novartis) – 700 euros
    Carlos Manuel Azevedo Alves (Nippon Gases) – 415 euros
    Carlos Miguel Gonçalves Fernandes (Mylan) – 250 euros
    Carlota José Freitas Olim (Mylan) – 250 euros
    Carolina Mariana da Silva Alves (Nippon Gases) – 555 euros
    Catarina Alexandra Bebiano Possacos (Nippon Gases) – 325 euros
    Catarina Alexandra Noga Salgueiro (Gasoxmed ) – 580 euros
    Catarina Carvalho Cordes Amaral Barata (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Catarina Costa Dias Sousa (Boehringer Ingelheim) – 515 euros
    Catarina Lacerda Couto Oliveira (Novartis) – 800 euros
    Catarina Maria Cruz Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Catarina Santos Marques (Novartis) – 325 euros
    Cátia Abreu Gonçalves (Mylan) – 250 euros
    Cátia Isabel da Silva Vieira (Grifols) – 375 euros
    Cátia Sofia Alves Pimentel (Novartis) – 500 euros
    Cecília Rodrigues Pardal (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Chantal Rodrigues Cortesao (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    Christine Silva Costa (Boehringer Ingelheim) – 150 euros
    Cláudia Catarina Ferreira Chaves Loureiro (Novartis) – 300 euros
    Cláudia Sabina Figueira Sousa (Boehringer Ingelheim) – 853,28 euros
    Cláudia Sofia Almeida Vicente (BIAL) – 341,43 euros
    Cláudia Sofia Raimundo Santos (Novartis) – 275 euros
    Cláudia Sófia Silva Martins (Pfizer) – 250 euros
    Cláudia Sófia Silva Martins (Pfizer) – 250 euros
    Cláudia Sofia Vaz Guerreiro (Novartis) – 645 euros
    Cláudia Vanessa Abreu Rocha (Mylan) – 250 euros
    Cláudia Vanessa Abreu Rocha (Mylan) – 250 euros
    Cristina Maria Sardinha Canhão Martinho (Nippon Gases) – 275 euros
    Cristina Maria Veiga Coxo (Mylan) – 375 euros
    Dália Nadina Cora (Mylan) – 475 euros
    Daniel Gonçalo Pereira Duarte (Pfizer) – 220 euros
    Daniel José Pires Coutinho (Mylan) – 220 euros
    Daniel Oliveira Reis (Nippon Gases) – 220 euros
    Daniel Pimenta Rocha (Boehringer Ingelheim) – 180 euros
    Daniel Pimenta Rocha (Nippon Gases) – 220 euros
    Daniela Costa Cardoso (Novartis) – 700 euros
    Daniela Costa Cardoso (Novartis) – 700 euros
    Daniela Maria Marques Costa Silva Alves (Janssen Cilag) – 325 euros
    Daniela Maria Sá Ferreira (Janssen Cilag) – 325 euros
    Daniela Sofia Madama Santos Silva (Merck Sharp & Dohme) – 481 euros
    David Noivo Gomes (Nippon Gases) – 635 euros
    David Tavares Teixeira Silva (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Diana Alexandra Goncalves Pimenta (Pfizer) – 581 euros
    Diana Organista Machado (Novartis) – 850 euros
    Diana Sofia Costa Moreira Amorim (Novartis) – 600 euros
    Diana Sofia Moreira Sousa (Boehringer Ingelheim) – 320 euros
    Dina Maria Nunes Matias (Novartis) – 675 euros
    Diogo Emanuel Silva Ferreira Madureira Baptista (Novartis) – 600 euros
    Diogo Lopes Alves (Boehringer Ingelheim) – 580 euros
    Diva Fátima Goncalves Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Djaline Santiago Cardoso Silva (Mylan) – 325 euros
    Duarte Ari Diogo Rocha (Gasoxmed ) – 630 euros
    Dyna Torrado Martinez (BIAL) – 596,43 euros
    Edgar Luís Frutuoso Vaz (BIAL) – 646,43 euros
    Eduarda Filipa Fernandes Martins (Mylan) – 250 euros
    Eduarda Salomé Soares Seixas (Novartis) – 775 euros
    Elin Marina Pinheiro Almeida (Pfizer) – 379 euros
    Elisabete Maria Brás Patrício (Grifols) – 375 euros
    Elsa Guerreiro Cunha Fragoso (Novartis) – 800 euros
    Esmeraldo Correia Silva Alfarroba (Boehringer Ingelheim) – 530 euros
    Eurico Alves Rodrigues Silva (BIAL) – 731,43 euros
    Fábio Nascimento Pereira (Nippon Gases) – 465 euros
    Fernanda Isabel Macedo Gamboa (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Fernanda Margarida Afonso De Sousa (Grifols) – 375 euros
    Fernanda Maria Pereira Nascimento (BIAL) – 681,43 euros
    Fernanda Paula Carvalho Santos (Janssen Cilag) – 220 euros
    Fernando Gregório Barbosa Calvário (Tecnifar) – 180 euros
    Fernando Luciano Prazeres Meneses (Boehringer Ingelheim) – 275 euros
    Fernando Pedro Ribeiro Pereira Da Silva (Nippon Gases) – 210 euros
    Filipa Lemos Aguiar (Mylan) – 325 euros
    Filipa Lemos Aguiar (Mylan) – 360 euros
    Filipa Ribeiro (Gasoxmed) – 530 euros
    Francisca Godinho de Oliveira (Novartis) – 775 euros
    Francisca Trigueiros Pincão N. Guimaraes (Boehringer Ingelheim) – 530 euros
    Francisco Cadarso Vazquez (Mylan) – 220 euros
    Francisco Manuel Gamito Ferreira Q. Guerreiro (Boehringer Ingelheim) – 530 euros
    Francisco Neri Gomes (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Francisco Ribeiro Viana Machado (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Gabriel Humberto Pulido Rueda (Mylan) – 325 euros
    Gabriela Sofia Cancela Fonseca F Santos (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Gisela Adriana Pereira Fontes (Gasoxmed ) – 580 euros
    Gloria Maria Costa Mendes Moura (Mylan) – 325 euros
    Gonçalo Carvalho Moura Portugal (BIAL) – 596,43 euros
    Guilherme Amaral Mendes (BIAL) – 646,43 euros
    Hedi Esteves Sequeira Liberato (Mylan) – 220 euros
    Helena Margarida Costa Guedes (Merck Sharp & Dohme) – 481 euros
    Helena Vasconcelos S. C. Ramos Guedes (Novartis) – 720 euros
    Henrique Cabrita Rodrigues (Novartis) – 700 euros
    Inês Antunes Cruz Goncalves Marcos (Tecnifar) – 325 euros
    Inês Da Silva Alves (Nippon Gases) – 525 euros
    Inês Domingos Neto (Pfizer) – 481 euros
    Inês Ferreira Duarte (Tecnifar) – 675 euros
    Inês Gomes Galiza (Mylan) – 325 euros
    Inês Maria Neves Soares Silva (Mylan) – 220 euros
    Inês Ribeiro (Gasoxmed ) – 495 euros
    Inês Silva Costa Castro Barreto (BIAL) – 596,43 euros
    Inês Silva Furtado (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Inês Teixeira Farinha (BIAL) – 681,43 euros
    Isabel Maria Costa Monteiro (BIAL) – 250 euros
    Isabel Ruivo Santos (BIAL) – 341,43 euros
    Ivone Jose Jardim Fernandes (BIAL) – 681,43 euros
    Ivone Maria Pascoal Pinheiro Silva (Novartis) – 275 euros
    Joana Carvalho (Pfizer) – 483 euros
    Joana Catarina Batista Canadas (Boehringer Ingelheim) – 515 euros
    Joana Catarina Fonseca Cirne (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Joana Catarina Neto Lourenço (Mylan) – 480 euros
    Joana Catarina Vale Lages (Tecnifar) – 575 euros
    Joana Correia (Novartis) – 800 euros
    Joana Filipa Reis Aguiar (Boehringer Ingelheim) – 505 euros
    Joana Isabel Grãos Lobo Pimentel (Nippon Gases) – 220 euros
    Joana Isabel Teixeira Sousa Leite (Mylan) – 325 euros
    Joana Raquel Macedo Pacheco (Boehringer Ingelheim) – 150 euros
    Joana Raquel Macedo Pacheco (Novartis) – 700 euros
    Joana Raquel Monteiro Ferra (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Joana Rita Seabra Patrício (Nippon Gases) – 555 euros
    Joana Rodrigues Barbosa (Novartis) – 700 euros
    Joana Rodrigues Ferreira De Melo (Nippon Gases) – 465 euros
    Joana Silva Arana Fonseca Ribeiro (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Joana Vieira Martins (Novartis) – 800 euros
    Joana Vieira Naia Silva (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    João António dos Santos Fernandes da Costa (Nippon Gases) – 415 euros
    João António Pires Bento (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    João Fernando Gomes Costa Cunha (BIAL) – 681,43 euros
    João Filipe Dias Cardoso (Novartis) – 800 euros
    João Galaz Tavares (Novartis) – 475 euros
    João Pedro Fernandes C. Oliveira Pereira (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    João Pedro Garcia Yglesias Oliveira (BIAL) – 596,43 euros
    João Pedro Neiva Machado (Novartis) – 600 euros
    João Ricardo Nunes Pires (Boehringer Ingelheim) – 580 euros
    Joaquim António Magalhães Castanheira Abreu (Novartis) – 325 euros
    Jorge Miguel Pires Gomes da Rosa (Gasoxmed ) – 865 euros
    José António Caiado Soares (BIAL) – 250 euros
    José António Romero Contreras (Nippon Gases) – 210 euros
    José Fernando Correia Cunha (Mylan) – 375 euros
    José Manuel Dias Pereira (Novartis) – 905,27 euros
    José Manuel Paulo da Silva (Sanofi) – 594 euros
    José Manuel Ramos Goncalves (BIAL) – 681,43 euros
    José Manuel Rodrigues Coelho (Mylan) – 325 euros
    José Manuel Rodrigues Coelho (Mylan) – 360 euros
    José Mota André (Tecnifar) – 475 euros
    José Pedro Felgar Pinto (Mylan) – 325 euros
    José Pedro Felgar Pinto (Mylan) – 180 euros
    Júlia Filipa Cunha Silva Gouveia (BIAL) – 831,43 euros
    Juliana Sofia Jesus Barata (Pfizer) – 379 euros
    Karl Jonathan Silva Cunha Granatin (Novartis) – 720 euros
    Kelly Goncalves Lopes (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Leila Amaro Cardoso (BIAL) – 250 euros
    Leonor Hora Lopes Meira (Novartis) – 275 euros
    Leonor Rocha Pinto Norton (Mylan) – 375 euros
    Letícia Pavão Balanco (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Lídia Sousa Gomes (Novartis) – 800 euros
    Lígia Fernandes (Novartis) – 950 euros
    Lilia Vanessa Maia Santos (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Liliana da Silva Gomes (Gasoxmed ) – 695 euros
    Lúcia Méndez Gonzalez (Nippon Gases) – 555 euros
    Luciana Pimenta Bento (Gasoxmed ) – 530 euros
    Luís Diogo Lazaro Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    Luís Diogo Lázaro Ferreira (Nippon Gases) – 220 euros
    Luís Filipe Crespo Goes Pinheiro (BIAL) – 646,43 euros
    Luís Filipe Oliveira Rodrigues (Pfizer) – 403 euros
    Luís Miguel Matos Carreto (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Manuel Filipe Sousa Fernandes (BIAL) – 596,43 euros
    Manuel Jorge Guerra Seada (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Manuel Luís Vasconcelos e Sousa Vasques Osório (Nippon Gases) – 755 euros
    Manuel Tiago Moreira Martins (Laboratório Medinfar) – 800 euros
    Marcia Rita Ferreira Araújo (Novartis) – 850 euros
    Margarida Inês Delgado Melo Cruz (Mylan) – 475 euros
    Margarida Inês Delgado Melo Cruz (Mylan) – 480 euros
    Margarida Isabel Geraldes Barreiros Costa Pereira (Nippon Gases) – 430 euros
    Margarida Isabel Marques Afonso (Novartis) – 590 euros
    Maria Adelina Azevedo Amorim Cordeiro (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Maria Antónia Glória Galego (Nippon Gases) – 210 euros
    Maria Aurora Lino Silva Neves (Novartis) – 1018,33 euros
    Maria Aurora Pinto Mendes (Nippon Gases) – 705 euros
    Maria Beatriz Dias Ferraz (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Maria Carmo Oliveira Cordeiro (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Maria Celeste Silva Alcobia (Mylan) – 250 euros
    Maria do Céu Vinha (Gasoxmed ) – 580 euros
    Maria Eduarda F. Vasconcelos Sequeira Pestana (BIAL) – 596,43 euros
    Maria Eduarda Milheiro Lacerda Tinoco (BIAL) – 511,43 euros
    Maria Emília Marques Alvares (Boehringer Ingelheim) – 580 euros
    Maria Fátima Lopes Teixeira (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Maria Fernanda Rocha Rodrigues (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Maria Ferreira Esteves Simoes Brandao (Novartis) – 800 euros
    Maria Gabriel Silva Goncalves Jacob (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Maria Graça Carmo Freitas Nunes Ferreira (Laboratório Medinfar) – 200 euros
    Maria Inês Luz Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 445 euros
    Maria Inês Oliveira Gomes Costa (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Maria Inês Sousa Moreira (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    Maria João Costeira (Novartis) – 600 euros
    Maria João Freitas Ferreira Araujo (Novartis) – 750 euros
    Maria João Mar Pereira Cunha (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Maria João Quitério Vieira Silva (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Maria Leopoldina Garez Gomes Turpin (Boehringer Ingelheim) – 665 euros
    Maria Lurdes Silva Ferreira (Pfizer) – 379 euros
    Maria Madalena Fernandes Emiliano (Novartis) – 700 euros
    Maria Marta Sampaio Nunes Duarte Silva (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Maria Victoria Blanco Gonzalez (Mylan) – 360 euros
    Maria Victoria Blanco Gonzalez (Mylan) – 325 euros
    Mariana Barreira Calheiros B. Cabral (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Mariana Cunha Macedo Conde (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    Mariana Lima e Castro Guimarães (Mylan) – 325 euros
    Mariana Maia e Silva (Grifols) – 325 euros
    Mariana Maia e Silvia (Nippon Gases) – 150 euros
    Mariana Monte Rocha Baltazar Coelho (Mylan) – 325 euros
    Mariana Ribeiro Marçal (BIAL) – 661,43 euros
    Mariana Santos Conceição (Pfizer) – 379 euros
    Mariana Serino Barbosa (Boehringer Ingelheim) – 515 euros
    Mariana Simões Saldanha Mendes (Nippon Gases) – 220 euros
    Marina Alexandra Pereira Bonnet (Novartis) – 720 euros
    Marina Gabriela Moreira Alves (Boehringer Ingelheim) – 150 euros
    Marina Gabriela Moreira Alves (Novartis) – 700 euros
    Mário Alexandre Oliveira Pinto (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Marisa Antunes Marques (Nippon Gases) – 535 euros
    Marisa Isabel Augusto Anciaes (Boehringer Ingelheim) – 445 euros
    Marta Sofia Nobre Pereira (Novartis) – 745 euros
    Marta Sousa Sá Marques (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Marta Susana Monteiro Drumond Freitas (Novartis) – 275 euros
    Miguel Filipe Guia (Novartis) – 575 euros
    Miguel Silveira (Novartis) – 325 euros
    Miguel Trigueiro Rocha Barbosa (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    Mónica Helena Correia Pereira (Nippon Gases) – 325 euros
    Nelson David Lameirão Serrano Marçal (Novartis) – 325 euros
    Nuno Filipe Machado Faria (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    Nuno Filipe Xavier Santos Pires (Novartis) – 675 euros
    Nuno Miguel Silva Fernandes (Boehringer Ingelheim) – 645 euros
    Nuno Miguel Sousa Macedo (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Patrícia Alexandra Alves Jesus (Nippon Gases) – 605 euros
    Patrícia Alexandra Vieira Dionisio (Novartis) – 565 euros
    Paula Celestina Reis Pinto (Gasoxmed) – 580 euros
    Paula Maria Lima Cunha Vasconcelos Marques (Boehringer Ingelheim) – 645 euros
    Paula Maria Silva Freilão Ramos Cravo (Novartis) – 520 euros
    Pedro Duarte Silva Fernandes (Pfizer) – 379 euros
    Pedro Filipe Andrade Gomes Silva (Nippon Gases) – 465 euros
    Pedro Filipe Ferreira Americano (Nippon Gases) – 220 euros
    Pedro Jorge Pereira Magalhães Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Pedro José Ramalho Rodrigues (Novartis) – 800 euros
    Pedro Miguel Cruz Mendes (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Pedro Miguel Nogueira Costa (Novartis) – 850 euros
    Pedro Ricardo Pereira Barros (Boehringer Ingelheim) – 150 euros
    Pedro Ricardo Pereira Barros (Grifols) – 325 euros
    Pedro Samuel Martinho Pereira (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Pedro Soares Branco Tavares Costa (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Rafael Noya Martinez (Mylan) – 325 euros
    Rafaela Sofia Biga Campanha (Novartis) – 550 euros
    Raquel Borrego (Gasoxmed ) – 815 euros
    Raquel Maria Reis Marques (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Raquel Matos Jesus Rosa (Boehringer Ingelheim) – 445 euros
    Ricardo Almeida Dias Mimoso Coelho (Novartis) – 500 euros
    Ricardo Belo Pereira Baguinho Quita (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Ricardo Bruno Santos Silva (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    Ricardo Filipe Ramos Sousa (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Ricardo Jorge Camara Crawford Nascimento (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Rita Agostinho Rodrigues N Carvalho (Mylan) – 325 euros
    Rita Luísa Santos Gerardo (Sanofi) – 735 euros
    Rita Susana Ferreira Lopes (Fresenius Kabi Pharma ) – 325 euros
    Robalo Cordeiro Lda. – Carlos Robalo Cordeiro (BIAL) – 1230 euros
    Rogério Paulo Pedreira Valente Matos (Pfizer) – 431 euros
    Rudi Mauro Pereira Fernandes (Boehringer Ingelheim) – 530 euros
    Rui Antonio Narciso Ribeiro Costa (Novartis) – 820 euros
    Rui Manuel Peixoto Costa (Merck Sharp & Dohme) – 187,98 euros
    Rui Miguel Mouro Santos Rolo (Tecnifar) – 275 euros
    Rute Alexandra Simões da Silva (Gasoxmed ) – 580 euros
    Samuel Tiago Fraga Salvador (Mylan) – 375 euros
    Sandra Afonso André (Tecnifar) – 475 euros
    Sandra Cristina Costa Figueiredo (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Sandra Maria Oliveira Saleiro Ferreira (BIAL) – 220 euros
    Sara Andreia Gois Morgado (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    Sara Catarina Pimenta Dias (Novartis) – 850 euros
    Sara Filipa Ramos Correia Alfarroba (BIAL) – 220 euros
    Sara Isabel Braga Machado (Novartis) – 950 euros
    Sara Maria Costa Martins (Pfizer) – 379 euros
    Sara Moreira Silva Trindade Salgado (Mylan) – 220 euros
    Sergey Mikhailovich Borisushkin (Mylan) – 325 euros
    Shanshan Zhang (Gasoxmed) – 495 euros
    Sílvia Rosário Piteira Natário Lorenço (Mylan) – 250 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 150 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 200 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 300 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 6000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 3575 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 975 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 7975 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 750 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 1100 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 5500 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 7500 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 20708 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Gilead) – 10000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Bristol-Myers Squibb) – 15000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Gasoxmed ) – 7500 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Laboratório Medinfar) – 6000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Laboratório Medinfar) – 6000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Pfizer) – 35000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Pfizer) – 35000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Teva Pharma) – 12000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (GlaxoSmithKline) – 25335,4 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Grifols) – 15000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Tecnifar) – 6000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Tecnimede) – 6000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (VitalAire) – 22000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Boehringer Ingelheim) – 113400 euros
    Sofia Pina Borges (Mylan) – 325 euros
    Sónia Isabel Silva Guerra (Pfizer) – 379 euros
    Soraia Alexandra Reis Santos (Boehringer Ingelheim) – 645 euros
    Susana Alves Ferreira (Nippon Gases) – 325 euros
    Susana Castro Luís Lopes Moreira (BIAL) – 511,43 euros
    Susete Marli Fonseca da Cruz (Novartis) – 325 euros
    Tânia Isabel Soares Duarte (Gasoxmed ) – 665 euros
    Tânia Sofia Morgado Fatal (Nippon Gases) – 525 euros
    Telma Chantal Almeida Sequeira (Boehringer Ingelheim) – 445 euros
    Telma Silva Lopes (Boehringer Ingelheim) – 360 euros
    Teresa Mafalda Ameixial Pequito (Nippon Gases) – 250 euros
    Teresa Maria Ferreira Almeida (Novartis) – 800 euros
    Teresa Martin Rioja (Novartis) – 575 euros
    Terras e Froes Lda. – Filipe Froes (Sanofi) – 1159,89 euros
    Tiago André Silva Santos (Boehringer Ingelheim) – 645 euros
    Tiago João Pais Maricoto (BIAL) – 596,43 euros
    Tiago Manuel Pombo Alfaro (Novartis) – 315 euros
    Tiago Matos Almeida Santos Gaspar (Mylan) – 325 euros
    Tiago Sá (Novartis) – 500 euros
    Vanda Sofia Barros Areias (Nippon Gases) – 485 euros
    Vanessa Maria Ferreira Santos (Boehringer Ingelheim) – 515 euros
    Vanessa Maria Ferreira Santos (Pfizer) – 220 euros
    Vanessa Maria Ferreira Santos (Pfizer) – 220 euros
    Vânia Caldeira (Novartis) – 800 euros
    Vânia Isabel Louro Fernandes (Novartis) – 700 euros
    Vânia Patrícia Martins Rocha (Pfizer) – 250 euros
    Vânia Patrícia Martins Rocha (Pfizer) – 250 euros
    Vânia Sofia De Jesus Almeida (Gasoxmed) – 580 euros
    Vera Cláudia Oliveira Clérigo (Boehringer Ingelheim) – 445 euros
    Vera Maria Santos Baptista Martins (BIAL) – 511,43 euros
    Viktoriia Vinagre (Mylan) – 250 euros
    Vítor Fonseca (Pfizer) – 379 euros
    Vítor Miguel Nóbrega Teixeira De Jesus (Laboratório Medinfar) – 318,25 euros
    Vitória Joana Sousa Silva (Gasoxmed) – 630 euros

  • Farmacêuticas da covid-19 e gripe enchem cofres da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

    Farmacêuticas da covid-19 e gripe enchem cofres da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

    Desde o início da pandemia, e especialmente no ano passado, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia não teve mãos a medir para receber dinheiro das farmacêuticas. Em 2021, ganhou, de forma directa, tanto como era normal em dois anos. E, no último biénio, os apoios da Pfizer cresceram 3.016% em comparação com o período homólogo anterior.


    Em tempos de pandemia, desde o ano de 2020, a indústria farmacêutica reforçou os apoios financeiros à Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), sendo perfeitamente identificáveis as empresas com interesses directos em fármacos associados à covid-19 ou à gripe.

    De acordo com a análise do PÁGINA UM aos financiamentos da indústria farmacêutica no último quinquénio, através do Portal da Transparência e Publicidade do Infarmed, os apoios da Pfizer – fabricante de vacinas contra a covid-19 e do antiviral Paxlovid – cresceram 3.106% nos dois últimos anos (2020-2021) face ao período 2018-2019.

    Antes da pandemia, a farmacêutica norte-americana até tinha interesses na área da pneumologia – vendendo, por exemplo, a vacina pneumocócica – e apoiava as actividades da SPP, mas com verbas pequenas. Em 2017 concedeu 18.300 euros, no ano seguinte 6.000 euros, e em 2019 apenas 6.250 euros. Em 2020 ainda não se vislumbrou apoios de relevo, com o apoio a situar-se nos 12.000 euros.

    Porém, no ano passado, a Pfizer fez um “esforço” nunca visto: 369.650 euros, sobretudo para pagar uma inédita campanha de sensibilização para a vacinação, mas não da covid-19; foi para a vacina pneumocócica, o que não deixa de ser estranho porque essa vacina em concreto é apenas recomendada para idosos e grupos de risco.

    No entanto, também para o Congresso Nacional de Pneumologia, a Pfizer abriu os cordões à bolsa, dando um inédito apoio de 35.000 euros. Acresce a este montante, o pagamento de inscrições de 38 profissionais de saúde para este congresso que se realizou em Novembro passado, no valor de 14.820 euros, que acabaram nos cofres da SPP.

    A portuguesa BIAL também reforçou bastante os apoios no último biénio à SPP. Embora não tenha qualquer fármaco associado directamente à covid-19, esta farmacêutica possui diversos medicamentos para doenças respiratórias, entre os quais o Clavamox, um antibiótico com aplicação para as bronquites e pneumonias, muito frequentes em estados subsequentes à infecção viral pelo SARS-CoV-2.

    Se no triénio 2017-2019 os valores anuais da BIAL entregues à SPP se situaram entre os 13.530 e os 84.300 euros, nos últimos dois anos chegaram aos seis dígitos: 119.160 euros em 2020, e 166.751 euros, no ano passado. Além de apoios financeiros em congressos e outros eventos, a BIAL financiou webinares, tendo mesmo prometido em Março de 2020 criar “um fundo, com uma dotação de meio milhão de euros para as apoiar as diversas iniciativas da comunidade no âmbito do combate à pandemia covid-19”. A empresa portuguesa é agora a terceira mais generosa para a SPP no último quinquénio.

    Quem também foi bastante generosa com a SPP foi a Sanofi. Apesar do “desaparecimento” da gripe, a Sanofi viu subir o seu negócio de venda das vacinas anti-gripais em Portugal, beneficiando de recomendações, por exemplo, do presidente da SPP, António Morais, e do pneumologista Filipe Froes.

    Apoios do sector farmacêutico (em euros) à Sociedade Portuguesa de Pneumologia entre 2017 e 2021. Fonte: Infarmed.

    António Morais chegou mesmo a dizer ao Observador que a vacina da gripe “estimulava a resposta imunitária geral”, sugerindo que até poderia trazer benefícios em caso de infecção pelo SARS-CoV-2. Froes ainda foi mais taxativo: por exemplo, em Junho do ano passado, este conhecido pneumologista com ligações fortes às farmacêuticas, defendia que “a reserva das vacinas da gripe tem que ser feita [em Portugal] com a máxima antecedência de maneira a garantir um número de vacinas que, cada vez mais, é escasso perante as solicitações dos outros países”: Resultado: a DGS comprou mais vacinas contra a gripe.

    A Sanofi, que já aumentara substancialmente os apoios à SPP em 2020 (com um total de 58.889 euros) face aos anos anteriores à pandemia, ainda abriu mais a carteira no ano passado: 153.585 euros.

    A AstraZeneca também mostrou maior interesse em apoiar ainda mais a SPP, sobretudo durante o ano de 2020, quando então estava tão bem colocada como a Pfizer para a venda de vacinas contra a covid-19. No primeiro ano da pandemia concedeu apoios na ordem dos 108.900 euros, valor que desceu para os 50.750 euros em 2021.

    girl swims on swimming pool

    Note-se, contudo, que alguns importantes eventos da SPP financiados pelas farmacêuticas acabam remetidos para o ano seguinte nos registos da Plataforma da Transparência e Publicidade do Infarmed, como sucede com grande parte dos apoios dos congressos de pneumologia que, por regra, se realizam em meados de Novembro.

    Curiosamente, a Gilead – que beneficiou de um contrato de 20 milhões de euros para a venda do antiviral remdesivir, e que teve Filipe Froes como consultor – não despendeu muito dinheiro com a SPP: apenas 17.500 euros nos últimos dois anos. Contudo, antes dessa data não lhe tinha concedido qualquer verba.

    Outras empresas não directamente relacionadas com a covid-19 acabaram também por fazer fluir mais dinheiro do que o habitual para a SPP, entre as quais a Boehringer Ingelheim.

    Com fortes interesses na venda de fármacos para tratamento de fibrose pulmonar e doença pulmonar obstrutiva crónica, esta farmacêutica alemã ainda é aquela que concedeu maiores apoios à SPP no último quinquénio (524.668 euros), mas ficou apenas em terceiro lugar no último biénio (269.600 euros), atrás da Pfizer e BIAL.

    A Novartis – que foi a segunda farmacêutica com mais dinheiro entregue à SPP durante o último quinquénio – “desinvestiu”, tendo reduzido os apoios na ordem dos 25% no último biénio em comparação com o anterior. O mesmo sucedeu com a GlaxoSmithKline, a A. Menarini e a Roche, que também diminuíram os seus apoios, em alguns casos de forma significativa, o que também é demonstrativo do mecanismo de financiamento das sociedades médicas. Ou seja, o sector farmacêutico dá agora mais ou menos em função das suas receitas e/ou dos benefícios potenciais no presente e no futuro.

    Refira-se que o PÁGINA UM contactou todas estas farmacêuticas e a SPP durante a preparação desta investigação jornalística, mas nenhuma concedeu informações nem respondeu às questões colocadas.

  • Sociedades médicas: as máquinas ligadas às farmacêuticas

    Sociedades médicas: as máquinas ligadas às farmacêuticas

    O PÁGINA UM vai fazer um diagnóstico completo aos financiamentos declarados entre farmacêuticas e sociedades médicas, vasculhando na base de dados da Transparência e da Publicidade do Infarmed, uma plataforma que deveria ser de fácil leitura e consulta, mas que tem as suas nuances. Este é o primeiro de um conjunto de artigos que mergulhará a fundo nas promíscuas relações entre médicos e farmacêuticas. Para já, fique a saber de quanto se está a falar quando se fala de dinheiro envolvido.


    São 49 milhões euros nos últimos cinco anos. Foram quase 12 milhões de euros no ano passado. Não há nem nunca houve crise para as principais agremiações de médicos e de outros profissionais de saúde, que dão pelo título de “sociedade portuguesa” de uma qualquer especialidade.

    Embora publicamente as suas opiniões, particularmente dos seus dirigentes sejam sempre vistas como independentes, na verdade as sociedades científicas de médicos e outros profissionais de saúde têm um cordão umbilical que se encontra bem preso, e que as alimenta, e que se chama indústria farmacêutica. E que tem depois retorno. Ninguém está interessado em o cortar. Até porque não há almoços de borla neste apetecível negócio. E há muitos que gostam. Menos a independência. E a deontologia.

    Um levantamento exaustivo do PÁGINA UM à Plataforma da Transparência e Publicidade do Infarmed – uma “operação” mais complexa do que seria admissível (ver texto em baixo) – identificou 94 sociedades científicas (e um pequeno montante não identificado) – congregando quase todas as especialidades médicas e de outras áreas da saúde – que receberam montantes de 135 empresas do sector farmacêutico.

    Para os últimos cinco anos, o PÁGINA UM identificou 5.745 eventos patrocinados pela indústria farmacêutica às sociedades identificadas, sobretudo para a realização de congressos, pagamento de quotas e despesas de funcionamento ou realização de campanhas de sensibilização e estudos.

    Há de tudo um pouco, embora este levantamento até exclua, porque será abordado em artigo independente, os pagamentos individuais das farmacêuticas a milhares e milhares de médicos para inscrições em congressos e conferências organizados pelas sociedades. Esse dinheiro acaba, obviamente, nos cofres das sociedades.

    Se o número de eventos impressiona pela quantidade – por exemplo, só no ano passado, o PÁGINA UM identificou 1.345 registos na base de dados do Infarmed envolvendo pagamentos de farmacêuticas às sociedades, o que representa mais de cinco por dia útil –, quando então se olha para os cifrões não restam dúvidas sobre a discreta, mas tenaz influência das farmacêuticas junto da classe médica e de outros profissionais de saúde.

    E também não ficam dúvidas sobre o carácter pouco filantropo deste sector: as farmacêuticas são pragmáticas e apostam apenas nas sociedades que as podem depois beneficiar. O jogo é simples e transparente, diga-se.

    shallow focus photography of prescription bottle with capsules

    Com efeito, analisando com detalhe a contabilidade anual das diversas sociedades – que excluem, assim, algumas poderosas agremiações, como a Associação Portuguesa de Urologia, a especialidade do actual bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães – verifica-se que as farmacêuticas olham para uns como filhos, e para outros como mendigos.

    Comecemos pelos mendigos.

    São 45 as sociedades que, no total do último quinquénio, receberam menos de 10 mil euros por ano. Seis nem sequer aos mil euros anuais chegaram. E não é por não precisarem.

    Ninguém jamais duvidará da importância do objecto social da Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Familiar, ou da Sociedade Portuguesa de Neurociências, ou da Sociedade Portuguesa de Alcoologia ou até da Sociedade Portuguesa de Virologia, ademais vendo os tempos que correm.

    Só que, para a indústria farmacêutica, estas e outras sociedades têm um problema: as respectivas especialidades receitam pouco, ou em pequena quantidade. Não dão retorno. Por isso, uma empresa como a Pfizer faz um acto de “caridade” à Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Familiar quando lhe concede 450 euros para um congresso, mas já estará a tratar de negócios quando entrega quase 370 mil euros num ano destinada a uma campanha de sensibilização da vacinação pneumocócica à Sociedade Portuguesa de Pneumologia, como fez no ano passado.

    Na verdade, algumas sociedades médicas têm tanta capacidade para atrair farmacêuticas como a luz as melgas. Muitas sociedades sabem tão bem isto que colocam previamente tabelas de preços para patrocínio de congressos, para todos os gostos e bolsos. O modus operandi mais corriqueiro passa por “oferecer” aos interessados um de três tipos de patrocínios: Platina (só há, por regra lugar para um, mas paga-se bem), Ouro (geralmente mais do que um, mas menos de cinco), e por fim Prata. Escolhendo pelo menu, as farmacêuticas sabem logo o que têm, em termos de espaço de exposição e atenção, mas também quanto lhes custa esta bondade.

    Em sociedades importantes, como por exemplo a de Cardiologia, um destes patrocínios não é coisa barata: no ano passado, a Novartis teve de pagar patrocínios deste género no valor de quase 310 mil euros. Em 2020, a AstraZeneca deu 80 mil; em 2021 ficou-se pelos 58 mil. Nenhuma das grandes farmacêuticas quer ficar para trás nas simpatias dos cardiologistas na hora dos congressos. Na lista de patrocinadores da Sociedade Portuguesa de Cardiologia contam-se 13 farmacêuticas que concederam mais de 50 mil euros apenas no ano passado.

    Financiamento das 20 principais sociedades em função dos montantes atribuídos pelas farmacêuticas entre 2017 e 2021. Fonte: Infarmed.

    Esta sociedade não surge aqui apenas como exemplo: é aquela que mais amealhou no último quinquénio: 6.817.254 euros. No ano passado atingiu o valor máximo dos últimos cinco anos (quase 1,93 milhões de euros), que deu para recuperar uma perda significativa de receitas no primeiro ano de pandemia: em 2020 “apenas” recebera 670.184 euros. Portanto, por exemplo, na hora de se falar em miocardites, convém sempre atender-se tanto às questões científicas como às de outra natureza.

    Não surpreende também que as Sociedades de Medicina Interna e de Pneumologia surjam em lugar de destaque na atracção das liberalidades das sociedades farmacêuticas. A primeira não foi muito afectada pela pandemia – mesmo assim “perdeu” no ano de 2020 entre 100 mil e 200 mil euros face ao que recebia antes da pandemia. No último quinquénio garantiu “bondades” das farmacêuticas no valor de 5,86 milhões de euros.

    Quanto à Sociedade Portuguesa de Pneumologia, o primeiro ano da pandemia não correu particularmente mal – recebeu um pouco mais de 786 mil euros –, mas 2021 superou as expectactivas, muito graças à Pfizer.

    people sitting on chair in front of computer

    O ano passado acabou com os cofres desta sociedade médica a encaixar 1.301.972 euros de 25 farmacêuticas – e quase todas nunca falham apoio em qualquer ano, ou seja, são habitués. O quinquénio 2017-2021 concluiu-se com um pecúlio de 4,35 milhões de euros das farmacêuticas.

    Também especialidades muito apetecíveis para as farmacêuticas são as de Reumatologia, de Oncologia, de Pediatria e de Gastrenterologia, cujas sociedades médicas não atingem os montantes das três que ocupam o pódio, mas não se podem queixar.

    Todas receberam, nos últimos cinco anos, apoios das farmacêuticas entre os dois e os três milhões de euros. Todas também viram o ano de 2021 terminar com mais dinheiro nos cofres, um alívio particularmente para as Sociedades Portuguesas de Reumatologia e de Gastrenterologia que tiveram um impacte negativo com a pandemia. Como em 2020 o Governo decidiu suspender muitos actos médicos, menos diagnósticos resultaram em menos receitas e em menos fármacos vendidos (ou a vender), e portanto as farmacêuticas cortaram-se na hora de entregar o cheque a estas sociedades.

    Um caso exemplar sobre os mecanismos de financiamento observa-se com a recém-criada Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde, que ainda se encontra em comissão instaladora desde 2019. Integrando profissionais com uma enorme influência na escolha dos fármacos a prescrever ou encomendar, sobretudo ao nível do Serviço Nacional de Saúde, rapidamente esta sociedade atraiu financiadores. Em 2019, por ser nova, apenas recebeu cerca de 85 mil euros, mas subiu logo para os 320 mil no primeiro ano da pandemia. Terminou o ano de 2021 com um pecúlio de um pouco superior 617 mil euros das farmacêuticas, ocupando já a sexta posição das sociedades com maior poder de atracção.

    Amanhã, o PÁGINA UM revelará, com maior detalhe, quais as farmacêuticas que financiam cada uma das sociedades, e com que valores. Este artigo constitui apenas uma mera introdução.

    NOTA: Pode aceder à síntese dos montantes arrecadados por cada uma das sociedades no quinquénio 2017-2021, provenientes das farmacêuticas, AQUI.


    Uma agulha num pardieiro


    O portal da Transparência e Publicidade do Infarmed só tem transparência no nome. E publicidade no objectivo, não alcançado. Obter a informação que o PÁGINA UM começa hoje a divulgar aparenta ser fácil, porque a base de dados é pública, mas quem não entender as nuances desta plataforma deixa escapar muita informação, ou nem sequer consegue obter uma imagem correcta da realidade.

    O problema começa logo no facto de a plataforma não ser “amigável”: não há a possibilidade de a descarregar para um Excel, por exemplo. Nem permite consulta por filtro; apenas por palavras-chave.
    Além disso, como tanto as entidades ou pessoas que recebem verbas como as entidades que concedem apoios devem fazer uma declaração nesta plataforma do Infarmed, abre-se a porta a todas as confusões.

    Seria expectável que a base de dados do Infarmed exigisse que o registo inicial da pessoa ou entidade beneficiada incluísse, por exemplo, o número de identificação fiscal, e que não permitisse outras denominações além da oficial. Como tal não sucede, multiplicam-se os registos distintos – alguns até por força de “gralhas” –, impedindo ou dificultando assim uma aferição rápida dos montantes e da quantidade de eventos com patrocínio que uma determinada sociedade obteve.

    Por exemplo, se se digitasse em Novembro do ano passado, “Sociedade Portuguesa de Cardiologia” – a sua denominação oficial – naquela base de dados surgiam 88 eventos patrocinados num total de 1.026.419 euros. Na verdade, esta Sociedade recebeu muito mais: o PÁGINA UM identificara até então, apenas para este período, 147 eventos num montante global de 1.802.377 euros. A razão era simples: existem variadas denominações distintas – e logo diversas entidades a registarem –, por vezes usando abreviaturas, exclusão de preposições ou com erros (gralhas ortográficas).

    Ao longo dos cinco anos analisados, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia apresenta 24 distintos registos. A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna não ganha à Cardiologia em apoios das farmacêuticas, mas vence folgadamente em número de registos distintos: 37. Seria fastidioso elencar todas as variações, mas pode dizer-se que vai desde a denominação correcta até “SPMI – Soc Port De Medina Interna”, passando por “SOC.PORT.MEDICINA INTERNA” e “SOCIEDADE PORTUGUESA MEDICINA” (sic).

    pink and blue road signs near trees

    Mais complexo ainda é o caso da Sociedade Portuguesa de Pediatria, porquanto, na verdade, funciona como uma espécie de confederação de distintas sociedades – 19 no total – com especialidades distintas, desde os Cuidados Intensivos Pediátricos até à Pediatria Social e a Medicina do Adolescente. Em Novembro do ano passado – quando o PÁGINA UM iniciou esta investigação – se se pesquisasse por “Sociedade Portuguesa de Pediatria”, apenas se apuraria um montante de 1.282.580 euros no último quinquénio, quando na verdade esse o montante atingira já os 2.123.852. Tal discrepância deve-se às 68 denominações distintas para registar patrocínios em eventos das SPP e/ou das suas sociedades “federadas”.

    Mesmo as pequenas sociedades estão “afectadas” por este problema. Por exemplo, quatro sociedades que, receberam desde 2017 montantes que rondam um milhão de euros surgem no portal do Infarmed com mais de duas dezenas de denominações distintas: Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde conta 26, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica tem menos uma, e a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia 23, tantas como a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo.

    No caso dos médicos e outros profissionais, os problemas são de outra índole, e que obstaculizam também a desejada transparência. Com efeito, muitos médicos são detentores de empresas – e registam nelas as verbas recebidas das farmacêuticas –, ignorando-se assim, em muitos casos, o beneficiário final. Noutras situações, não se conhece qual o nome que um determinado médico usa: pode ser o nome completo, ou o nome que mais utiliza profissionalmente.

    Na verdade, consultar esta base de dados do Infarmed é quase como ir à pesca. Ora, a transparência não é isso, até porque não há ali nada de lúdico para observar.

  • Sociedade Portuguesa de Pneumologia teve ano de ouro em receitas de farmacêuticas com 370 mil euros da Pfizer

    Sociedade Portuguesa de Pneumologia teve ano de ouro em receitas de farmacêuticas com 370 mil euros da Pfizer

    No segundo ano da pandemia, as farmacêuticas “insuflaram” quase 1,3 milhões de euros para os “pulmões” da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. A norte-americana Pfizer deu uma “ajuda” de cerca de 370 mil euros, quase tudo para uma campanha generalizada de promoção de uma vacina – a pneumocócica – que a Direcção-Geral da Saúde só recomenda para maiores de 65 anos e grupos de risco.


    A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) recebeu 320.000 euros da Pfizer, na segunda metade do ano passado, destinada a desenvolver uma campanha de promoção da vacinação contra a pneumonia pneumocócica em pleno processo de vacinação contra a covid-19 entre a população jovem. Este apoio financeiro é o maior jamais concedido a uma sociedade médica por parte da indústria farmacêutica para um só “evento”, de acordo com os dados da Plataforma da Transparência e Publicidade do Infarmed, uma base de dados que compila este tipo de informação desde 2013.

    A mensagem da campanha – “Sou maior e quero ser vacinado” – remete exclusivamente para a vacina contra a pneumonia pneumocócica, cuja vacina é comercializada em Portugal sobretudo pela Pfizer (sob a marca Prevenar) e, em menor quantidade, pela Merck (sob a marca Pneumovax). Porém, a sua leitura remetia de imediato para a vacinação contra a covid-19. A campanha decorreu até à segunda quinzena de Dezembro, recorrendo aos órgãos de comunicação social, a outdoors e ao online. Os canais televisivos e as rádios acabaram por beneficiar bastante com os spots publicitários.

    Campanha decorreu entre Setembro e Dezembro do ano passado

    Saliente-se que a Pfizer já assegurou em Portugal a venda de vacinas contra a covid-19 no valor de 88.909.898 euros, de acordo com o Portal Base, mas em virtude da redução da actividade gripal – que “abre portas” para infecções bacterianas, como a causada pelo Streptococcus pneumoniae –, as vendas da sua vacina pneumocócica têm-se reduzido, embora nunca tenham ultrapassado muito os cinco milhões de euros por ano.

    Ou seja, o financiamento da Pfizer à SPP para o desenvolvimento da campanha de promoção da vacinação pneumocócica – que a Direcção-Geral da Saúde (DGS) apenas recomenda a maiores de 65 anos e a grupos de risco maiores de 18 anos –, surge algo desfocada face aos montantes envolvidos e à população-alvo (toda a população) que supostamente pretende alcançar.

    A pneumonia pneumocócica foi a causa de morte de 4.700 pessoas em 2019, mas 96% dos óbitos ocorreu em maiores de 65 anos. Na população com menos de 35 anos – que representa 34,9% da população portuguesa – registaram-se 12 mortes (0,26% do total), seis das quais com menos de 15 anos.

    Um outro aspecto incomum desta campanha da SPP – presidida por António Morais, pneumologista do Hospital de São João (Porto), e que tem Filipe Froes como coordenador do Grupo de Trabalho de Infecciologia Respiratória – é o reforço da parceria comercial com a Pfizer.

    Em Portugal, esta farmacêutica atribuiu verbas para marketing às sociedades médicas através de duas subsidiárias: a Pfizer Biofarmacêutica Sociedade Unipessoal e a Laboratórios Pfizer. Entre 2017 e 2019, ambas deram à SPP apenas uma média anual de 10.183 euros. No primeiro ano da pandemia (2020), esse valor subiu para apenas 12.000 euros. No ano passado (2021) disparou para 358.500 euros – ou seja, cerca de 30 vezes mais do que o habitual.

    Filipe Froes coordena o Grupo de Trabalho de Infecciologia Respiratória da SPP.

    Além da campanha de promoção da vacinação em 2021, a Pfizer atribuiu também um inédito apoio à SPP de 35.000 euros para o 37º Congresso Nacional de Pneumologia, que se realizou em Novembro passado na cidade de Albufeira, e que registou até um surto de covid-19 que atingiu 15 médicos, conforme noticiou o Observador.

    O valor atribuído pela Pfizer num só ano à SPP não encontra paralelo em nenhum outro ano nem com outra qualquer farmacêutica. Antes de 2021, o valor máximo conseguido por esta sociedade médica de uma só farmacêutica situava-se em 205.338 euros, atribuído em 2017 pela italiana A. Menarini.

    O ano de 2021 foi, aliás, bastante favorável financeiramente para a SPP, que parece ter encontrado um filão monetário com o surgimento da pandemia da covid-19. Embora fosse já uma das sociedades médicas portuguesas mais beneficiadas pelas farmacêuticas – que ajustam as verbas de marketing em função da facturação –, o ano passado foi excepcional: 1.298.422 euros, de acordo com o levantamento exaustivo feito pelo PÁGINA UM, tendo assim ultrapassado pela primeira vez a fasquia de um milhão de euros. Em relação ao ano anterior (2020), o crescimento destas receitas foi de 65%.

    A Pfizer foi, com grande destaque, a farmacêutica mais generosa para a SPP em 2021, mas mesmo assim ainda nem sequer atinge o pódio no período 2017-2021. A alemã Boehringer Ingelheim ocupa a primeira posição, tendo doado 524.668 euros nos últimos cinco anos. Por exemplo, para patrocínio do recente Congresso Nacional de Pneumologia foram 113.400 euros. Segue-se a helvética Novartis, que deu uma média de quase 91 mil euros por ano no último quinquénio, e um total de 454.572 euros no período. Fecha o pódio de “mecenas” da SPP a portuguesa BIAL com 446.181 euros ao longo dos últimos cinco anos.

    Verbas concedidas pelas farmacêuticas e empresas de produtos médicos à Sociedade Portuguesa de Pneumologia entre 2017 e 2021 (Fonte: Infarmed)

    No total, de entre 30 farmacêuticas e empresa de produtos médicos, a SPP recebeu 4.349.011 euros no período 2017-2021.

    No âmbito da investigação que o PÁGINA UM está a desenvolver sobre o financiamento das sociedades médicas, a SPP não mostrou disponibilidade, mesmo com insistência, para responder a um conjunto de questões nem quis fornecer informação financeira sobre as suas relações comerciais com farmacêuticas.

    Artigo com colaboração de Maria Afonso Peixoto