Três anos depois, ainda estamos, por aqui e por ali, a discutir a mesma coisa: o ódio ao Avante.
Para um povo que gosta de festa em geral, venha ela de onde vier, esta comichão com a rentrée do Partido Comunista Português é algo que me fascina.
Primeiro, foi a pandemia e o perigo de contágio na Quinta da Atalaia. Depois, foi a guerra e a fábula do apoio à Rússia.
Notem que eu até compreendo os gritos do Milhazes sobre o tema: ele, que durante algumas décadas andou esquecido a viver (e comer) à custa do regime que agora critica, precisa desta sua versão de Milhazes para continuar em antena. Parecendo que não, é mais confortável estar na antena da SIC do que numa cabana na Sibéria a traduzir as memórias do Estaline.
Agora vocês, leitores inteligentes e sem amarras, podem olhar para o Avante de uma forma mais prática e menos apaixonada.
Digam-me: que tipo de português não aprecia um bom festival gastronómico? Tasquinhas com diferentes sabores a preços económicos. Iguarias dos 18 distritos portugueses. A possibilidade de almoçar espetada em pau de louro (na zona da Madeira). Jantar uma carne de porco à alentejana (na zona de Beja). Um moscatel para abrir o apetite na casa de Setúbal. Uma queimada bem forte, lá para a madrugada, na Galiza, ali perto das tascas internacionais.
Portanto, se não gostam de música, livros, política, teatro ou actividades desportivas… podem ir lá só pelo comer.
Se gostam de música, normalmente o cartaz é interessante e distribui-se por mais do que um palco. Há uma orquestra com obras clássicas, há música popular, há rap, há metal, há rock, há músicas do mundo; enfim, o teu estilo passa ou passou por lá, certamente.
Depois de se ter “pedido”, no ano passado, que os artistas boicotassem a Festa do Avante, este ano o nosso Zé Milhazes foi mais comedido e pediu-lhes só que anunciassem, antes de cada actuação, se apoiavam a invasão da Ucrânia ou não. Reza a lenda que o bom do Zé exigiu aos Red Hot Chilli Peppers que declarassem o seu desagrado com o consumo de álcool pelos jovens, antes de actuarem no Super Bock, Super Rock.
Eu aprecio muito esta fábula do “se vais ao Avante, apoias a invasão da Ucrânia”. Desde logo porque tenho uma vida onde a pressão é uma constante e necessito de momentos de descontracção. A frase: “o PCP apoia a Rússia de Putin”, tem sido a minha favorita desde que aqueloutra do “são só 15 dias para achatar a curva” saiu de circulação.
Andava o sr. Putin a vender gás por toda a União Europeia e aos beijos com os principais líderes, e já o PCP escrevia contra as suas acções. Tal como no tempo de Iéltsin. Mas Milhazes, que andava nessa altura a fazer pela vida e que classificou em Junho, o regime de Putin como extrema-esquerda, não deve ter reparado de que lado ficou o PCP.
Continuando…
Vamos então assumir que também não ligam a música, e que a comida não vos puxa. Podem ir ver teatro ou até navegar perdidamente pela feira do livro. É certo que encontrarão por lá as obras do Manuel Tiago, mas, que diabo!, algum livro vos captará a atenção.
Se a literatura também não for a vossa praia, então é porque, em princípio, gostam de jogar à bola. Pois bem, formam uma equipa e entram nos torneios. No fim, bebem umas cervejinhas e, se ignorarem as camisolas do Che, até parece que estão na praia com os amigos.
Portanto e em resumo: há uma infinidade de razões para irem a uma festa, para lá da componente política, por esta reunir vários tipos de eventos num só local.
Dito isto, mas se vocês forem do tipo que não gosta de comer…
Ou se forem do tipo de terem pezinhos de chumbo para a dança…
Ou se forem do tipo de não querer jogar uma futebolada…
Ou se forem do tipo de desdenharem um copo…
Ou se forem do tipo de adormecer num teatro…
Ou se forem do tipo de nem estarem virados para bancas de livros…
Ou se forem do tipo de nem apreciarem um concerto…
Ou, enfim, se forem do tipo de nem sequer quererem estar na converseta entre amigos…
Então… vocês são só chatos, perdoem-me a revelação.
Mas, nesse caso, ainda há uma solução: fiquem em casa… a ver o Milhazes.
Tiago Franco é engenheiro de desenvolvimento na EcarX (Suécia)
N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.
Faz este mês um ano que o PÁGINA UM iniciou as suas lutas pelos meandros dos tribunais administrativos, vistos como o derradeiro reduto – dir-se-ia ringue – para obrigar entidades públicas a disponibilizarem documentos administrativos, não apenas por serem e conterem matéria noticiosa mas sobretudo por esse acesso ser a única forma de se poder exercer em pleno o necessário controlo democrático.
Dará, certamente, quase um filme, talvez kafkiano, entre o cómico e o dramático, descrever todos os episódios dos diversos processos de intimação que o PÁGINA UM tem encetado, desde logo o primeiro em que, nem de propósito, o visado é o Conselho Superior da Magistratura (CSM). O PÁGINA UM venceu em primeira instância – e já depois de um parecer favorável da Comissão de Acessos aos Documentos Administrativos –, mas o CSM tem mau perder – e os magistrados não pagam custas – e recorreram.
O processo está em banho-maria no Tribunal Central Administrativo Sul desde Novembro do ano passado, apesar do Ministério Público até ter já tomado posição favorável às pretensões do PÁGINA UM.
Tanto no caso dessa intimação sobre o CSM como nas demais, a grande “batalha” tem-se regido sobretudo em duas linhas: invariavelmente, as entidades públicas – com as do Ministério da Saúde à cabeça –, mostram-se sempre muito preocupadas com a protecção da intimidade das pessoas, vulgo dados nominativos. A protecção é feita de tal modo que, por vezes, até se pretende esconder o simples nome de funcionários públicos que exercem funções e acções públicas com os dinheiros públicos. Um dia destes nem sequer será permitido saber qual é o nome do primeiro-ministro para proteger a sua intimidade.
No caso particular da saúde, a estratégia seguida pelos diversos organismos tutelados pelo Ministério da Saúde – quase todos defendidos pela mesma sociedade de advogados, a BAS, que sempre ganha os contratos por ajuste directo – tem sido de argumentar até que a anonimização de dados permite, mesmo assim, a identificação de pessoas. Mesmo sendo um contrasenso – e mesmo um absurdo, porque a anonimização torna irreversível retomar aos dados nominativos iniciais –, à conta deste argumento, o PÁGINA UM perdeu (na quase totalidade) em primeira instância um processo contra o Infarmed.
Certo é que à conta de se alegar a pretensão de se proteger a intimidade de uma incerta Dona Maria da Dores, que nem sabemos quem é, sobre os seus bicos de papagaio, se estarão a esconder crimes contra a Saúde Pública dos portugueses.
Manuel Pizarro, ministro da Saúde.
Mas a estratégia principal da Administração Pública – que extravasa a generalidade de todos os processos intentados pelo PÁGINA UM – tem sido o recurso sistemático à mentira e ao confundimento.
Já tivemos relatórios que afinal são classificados como “esboço embrionário, que consubstancia um mero ensaio para um eventual relatório” (alô, IST).
Já tivemos entidades (leia-se, CSM) a jurarem que os documentos continham dados nominativos, quando tal não era verdade (como confirmou um juiz que os pediu).
Já tivemos uma entidade a jurar ser impossível anonimizar uma base de dados (alô, ACSS) e afinal descobriu-se que existia um despacho que explicitamente concedia uma delegação de competência a uma vogal.
Já tivemos uma entidade – na verdade, duas (Ordem dos Médicos e Ordem dos Farmacêuticos) – a tentar convencer uma juíza de que, em vez de ceder os documentos contabilísticos e operacionais, bastaria fornecer uma auditoria encomendada. Diga-se que a auditoria, se foi concluída, nunca foi revelada.
Rui Santos Ivo; presidente do Infarmed: é um exemplo do burocrata obscurantista: anda há um ano a esconder dados do Portal RAM. Os dados são anonimizados, mas alega sempre que podem ser identificadas pessoas.
Já tivemos uma entidade (leia-se, Direcção-Geral da Saúde) a alegar que não deveriam ser disponibilizados documentos enquanto os dados (da pandemia) estivessem sendo continuamente coligidos, porque como estavam em contínua actualização, o processo estava em curso, logo não finalizado. Por mais obtuso que tudo isto seja, houve uma juíza em primeira instância que tomou por bom este argumento, donde significa – a ser confirmado em sede de recurso – que a melhor forma da DGS não disponibilizar nada sobre a pandemia é nunca decretar o fim da pandemia.
Já tivemos uma entidade (na verdade, foi também a DGS) que, depois de uma sentença a decretar que disponibilizasse actas de reuniões (da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19), veio depois dizer que afinal não houve actas porque se queria salvar pessoas.
Podia continuar.
Mas hoje veio mais uma pérola – e esta, como habitualmente, do Ministério da Saúde, com dedo, mão, pé, corpo e cabeça do ministro Manuel Pizarro.
Como se sabe, o PÁGINA UM deseja ter acesso – por ser do mais elementar interesse público – aos contratos de compras das vacinas contra a covid-19. Não apenas por envolverem verbas gigantescas – pelo menos, para já, de quase 700 milhões de euros, havendo o risco de se gastar mais 500 milhões de euros, mesmo que não venham essas doses a serem administradas –, mas também para se entender quais as responsabilidades assumidas por ambas as partes nos contratos.
Graça Freitas, directora-geral da Saúde: esconder, esconder e esconder, mesmo recorrendo à mentira.
Ora, sabe-se que houve compromissos entre a Comissão von der Leyen e as farmacêuticas – que estão, aliás, ensombradas – para a aquisição de vacinas pelos diversos países comunitários. Mas Portugal não perdeu ainda a soberania completa e rege-se por leis próprias. E essas determinam que todos os contratos públicos devem ser públicos. Porém, depois de terem sido colocados quatros contratos no Portal Base nos primeiros meses de 2021, a DGS não mais acrescentou nenhum.
O PÁGINA UM foi requerendo ao longo do tempo mais informação detalhada, sempre negada, até que usámos o trunfo habitual: intimação no Tribunal Administrativo. O PÁGINA UM não mete o rabo entre as pernas perante uma recusa de acesso a documentos administrativos.
Depois desta intimação, feita em 31 de Dezembro do ano passado, o ministério de Manuel Pizarro – ou seja, Manuel Pizarro himself –, em conluio com a DGS – que ficará na História como a mais obscurantista entidade de Saúde Pública –, já fizeram e tentaram tudo.
Primeiro, a DGS veio dizer ao Tribunal Administrativo de Lisboa que está em curso uma auditoria para tentar adiar uma consulta. Claro que não apresentou provada da realização dessa auditoria. Num país decente, essa afirmação seria investigada e se fosse falsa – como aparenta ser – a Doutora Graça Freitas seria acusada de perjúrio.
Segundo, o Ministério da Saúde veio negar junto do mesmo Tribunal a existência de contratos entre a DGS e as farmacêuticas, tendo dado orientações – só pode – para serem expurgados integralmente os primeiros quatro contratos que constavam no Portal Base. Uma sacanice que lhes correu mal, porque o PÁGINA UM tinha esses ditos primeiros quatro contratos antes do expurgo.
Primeiras páginas dos ficheiros com os contratos com a Pfizer e a Moderna, e inicialmente colocados no Portal Base, antes do expurgo ordenado pelo Governo. O Tribunal Administrativo de Lisboa tem, na sua posse, os primeiros quatro contratos assinados pela DGS e as farmacêuticas, tanto a versão integral como a expurgada. O PÁGINA UM quer aceder a todos os contratos e também às guias de transporte e às comunicações com as farmacêuticas.
Perante a evidência de existirem contratos – o PÁGINA UM apresentou-os nos autos, não há forma de os negar –, Manuel Pizarro, por interposta pessoa, teve a desfaçatez, a cara-de-pau, de dizer o seguinte ao processo de intimação:
“(…) sobre a existência dos contratos celebrados pela Direção-Geral da Saúde ou outras entidades tuteladas pelo Ministério da Saúde com as empresas farmacêuticas que comercializam vacinas contra a COVID-19, desde 2020, até à data do pedido (22-11-2022), esses documentos existem e a informação passível de ser conhecida, é de acesso público estando disponibilizada na página eletrónica da Comissão Europeia.” [sic]
E acrescentou ainda:
“Contudo, os contratos celebrados no âmbito da aquisição de vacinas contra a COVID-19 são matéria reservada, em cumprimento do dever de confidencialidade exigido pela Comissão Europeia relativamente aos seus dados, nomeadamente no que diz respeito ao preço unitário das vacinas, sendo dados sujeitos a restrição e não de acesso livre. Inexistem anexos e cadernos de encargos visto ter-se tratado de aquisições efetuadas através de compras centralizadas pela Comissão Europeia.”
Com duas singelas páginas, Ministério da Saúde tenta confundir Tribunal Administrativo de Lisboa insinuando que os contratos assinados pela Direcção-Geral da Saúde constam do site da Comissão Europeia. É falso. Tal como é falso que esses contratos contenham matéria reservada perante a lei nacional.
Quem ler isto – e presume-se que a juíza do processo lerá –, pode pensar que os contratos entre a DGS e as empresas farmacêuticas estão disponibilizados na página electrónica da Comissão Europeia. Mentira. Não estão nada – e Manuel Pizarro sabe e só a sua aldrabice pode permitir a tentação de enganar uma juíza. A informação disponibilizada pela Comissão Europeia consta aqui, e nada aí encontra que remeta para os contratos relativos a Portugal, assinados explicitamente entre a DGS, alguns pelo punho da Doutora Graça Freitas, e as farmacêuticas.
Por fim, não há matéria reservada coisíssima nenhuma. Os contratos públicos em Portugal não são matéria reservada – pelo contrário –, e jamais podem ser se continuarmos a querer chamar Democracia ao regime deste rectângulo. E mesmo que houvesse matéria reservada como poderia esta incluir matérias como o “preço unitário das vacinas”?
O que anda a ser afinal escondido? Que negócios são assim tão apetitosos que a aldrabice reine e transforme uma república democrática num pântano fedorento?
No auge do movimento MeToo, Marianne Williamson, uma escritora norte-americana e candidata presidencial pelo Partido Democrata nas últimas eleições, fez uma publicação na sua página de Facebook em que alertava para os excessos do clima persecutório instalado em relação aos homens, dizendo que, no que toca ao assédio, “existe uma diferença” entre um “criminoso” e um “idiota”.
Choveram críticas por parte dos seus seguidores. Dias depois, Williamson revelou ter sido vítima de violação na sua juventude. Aqueles que se apressaram a julga-la só podem ter engolido em seco ao saber que a autora tinha sido vítima, não de um mero “idiota” que lança um piropo indesejado ou se atreve numa investida um pouco mais arrojada, mas, efectivamente, de um crime horrendo e cobarde.
O beijo de Rubiales é uma situação que se encaixa na perfeição à advertência de Williamson. Não sei se Rubiales é um idiota – talvez! –, mas muito dificilmente se poderá, racional e honestamente, acusá-lo de ter cometido um crime.
As feministas radicais, inebriadas como sempre pela sua misandria, sôfregas por qualquer pseudo-escândalo que sirva de oportunidade para gritar aos quatro ventos os chavões do “machismo tóxico” e “patriarcado opressor”, aproveitaram o caso Rubiales para se lançarem uma vez mais num apedrejamento público digno da Idade Média.
Com o respaldo da comunicação social, que sem despudor se posiciona sempre no mesmo lado da barricada – o do feminismo bacoco hegemónico –, e das verdades absolutas, enquanto finge ser imparcial e democrática, o assassinato de carácter de Luis Rubiales, sem qualquer direito a defesa no “tribunal” da opinião pública, é já irreversível.
Na CNN, há poucos dias, a directora da Visão, Mafalda Anjos, afirmava que são muitos e variados os exemplos de beijos e afectos públicos não consentidos, mas, para provar o seu argumento, precisou de ir buscar um caso ocorrido há 20 anos, entre Halle Berry e Adrien Brody numa cerimónia dos Óscares. De facto, nada mais demonstrativo de uma “pandemia” de assédio, do que ter de reportar-se a um episódio que se passou há duas décadas!
Ainda assim, mais confrangedor do que ver feministas militantes e jornalistas de órgãos de comunicação social falidos nas suas habituais pregações, tem sido assistir à quantidade de homens que se perfilam para arrasar Rubiales numa mesquinha sinalização de virtude. Será este fenómeno inverso da mítica “solidariedade masculina” um espelho da progressiva queda de testosterona entre os homens, nas últimas décadas?
É também de salientar a hipocrisia a que, de resto, este wokismo já nos tem habituado. Há menos de dois anos, a famosa cantora brasileira Anitta, afirmou que escolhera um bailarino apenas porque queria ter relações sexuais com ele, e não consta que tivesse havido na nossa praça qualquer manifestação de repúdio. Também aqui estava em causa uma relação de “subalternidade”. Imagine-se se Rubiales tivesse proferido semelhantes palavras – cairia o Carmo e a Trindade.
Mostra-se, pois, evidente, que os casos “espontâneos” de demonstração de desejo pelos homens por parte de mulheres não merecem a mesma pronta condenação dos arautos da “igualdade”. Quando muito, são aplaudidos e vistos como um sinal de empoderamento.
Devemos, por isso, perguntar-nos a que se deve esta duplicidade de critérios, quando o que se alega é defender a paridade de tratamento entre os sexos. Hoje, aliás, ao contrário do que o wokismo nos quer fazer crer, a masculinidade é vilipendiada, desdenhada, alvo de chacota, tanto em séries da Netflix, em livros, como na comunicação social e todos os espaços mainstream.
Para deitar mais achas para a fogueira, a propósito do vídeo que tem circulado de Jenni Hermoso, no autocarro, a rir-se do beijo juntamente com as colegas, a comunicação social tem-nos também brindado com supostas “análises” psicológicas. Dizem os “especialistas”, ouvidos pela CNN, que a amena cavaqueira, em que Hermoso participou, se enquadra num “mecanismo de defesa”. Não sendo de descartar essa hipótese, é pertinente questionar por que motivo a imprensa se presta a estas “cambalhotas” argumentativas para determinar que Hermoso é uma vítima indefesa?
Tendo em conta a “caça às bruxas” (ou aos homens), e os exageros que o movimento MeToo inaugurou, parece que, longe de uma preocupação genuína com as mulheres, esta gigantesca onda de indignação com o chocho de Rubiales brota, de facto, de uma hostilidade arreigada aos homens.
Mais: apelar à criminalização do beijo de Rubiales e Hermoso – o qual, aliás, inicialmente não suscitou qualquer queixa por parte da jogadora – é um desrespeito para com verdadeiras vítimas de abusos sexuais.
Qualificar este incidente, que, no máximo, foi um disparate imponderado, como um crime sexual, seria apenas absurdo, se não fosse também perigoso, por arruinar, quiçá injustamente (quem não se lembra do caso Johnny Depp – Amber Heard?), a vida e a carreira de um homem, sem apelo nem agravo.
Maria Afonso Peixoto é jornalista
N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.
Lembro, na infância, o prazer que me dava assistir a todo o cerimonial da sua preparação.
As mulheres da casa, depois de lavarem as mãos com mil cuidados, preparavam a farinha, acrescentavam o fermento, água e sal, misturavam tudo, com as mãos, durante larguíssimos minutos.
Depois, na mesa de madeira, colocavam a massa que “sovavam” durante vários minutos até que a consideravam preparada.
Depois, davam-lhe o feitio que queriam. De um modo geral umas bolas de diversos tamanhos.
Antes de ir para o forno o pão era benzido.
As mulheres faziam, nele, o sinal da cruz e rezavam a Oração do Pão:
“São Mamede te levede, São Vicente te acrescente, São João te faça bom pão, a Virgem Nossa Senhora te deite a Santa Bênção.”
Nalguns locais, acrescentavam:
“Em louvor de São Gonçalo que não saia insosso nem salgado. Que Deus te acrescente que é para comer muita gente.”
Na maior parte das aldeias o pão era preparado em fornos comunitários sendo que cada família tinha o seu próprio dia para o cozer.
Só as casas ricas tinham o seu próprio forno a lenha onde eram, igualmente, preparados outros petiscos, como os assados.
Depois de pronto, o pão era guardado em arcas de madeira e dava para toda a semana.
Por incrível que possa parecer a qualidade até melhorava a cada dia que passava.
Para os cristãos o Pão é “o Corpo de Deus” e daí o imenso respeito que merecia, quer quando dele se falava quer no modo como era tratado, por todos, desde a infância.
Ao lado de cada prato, no início das refeições, havia sempre uma fatia de pão, que não podia ser cortado de qualquer maneira.
Como se dizia na altura, “comida sem pão, só no Inferno a dão”.
Se no fim sobrava um pouco, ou se algum bocado de pão caía ao chão, nunca, mas nunca, se deitaria fora sem, primeiro, lhe ser dado um beijo.
Ainda hoje, dezenas de anos passados, reconheço com humildade que sigo esses preceitos, mesmo sabendo que “este” pão nada tem a ver com aquele de que venho falando.
Hoje compramos um produto industrial que, por muito saboroso que pareça, quando sai do forno e é comido ainda quente, é intragável à tarde.
Só que, o verdadeiro apreciador do pão não o come enquanto quente.
“Pão quente, muito na mão e pouco no ventre” ou “Pão quente, nem a são nem a doente”.
Na verdade, o pão é insubstituível.
Não há tortas, bolos, croissants ou brioches que se lhe comparem.
Só em casos de total impossibilidade de o ter à disposição se deve recorrer a um desses sucedâneos.
Acabo por dar razão a Maria Antonieta, quando, ouvindo nos seus aposentos a manifestação de um povo esfomeado a pedir pão, terá perguntado:
“Tanto ruído por não terem pão? Porque não comem brioches?”
Não fosse a pergunta feita por ignorância (ou sobranceria) e até era justificada.
Não creio que tenha sido por isso que a decapitaram, mas…
De qualquer maneira, esta semana pensei no pão, que tenho à minha frente a todas as refeições, pela triste informação da contaminação de um dos meus preferidos: a broa de milho.
A Direcção-Geral de Saúde (DGS) e a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) alertaram, no passado dia 10 de Agosto, a população para o não consumo da broa de milho nos distritos de Leiria (aquele onde moro), Santarém, Coimbra e Aveiro, por haver o risco de estar contaminada.
Segundo os especialistas todos aqueles que tivessem comido broa e sentissem sintomas de “secura da boca, alterações visuais, tonturas, confusão mental e diminuição da força muscular” deviam deslocar-se, de imediato às urgências “uma vez que estamos perante uma toxinfeção que ainda está a ser estudada, e tendo em conta que cada organismo é diferente de outro”.
(Esqueceram-se de dizer que deviam levar um lanchezinho para aguentaram as horas de espera até serem atendidos e que, obviamente, este não devia ter mais broa.)
Depois desse alerta, todavia, passaram-se semanas sem nunca mais se ouvir falar deste problema.
O que me levou a crer que tanto o pessoal da DGS como a da ASAE se teriam oferecido para, como cobaias, experimentarem algumas broas e tivessem ficado com tonturas e confusão mental, esquecendo o propósito do estudo.
Na realidade, apesar do silêncio prolongado das autoridades, depois do comunicado de alerta para uma possível intoxicação em (e na) massa, continuei a ver muita gente a comprar broas em padarias e supermercados.
Eu, que não deixo de comer a minha ração do pão nosso de cada dia, também ia comendo algumas dessas broas, confesso.
Qual era o problema?
Mesmo que me calhasse uma das broas contaminadas ninguém estranharia o meu comportamento dado que os sintomas que me provocaria já os mostro no meu estado normal…
Vítor Ilharco é assessor
N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.
Quem conhece Lisboa dos anos 90 – e mais ainda antes dessa gloriosa época –, bem se recorda dos períodos áureos em que o automóvel era dono e senhor da cidade. O Terreiro do Paço era então um must, com D. José em cima do cavalo a contemplar o Tejo rodeado por Renault 5, Fiat Uno, Opel Corsa, Ford Escort, Peugeot 205. Citroen 2cv, Toyota Corolla, Seat Ibiza, Volkswagen Golf, e mais uns quantos.
Passeios – não havia. A bem dizer, havia, mas não era para peões, nem para cadeirinhas de bebés nem para velhinhos de bengalas ou andarilhos nem para turistas, que nem sequer sabiam onde ficava Portugal, ou se sabiam pensavam que era o Algarve e pouco mais.
Ciclovia do Martim Moniz até à Alameda, junto à esquadra da PSP ainda na Rua da Palma, antes do início da Avenida Almirante Reis. Fotografia tirada ontem às 16h11.
Enfim, as coisas mudaram. Os direitos dos peões e mais tarde dos ciclistas – que são sempre um automobilista em potência, sem carro, ora porque o estacionou ora por opção de vida ou sem ser opção – relevaram-se, e aos poucos também a autarquia alfacinha foi vendo que, bem vistas as coisas, poderia juntar o útil ao agradável: ordenar passeios e tráfego, onde se inclui a implantação de ciclovias, enquanto sacava uns cobres no estacionamento regulado.
Sabemos também que, enfim, é fácil concordar com medidas em que somos beneficiados, mas na hora do incómodo bem que gostaríamos que se aplicasse uma “excepçãozinha”: afinal, é porque é uma urgência porque se é filho de uma mãe doente; ou é porque é só um minutinho para descarregar isto ou aquilo; ou é porque “não estás a ver que estou a trabalhar, meu palhaço!”.
E, enfim, andámos ainda anos a fio até se acabar com as sistemáticas segundas filas de carros encostados – por exemplo, ali na Avenida da República – ou com os eléctricos parados, porque se tinha de aguardar pelo fim do cafezinho, quando não do almoço, de alguém que tinha ali parado o seu bólide só porque lhe dava jeito.
Em redor da 4ª esquadra da PSP existe um vasto espaço para estacionamento de veículos exclusivos para esta força policial. Um espaço para pelo menos quatro veículos estava vago quando o veículo em causa (ao fundo à direita) se encontrava estacionado na ciclovia. Fotografia tirada ontem às 16h16.
Para o fim deste regabofe não contaram apenas as leis, mas também a ordem. E a ordem, neste caso, é a polícia. Ou as polícias, digamos assim, que em Lisboa são a Polícia da Segurança Pública, a Polícia Municipal e, por extensão, os fiscais da “santa” EMEL.
O grande problema de haver tantas “policiais” para um teórico mesmo fim é que qualquer um pode sempre empurrar as (suas) falhas para o outro. Por exemplo, se sistematicamente veículos automóveis param em plena ciclovia da Rua da Palma e ao longo da Avenida Almirante Reis, sempre podemos lamentar que nem EMEL nem Polícia Municipal nem Polícia de Segurança Pública andam a fiscalizar direito nem aplicam sanções para desincentivar essa prática, que obriga os ciclistas a fazerem desnecessárias guinadas perigosas para o meio do tráfego automóvel.
Mas já não se pode lamentar quando é a própria Polícia de Segurança Pública, e mais concretamente a 4ª Esquadra de Lisboa, sita na Rua da Palma, que pespega uma longa carrinha em plena ciclovia – e vai, quem ali a deixou, que tem nome e função, candidamente à sua vida, enquanto 10 metros à frente está vago um longo espaço, exclusivo da Polícia de Segurança Pública, que até lhe daria até estacionar de frente. Teria era, chatice! de andar para traz uns 20 metros. Atravessar a estrada desde a ciclovia onde meteu a carrinha pareceu-lhe mais cómodo, certamente…
Perspectiva da zona da Rua da Palma com o espaço vago exclusivo dos veículos da PSP e ao fundo, em plena ciclovia, o veículo ilegalmente estacionado. O edifício rosa é a sede da 4ª esquadra da PSP. Fotografia tirada às 16h18.
Enfim, não estamos apenas perante um acto de preguiça, nem de desleixo nem de má conduta profissional nem de mau exemplo aos cidadãos.
Estamos sim defronte a um procedimento que envergonha, sobretudo porque se entrou na esquadra para pedir satisfações, se perguntou a um polícia a razão daquele proceder, e depois, vendo a reacção silenciosa e alheada, se recordou os motivos para o Padre António Vieira pregar aos peixes… E lá se saiu como se entrou: com o veículo policial em plena ciclovia e o espaço de estacionamento 20 metros à frente vago.
PAV
Todos os textos da rubrica Repórter LX (marca registada do PÁGINA UM), mesmo se num estilo de crónica, são da autoria de jornalistas acreditados, identificados pelas iniciais. Para contribuir com sugestões de situações que lhe causem perplexidade na capital portuguesa, por favor escreva-nos para reporterLX@paginaum.pt.
Se entro e ainda está fresco, é doce o cheiro. Sinto a água, ainda no embrulho, recordações de infância trazem-me o barulho de lama, debaixo dos pés, gotas, soltas, sujas, terra, pó, areia.
Traço 1 para 4. Traço 1 para 2.
Existem números desenhados a branco, ali, no cimento. Não os vemos, mas eles estão lá (junto ao ferro), não os entendo, mas eles já se levantam (junto ao osso).
Nervuras de férreo metal, incrustadas com cimento, já petrificado; as mãos do teimoso que recusa as luvas, a pele a queimar. O cimento tudo come, come a água até de nós. E à medida que seca, na nervura do teu pescoço, endurece as circulações e impede o ar chegando à mente.
Em apneia (e a água por ele a ser bebida).
Cimento há em que lhe puseram conchas de mar, lá… sal, mais praia.
Cimento fica que começa a romper (fissurar), o estalo a percorrer o eixo à procura de uma água da juventude, que por mais voltas jamais regressa. Chegou ao fim.
O curioso mundo do cimento – e do betão, que se arma, que se armam em pedra, sem o ser. Não os entendo muito bem: são, para mim, construções de lama, com números brancos escondidos, e o senhor engenheiro a fazer troça de mim.
Mas é, afinal, uma caixa de madeira que o embrulha, para a existência, precisa da mãe-árvore para nascer.
Mas a talocha, o afago, a meiguice de emassar, até o nível soluçar a sua bolha, apenas quando o retiramos… aí, sim, sinto carinho; aí, sim, sinto escultura.
Que trabalho, que pesado, que suado.
Reboco. Fino, areado, delgado.
Reboco.
Andamos todos a emassar cimento, fissurado.
Mariana Santos Martins é arquitecta
N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.
Aquilo que aconteceu em Loures, no Hospital Beatriz Ângelo, está a acontecer no país inteiro: doentes esperam horas em Urgências, cada vez em menor número, para encontrar soluções que careciam de camas, cada vez em menor número, com patologias cada vez mais difíceis de estabilizar sem internamentos.
Também me recordo da decisão do Partido Socialista (PS) de reverter aquela parceria público-privada (PPP) convertendo a casa num problema, onde antes não existia. Também é verdade que aquilo que se passou está directamente relacionado com a idade/saúde dos doentes: pessoas de 95 anos não têm, neste país, um envelhecimento saudável e muitas estão gravemente doentes, e portanto é normal que possam morrer a qualquer momento.
A esperança média de vida dos homens portugueses ronda os 80 anos. Anormal é não morrer a partir dessa idade. Anormal é pensar que vamos viver eternamente. Anormal é não se aconchegar quem sofre. Anormal é não se evitar transferências de doentes devido à área de residência. Se morresse onde aportou doente, sendo atendido com brevidade, nada era escandaloso nem enchia noticiários.
Depois há um bombeiro a incendiar os telejornais, porque não usaram as suas capacidades. Uma pessoa da saúde que se lança nos meios de comunicação para demonstrar as suas convicções, devia ter caminho rápido para a rua do seu trabalho, note-se bem, pago pelo Estado. Portanto, temos uma política de saúde que conduz a mortes nos hospitais e às portas destes. Mas votámos em maioria quem já governa há oito anos ainda a falar do Passos Coelho.
A opção de encerrar para poupar dinheiro foi uma escolha escolar, uma opção de ministros e de políticos que não compreendem o país dos 650 euros por mês. Ninguém consegue sobreviver sozinho com salários indignos que se perpetuam para garantir os erros políticos, como seja:
1 – Fechar as centrais elétricas (seis mil milhões de euros);
3 – Encarniçar o apoio ao BES (talvez dez mil milhões de euros, se incluirmos PT, Banco Novo, etc.);
4 – Persistir com as perdas fiscais/económicas por termos um tribunal administrativo ineficiente e de prescrições garantidas (talvez mais de quinze mil milhões euros);
5 – A manutenção de milhares de lugares ineficientes na Função Publica (talvez outros cinco mil milhões de euros), através do subsídio de fundações falidas, entidades inadequadas e outros chupismos do grande odre que é o Estado;
6 – Perdas no IVA de empresas milionárias como a EDP (centenas de milhões de euros na venda das barragens;
7 – Perdões fiscais e indultos a grandes devedores do Estado;
8 – Ausência de políticas atractivas para as empresas que não querem pagar o IRC em Portugal (talvez mais de 20 mil milhões de euros).
No mês de Setembro, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra encerra a enfermaria F nos Covões e, portanto, vai reduzir dezasseis camas, juntando-se às mais de 200 que já se reduziram nos últimos 10 anos. Mas essas camas tinham ocupações zero? Não, estavam sempre cheias.
Portanto, isto é um F às pessoas.
É uma expressão, uma interjeição do poder sobre os doentes: que se F.
A política de converter a capacidade de trabalho dos profissionais de saúde em tibieza, em negligência forçada, em fio da navalha com altas precoces, adiamento de internamentos.
Tudo tem consequências e tudo acarreta dor e desconforto sobretudo ao grupo dos 650 euros. Onde vais tratar-te? Onde vais esperar pela vaga? Onde vais curar-te?
Vai-te F.
Diogo Cabrita é médico
N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.
Em Portugal, em apenas um ano, terão morrido em excesso, segundo os cálculos que fiz para a notícia de ontem do PÁGINA UM, 60 jovens com idades entre os 15 e os 24 anos. Desconhece-se as causas dessas mortes porque as autoridades não as querem estudar. Não terão sido “espectaculares”, mediáticas. Foram uma hoje, outra daqui a uns dias. Silenciosas. Não foram acidentes com sangue e dor.
Tenho apenas uma certeza: com investigação e sem medos de descobrir verdades inconvenientes, algumas poderiam ter sido evitáveis. E depende de nós evitar outras, no futuro. Até porque a tendência de excesso de mortes entre jovens – e que não tem paralelo em outros grupos etários próximos – já se descortinava, como o PÁGINA UM revelou no ano passado, desde meados de Setembro de 2022.
Um dos grandes dramas deste tipo de temas – gravíssimos – é não terem rostos concretos, nomes sequer. Um autocarro de 60 jovens, com nomes e vidas concretas, a despenhar-se por falta de manutenção de uma estrada daria investigações, demissões, processos judiciais, um sem-número de notícias.
Mas as 60 mortes apontadas pelo PÁGINA UM não passam de um número vago, ainda mais uma estimativa, mesmo se obtida através de números concretos: aquele número – 60 – é mesmo relativo a jovens reais, que morreram mesmo, e que somando aos restantes dão um excesso; esse excesso inexplicável.
E devia ter explicação. Tem de ter explicação. Procurar a causa de uma morte não tem um objectivo de voyeurismo nem fará ressuscitar ninguém nem necessariamente responsabilizar alguém – tem como principal desiderato detectar alguma anomalia para a corrigir. Para salvar outros, para que não tenham o mesmo triste destino.
Não investigar só porque se podem surgir verdades politicamente inconvenientes é um crime tão mais grave do que o homicídio.
Quis escrever um editorial para apelar à maior sensibilização do excesso de mortes de jovens, mas que não têm rosto, porque não se estudam causas nem sequer oficialmente se quer quantificar. Mas como?
Estes jovens que perderam a vida eram reais: tinham nomes e família, e uma vida pela frente. Mas quem eram eles? Quem são os 60 em excesso? Como lhes dar um rosto, um nome, uma vida pela frente que poderiam ter e perderam sem glória, porque até esquecidos são. Nem servem para que se saiba o que lhes aconteceu para que outros não lhe tomem o caminho.
Lembrei-me assim de recorrer à inteligência artificial.
Pedi ao ChatGPT – alguma utilidade tem, embora necessitando do meu apoio e edição – e pedi-lhe para sugerir, ficcionando, nomes completos, com dois nomes próprios e dois apelidos para cada um, com a indicação das respectivas idades, entre os 15 e os 24 anos, inclusive, com o local onde viviam, e o que faziam e também o que teriam feito se tivessem vivido até aos 80 anos.
E depois dei indicações ao Midjourney para, com os dados e a biografia, dar rostos a estes “rostos ignorados”.
São “estes” então os 60 jovens que “morreram” em excesso “escolhidos” assim com ajuda de inteligência artificial – e feito deste modo, porque as autoridades políticas e de Saúde não nos querem dar os rostos reais de uma tragédia da qual, nem que seja pelo silêncio ou inacção, somos também responsáveis.
Marta Isabel Rodrigues Horácio
Idade: 20 anos
Local: Bragança
Ocupação: Estudante de Biologia
Biografia: Marta era uma jovem entusiasta da Natureza e da Conservação. Ela sonhava em se tornar uma bióloga marinha e trabalhar para proteger os oceanos. Ao longo dos anos, ela teria se dedicado à pesquisa de espécies marinhas ameaçadas e teria liderado várias campanhas de consciencialização sobre a poluição dos mares.
Marta Isabel Rodrigues Horácio, imaginada pelo Midjourney.
Diogo Miguel Pereira Mourão
Idade: 18 anos
Local: Beja
Ocupação: Estudante secundário
Biografia: Diogo era um jovem talentoso e apaixonado por música. Ele tocava guitarra e tinha uma voz incrível. Ele sonhava em seguir carreira na música e compor suas próprias canções. Ao longo dos anos, ele teria lançado álbuns aclamados e se apresentado em palcos ao redor do Mundo.
Diogo Miguel Pereira Mourão, imaginado pelo Midjourney.
Mariana Beatriz Seabra Martinha
Idade: 19 anos
Local: Covilhã
Ocupação: Estudante de Ciências Farmacêuticas
Biografia: Mariana era uma jovem determinada e dedicada à Ciência. Ela se formou em Farmácia e estava comprometida em melhorar a saúde da comunidade. Com o tempo, ela teria se destacado como pesquisadora e contribuído para importantes avanços na área dos medicamentos.
Mariana Beatriz Seabra Martinha, imaginada pelo Midjourney.
Rafael Pedro Martins Pizarro
Idade: 21 anos
Local: Loulé
Ocupação: Estudante de Educação Física
Biografia: Rafael tinha um amor inabalável pelo desporto e pelo movimento. Ele estava estudando para se tornar um professor de Educação Física e queria inspirar jovens a adoptarem um estilo de vida saudável. Ele teria criado programas desportivos para crianças e adultos e se tornado um mentor para muitos.
Rafael Pedro Martins Pizarro, imaginado pelo Midjourney.
Maria Virgínia Fernandes Costa
Idade: 17 anos
Local: Arouca
Ocupação: Estudante do Secundário
Biografia: Maria era apaixonada pela História e pela Antiguidade. Ela desejava estudar Arqueologia e tinha o desejo de desvendar os segredos do passado. Ao longo dos anos, ela teria participado de escavações importantes e contribuído para o entendimento da cultura de sua região.
Maria Virgínia Fernandes Costa, imaginada pelo Midjourney.
André Filipe Martins Rodrigues
Idade: 22 anos
Local: Caldas da Rainha
Ocupação: Estudante de Engenharia Civil
Biografia: André tinha uma paixão por construir desde criança. Ele sonhava em projectar pontes e edifícios inovadores que pudessem resistir ao tempo. Com o passar dos anos, ele teria se tornado um engenheiro renomado, responsável por projetos icónicos que marcariam a paisagem urbana.
André Filipe Martins Rodrigues, imaginado pelo Midjourney.
Ana Camila Costa Froes
Idade: 15 anos
Local: Idanha-a-Nova
Ocupação: Estudante do Secundário
Biografia: Ana era uma alma sensível e empática. Ela sonhava em se tornar psicóloga para ajudar as pessoas a superar suas dificuldades emocionais. Ao longo dos anos, ela teria aberto sua própria clínica e oferecido apoio a muitos que buscavam orientação.
Ana Camila Costa Froes, imaginada pelo Midjourney.
Ricardo Miguel Carneiro Lima
Idade: 24 anos
Local: Vila Real
Ocupação: Fotógrafo
Biografia: Ricardo tinha um olhar artístico único desde jovem. Ele se apaixonou pela fotografia e buscava capturar a beleza nas coisas comuns. Com o tempo, ele teria viajado pelo Mundo, documentando culturas e paisagens diversas, deixando um legado de imagens inspiradoras.
Ricardo Miguel Carneiro Lima, imaginado pelo Midjourney.
Maria Alice Sarmento Sousa
Idade: 23 anos
Local: Lisboa
Ocupação: Estudante de Astronomia
Biografia: Maria Alice tinha os olhos voltados para as estrelas desde criança. Ela sonhava em explorar o cosmos e descobrir os segredos do Universo. Ao longo dos anos, ela teria contribuído para importantes avanços na Astronomia e inspirado futuras gerações de cientistas.
Maria Alice Sarmento Sousa, imaginada pelo Midjourney.
João Pedro Oliveira Vilhena
Idade: 20 anos
Local: Nazaré
Ocupação: Estudante de Biologia Marinha
Biografia: João tinha uma conexão profunda com o oceano. Ele sonhava em proteger a vida marinha e os ecossistemas costeiros. Ao longo dos anos, ele teria liderado expedições de pesquisa e campanhas de conscientização para preservar os mares que tanto amava.
João Pedro Oliveira Vilhena, imaginado pelo Midjourney.
Miguel Filipe Gregório de Freitas
Idade: 17 anos
Local: Lisboa
Ocupação: Estudante secundário
Biografia: Miguel tinha um espírito aventureiro desde criança. Ele sonhava em explorar o Mundo e documentar suas jornadas por meio da escrita e da fotografia. Com o tempo, ele teria escrito livros inspiradores sobre suas viagens e incentivado outros a explorarem novos horizontes.
Miguel Filipe Gregório de Freitas, imaginado pelo Midjourney.
Débora Maria Seabra Tochas
Idade: 20 anos
Local: Sintra
Ocupação: Estudante de História da Arte
Biografia: Débora tinha uma paixão pela Arte e pela História desde pequena. Ela sonhava em se tornar uma historiadora de Arte e compartilhar seu conhecimento sobre as obras e os artistas que a encantavam. Ao longo dos anos, ela teria trabalhado em museus importantes e seria curadora de exposições significativas.
Débora Maria Seabra Tochas, imaginada pelo Midjourney.
Tiago Miguel Oliveira e Silva
Idade: 22 anos
Local: Tavira
Ocupação: Estudante de Biomedicina
Biografia: Tiago tinha um desejo fervoroso de contribuir para a saúde das pessoas. Ele sonhava em fazer descobertas médicas que pudessem salvar vidas. Com o tempo, ele teria realizado pesquisas inovadoras e desenvolvido tratamentos que melhoraram a qualidade de vida de muitos.
Tiago Miguel Oliveira e Silva, imaginado pelo Midjourney.
Carolina Inês Rocha Coutinho
Idade: 19 anos
Local: Ponte de Lima
Ocupação: Estudante de Filosofia
Biografia: Carolina tinha uma mente curiosa e questionadora. Ela sonhava em explorar as profundezas da filosofia e estimular conversas significativas. Ao longo dos anos, ela teria escrito livros que desafiaram o pensamento convencional e inspirado muitos a refletirem sobre a vida.
Carolina Inês Rocha Coutinho, imaginada pelo Midjourney.
João Pedro Silva Santos
Idade: 21 anos
Local: Lisboa
Ocupação: Estudante de Engenharia Civil
Biografia: João tinha uma mente analítica e criativa. Ele sonhava em projectar estruturas que resistissem ao teste do tempo. Com o tempo, ele teria deixado sua marca em pontes e edifícios emblemáticos que se tornaram parte da paisagem urbana.
João Pedro Silva Santos, imaginado pelo Midjourney.
Sofia Mariana Almeida Simões
Idade: 20 anos
Local: Sesimbra
Ocupação: Estudante de Arquitetura
Biografia: Sofia tinha uma imaginação vívida desde a infância. Ela sonhava em criar espaços que pudessem inspirar e influenciar as vidas das pessoas. Ao longo dos anos, ela teria projectado edifícios que combinavam forma e função de maneira única, transformando paisagens urbanas.
Sofia Mariana Almeida Simões, imaginada pelo Midjourney.
Ricardo Manuel Santos Martins
Idade: 24 anos
Local: Cascais
Ocupação: Fotógrafo de Natureza
Biografia: Ricardo tinha uma conexão profunda com o mundo natural. Ele sonhava em compartilhar a beleza da Natureza por meio de suas fotografias. Com o tempo, ele teria capturado imagens impressionantes de animais selvagens e paisagens intocadas, inspirando a conservação ambiental.
Ricardo Manuel Santos Martins, imaginado pelo Midjourney.
Lídia Maria Ribeiro Brandão
Idade: 21 anos
Local: Miranda do Douro
Ocupação: Estudante de Línguas e Culturas Estrangeiras
Biografia: Lídia tinha uma paixão por explorar diferentes culturas e línguas. Ela sonhava em ser uma ponte entre diferentes comunidades. Ao longo dos anos, ela teria viajado extensivamente, aprendido e ensinado línguas e promovido a compreensão intercultural.
Lídia Maria Ribeiro Brandão, imaginada pelo Midjourney.
Pedro Miguel Nogueira Araújo
Idade: 19 anos
Local: Viana do Castelo
Ocupação: Estudante de Ciências da Computação
Biografia: Pedro tinha um fascínio por tecnologia e inovação desde jovem. Ele sonhava em criar soluções tecnológicas que facilitassem a vida das pessoas. Com o tempo, ele teria desenvolvido aplicativos e programas que transformaram a maneira como interagimos com o mundo digital.
Pedro Miguel Nogueira Araújo, imaginado pelo Midjourney.
Carla Alexandra Lopes da Silva
Idade: 18 anos
Local: Óbidos
Ocupação: Estudante secundária
Biografia: Carla tinha um coração generoso e sempre estava disposta a ajudar os outros. Ela sonhava em trabalhar em projectos de voluntariado para causas sociais. Ao longo dos anos, ela teria se envolvido em organizações que faziam a diferença na vida das pessoas menos favorecidas.
Carla Alexandra Lopes da Silva, imaginada pelo Midjourney.
Miguel Diogo Braga Temido
Idade: 20 anos
Local: Marinha Grande
Ocupação: Estudante de Biologia Marinha
Biografia: Miguel tinha um amor profundo pelo oceano e suas criaturas. Ele sonhava em mergulhar nas profundezas e descobrir novas espécies marinhas. Ao longo dos anos, ele teria liderado expedições de pesquisa e contribuído para a preservação dos ecossistemas marinhos.
Miguel Diogo Braga Temido, imaginado pelo Midjourney.
Ângela Sofia Fernandes Mateus
Idade: 21 anos
Local: Figueira da Foz
Ocupação: Estudante de Medicina
Biografia: Ângela tinha um chamamento para cuidar dos outros desde jovem. Ela sonhava em ser médica para aliviar o sofrimento das pessoas. Ao longo dos anos, ela teria se especializado em Oncologia Pediátrica, oferecendo esperança e cura a crianças e suas famílias.
Ângela Sofia Fernandes Mateus, imaginada pelo Midjourney.
Telmo Joaquim Pinto Santiago
Idade: 19 anos
Local: Mafra
Ocupação: Estudante de Engenharia Ambiental
Biografia: Telmo tinha uma profunda preocupação com o Ambiente desde criança. Ele sonhava em criar soluções sustentáveis para os desafios globais. Com o tempo, ele teria liderado projetos de reciclagem e conservação que contribuíram para um mundo mais verde.
Telmo Joaquim Pinto Santiago, imaginado pelo Midjourney.
Filipa Alexandra Bacelar Rebelo
Idade: 22 anos
Local: Porto
Ocupação: Professora de Educação Infantil
Biografia: Filipa tinha um amor especial pelas crianças e pelo aprendizado. Ela sonhava em ser professora para inspirar as gerações futuras. Ao longo dos anos, ela teria criado um ambiente acolhedor para suas crianças, ajudando-as a descobrir o mundo com curiosidade.
Filipa Alexandra Bacelar Rebelo, imaginada pelo Midjourney.
Francisco Manuel Martins Alves
Idade: 18 anos
Local: Nazaré
Ocupação: Estudante secundário
Biografia: Francisco tinha um espírito alegre e uma paixão pela música desde jovem. Ele sonhava em ser músico e compartilhar sua alegria por meio das notas. Com o tempo, ele teria formado uma banda que trouxe harmonia e felicidade para muitos.
Francisco Manuel Martins Alves, imaginado pelo Midjourney.
Liliana Maria Ribeiro Oliveira
Idade: 23 anos
Local: Sintra
Ocupação: Professora de Artes
Biografia: Liliana tinha um dom criativo desde jovem. Ela sonhava em inspirar outros por meio da Arte. Ao longo dos anos, ela teria ensinado a próxima geração a expressar-se artisticamente e a ver o mundo de maneira única.
Liliana Maria Ribeiro Oliveira, imaginada pelo Midjourney.
Ricardo Miguel Herdeiro Marmoto
Idade: 21 anos
Local: Coimbra
Ocupação: Estudante de Engenharia Electotécnica
Biografia: Ricardo sempre esteve intrigado pela eletricidade e inovação. Ele sonhava em desenvolver tecnologias que tornassem o Mundo mais eficiente e sustentável. Ao longo dos anos, ele teria liderado projetos de energias renováveis que transformaram a matriz energética do país.
Ricardo Miguel Herdeiro Marmoto, imaginado pelo Midjourney.
Cláudia Eduarda Castanheira Marques
Idade: 19 anos
Local: Tavira
Ocupação: Estudante de História
Biografia: Cláudia tinha uma paixão pela História desde criança. Ela sonhava em descobrir os segredos do passado e compartilhar essas histórias com outros. Ao longo dos anos, ela teria se tornado uma historiadora renomada, recontando eventos passados de maneira cativante.
Cláudia Eduarda Castanheira Marques, imaginada pelo Midjourney.
Beatriz Maria Godinho Ribeiro
Idade: 20 anos
Local: Sertã
Ocupação: Estudante de Engenharia Mecânica
Biografia: Beatriz tinha um talento natural para desmontar e montar objectos desde jovem. Ela sonhava em criar máquinas inovadoras que pudessem mudar o Mundo. Ao longo dos anos, ela teria projetado dispositivos revolucionários que facilitariam a vida das pessoas.
Beatriz Maria Godinho Ribeiro, imaginada pelo Midjourney.
Marta Filipa Gaspar Alemão
Idade: 16 anos
Local: Cascais
Ocupação: Estudante secundária
Biografia: Marta tinha uma voz poderosa e uma paixão pela justiça social. Ela sonhava em usar sua voz para defender os direitos dos menos privilegiados. Ao longo dos anos, ela teria se envolvido em movimentos sociais e usado sua música para inspirar mudanças positivas.
Marta Filipa Gaspar Alemão, imaginada pelo Midjourney.
Renato Alexandre Piçarra Ganhão
Idade: 22 anos
Local: Reguengos de Monsaraz
Ocupação: Estudante de Biologia
Biografia: Renato tinha uma profunda conexão com a Natureza desde criança. Ele sonhava em explorar os ecossistemas mais remotos do mundo. Ao longo dos anos, ele teria liderado expedições de pesquisa e contribuído para a preservação da biodiversidade.
Renato Alexandre Piçarra Ganhão, imaginado pelo Midjourney.
Leonor Maria Melo França
Idade: 21 anos
Local: Lisboa
Ocupação: Estudante de Arqueologia
Biografia: Leonor era fascinada pelo passado e pelo mistério das civilizações antigas. Ela sonhava em desenterrar segredos esquecidos e compartilhar a História da Humanidade. Ao longo dos anos, ela teria feito descobertas arqueológicas importantes e enriquecido o conhecimento sobre o passado.
Leonor Maria Melo França, imaginada pelo Midjourney.
Jaime Filipe Garcia Paixão
Idade: 19 anos
Local: Aljezur
Ocupação: Estudante de Ecologia
Biografia: Jaime tinha uma paixão pelo estudo dos ecossistemas e pela conservação da vida selvagem. Ele sonhava em criar um mundo onde humanos e Natureza coexistissem harmoniosamente. Ao longo dos anos, ele teria liderado campanhas de preservação e educado a sociedade sobre a importância da biodiversidade.
Jaime Filipe Garcia Paixão, imaginado pelo Midjourney.
Madalena Maria Anjos Loureiro
Idade: 18 anos
Local: Cascais
Ocupação: Estudante secundária
Biografia: Madalena tinha um coração generoso e um talento para a escrita desde jovem. Ela sonhava em contar histórias que inspirassem e conectassem as pessoas. Ao longo dos anos, ela teria se tornado uma autora prolífica, compartilhando suas narrativas emocionantes com o mundo.
Madalena Maria Anjos Loureiro, imaginada pelo Midjourney.
João Rafael Sousa Rebelo
Idade: 20 anos
Local: Óbidos
Ocupação: Estudante de Engenharia de Energias Renováveis
Biografia: João tinha um forte senso de responsabilidade ambiental desde jovem. Ele sonhava em criar soluções energéticas sustentáveis para o planeta. Ao longo dos anos, ele teria desenvolvido tecnologias revolucionárias que reduziriam a dependência de combustíveis fósseis.
João Rafael Sousa Rebelo, imaginado pelo Midjourney.
Soraia Maria Santos Peralta
Idade: 21 anos
Local: Sintra
Ocupação: Estudante de Psicologia
Biografia: Soraia tinha uma empatia natural desde criança. Ela sonhava em ajudar as pessoas a superar seus desafios emocionais. Ao longo dos anos, ela teria se especializado em terapia familiar e guiado muitas famílias rumo à cura e à compreensão.
Soraia Maria Santos Peralta, imaginada pelo Midjourney.
José Januário Fernandes Portugal
Idade: 19 anos
Local: Peniche
Ocupação: Estudante de Biologia Marinha
Biografia: José tinha uma ligação profunda com o oceano e suas criaturas desde jovem. Ele sonhava em explorar recifes de coral e contribuir para a conservação marinha. Ao longo dos anos, ele teria liderado projetos para proteger ecossistemas marinhos delicados.
José Januário Fernandes Portugal, imaginado pelo Midjourney.
Rosa Vanessa Miguéis Saraiva
Idade: 20 anos
Local: Oeiras
Ocupação: Estudante de Ecoturismo
Biografia: Rosa tinha um amor pela Natureza e pela viagem. Ela sonhava em promover o turismo sustentável que beneficiasse as comunidades locais e o Ambiente. Ao longo dos anos, ela teria criado experiências de ecoturismo que respeitavam a Cultura e a Natureza.
Rosa Vanessa Miguéis Saraiva, imaginada pelo Midjourney.
Catarina Maria Costa Godinho
Idade: 23 anos
Local: Nazaré
Ocupação: Engenheiro Civil
Biografia: Catarina tinha um olho aguçado para design e construção desde jovem. Ela sonhava em criar edifícios que fossem esteticamente agradáveis e funcionalmente eficientes. Ao longo dos anos, ela teria deixado sua marca em arranha-céus icónicos e estruturas de ponte impressionantes.
Catarina Maria Costa Godinho, imaginada pelo Midjourney.
Andreia Maria Tavares Salles
Idade: 16 anos
Local: Lisboa
Ocupação: Estudante secundária
Biografia: Andreia tinha uma paixão pelo activismo social desde jovem. Ela sonhava em ser uma voz para os menos ouvidos. Ao longo dos anos, ela teria liderado movimentos de justiça social que inspiraram mudanças políticas e sociais significativas.
Andreia Maria Tavares Salles, imaginada pelo Midjourney.
João Miguel Ivo Santos
Idade: 20 anos
Local: Cascais
Ocupação: Estudante de Biologia Marinha
Biografia: João tinha uma ligação profunda com o oceano e seus habitantes. Ele sonhava em compreender os ecossistemas marinhos e combater a poluição. Ao longo dos anos, ele teria liderado campanhas de consciencialização e trabalhado para restaurar habitats marinhos.
João Miguel Ivo Santos, imaginado pelo Midjourney.
Vítor Manuel Gomes Carmo
Idade: 21 anos
Local: Seixal
Ocupação: Estudante de Antropologia
Biografia: Vítor tinha um fascínio pela diversidade cultural desde jovem. Ela sonhava em estudar e preservar tradições culturais únicas. Ao longo dos anos, ela teria viajado pelo Mundo, documentando rituais e histórias que enriqueceriam o conhecimento humano.
Vítor Manuel Gomes Carmo, imaginado pelo Midjourney.
Luís Paulo Patrício Belchior
Idade: 18 anos
Local: Nazaré
Ocupação: Estudante secundário
Biografia: Luís tinha uma paixão por Ciência e inovação. Ele sonhava em se tornar um cientista renomado, fazendo descobertas que melhorassem a vida das pessoas. Ao longo dos anos, ele teria contribuído para avanços significativos em tecnologias de saúde.
Luís Paulo Patrício Belchior, imaginado pelo Midjourney.
Bárbara Maria Vieira Fernandes
Idade: 22 anos
Local: Setúbal
Ocupação: Estudante de Biomedicina
Biografia: Bárbara tinha um desejo de curar desde jovem. Ela sonhava em trabalhar na pesquisa médica para encontrar soluções para doenças complexas. Ao longo dos anos, ela teria liderado equipes que desenvolveriam terapias inovadoras e melhorariam a qualidade de vida das pessoas.
Bárbara Maria Vieira Fernandes, imaginada pelo Midjourney.
João Paulo Godinho Santos
Idade: 19 anos
Local: Oeiras
Ocupação: Estudante de Astronomia
Biografia: João tinha um fascínio pelo espaço e pelas estrelas desde criança. Ele sonhava em desvendar os mistérios do Universo. Ao longo dos anos, ele teria feito descobertas astronómicas revolucionárias e inspirado gerações de cientistas.
João Paulo Godinho Santos, imaginado pelo Midjourney.
Maria Vitória Soares Ribeiro
Idade: 20 anos
Local: Montijo
Ocupação: Estudante de Sociologia
Biografia: Maria Vitória tinha um desejo ardente de entender a sociedade e suas complexidades. Ela sonhava em ser uma voz para os menos privilegiados, analisando as questões sociais e promovendo a igualdade. Ao longo dos anos, ela teria escrito livros influentes e iniciado movimentos de mudança.
Maria Vitória Soares Ribeiro, imaginada pelo Midjourney.
Tiago João Fernandes Cardoso
Idade: 23 anos
Local: Vila Nova de Gaia
Ocupação: Biólogo de Conservação
Biografia: Tiago tinha um amor profundo pela Natureza desde jovem. Ele sonhava em proteger espécies ameaçadas e seus habitats. Ao longo dos anos, ele teria liderado esforços para a preservação da biodiversidade e ajudado a salvar ecossistemas valiosos.
Tiago João Fernandes Cardoso, imaginado pelo Midjourney.
Bruna Fernanda Magalhães Antunes
Idade: 21 anos
Local: Cascais
Ocupação: Estudante de Arquitectura Paisagista
Biografia: Bruna tinha uma afinidade com a beleza natural e o design desde criança. Ela sonhava em criar espaços que unissem a estética humana à natureza. Ao longo dos anos, ela teria projectado jardins e parques que proporcionariam tranquilidade e inspiração.
Bruna Fernanda Magalhães Antunes, imaginada pelo Midjourney.
José Carlos Santiago Santos
Idade: 19 anos
Local: Sesimbra
Ocupação: Estudante de Oceanografia
Biografia: José tinha uma ligação com o mar desde jovem. Ele sonhava em explorar os mistérios das profundezas oceânicas. Ao longo dos anos, ele teria feito descobertas sobre ecossistemas marinhos pouco conhecidos e contribuído para a preservação dos oceanos.
José Carlos Santiago Santos, imaginado pelo Midjourney.
Diana Filipa Barbosa Mendes
Idade: 17 anos
Local: Vila Franca de Xira
Ocupação: Estudante secundária
Biografia: Diana tinha um espírito aventureiro e uma paixão por contar histórias. Ela sonhava em explorar o mundo e escrever sobre suas experiências. Ao longo dos anos, ela teria se tornado uma renomada autora de livros de viagens, transportando leitores para lugares exóticos.
Diana Filipa Barbosa Mendes, imaginada pelo Midjourney.
Laura Joana Vieira de Almeida
Idade: 22 anos
Local: Évora
Ocupação: Estudante de Antropologia
Biografia: Laura tinha um interesse profundo pelas culturas humanas desde jovem. Ela sonhava em viajar o mundo e estudar diferentes modos de vida. Ao longo dos anos, ela teria se tornado uma antropóloga respeitada, contribuindo para a compreensão global.
Laura Joana Vieira de Almeida, imaginada pelo Midjourney.
José Miguel Costa Fernandes
Idade: 20 anos
Local: Mira
Ocupação: Estudante de Agronomia
Biografia: José tinha um amor pela terra e suas colheitas desde criança. Ele sonhava em desenvolver métodos agrícolas sustentáveis. Ao longo dos anos, ele teria se tornado um especialista em agricultura regenerativa, revitalizando solos e comunidades.
José Miguel Costa Fernandes, imaginado pelo Midjourney.
Raquel Filipa Miranda Jorge
Idade: 21 anos
Local: Coimbra
Ocupação: Estudante de Direito
Biografia: Raquel tinha um senso de justiça inabalável desde jovem. Ela sonhava em lutar pelos direitos humanos e promover a igualdade perante a lei. Ao longo dos anos, ela teria se tornado uma advogada renomada, defendendo os oprimidos e inspirando reformas legais.
Raquel Filipa Miranda Jorge, imaginada pelo Midjourney.
João Diogo Fernandes Ribeiro
Idade: 23 anos
Local: Porto
Ocupação: Engenheiro de Software
Biografia: João tinha uma mente analítica e criativa. Ele sonhava em criar aplicativos que facilitassem a vida das pessoas. Ao longo dos anos, ele teria desenvolvido soluções tecnológicas inovadoras que tornariam o quotidiano mais eficiente.
João Diogo Fernandes Ribeiro, imaginado pelo Midjourney.
Carolina Sofia Sampaio e Castro
Idade: 19 anos
Local: Porto
Ocupação: Estudante de Psicologia
Biografia: Carolina tinha um coração compassivo e um desejo de ajudar os outros. Ela sonhava em ser psicóloga infantil, auxiliando crianças a superar desafios emocionais. Ao longo dos anos, ela teria oferecido apoio a jovens em busca de equilíbrio emocional.
Carolina Sofia Sampaio e Castro, imaginada pelo Midjourney.
Ana Maria Gouveia Bettencourt
Idade: 21 anos
Local: Faro
Ocupação: Estudante de Conservação e Restauro
Biografia: Ana tinha um talento para restaurar objetos antigos desde jovem. Ela sonhava em preservar a história através da recuperação de artefactos valiosos. Ao longo dos anos, ela teria restaurado obras de arte e artefactos culturais que contam a história da humanidade.
Ana Maria Gouveia Bettencourt, imaginada pelo Midjourney.
Jorge António Rodrigues Costa
Idade: 20 anos
Local: Câmara de Lobos
Ocupação: Estudante de Astronomia
Biografia: Jorge tinha uma paixão pelo cosmos desde criança. Ele sonhava em desvendar os segredos do universo e inspirar outros a olhar para as estrelas. Ao longo dos anos, ele teria feito descobertas que ampliariam nossa compreensão do espaço sideral.
Jorge Amtónio Rodrigues Costa, imaginado pelo Midjourney.
Clara Maria Bonifácio Matias
Idade: 22 anos
Local: Braga
Ocupação: Estudante de Artes Cénicas
Biografia: Clara tinha um amor pelo teatro e pelo drama desde jovem. Ela sonhava em emocionar e inspirar as pessoas através de suas performances. Ao longo dos anos, ela teria se tornado uma atriz respeitada, dando vida a personagens memoráveis.
Clara Maria Bonifácio Matias, imaginada pelo Midjourney.
João Sérgio Pereira Costa
Idade: 19 anos
Local: Viseu
Ocupação: Estudante de Medicina
Biografia: João tinha uma paixão pelo bem-estar dos outros desde jovem. Ele sonhava em ser médico para aliviar o sofrimento das pessoas. Ao longo dos anos, ele teria se especializado em medicina de emergência, salvando vidas em situações críticas.
João Sérgio Pereira Costa, imaginado pelo Midjourney.
Catarina Inês Fernandes Santos
Idade: 18 anos
Local: Leiria
Ocupação: Estudante secundária
Biografia: Catarina tinha um espírito criativo e uma paixão por escrever desde criança. Ela sonhava em ser autora e compartilhar suas histórias com o mundo. Ao longo dos anos, ela teria escrito romances cativantes que tocariam os corações de leitores de todas as idades.
Catarina Inês Fernandes Santos. imaginada pelo Midjourney.
Nos últimos dias tem feito notícia o veto presidencial à legislação “Mais Habitação” – o nome já diz tudo –, que tem como propósito “solucionar” a grave crise que se vive no mercado imobiliário em Portugal.
Efectivamente, o cenário é dramático: os preços das casas e dos arrendamentos sobem a ritmos sem precedentes; as prestações ao banco praticamente duplicaram no espaço de um ano, em resultado da subida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu (BCE); a alta de preços é agravada pela entrada descontrolada de um enorme contingente de estrangeiros, muitos deles utilizados como mão-de-obra escrava por empresários sem quaisquer escrúpulos.
A inscrição do “direito à habitação” na Constituição da República Portuguesa (CRP) justifica todos os intervencionismos. Na verdade, não se trata de um direito, mas simplesmente de um bem económico. Esta confusão entre direitos e bens económicos é aproveitada pela casta parasitária e está na origem de todas as crises.
Os verdadeiros direitos têm um carácter negativo: os denominados direitos naturais. Tenho direito ao fruto do meu trabalho, à liberdade de dispor da minha propriedade, à minha privacidade, à minha personalidade, à minha liberdade – deslocar-me para qualquer parte –, à minha liberdade de expressão, à vida, à liberdade de seleccionar o projecto de vida que julgue melhor.
Em nenhum momento estou a agredir os demais, apenas peço que não interfiram com os meus direitos, com as minhas ambições, sempre que não colidam com os direitos dos demais. Os Estados que melhor protegem estes direitos – até agora, todos falharam clamorosamente neste âmbito, embora em diferentes graus –, são aqueles que proporcionam a maior prosperidade aos seus cidadãos.
Por que razão então “a casa grátis”, a “saúde grátis”, as “escolas grátis” não são direitos?
Marina Gonçalves, ministra da Habitação, à esquerda.
Pela simples razão de se tratarem de bens económicos. Apenas são possíveis pela combinação de recursos provenientes da natureza (terreno e matérias-primas), de bens de capital (máquinas, equipamentos) e do labor humano. Infelizmente, não vivemos no paraíso, onde não existem as leis da escassez. As ideologias totalitárias sempre prometeram este paraíso de abundância, que apenas existe na cabeça de infelizes manipulados.
Para se proporcionar direitos positivos a uma parte da população, como é o caso da “casa grátis”, obrigatoriamente há uma outra parte que será agredida. São múltiplas as agressões que podem ter lugar. Para se obter saúde “grátis”, o médico deverá trabalhar para a população de forma gratuita? O construtor do hospital também? Ou, em alternativa, assalta-se uma parte da população para pagar a saúde dos que têm a felicidade de não serem assaltados?
Veja-se o caso da liberdade de dispor livremente da propriedade: se o Estado impõe o valor da última renda cobrada ao inquilino nos novos contratos de arrendamento, não está a agredir a liberdade negocial do proprietário; ou quando exige que arrenda coercivamente, não está a obrigá-lo a algo contra a sua vontade?
E quando impede um determinado projecto de vida, por exemplo, ao colocar um fim à emissão de licenças de alojamento local a partir de uma determinada data? Não se está a impedir essa actividade àqueles que não as possuem? Não deveria ser o mercado a decidir se os novos empresários vingam? Com o aumento da oferta, de imediato pressiona-se no sentido descendente os preços praticados, tornando menos atractiva a actividade, provocando, por esta via, o ajustamento da oferta à procura.
O que dizer da legalização de uma actividade criminosa para um pequeno grupo de entidades licenciadas pelo Banco Central? Se um simples cidadão decidir imprimir notas em sua casa, o seu destino é a cadeia (artigo 262.º do CPP), enquanto bancos e Bancos Centrais podem fazer contrafacção de moeda com total impunidade, diminuindo, desta forma, o poder aquisitivo – inflação – dos depósitos e notas de cada um.
A agressão permanente aos direitos naturais, usando como pretexto a necessidade de proporcionar direitos positivos à população – saúde “grátis”, casa “grátis”, rendas de favor, estímulos monetários para evitar recessões…–, generaliza a discriminação dos cidadãos perante a lei. Esta deixa de ser cega e igual para todos.
O senhorio passa a receber uma renda inferior àquela que o mercado pratica, incentivando-o a retirar a casa do mercado. O proprietário perde aquilo que é seu, pois é obrigado a arrendar coercivamente. O cidadão de sucesso torna-se um “cidadão de segunda”, sujeitando-se a taxas de tributação de 70% e 80% (IRS, SS empregador e trabalhador, IVA…). O empresário que gostaria de entrar no negócio do alojamento local deixa de o poder fazer, em virtude de não se emitirem mais licenças. Neste contexto, a lei torna-se injusta e discrimina permanentemente.
À boleia do populismo dos direitos positivos, em que se rouba uma minoria para distribuir migalhas pelas massas e obter o seu voto, a casta parasitária manipula a sociedade para nos colocar todos contra todos. Os “malvados dos ricos”, os “malvados dos proprietários”, os “malvados dos especuladores”, os “malvados dos proprietários”, os “malvados dos negacionistas”, a “malvada evasão fiscal” – na verdade, a legítima defesa de um monstruoso assalto.
Para a sua perpetuação no poder, a casta parasitária recorre à mais vil manipulação, à mais obscena propaganda e uma doutrinação sem quaisquer escrúpulos da população. É a Joaninha e os Impostos para as crianças; a evasão fiscal que impede a ajuda aos “pobrezinhos”, não sendo possível dar-lhes a casa, o emprego, a saúde, a educação, apesar do assalto de 106 mil milhões de Euros, cerca de 10 mil Euros por português; a “necessária justiça social”, uma espécie de Robin dos Bosques, em que se roubam os “ricos” para dar aos pobres, tudo em nome do “bem-comum”, sempre definido por um grupo de tiranos que se acha no direito de decidir as nossas vidas – quem não se recorda dos “especialistas” da putativa pandemia.
No meio desta roubalheira, apenas a casta parasitária prospera. A cada bancarrota estão cada vez mais ricos. A cada crise, as suas contas bancárias e propriedades incrementam exponencialmente. Em paralelo, o pequeno empresário é arruinado em nome do combate ao “vírus”; o aforrador vê a sua propriedade confiscada em nome de “casas grátis” para “os pobres e débeis”; a maioria é obrigada a pagar preços monopolistas a uma minoria com contactos privilegiados junto da casta parasitária, prosperando sistematicamente em negócios que envolvam a partilha do butim; o idoso, que levou todas as “vacinas” pagas a partir do saque, corre o risco de não ter acesso aos mais básicos cuidados de saúde e mesmo morrer; a população com rendimentos fixos é assaltada pela inflação criada pelo cartel bancário, onde a contrafacção de moeda está legalizada – para eles obviamente!
Em conclusão, os direitos positivos propagandeados pela casta parasitária não são mais que uma insidiosa forma de nos ludibriar, confiscar, esbulhar e assaltar com a máxima violência. Apenas nos pedem, todos os dias, que aceitemos tudo isto com um sorriso nos lábios.
Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário
N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.
“Escrevo num domingo, manhã alta, num dia amplo de luz suave, em que, sobre os telhados da cidade interrompida, o azul do céu sempre inédito fecha no esquecimento a existência misteriosa de astros…“, assim surge Lisboa retratada no Livro do Desassossego, de Bernardo Soares, pseudónimo de Fernando Pessoa.
E acrescentava o grande poeta: “É domingo em mim também…“
Rua de Santa Catarina (Miradouro do Adamastor).
E em mim também é domingo. E, por isso, caro leitor, neste azulado dia, dei por mim deambulando por esta Lisboa antiga, com supostos toques de modernidade. Porém, cada vez mais porca. Mais feia. Mais má. E a escrever sobre o que vi. E sobretudo sobre o que senti.
Confesso que tenho um defeito: embora costume andar muito em nefelibatices, sigo a praxe de escrutinar o chão, ou aquilo que o rodeia, mais do que esticar o nariz para o céu. Mesmo nos dias como os de hoje: lindos de querer mais.
E, hélas, irrita-me esta Lisboa que me faz sempre recordar o olhar crítico do meu oitocentista amigo Guilherme Centazzi que, no seu romance A alma do justo, publicado em 1861, assim já retratava a capital: “Lisboa, que todos nós estamos vendo, e que os estrangeiros e os vindouros hão-de julgar pelo que lerem… Lisboa (não se faça do preto branco, nem se queira embutir gato por lebre), examinada em globo é uma coisa; em detalhe, é outra. Em globo, ninguém lhe negará aparato, beleza, opulência, grandeza, etc., etc. Em detalhe, de fora para dentro, é tal e qual como esse famigerado siciliano que, no domingo, se paramentava com luzentes vestiduras, sem despir a camisa com que tinha andado a mariscar os anzóis durante a semana. Lisboa, em síntese, é majestosa; em análise, é um covil lastimoso de miséria e lama.“
Eis-me então deambulando hoje por esta Lisboa antiga do século XXI, embora com milhões para limpezas. E que teve mais 614 mil euros em reforço que voaram para uma empresa de trabalho temporário por causa de uma semana de Jornada Mundial da Juventude. Sim, o mesmo município que destinou só para este ano quase 33,8 milhões de euros para a limpeza urbana. Sim, o mesmo município que, em Abril passado, aprovou a transferência de 2,4 milhões de euros até 2025 para as juntas de freguesia da cidade.
Aliás, é sempre muito instrutivo ler os comunicados do Departamento de Marca e Comunicação da autarquia, que nos custará 2 milhões de euros só este ano. Coisa pouca. Na mesma notícia de finais de Abril, assim catalogam os comunicados, escreve alguém desse departamento que “para responder ao aumento da produção de resíduos, provocados pelo turismo, foram ainda aprovados na reunião os contratos interadministrativos para um aumento das rotinas de limpeza urbana, como o despejo de papeleiras e varredura de vias. Estes contratos totalizam 7,858 milhões de euros para as 24 Juntas de Freguesia.”
Rua do Almada, Bica.
E acrescentam ainda que “as Juntas de Freguesia estão na primeira linha de contacto com os lisboetas, verificando as necessidades imediatas nos seus territórios. Neste sentido, há aspetos específicos no setor da higiene urbana, como a recolha de resíduos, que podem ter uma resposta mais rápida e eficaz por parte das juntas.”
Dinheiro não falta. Aliás, parafraseando Almada Negreiros: “Quando eu nasci, as decisões que hão-de limpar as ruas já estavam todas tomadas, só faltava uma coisa – limpar as ruas.”
Eu, morador lisboeta desde os idos de 1994, na antiga freguesia de Santa Catarina, agora Misericórdia, tenho vindo a pedir misericórdia para uma cidade decente, com um pingo de estética e aprumo. Veja-se: não se peça demasiado a autarquias, quer sejamos munícipes quer sejamos fregueses.
Do Governo deve exigir-se mais, muito mais, mas das Câmaras Municipais e das Juntas de Freguesia somente que nos limpem e cuidem do espaço público, e que não chateiem o nosso quotidiano. Na verdade, espera-se deles que, não conseguindo facilitar-nos a vida, pelo menos não a compliquem.
Rua da Bica de Duarte Belo
Ora, durante muitos anos, as autarquias de Lisboa (a mastodôntica e as mais pequeninas), pelo menos não complicavam. Mas também os problemas eram menores. A turba turística que surgiu na última década e meia, que nos traz coisas boas, também as trouxe menos agradáveis, sendo a limpeza urbana uma delas.
Ora, e que fizeram as autarquias alfacinhas perante este novo problema, sabendo também que cobram agora 2 euros diários por cada turista que pernoita. Nas zonas históricas eliminaram em 2019 (salvo erro) a recolha selectiva periódica de recicláveis e a diária de indiferenciados, através de sacos resistentes disponibilizados pelos serviços camarários, e começaram a pespegar, sem nexo e sem qualquer avaliação, contentores verdes, em grande parte “colando” estruturas metálicas em edifícios privados.
Recordo-me ainda que, na minha rua, e depois de muitas reuniões – era Duarte Cordeiro, actual ministro do Ambiente, o vereador responsável na autarquia por este feito –, queria a Junta da Freguesia da Misericórdia grudar três contentores verdes mesmo ao lado da porta de casa.
Eu, que nem sou muito sensível a lixos – porque já muito vi, como se pode comprovar em intervenção histórica de 1994, histórica por já estar na RTP Arquivos –, sabia muito bem no que aquilo daria, mesmo a despeito das promessas de limpeza, desinfecções, fumigações, tudo asséptico, e nem sei já bem se me prometeram lavar o rabinho com água de rosas.
Rua da Emenda, Chiado.
E, portanto, lá tive eu de arrancar à força de braços, em certo dia de Fevereiro de 2019, as ditas estruturas de metal que me quiseram prender ao meu edifício, que nem sequer era público, e nem autorização pediram ou aviso deram, e entregando-as assim na Junta de Freguesia da Misericórdia, sob competente documento, a ser assinado, à laia de guia de devolução.
Convém aqui declarar que o “à força de braços” se deveu mais à ainda frescura do cimento, e não tanto aos meus poderes físicos, apesar de ter compreendido melhor a activação emocional do doutor Bruce Banner quando o chateiam…
A doutora Carla Madeira, a “presidenta da Junta”, bem ameaçou que havia um processo judicial contra mim, mas deve ter dado no mesmo dos dois que o juiz Sebastião Póvoas, ex-presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, me pôs: em água de bacalhau. Ou, se se quiser, deram com os burrinhos na água.
Bendigo, quase benzendo-me, aquela tarde em que arranquei pela raiz aquelas estruturas, de contrário, estaria agora, e irremediavelmente, com os verdes monos acoplados à porta de minha casa, competindo em desmazelo, feiura e perigo à saúde públicas com os que se espalham nas demais vias de Lisboa antiga, mesmo se vazios de lixo. Na verdade, conspurcados, esventrados e espalhados como quase todos estão, admira-me até que nenhum almeida – atenção, eu sou Almeida! – os varra dali…
Agora a sério: aquilo que se assiste, ou já nem se nota, tamanho o desleixo, é de uma atroz falta de sentido de serviço público quer da Câmara Municipal de Lisboa e das suas Juntas de Freguesia – neste caso, da Misericórdia.
Ali nas redondezas de onde vivo, até já dava de barato aceitar a triste ideia, com absoluta ausência de sentido estético, em se colocar ecopontos subterrâneos (mas com a parte metálica bem visível, na parte leste do pequeno largo na desembocadura da Rua de Santa Catarina com a Rua Marechal Saldanha, tendo a norte o restaurante da Associação Nacional das Farmácias, a este o Hotel Verride e a sul o miradouro do Adamastor. Quem foi a aventesma com aquela ideia? Quem foi a criatura que a aprovou?
Travessa das Mercês, Bairro Alto.
Ainda mais, colocaram depois, em redor, mais uns famigerados monos verdes. Á volta, e alguns já em cima. Deve ser por alguma combinação que ainda não descortinei.
Diz o provérbio lusitano que quem torto nasce, nunca ou tarde se endireita. Curiosamente, os brasileiros, aprendi há anos, são menos esperançosos, e dizem que aquilo que torto brota não tem remissão: nunca se endireitará.
E assim, cá temos, todos têm, as ruas de Lisboa com contentores verdes.
Quer dizer, verdes ou esverdeados de diversas tonalidades, consoante os grafittis, o verdete, o sujo encardido, e os lixos que escorrem e borbotam.
Lisboa antiga está, portanto, assim: com uma paisagem de contentores feitos monos. Muitos já sem tampa, outros esventrados, outros tantos deslocados das tais estruturas metálicas. Todos sujos. Muito sujos.
É certo que não seria suposto a tal água de rosas para lavar contentores, mas o desmazelo é absoluto. As pedras das estradas em derredor, e a calçada dos passeios, enfim, têm agora entranhado não um passado de pés e pneus, mas sim as cores e os odores das águas lixiviantes. Um nojo. Uma vergonha. Um perigo público, sobretudo quando paredes-meias com restaurantes, comércio… e portas de casa. Quem foi que disse mesmo “aqui mora gente”?
Aquilo que se mostra mais surreal é que, sobretudo na Bica, pouco antes da operação de embutimento (ou embrutecimento) dos contentores nas paredes, a autarquia tinha despendido não sei quanto (mas serão sempre milhões, que tudo o que for inferior não é obra digna de se fazer) a redefinir e pavimentar passeios.
Travessa da Espera, Bairro Alto.
Nas zonas históricas, os passeios são agora para os monos verdes, tal como há umas décadas eram para os pneus de carros mal estacionados. Agora como antes, não havendo passeios, os transeuntes – feita palavras, mas que serve para o efeito de jocoso jogo de palavras a uso – transitam por onde o tráfego passa ou passeia. Um salutar convívio.
E, portanto, por vezes é uma sorte se alguns dos monos se forem perdendo, ou se se retirarem para uma troca nunca mais feita. Sempre se livram os passeios, embora as tais estruturas se mantenham perenes.
Será talvez interessante classificar como património essas estruturas para que os vindouros se mostrem estupefactos com as burrices cometidas em pleno século XXI. A conservação da estupidez tem uma função didáctica para o futuro.
Eu não consigo imaginar que Moedas e a sua equipa de vereação andem por Lisboa. Ou um qualquer governante, ou político (e de qualquer quadrante).
Eu acho que não andam. Não podem andar, e ainda mais num dia como o de hoje, bonito, azul, brilhante, mas com as ruas desmazeladas e os omnipresentes monos sujos, porcos e maus e maltratarem uma cidade que até tem recursos financeiros para se lavar e limpar.
Rua do Norte, Bairro Alto.
Vejo na Pordata que Lisboa teve 13.334.237 milhões de dormidas em 2022. Só aqui, em taxas de turismo, Carlos Moedas – sem incluir os munícipes, que pagam taxa de recolha e tratamento de lixos por indexação à conta da água – sacou quase 27 milhões de euros.
Ora, façamos ainda umas contas para perceber o desafogo autárquico com base no tarifário do serviço de gestão de resíduos urbanos em Lisboa relativo a 2022, composto por tarifas variáveis e tarifas de disponibilidade. Sabendo-se que cada lisboeta, segundo a EPAL, consome 135 litros de água por dia, e que a população da capital é de cerca de 546 mil habitantes, temos então uma receita anual de 4,6 milhões de euros apenas de tarifas variáveis. Considerando a tarifa de disponibilidade, e só contando habitações (cerca de 320 mil), a autarquia encaixa mais quase 8,6 milhões de euros.
Portanto, só por turistas e habitantes, a Câmara Municipal de Lisboa saca mais de 30 milhões, depreendendo que mais uns quantos milhões surgirão de pagamentos do sector de serviços, sobretudo comércio e restauração.
Não se diga, portanto, que não há dinheiro para comprar uns esfregões para lavar decentemente, de quando em vez, os tampos dos contentores que, obrigatoriamente, são tocados por quem quer colocar os sacos de lixos nos verdes monos.
Tantos mil cuidados na pandemia, e estes atentados à saúde pública ao virar de cada esquina… e não só nas esquinas.