Categoria: Imprensa

  • Oferecer faca com manchete sensacionalista de suicídio não vai contra Lei de Imprensa

    Oferecer faca com manchete sensacionalista de suicídio não vai contra Lei de Imprensa

    A Revista TV Guia ofereceu aguçada faca de cozinha na mesma edição em que destacou profusamente o suicídio do actor Pedro Lima em 2020, explorando as causas e o método. A Entidade Reguladora da Comunicação para a Comunicação Social (ERC) considera agora que a revista da Cofina foi “sensacionalista”, mas arquiva queixa pela tétrica campanha de marketing.


    Apesar de considerar “sensacionalista” a manchete da TV Guia sobre a morte do actor Pedro Lima, que se suicidou em 20 de Junho de 2020 na praia do Abano, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) não considerou que aquela publicação da Cofina tenha cometido qualquer ilegalidade ao oferecer em simultâneo uma faca de cozinha, mesmo mais longa do que a revista.

    O parecer da ERC, disponibilizado esta semana no seu site, surge no seguinte de duas queixas que destacavam sobretudo o facto de “o afogamento [do conhecido actor de 49 anos] ter sido precedido de cortes no abdómen e na carótida” e, nessa medida, e de ser “errado e de muito mau gosto a coincidente oferta de uma faca de cozinha” na compra da revista.

    Pedro Lima em 2001, com 30 anos, em entrevista na RTP.

    A capa da edição de 26 de Junho daquele ano foi dedicada em exclusivo à morte e exéquias de Pedro Lima, bem como a questões familiares e da sua vida pessoal, sendo encimada pela imagem de uma faca de cozinha. O PÁGINA UM opta por não reproduzir aqui a capa da revista TV Guia, podendo esta ser visualizada aqui.

    No processo da ERC, a directora da TV Guia, Luísa Jeremias, nem sequer respondeu a justificar aquela decisão de marketing. Contudo, a ERC apurou que a oferta daquela faca se inseria numa campanha de oferta de faqueiros, colares e outras bugigangas, pelo que, podendo-se até “condescender com o carácter tétrico de toda a situação”, comprovava-se que “a campanha estava planeada e tinha sido anunciada aos leitores da TV Guia ainda antes dos acontecimentos envolvendo o actor”. E, desse modo, decidiu arquivar as queixas.

    Em todo o caso, a ERC aproveitou para se debruçar sobre a abordagem sensacionalista da revista da Cofina, tanto ao nível da titulação da manchete como dos conteúdos. Mesmo aceitando que “as características intrínsecas” das chamadas revistas cor-de-rosa, o regulador considera que a revista usou “uma titulação forte, que causa comoção e desassossego”, tecendo depois várias considerações, aludindo especialmente “às diretrizes internacionais emanadas da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o tratamento jornalístico de atos suicidas – designação que inclui tentativas de suicídio e suicídio consumado, como é o caso.”

    A TV Guia está, neste momento, a oferecer frigideiras.

    De igual modo, a ERC relembra o protocolo que assinou com o Programa Nacional para a Saúde Mental (PNSM), bem como os pactos implícitos que existem na quase totalidade da comunicação social sobre a cobertura de actos suicidas.

    Por exemplo, tanto a OMS como o PNSM recomendam que a comunicação social nunca use o termo “suicídio bem-sucedido”, mas sim “suicídio consumado”, e que não “devem publicar fotografias ou notas de suicídio, noticiar detalhes específicos do método usado, apresentar razões simplistas, glorificar ou tratar os casos de modo sensacionalista, usar estereótipos religiosos ou culturais e dividir a culpa sobre o sucedido.”

    No caso em concreto de celebridades, como era o caso de Pedro Lima, as recomendações são ainda mais específicas.

    A ERC salienta que, nestas circunstâncias, “a cobertura sensacionalista de suicídio deve ser evitada a todo o custo”, devendo “ser minimizada tanto quanto possível”, e mencionando-se sempre “qualquer problema de saúde mental” subjacente. E deve ainda “envidar-se todos os esforços para evitar os exageros”, incluindo “fotografias do falecido, do método usado e da cena do suicídio”, sendo aconselhado que não se noticiem suicídios de pessoas famosas na “primeira página”.

    Ou seja, tudo o que era recomendado, a TV Guia fez ao contrário. Mas mesmo assim, a ERC acaba apenas por recomendar “à TV Guia que faça refletir as indicações nacionais e internacionais dirigidas aos órgãos de comunicação social no tratamento noticioso de atos suicidas, consumados ou não consumados.”

  • PÁGINA UM é o único órgão de comunicação social que exigiu “arquivo aberto” à DGS, e já ganhou quatro processos

    PÁGINA UM é o único órgão de comunicação social que exigiu “arquivo aberto” à DGS, e já ganhou quatro processos

    Numa luta pela verdade e pelo rigor científico, o PÁGINA UM tem tentado obter informação oficial com rigor. A Direcção-Geral da Saúde recusa sistematicamente. A Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos vai aprovando pareceres, a conta-gotas, mas adiando ou não aprovando outros, sobretudo quando são matérias políticas mais sensíveis.


    Em dois anos de pandemia, o PÁGINA UM – que se encontra online somente desde 21 de Dezembro de 2021 – foi o único órgão de comunicação social a solicitar à Direcção-Geral da Saúde (DGS) o acesso a bases de dados oficiais e a outros documentos administrativos ao abrigo da Lei do Acesso aos Documentos Administrativos (LADA).

    Este diploma legal, criado ainda na década de 1990, visa promover o chamado “arquivo aberto” na Administração Pública, e no caso da pandemia mostra-se essencial para compreender com exactidão o impacte da covid-19.

    Até à data, o PÁGINA UM já solicitou informação distinta, mas bastante detalhada, em oito situações concretas, invocando sempre a LADA. Com excepção de um pedido ainda com o prazo legal de 10 dias em curso, a directora-geral da Saúde tem optado, de forma sistemática, em indeferir tacitamente – isto é, opta por manter o obscurantismo da Administração Pública, e nem sequer responde.

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    Entretanto, perante as ausências de resposta, de entre as sete queixas que o PÁGINA UM já endereçou à Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA), esta entidade a funcionar junto da Assembleia da República já tomou cinco decisões este ano, estando ainda duas por decidir. Destas duas, há uma cujo parecer teve já a sua votação adiada por duas vezes, por ser matéria politicamente sensível.

    Trata-se do acesso à base de dados do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE), cuja queixa do PÁGINA UM foi endereçada à CADA em 10 de Novembro do ano passado. Através do SINAVE consegue-se, por exemplo, calcular com rigor e isenção a taxa de letalidade por idade discriminada, ou mesmo a taxa de letalidade dos vacinados e não-vacinados.

    A outra queixa que ainda está para análise – neste caso dentro do prazo de 40 dias que a CADA tem para conceder um parecer – refere-se à base de dados e/ou relatórios referentes aos óbitos discriminados nos lares de idosos durante a pandemia. Portugal é um dos poucos países que nunca apresentou publicamente um relatório sobre o verdadeiro impacte da covid-19 nas denominadas estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI).

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    Nas restantes cinco queixas, a CADA já concedeu os respectivos pareceres: dois em Janeiro, e os outros três na semana passada. De entre estes cinco, apenas um não foi favorável às pretensões do PÁGINA UM, que entretanto apresentou uma impugnação, ainda não decidida pela CADA. Se a CADA mantiver a decisão, será obrigada a enviar o processo para o Ministério Público junto do Tribunal Administrativo de Lisboa, conforme determina a lei.

    Neste caso trata-se também de mais outra base de dados politicamente sensível: o Sistema de Informação de Certificados de Óbito (SICO). Através da consulta dessa base de dados, com informação introduzida por médicos legistas e sem manipulação possível da DGS ou do Governo, seria possível, em poucos minutos, detectar com exactidão o número de óbitos efectivamente atribuídos à covid-19. E também as alterações nos óbitos de outras doenças e afecções durante os anos da pandemia face aos períodos anteriores, uma vez que o SICO tem essa informação desde 2014.

    De entre os quatro pareceres com “vitória” para o PÁGINA UM, destaca-se aquele que foi aprovado ainda em Janeiro, referente à totalidade dos documentos da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19, que incluem não apenas os referentes às crianças, mas também todos aqueles que foram sendo elaborados desde a sua criação. Apesar desse parecer ter sido já aprovado por unanimidade pela CADA em Janeiro, Graça Freitas continua a recusar o acesso.

    Podendo recorrer a Tribunal Administrativo para obrigar a DGS a ceder a documentação, o PÁGINA UM optou por requerer comentários sobre esta recusa de Graça Freitas aos diversos partidos com assento parlamentar, aguardando resposta.

    Relativamente aos outros três pareceres aprovados também por unanimidade pela CADA, a informação que se espera ter acesso também é fundamental para aferir o impacte da covid-19 e avaliar a gestão pública da pandemia.

    O primeiro parecer favorável obtido este mês pelo PÁGINA UM refere-se à queixa por ausência de autorização de acesso a documentos sobre surtos de covid-19 nos hospitais, ou seja, infecções nosocomiais em doentes internados por outras causas.

    Em concreto, o PÁGINA UM requereu o “número total de infeções (casos positivos) por covid-19, e eventualmente discriminadas por unidade hospitalar e por mês (ou outro qualquer período temporal), adquiridas durante o internamento por outras causas, ou seja, que seja possível aferir do número de infeções nosocomiais de covid-19, desde o início da pandemia até à data da consulta a efetuar”. E ainda o “número total de óbitos atribuídos à covid-19 em doentes previamente internados por causas não-covid e que sofreram infeção nosocomial de covid-19 durante o internamento, e eventualmente discriminadas por unidade hospitalar e por mês (ou outro qualquer período), desde o início da pandemia até à data da consulta a efetuar”.

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    O PÁGINA UM tem indicações da existência de casos dramáticos de elevada mortandade em diversas unidades, mas essa informação tem de ser confirmada documentalmente.

    O segundo parecer é relativo à ausência de acesso a documentos que mostrem a positividade dos testes PCR e de antigénio – isto é, número de testes e número de casos positivos – ao longo da pandemia, mas discriminados por idade ou agregada por faixa etária, e não apresentados na sua totalidade.

    Aceder a essa informação permitiria saber, por exemplo, se se justificava o alarmismo nas escolas, ou se os lares de idosos (ou o grupo etário mais associado) estiveram mais sujeitos a infecções.

    Por fim, o terceiro parecer refere-se à recusa de acesso a documentação que revela a evolução da incidência das diversas variantes do SARS-CoV-2 ao longo do tempo, e sobretudo as distintas taxas de letalidade, especialmente das variantes Alfa, Delta e Ómicron, tanto nos vacinados como nos não-vacinados.

  • Direcção-Geral da Saúde beneficiou SIC e TVI nas campanhas de publicidade

    Direcção-Geral da Saúde beneficiou SIC e TVI nas campanhas de publicidade

    Os pequenos media regionais e locais foram prejudicados pela Direcção-Geral da Saúde na distribuição das verbas para divulgação das mensagens publicitárias durante a pandemia. Quem mais beneficiou foram sobretudo os dois canais privados generalistas, a SIC e a TVI, que encaixaram 61% de todo o dinheiro gasto em anúncios sobre a covid-19. Saiba aqui quem são e quanto receberam os 284 órgãos de comunicação social ao longo dos últimos dois anos.


    Quase 75% do dinheiro total gasto pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) em campanhas relacionadas com a covid-19 foram absorvidas pelas televisões. Os canais da SIC e da TVI – que posicionaram os seus serviços noticiosos durante a pandemia com uma filosofia claramente alarmista – conseguiram captar um total de 3,11 milhões de euros nos últimos dois anos.

    Este montante representa cerca de 61% dos quase 5,11 milhões de euros disponibilizados pelo gabinete de Graça Freitas para publicidade relacionada com a pandemia. A SIC foi o canal que mais encaixou: 1.609.024,35 euros, seguindo-se a TVI, com 1.230.378,35 euros. O pódio foi também ocupado por um canal por cabo, mas a grande distância: o Correio da Manhã TV teve direito a 557.237,81 euros.

    Curiosamente, a TVI 24 – agora transformada em CNN Portugal – recebeu mesmo mais do que a RTP 1. A primeira recebeu 190.004,71 euros, enquanto a segunda 148.721,45 euros.

    SIC foi a televisão que mais dinheiro da DGS encaixou para promoção das campanhas da covid

    Desconhecem-se os critérios que presidiram à distribuição da publicidade, mas claramente a DGS preferiu campanhas audiovisuais de âmbito nacional em detrimento de campanhas destinadas à imprensa ou rádio locais e regionais.

    No segmento radiofónico, a Rádio Comercial foi aquela que mais atraiu publicidade sobre a covid-19 (80.817,97 euros), um pouco mais do que o Jornal de Notícias, a publicação da imprensa que liderou nos contratos com a DGS, que recebeu 72.138,76 euros.

    Saliente-se que estes montantes apenas parcialmente estão associados aos adiantamentos de 15 milhões de euros em publicidade feitos pelo Governo em Maio de 2020, e que tanta celeuma causou em alguns órgãos de comunicação social. Esse “bolo” não estava afecto exclusivamente a campanhas relacionadas com a covid-19, incluindo a promoção de actividades do Estado, pretendendo o Governo, com esses elevados montantes, sobretudo antecipar receitas aos órgãos de comunicação social num período que se mostrava difícil para a Economia.

    Com efeito, de acordo com a Resolução do Conselho de Ministros (RCM) de Maio de 2020, embora uma parte muito substancial desses 15 milhões de euros viesse da DGS (7 milhões de euros), os media cativavam assim, em antecipação, receitas de publicidade futura para promoção de actividades do Instituto de Turismo de Portugal e de três Secretarias-Gerais de Ministérios (Administração Interna; Trabalho, Solidariedade e Segurança Social; e Ambiente, Ordenamento do Território e Energia) – no valor de 1,5 milhões, em cada uma destas entidades –, e ainda da Presidência do Conselho de Ministros, da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral e da Secretaria-Geral da Educação e Ciência – 500 mil euros, cada.

    DGS preferiu campanhas audiovisuais.

    A RCM elencava também as verbas a receber pelas principais empresas de comunicação social de âmbito nacional, bem como as verbas a receber pelos outros órgãos de âmbito regional e local.

    De acordo com um levantamento realizado pela Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), a DGS pagou diversos montantes a 284 órgãos de comunicação social para divulgação de mensagens relacionadas com a pandemia, dos quais 139 de imprensa regional, 126 rádios locais, oito títulos de imprensa nacional, sete canais de televisão, três rádios nacionais e uma publicação digital.

    Apesar da grande quantidade de rádios locais envolvidas (que incluem, por exemplo, a TSF e a Mega 80) e de muitos títulos de imprensa regional, os montantes foram, em alguns casos, completamente irrisórios. Por exemplo, a Rádio Imagem, de Fornos de Algodres, recebeu 121,95 euros da DGS. Um total de 12 rádios ou periódicos regionais receberam menos de 500 euros, e mais 22 receberam entre 500 e 1.000 euros.

    A distribuição de “migalhas” à comunicação social de âmbitos regional e local, em confronto com a generosa entrega publicitária sobretudo às televisões, levou mesmo a ERC a tecer críticas à DGS, uma vez que não foi cumprida a legislação que determina que os órgãos de comunicação social regional e local devem ficar sempre com pelo menos 25% do custo global das campanhas publicitárias do Estado.

    Rádio Imagem, de Fornos de Algodres, encontra-se na última posição (284º lugar) dos beneficiados das campanhas da DGS com 121,95 euros.

    No caso concreto, estes órgãos de comunicação só receberam 755 mil euros (menos de 15% do total), quando deveriam receber pelo menos 1,28 milhões de euros, se se considerar os 5,1 milhões efectivamente gastos, ou pelo menos 1,75 milhões, caso a DGS tivesse gastado os 7 milhões inicialmente previstos.

    Em suma, os pequenos órgãos de comunicação social tiveram direito a menos 522 mil euros do que seria suposto, verba essa que acabou distribuída pela imprensa, rádio e sobretudo televisão de âmbito nacional.
    Por causa deste motivo, e também pelo atraso no envio de documentação – que inviabilizou uma averiguação com maior antecedência –, a ERC enviou o processo destas campanhas da DGS para o Tribunal de Contas. Contudo, esta diligência acaba por ser uma mera formalidade, porque a legislação não prevê sanções para quem não cumpra as quotas estabelecidas por lei.


    Lista de órgão de comunicação social, tipo e montante recebido (em euros)

    Fonte: ERC.


    SIC (televisão) – 1.609.024,35
    TVI (televisão) – 1.230.378,35
    Correio da Manhã TV (televisão) – 557.237,81
    TVI 24 (televisão) – 190.004,71
    RTP 1 (televisão) – 148.721,45
    SIC Notícias (televisão) – 81.033,37
    Rádio Comercial (rádio nacional) – 80.817,97
    Jornal de Notícias (imprensa nacional) – 72 138,76
    RFM (rádio nacional) – 69.349,90
    TSF Rádio Jornal Lisboa (rádio local) – 61 953,44
    Correio da Manhã (imprensa nacional) – 58.619,00
    Público (imprensa nacional) – 45.779,00
    Expresso (imprensa nacional) – 38.348,00
    A Bola (imprensa nacional) – 37.045,00
    Diário de Notícias (imprensa nacional) – 34.562,00
    M80 Rádio (rádio local) – 34.125,07
    Rádio Renascença (rádio nacional) – 33.077,86
    O Jogo (imprensa nacional) – 31.795,50
    Record Imprensa (imprensa nacional) – 20.400,00
    Mega Hits (rádio local) – 14.670,08
    EJM – Empresa Jornalística da Madeira (rádio local) – 9.842,02
    Diário do Minho (imprensa regional) – 9.799,59
    Correio dos Açores (imprensa regional) – 8.943,09
    Porto Canal (televisão) – 8.448,43
    Mirante (imprensa regional) – 7.020,00
    Diário do Sul (imprensa regional) – 6.542,38
    A Terra Minhota (imprensa regional) – 6.016,26
    ERA – Emissora Regional de Ama (rádio local) – 5.581,30
    Golo FM (digital nacional) – 5.573,54
    Rádio Clube de Lamego (rádio local) – 5.573,54
    Rádio Independente de Aveiro (rádio local) – 5.573,54
    Rádio Fundação FM (rádio local) – 5.573,54
    Rádio Altitude (rádio local) – 5.573,54
    Rádio Independente Paivense (rádio local) – 5.573,54
    Rádio Singa (rádio local) – 5.429,04
    Diário Insular (imprensa regional) – 5.372,36
    Reconquista (imprensa regional) – 5.316,22
    Rádio 94FM (rádio local) – 5.137,50
    RDS (rádio local) – 5.126,47
    Rádio Cultural de Cerveira (rádio local) – 5.012,92
    Rádio Elvas (rádio local) – 4.956,40
    Correio da Maia (imprensa regional) – 4.878,04
    Notícias de Aguiar (imprensa regional) – 4.878,04
    Voz de Lamego (imprensa regional) – 4.875,00
    O Regional (imprensa regional) – 4.782,12
    Asas do Atlântico (rádio local) – 4.739,99
    Rádio Onda Viva (rádio local) – 4.642,53
    Rádio Club de Armamar (rádio local) – 4.546,46
    Rádio Região de Basto (rádio local) – 4.455,00
    Barlavento (imprensa regional) – 4.375,61
    Rádio Local de Torres Novas (rádio local) – 4.360,16
    Jornal da Bairrada (imprensa regional) – 4.305,00
    Tribuna da Madeira (imprensa regional) – 4.292,68
    Jornal do Pico (imprensa regional) – 4.227,64
    Costa do Sol (imprensa regional) – 4.222,44
    Rádio Universidade de Coimbra (rádio local) – 4.208,13
    O Interior (imprensa regional) – 4.159,00
    Jornal de Matosinhos (imprensa regional) – 4.125,00
    Canal FM (rádio local) – 4.066,49
    Rádio Graciosa (rádio local) – 4.066,49
    Tribuna das Ilhas (imprensa regional) – 4.065,04
    Atlântico Expresso (imprensa regional) – 4.065,04
    TDS – Televisão do Sul (rádio local) – 4.063,62
    Rádio Nazaré (rádio local) – 4.038,61
    Voz Portucalense (imprensa regional) – 3.965,90
    Jornal do Algarve (imprensa regional) – 3.900,00
    O Comércio de Guimarães (imprensa regional) – 3.850,00
    Rádio Clube Paços Ferreira (rádio local) – 3.745,46
    Rádio Alentejo (rádio local) – 3.708,20
    Rádio Montalegre (rádio local) – 3.646,35
    Incentivo (imprensa regional) – 3.638,38
    O Progresso de Paredes (imprensa regional) – 3.577,24
    Rádio Douro FM (rádio local) – 3.577,24
    Jornal da Praia (imprensa regional) – 3.577,23
    Via Rápida (imprensa regional) – 3.500,00
    Entre Margens (imprensa regional) – 3 420,00
    Correio do Ribatejo (imprensa regional) – 3.414,63
    Mais Guimarães (imprensa regional) – 3.370,00
    Jornal da Marinha Grande (imprensa regional) – 3.292,68
    Rádio Horizonte Tejo (rádio local) – 3.260,42
    Rádio Clube de Pombal (rádio local) – 3.255,36
    Rádio Cais (rádio local) – 3.252,03
    Rádio Voz do Neiva (rádio local) – 3.251,25
    Rádio Iris FM (rádio local) – 3.235,23
    Foz do Mondego Rádio (rádio local) 3.211,66
    Antena Sul – Rádio Jornal (rádio local) 3.172,92
    Rádio Alto Minho (rádio local) – 3.157,27
    Rádio Clube de Angra (rádio local) – 3.157,27
    Rádio Regional de Arouca (rádio local) – 3.156,88
    Rádio Voz de Vagos (rádio local) – 3.156,79
    Urbana FM (rádio local) – 3.136,05
    Rádio Alto Ave (rádio local) – 3.120,14
    Rádio Marginal (rádio local) – 3.117,08
    Póvoa Semanário (imprensa regional) – 3.106,56
    Notícias de Coura (imprensa regional) – 3.008,13
    Semanário de Felgueiras (imprensa regional) – 3.004,07
    Postal do Algarve (imprensa regional) – 2.994,48
    Rádio Onda Livre Macedense (rádio local) – 2.976,00
    Beira Vouga (imprensa regional) – 2.916,00
    Rádio Vida (rádio local) – 2.901,84
    Rádio Santiago (rádio local) – 2.870,40
    Região de Leiria (imprensa regional) – 2.860,00
    Barcelos Popular (imprensa regional) – 2.830,00
    O Emigrante (imprensa regional) – 2.800,00
    A Comarca de Arganil (imprensa regional) – 2.800,00
    Universidade FM (rádio local) – 2.785,40
    Gazeta das Caldas (imprensa regional) – 2.780,00
    Jornal Nordeste (imprensa regional) – 2.764,23
    Alto Alentejo (imprensa regional) – 2.764,23
    Folha de Tondela (imprensa regional) – 2.737,80
    Vilacondense (imprensa regional) – 2.691,05
    Notícias de Penafiel (imprensa regional) – 2.682,93
    Terras de Sicó (imprensa regional) – 2.670,00
    O Ericeira (imprensa regional) – 2.666,66
    R80 Super Onda (rádio local) – 2.637,47
    Rádio Popular de Soure (rádio local) – 2.603,16
    Rádio Riba – Távora (rádio local) – 2.600,16
    Rádio Jornal Caminhense (rádio local) – 2.599,76
    JM (imprensa regional) – 2.599,32
    Rádio Clube de Penafiel (rádio local) – 2.599,32
    Sesimbra FM (rádio local) – 2.599,18
    Rádio Barca (rádio local) – 2.597,84
    RCA – Ribatejo (rádio local) – 2.596,02
    Rádio Bonfim (rádio local) – 2.596,02
    Rádio Beira Litoral (rádio local) – 2.592,92
    Rádio Vida Nova (rádio local) – 2.591,60
    Jornal de Tondela (imprensa regional) – 2.589,00
    Rádio Felgueiras (rádio local) – 2.581,95
    Rádio Positiva (rádio local) – 2.568,11
    Rádio Linear (rádio local) – 2.568,11
    Rádio Brigantia (rádio local) – 2.566,06
    Rádio Universitária do Minho (rádio local) – 2.564,18
    Rádio Voz de Santo Tirso (rádio local) – 2.554,34
    Rádio Vizela (rádio local) – 2.548,24
    Rádio Torre de Moncorvo (rádio local) – 2.538,00
    Jornal FM (rádio local) – 2.532,28
    A Voz da Póvoa (imprensa regional) – 2.530,00
    MAIS/Semanário (imprensa regional) – 2.513,01
    Jornal de Sintra (imprensa regional) – 2.504,07
    Região de Águeda (imprensa regional) – 2 459,77
    Notícias de Vouzela (imprensa regional) – 2 437,50
    O Paredense (imprensa regional) – 2.400,00
    Rádio Canção Nova (rádio local) – 2.347,18
    105.4 FM (rádio local) – 2.337,40
    Defesa da Beira (imprensa regional) – 2.320,00
    Voz Ribatejana (imprensa regional) – 2.300,00
    Tejo Rádio Jornal (rádio local) – 2.278,54
    Notícias do Tâmega (imprensa regional) – 2.276,41
    Algarve Resident (imprensa regional) – 2.251,38
    Rádio Voz do Entroncamento (rádio local) – 2.230,24
    Jornal Torrejano (imprensa regional) – 2.199,19
    Terras do Ave (imprensa regional) – 2.195,12
    Mais Aguiar da Beira (imprensa regional) – 2.195,12
    O Louzadense (imprensa regional) – 2.158,54
    Correio de Sintra – Imprensa (Imprensa (R) – 2.150,00
    Rádio Marcoense (rádio local) – 2.133,26
    Rádio Sol (rádio local) – 2.131,28
    Rádio Ondas do Lima (rádio local) – 2.124,43
    Rádio Voz de Basto (rádio local) – 2.107,00
    Notícias de Vila Real (imprensa regional) – 2.100,00
    Jornal Sudoeste (imprensa regional) – 2.100,00
    Rádio 93.8 ON FM (rádio local) – 2.100,00
    Digital FM (rádio local) – 2.099,14
    Rádio Voz do Marão (rádio local) – 2.096,93
    Chaves FM (rádio local) – 2.096,92
    Pampilhosa 97.8 FM (rádio local) – 2.059,07
    Oxigénio (rádio local) – 1.951,23
    Praça Pública (imprensa regional) – 1.951,22
    Avenidas Novas (imprensa regional) – 1.951,22
    Jornal da Beira (imprensa regional) – 1.951,22
    Correio de Azeméis (imprensa regional) – 1.951,22
    Jornal de Leiria (imprensa regional) – 1.951,22
    Praia Expresso (rádio local) – 1.951,21
    Jornal da Mealhada (imprensa regional) – 1.934,96
    A Voz de Chaves (imprensa regional) – 1.900,00
    Semanário Setúbal Mais (imprensa regional) – 1.890,00
    Jornal do Ave (imprensa regional) – 1.882,11
    Rádio Antena Minho (rádio local) – 1.854,68
    Defesa de Espinho (imprensa regional) – 1.843,90
    A Aurora do Lima (imprensa regional) – 1.829,27
    Notícias da Barca (imprensa regional) – 1.829,26
    RD Rádio Despertar – Voz de Estremoz (rádio local) – 1.828,68
    O Dever (imprensa regional) – 1.821,91
    Notícias de Santo Tirso (imprensa regional) – 1.800,00
    Triângulo Magazine (imprensa regional) – 1.788,61
    Rádio Terra Quente (rádio local) – 1.785,27
    Roda Viva Jornal (imprensa regional) – 1.775,61
    Labor.pt (imprensa regional) – 1.750,00
    Cidade de Tomar (imprensa regional) – 1.740,00
    Freguês de Benfica (imprensa regional) – 1.640,00
    Ilha Maior (imprensa regional) – 1.626,02
    FafeTV (rádio local) – 1.626,01
    Rádio Soberania (rádio local) – 1.565,50
    Notícias de Ourém (imprensa regional) – 1 539,92
    Record Algarve (rádio local) – 1.539,24
    Rádio Pernes (rádio local) – 1.539,24
    Jornal de Famalicão (imprensa regional) – 1.530,00
    RCS-Rádio Cultura de Seia (rádio local) – 1.508,74
    Notícias de Oeiras (imprensa regional) – 1.500,00
    O Riachense (imprensa regional) – 1.463,41
    O Ponto (imprensa regional) – 1.463,41
    Semmais Jornal (imprensa regional) – 1.463,41
    ATV Canal Alentejo (rádio local) – 1.463,41
    Guimarães Agora (rádio local) – 1.463,40
    Rádio Lafões (rádio local) – 1.463,40
    Correio Alentejo (imprensa regional) – 1.455,00
    Jornal Boa Nova (imprensa regional) – 1.414,63
    O Mirante (imprensa regional) – 1.404,00
    RCM-Rádio do Concelho de Mafra (rádio local) – 1.402,44
    Audiência Ribeira Grande (imprensa regional) – 1.400,00
    Douro Hoje (imprensa regional) – 1.390,24
    O Popular de Soure (imprensa regional) – 1.341,47
    Maré Viva (imprensa regional) – 1.341,46
    Notícias de Viana (imprensa regional) – 1.325,20
    Radioeste (rádio local) – 1.317,08
    Rádio Forum Boticas (rádio local) – 1.308,78
    Saber (imprensa regional) – 1.300,81
    Ecos de Basto (imprensa regional) – 1.300,80
    Rádio Geice (rádio local) – 1.300,42
    Rádio Regional de Valpaços (rádio local) – 1.299,98
    Rádio Regional Vimioso (rádio local) – 1.299,98
    Rádio Regional Sabrosa (rádio local) – 1.299,98
    Rádio Ansiães (Rádio (L) – 1.296,46
    Rádio Cávado (rádio local) – 1.290,98
    Rádio Popular Afifense (rádio local) – 1.290,98
    Rádio Voz do Caima (rádio local) – 1.290,98
    As Beiras (imprensa regional) – 1.268,29
    Rádio Antena Vareira (rádio local) – 1.241,33
    Notícias de Loures (imprensa regional) – 1.219,51
    Jornal Novo Regional (imprensa regional) – 1.219,51
    Magazine Serrano (imprensa regional) – 1.219,50
    Jornal Nova Aliança (imprensa regional) – 1.218,00
    Horizonte (imprensa regional) – 1.178,86
    Correio da Feira (imprensa regional) – 1.174,80
    O Concelho de Estarreja (imprensa regional) – 1.170,73
    Rádio Montemuro (rádio local) – 1.158,00
    Cerveira Nova (imprensa regional) – 1.149,59
    TVAmadora (rádio local) – 1.138,21
    Penafiel Canal (rádio local) – 1.121,95
    Notícias de Cascais (imprensa regional) – 1.100,00
    O Notícias da Trofa (imprensa regional) – 1.077,24
    Rádio Valdevez (rádio local) – 1.056,89
    RCI (rádio local) – 1.056,63
    Rádio Clube da Feira (rádio local) – 1.053,69
    Rádio Azul (rádio local) – 1.053,66
    Rádio Lezíria (rádio local) – 1.049,57
    Rádio Local de Barcelos (rádio local) – 1.049,57
    Notícias de Gouveia (imprensa regional) – 1.026,00
    Notícias de Barroselas (imprensa regional) – 1.005,28
    Farol de Esposende (imprensa regional) – 1.000,00
    Badaladas (imprensa regional) – 989,27
    Viva Cidade (imprensa regional) – 975,61
    Notícias de São Bráz (imprensa regional) – 975,61
    Rádio Vinhais (rádio local) – 975,61
    Soberania do Povo (imprensa regional) – 970,00
    RV Jornal (imprensa regional) – 914,64
    O Almeirinense (imprensa regional) – 906,59
    Benedita FM (rádio local) – 881,82
    Jornal da Batalha (imprensa regional) – 879,79
    A Defesa (imprensa regional) – 813,01
    Inês Negra (rádio local) – 805,37
    Rádio Vale do Minho (rádio local) – 805,37
    Notícias da Beira Douro (imprensa regional) – 780,49
    O Sesimbrense (imprensa regional) – 775,00
    Rádio Jornal de Setúbal (rádio local) – 723,58
    O Arrais (imprensa regional) – 695,12
    Penafiel TV (rádio local) – 650,41
    Correio do Alentejo (imprensa regional) – 640,00
    Mensageiro de Alter (imprensa regional) – 600,00
    Folha do Centro (imprensa regional) – 590,00
    Radio Voz do Douro (rádio local) – 580,00
    A Voz do Mar (imprensa regional) – 500,00
    A Voz do Operário (imprensa regional) – 487,80
    Cinco Quinas (imprensa regional) – 400,00
    O Ilhavense (imprensa regional) – 400,00
    Discurso Directo (imprensa regional) – 360,00
    Região da Nazaré (imprensa regional) – 325,20
    Radio Fóia (rádio local) – 264,76
    Rádio Clube Aguiarense (rádio local) – 243,90
    Notícias do Sorraia (rádio local) – 234,90
    Terras do Vale do Sousa (imprensa regional) – 200,00
    Ecos do Sor (imprensa regional) – 150,00
    Observador 88.1 (rádio local) – 130,54
    Rádio Imagem (rádio local) – 121,95

  • Ministro do Ambiente organizou conferência de imprensa apenas para jornalistas vacinados

    Ministro do Ambiente organizou conferência de imprensa apenas para jornalistas vacinados

    O gabinete de Matos Fernandes, ministro do Ambiente, exigiu aos jornalistas que apresentassem “certificado de vacinação” para aceder a uma conferência de imprensa sobre seca. Agora disse ao PÁGINA UM que foi um “equívoco”, e que deveria ter apenas sido pedido certificado digital ou teste. No entanto, nem isso pode ser exigido, segundo as normas de um Conselho de Ministros: em edifícios governamentais, só máscara; e nada mais.


    Apesar das medidas de controlo da pandemia terem sido decretadas pelo Governo através de uma Resolução do Conselho de Ministros, o Ministério do Ambiente e da Acção Climática decidiu, na semana passada, convocar uma conferência de imprensa com uma exigência inédita: a obrigatoriedade de apresentação de um certificado de vacinação para aceder a uma sala do edifício ministerial, na Rua do Século, em Lisboa.

    A nota de imprensa do gabinete do ministro Matos Fernandes – que esteve presente numa conferência de imprensa no passado dia 1, terça-feira, para abordar o problema da seca e dos baixos níveis de armazenamento das albufeiras – informou previamente os jornalistas que “dada a situação pandémica, é obrigatório o uso de máscara e será necessário a apresentação de certificado de vacinação”.

    Texto integral da convocatória do Ministério do Ambiente e da Acção Climática.

    A exigência do Ministério do Ambiente excede em muito aquilo que constituem as normas sanitárias. Na verdade, o acesso a um edifício ministerial deverá ser livre – não sendo sequer necessário exibir um teste negativo, e muito menos um certificado digital de vacinação ou de recuperação –, sendo apenas exigível, como em todos os espaços interiores, o uso de máscara facial.

    Contactado o Ministério do Ambiente pelo PÁGINA UM – que não esteve presente na conferência de imprensa por razões meramente editoriais –, o assessor de imprensa Paulo Chitas justifica que o texto da convocatória foi um “equívoco”, salientando mesmo que a “formulação não foi a mais feliz”. E adiantou ainda que aquilo que “é necessário aos jornalistas é apresentarem um certificado de vacinação, de recuperação ou um teste negativo para aceder às instalações [do Ministério do Ambiente], como é comum em espaços onde se concentra um grande número de pessoas.”

    Isso não é verdade, tal como facilmente se constata pela leitura da Resolução do Conselho de Ministros, ou, de forma mais fácil, em cafés, supermercados, lojas e em qualquer transporte público – que é, aliás, sector tutelado por Matos Fernandes.

    Com efeito, a realização de teste com resultado negativo é, actualmente, exigível no acesso “a estabelecimentos turísticos ou de alojamento local, a estabelecimentos de restauração e similares, a estabelecimentos de jogos de fortuna ou azar, casinos, bingos ou similares, a bares, a outros estabelecimentos de bebidas sem espectáculo e a estabelecimentos com espaço de dança, a determinados eventos e, ainda, a ginásios e academias”.

    Matos Fernandes, ministro do Ambiente.

    No entanto, em caso de apresentação de prova de vacinação há pelo menos 14 dias, é dispensado o teste para acesso “a bares e discotecas, a determinados eventos, a estruturas residenciais para idosos, unidades de cuidados continuados integrados da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e a outras estruturas e respostas residenciais”.

    Ora, em nenhuma destas situações se encaixa, mesmo com interpretação muito lata, as instalações ocupadas pelo ministro Matos Fernandes. E mesmo se assim fosse – ou seja, se o Ministério do Ambiente fosse comparado, por exemplo, a um casino, a uma discoteca, a um lar de idosos ou a uma unidade de cuidados continuados –, nem a convocatória da conferência de imprensa jamais poderia exigir exclusivamente o “certificado de vacinação”, porquanto os recuperados também possuem certificado digital.

    O PÁGINA UM questionou de novo o Ministério do Ambiente sobre a sua justificação, e perguntou ainda se os assessores e demais funcionários foram obrigados a vacinarem-se para continuar em funções, ou se Matos Fernandes exige “certificado de vacinação” para receber pessoas em audiência. O gabinete de imprensa disse apenas que “nada mais temos a acrescentar”.

    Oficialmente, o Ministério do Ambiente não informou o PÁGINA UM se algum jornalista foi impedido de entrar naquela conferência de imprensa, ou se, no futuro, será vedado o acesso a um evento similar, ou mesmo conversar com o ministro Matos Fernandes, se não apresentar certificado digital (de vacinação ou de recuperação) ou um teste negativo.

    Saliente-se que o teste negativo – que constitui apenas um “retrato” no momento da sua realização – e muito menos o certificado digital – que apenas atesta a toma de vacinas ou a existência prévia de infecção, ou seja, a presença individual de imunidade vacinal e natural, respectivamente – não constituem uma garantia de ausência de infecção.

    Ou seja, na conferência de 1 de Fevereiro deste ano, Matos Fernandes ou outra qualquer pessoa no interior do palacete da Rua do Século poderia ter sido infectado por um dos jornalistas ordeiramente munidos de certificado de vacinação com dose tripla. Até porque qualquer um deles, mesmo vacinado, poderia estar infectado, e infectar um terceiro.

  • Noite eleitoral com três jornalistas ilegais

    Noite eleitoral com três jornalistas ilegais

    José Alberto Carvalho (TVI), Carlos Daniel (RTP) e José Carlos Castro (CMTV) são três destacados jornalistas que exercem sem carteira profissional activa. Comissão da Carteira Profissional de Jornalista pode multá-los até 7.500 euros cada. As multas para os canais televisivos podem ascender aos 15.000 euros. Entretanto, José Rodrigues dos Santos recuperou a sua carteira profissional, após notícia do PÁGINA UM.


    Três jornalistas de canais televisivos que acompanham, como pivots, esta noite eleitoral não possuem carteira profissional válida, e podem ser multados pela Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ). José Alberto Carvalho (TVI), Carlos Daniel (RTP) e José Carlos Castro (CMTV) não constam na base de dados da CCPJ, nem estão incluídos na lista de jornalistas com capacidade electiva das recentes eleições de representantes da classe para a CCPJ, que se realizou na semana passada.

    Carlos Daniel (RTP)

    José Rodrigues dos Santos regularizou entretanto a sua situação ilegal, revelada pelo PÁGINA UM no passado dia 10. O apresentador do Telejornal da RTP – que não tinha a carteira activa em 2018 – ostenta agora o número 7590, denotando assim que terá deixado de ser jornalista por largo tempo – ou por incompatibilidade ou por deixar caducar o título –, uma vez que a sua longevidade lhe daria, em situação normal, uma numeração inferior ao número 1000.

    Ao PÁGINA UM, o jornalista da RTP disse apenas não ter conhecimento de “nenhum período de incompatibilidade” e, depois de insistência para melhor esclarecimento desta sua situação, acrescentou apenas: “não sei como dizer isto, a não ser a verdade: desconheço o assunto”.

    José Alberto Carvalho (TVI)

    A falha de José Carlos Castro, que é também director-adjunto de Estratégia do Correio da Manhã, é ainda mais duradoura: a inexistência de carteira profissional já vem desde, pelo menos, o ano de 2018, uma vez que o seu nome não consta do universo eleitoral daquele ano, de acordo com a lista da CCPJ.

    Nos casos de Carlos Daniel e de José Alberto Carvalho, a ilegalidade será de menor duração: em 2018 tinham ambos carteira profissional com os números 1293 e 7128, respectivamente.

    No caso do pivot da TVI, o seu antigo número elevado mostra uma situação similar à de José Rodrigues dos Santos: é reincidente no incumprimento das regras para exercício da profissão de jornalista.

    Estas questões não constituem apenas um pormenor nem um detalhe numa profissão que, por princípio, “supervisiona” a democracia, e que por isso não está acima da lei. Com efeito, apesar de o jornalismo não ser uma profissão que seja reconhecida por uma Ordem – como os médicos, enfermeiros ou advogados –, a Lei da Imprensa e o Estatuto dos Jornalista estipularam regras para o seu exercício.

    Mesmo os jornalistas mais antigos – com mais de 10 anos ininterruptos ou 15 anos interpolados – necessitam de carteira profissional concedida pela CCPJ, renovável periodicamente. Ficam a partir daí sujeitos a diversos deveres éticos e deontológicos, entre os quais a proibição de exercer actividades de marketing ou executar, em qualquer grau, contratos comerciais. As consequências são também para os órgãos de comunicação social que os empregam.

    José Rodrigues dos Santos (RTP)

    O Estatuto do Jornalista refere taxativamente, no seu artigo 4º, que “nenhuma empresa com actividade no domínio da comunicação social pode admitir ou manter ao seu serviço, como jornalista profissional, indivíduo que não se mostre habilitado (…), salvo se tiver requerido o título de habilitação e se encontrar a aguardar decisão”.

    O incumprimento destas normas, por tão evidentes, terão de ser alvo de processo por parte da CCPJ.

    Porém, instada a comentar, a CCPJ respondeu na quinta-feira passada que as perguntas do PÁGINA UM receberão “a nossa melhor atenção”. Mas mais não respondeu.

    No dia 10, os serviços do secretariado da CCPJ já tinham prometido, em relação aos casos então apontados de José Rodrigues dos Santos e José Alberto Carvalho, que “a resposta ao solicitado [será dada] assim que [se] apurar os factos relativos às situações expostas”.

  • Director da TSF ‘borrifa-se’ para processo da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista

    Director da TSF ‘borrifa-se’ para processo da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista

    O administrador da Global Media e director da TSF, Domingos de Andrade, continua a assinar contratos comerciais, mesmo depois de alegadamente ser questionado pela entidade disciplinadora dos jornalistas. Desta vez, o PÁGINA UM detectou um contrato comercial assinado em 30 de Dezembro passado que pagou uma emissão radiofónica em directo sobre o Douro Património Mundial conduzida pelo histórico jornalista Fernando Alves.


    O jornalista e director da TSF Domingos de Andrade (CP 1723) já assinou pelo menos mais um contrato comercial como administrador da Global Media desde que a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) anunciou que lhe abriu um “processo de questionamento” por incompatibilidades.

    Em reacção às denúncias públicas do PÁGINA UM sobre a envolvência de jornalistas – alguns dos quais directores de órgãos de comunicação social de âmbito nacional – na planificação, assinatura e execução de contratos comerciais, a CCPJ esclareceu em 22 de Dezembro passado estar “a analisar as situações descritas sobre o Público, a Global Media e Domingos Andrade para avaliar os pontos que são da sua competência e quais os que, não sendo, justificam a participação à ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social]”.

    Director da TSF assinou contrato comercial para a rádio que dirige, destacando jornalistas para a sua execução

    Esta entidade reguladora da actividade dos jornalistas adiantava ainda ter iniciado “também processos de questionamento aos referidos responsáveis”, ou seja, a fase inicial de um processo com vista a eventual processo de cassação do título profissional de Domingos de Andrade.

    Recorde-se que os jornalistas estão impedidos de exercer “funções de marketing, relações públicas, assessoria de imprensa e consultoria em comunicação ou imagem, bem como de planificação, orientação e execução de estratégias comerciais”. A preparação, assinatura e execução de contratos comerciais constitui, sem margem para dúvidas, funções de “planificação, orientação e execução de estratégias comerciais”.

    O PÁGINA UM tinha então detectado vários contratos comerciais assinados com autarquias por Domingos de Andrade, que acumula funções de administrador da Global Media, de director-geral de conteúdos deste grupo e de director da TSF. Ou seja, ele não apenas é jornalista; também dirige e coordena redacções.

    Pouco mais de uma semana após a promessa da CCPJ, Domingos de Andrade demonstrou, na prática, uma completa indiferença em relação às incompatibilidades dos jornalistas. Com efeito, a sua assinatura consta num contrato assinado em 30 de Dezembro último com a Comissão da Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte no valor de 19.990 euros. Ainda por cima, este contrato refere-se à prestação de serviços “de produção radiofónica” na TSF, a estação onde Domingos de Andrade é director desde Novembro de 2020.

    O jornalista Fernando Alves moderou conversa paga pela CCDR-N, onde esteve a sua vice-presidente.

    Na parte do contrato assinado por Domingos Andrade que consta do Portal BASE não se encontra discriminados os compromissos da TSF, mas refere-se que a verba a entregar por aquela entidade do Estado se destina à produção radiofónica das comemorações da Classificação dos 20 Anos Douro Património Mundial”.

    A TSF efectivamente fez cobertura noticiosa sobre estas comemorações, com destaque para uma emissão especial no dia 14 de Dezembro a partir do Teatro Ribeiro Conceição, em Lamego, conduzido pelo conhecido jornalista Fernando Alves (CP 285), que assim se vê envolvido na execução de um contrato comercial. A emissão teve a participação de Célia Ramos, vice-presidente da CCDR-N, a entidade adjudicatária do contrato assinado pelo jornalista e director da TSF, Domingos de Andrade.

    Recorde-se que a assinatura de contratos comerciais entre entidades do Estado e as maiores empresas de media têm aumentado consideravelmente. Por exemplo, a CCDR-N e a Secretaria de Estado da Ciência e Educação já assinaram, nos últimos meses, vários contratos por ajuste directo com a Global Media, a Impresa e o Público para operações de marketing, que acabam por ser feitas com a colaboração de jornalistas.

  • Pivots da RTP e da TVI estão no activo sem carteira profissional

    Pivots da RTP e da TVI estão no activo sem carteira profissional

    José Rodrigues dos Santos (RTP) e José Alberto Carvalho (TVI) estão sem título profissional exigido para exercer actividade jornalística. A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista está há cinco dias para “apurar os factos” que demorariam menos de cinco minutos a esclarecer nos registos daquela entidade.


    Os apresentadores dos telejornais da RTP e da TVI, respectivamente José Rodrigues dos Santos e José Alberto Carvalho, estão a exercer funções sem carteira profissional válida, que é uma “condição indispensável ao exercício da profissão de jornalista” – uma situação análoga à carta de condução para a condução de automóveis. O Estatuto do Jornalista refere taxativamente, no seu artigo 4º, que “nenhuma empresa com actividade no domínio da comunicação social pode admitir ou manter ao seu serviço, como jornalista profissional, indivíduo que não se mostre habilitado (…), salvo se tiver requerido o título de habilitação e se encontrar a aguardar decisão”.

    O pivot da RTP disse ao PÁGINA UM que “desconhecia a situação”, acrescentando que “certamente [será] um lapso”. José Alberto Carvalho, pivot do Jornal das 8 da TVI, não respondeu ao pedido de esclarecimento.

    José Rodrigues dos Santos na abertura do Telejornal do passado dia 30 de Dezembro.

    Alegado lapso ou não, a inexistência de uma carteira válida por estes dois conhecidos profissionais é uma evidência que o PÁGINA UM – no âmbito do dossier de investigação sobre os media – detectou na semana passada, e que confirmou através da consulta da base de dados da Comissão de Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ). Este órgão regulador, com poderes de disciplina sobre estes profissionais –, é também responsável por detectar incompatibilidades no exercício da actividade jornalística, bem como por emitir e revalidar os títulos profissionais.

    Jornalistas como José Rodrigues dos Santos e José Alberto Carvalho – por exercerem há mais de 10 anos seguidos ou 15 interpolados – podem ter carteira sempre que assim entenderem, desde que não desenvolvam tarefas incompatíveis como acções de marketing e relações-públicas, serviço militar ou em forças de segurança, ou ainda funções em órgãos de soberania e cargos políticos, incluindo em autarquias. Em todo o caso, necessitam sempre de solicitar a renovação do título profissional de dois em dois anos.

    José Alberto Carvalho, pivot da TVI, não esclareceu o seu título inválido de jornalista.

    Apesar de um primeiro pedido de esclarecimento sobre a inexistência de carteira válida dos dois conhecidos pivots televisivos, feito no passado dia 5, a CCPJ mantém-se em silêncio. Ainda hoje, reiterado o pedido, o PÁGINA UM foi informado pelos serviços do secretariado da CCPJ que “a resposta ao solicitado [será dada] assim que [se] apurar os factos relativos às situações expostas”. A mensagem enviada à presidente da CCPJ, Leonete Botelho, para o seu e-mail do Público – onde sempre manteve funções de grande repórter da secção de Política enquanto exercia poderes disciplinadores dos jornalistas –, não obteve qualquer resposta.

    Saliente-se que a CCPJ tem um sistema informático, de actualização automática, dos registos dos jornalistas, que permite, de forma rápida – imediata, dir-se-ia –, confirmar o histórico de cada um, incluindo datas de todos os actos (pedidos de emissão, revalidação ou suspensão temporária), e respectiva validação. Em caso de a carteira estar inválida ou suspensa, o sistema contém o documento que justifica a situação.

    Este episódio soma-se a um vasto conjunto de casos denunciados pelo PÁGINA UM ao longo das últimas semanas, que tem merecida da CCPJ reacções titubeantes. Recorde-se que o PÁGINA UM detectou já diversos casos de evidentes incompatibilidades de um conjunto vasto de jornalistas, incluindo alguns com cargos de liderança ou administração em órgãos de comunicação social, nomeadamente Domingos de Andrade (director da TSF), Afonso Camões (director de conteúdos da Global Media e colunista do Jornal de Notícias), Manuel Carvalho (director do Público) – que, aliás, não usa o obrigatório nome profissional (Manuel Carlos Carvalho) que consta do registo da base de dados da CCPJ – e Mafalda Anjos (directora da Visão e comentadora da CNN Portugal). Em alguns casos, por assinarem contratos comerciais; noutros, por ajudarem, como jornalistas, à sua execução, situações consideradas incompatíveis por determinação legal e ética.

    Captura de ecrã da base de dados da CCPJ, executada hoje às 19h30, que mostra omissão de carteira válida de José Rodrigues dos Santos

    Existem ainda outras situações de clara promiscuidade, como as dos sócios da empresa de conteúdos Mad Brain, que são jornalistas com carteira de profissional, mas que fazem tanto artigos noticiosos como conteúdos comerciais.

    A questão das relações perigosas entre jornalistas e empresas é um dos aspectos quentes das eleições dos novos representantes dos jornalistas na CCPJ, que se realiza na próxima semana, entre os dias 17 e 19.

    A lista A – de continuidade, mas sem Leonete Botelho, que não se recandidata – assegura que tem lutado, no mandato que agora termina, “contra os conteúdos patrocinados feitos ilegalmente por jornalistas”, acrescentando que “passou a analisar com muito mais rigor todas as formas de publicidade disfarçadas de jornalismo, muitas delas a coberto de um autoproclamado jornalismo de lifestyle.”

    Além disso, esta lista defende que “não podem existir escolhas editoriais impostas através de contratos comerciais às direções dos órgãos de comunicação social, nem destas aos jornalistas, camufladas de ‘prémios monetários’, ou complementos salariais por prestações que não são jornalísticas.”

    Captura de ecrã da base de dados da CCPJ, executada hoje às 19h31, que mostra omissão de carteira válida de José Alberto Carvalho

    Porém, até agora, os membros desta lista que integram o actual elenco da CCPJ apenas anunciaram “processos de questionamento” a dois jornalistas da Global Media e ao director do Público, mas prometendo secretismo na divulgação destes actos.

    A lista concorrente, formada exclusivamente por profissionais da Cofina, “propõe-se lutar, por via disciplinar, contra todas as formas de violação dos deveres genericamente previstos no Estatuto do Jornalista”, denunciando, desde já, a “invasão galopante de narrativas comerciais, acobertadas por uma cosmética de géneros jornalísticos, em espaços puramente editoriais”. Para esta lista , liderada por Tânia Laranjo, grande repórter do Correio da Manhã, esta prática “corrói o jornalismo e está a ser assegurada, cada vez mais, por jornalistas com carteira profissional.”

    Saliente-se, contudo, que a investigação do PÁGINA UM – ainda não concluída – também já detectou o envolvimento de pelo menos um director de uma das publicações da Cofina, e de vários jornalistas, na execução de contratos comerciais, mas que na aparência surgem como eventos públicos com cobertura noticiosa.

  • Revista da Galp ligada aos servidores da Impresa é feita por jornalistas

    Revista da Galp ligada aos servidores da Impresa é feita por jornalistas

    Dois jornalistas com carteira profissional têm estado livremente a criar conteúdos comerciais e artigos noticiosos em simultâneo para jornais e para empresas privadas. O ataque dos hackers à Impresa incomodou indirectamente a investigação do PÁGINA UM sobre a Mad Brain, a empresa contratada para produzir a Energiser, a revista corporativa da Galp, mas cujos partners colaboram assiduamente com o Expresso, Eco, Diário de Notícias, Dinheiro Vivo e Forbes. Mais um episódio sobre a promiscuidade no jornalismo.


    A revista Energiser, propriedade da Galp e alojada nos servidores da Impresa, está a ser produzida por jornalistas colaboradores do Expresso e de outros órgãos de comunicação social. Uma investigação que o PÁGINA UM estava a desenvolver sobre esta publicação corporativa – antes dos hackers do denominado Lapsus$ Group terem bloqueado os servidores da empresa detentora do Expresso e da SIC –, apurou já que os textos e outros conteúdos estavam a ser escritos pelos jornalistas Francisco de Almeida Fernandes (CP 7706) e Fátima Ferrão (CP 6197), através de uma empresa de conteúdos comerciais, a Mad Brain.

    A publicação online corporativa da Galp – dedicada à inovação e aos desafios do sector energético – começou a ser produzida há três anos em parceria com a Divisão de Novas Soluções de Media da Impresa Publishing. Antes de ser “desligada” pelo ciberataque no dia 2 deste mês, poder-se-iam ler ali textos sobre as novas tendências de mobilidade, cidades inteligentes, sustentabilidade e transição energética. Eram claramente conteúdos comerciais, não assinados, mas a “solução” da Galp e da Impresa terá passado por contratar os jornalistas-empresários da Mad Brain, que já colaboravam e continuam a colaborar com aquele semanário fundado por Pinto Balsemão.

    Site da Energiser, da Galp, bloqueado pelos hackers do Lapsus$ Group, é produzido e divulgado pela Mad Brain, tendo como partners dois jornalistas com carteira profissional.

    No entanto, na revista em papel, os autores dos textos são identificados. Por exemplo, na revista número 2, em edição bilingue, Fátima Ferrão escreveu sete artigos, ou seja, cerca de metade dos textos assinados.

    A Mad Brain – criada em 2017 para a organização de eventos, animação turística e serviços de comunicação e produção de conteúdos – tem sido particularmente activa tanto na escrita de textos comerciais como jornalísticos para o Expresso, Diário de Notícias, Dinheiro Vivo, Eco e Forbes.

    A empresa nem sequer esconde estas ligações incompatíveis entre jornalistas e empresas privadas fora da esfera da comunicação social, anunciando-as nas redes sociais.

    Recorde-se, entre os deveres dos jornalistas, previstos no seu Estatuto (Lei nº 1/99), está a recusa em exercer “funções ou tarefas susceptíveis de comprometer a sua independência e integridade profissional”. Além disto, os jornalistas estão ainda impedidos de participar em acções de marketing ou de relações públicas.

    Na página do Facebook da empresa de conteúdos de Ferrão e Almeida Fernandes, muitas vezes os textos produzidos são apresentados como tendo “cunho #MadBrain” com links que remetem para, por exemplo, as páginas do Diário de Notícias. É o caso da série de perfis do “Projecto Mulheres Promova”, onde serão destacadas 20 líderes femininas de empresas concretas, e que constitui uma “parceria que junta o DN à CIP/CGD/Fidelidade/Luz Saúde/Ranstad”, conforme é referido numa primeira notícia publicada em 27 de Outubro do ano passado. Francisco de Almeida Fernandes já assinou 11 perfis de mulheres. O primeiro foi, curiosamente, ou talvez não, dedicado a Sofia Contente, legal manager da Randstad, que elogiou o apoio que aquela empresa de recursos humanos “dá aos colaboradores, nomeadamente o programa de incentivo e apoio à natalidade”. Também já foram publicados perfis de mulheres que trabalham na Sanofi, Sonae MC, CIP e, obviamente, Galp.

    Mad Brain co-produz eventos comerciais para jornais da Global Media, e os seus partners publicam também aí notícias como jornalistas.

    Outro exemplo também recente com a participação da Mad Brain, e do seu partner Francisco de Almeida Fernandes, foi a cobertura do primeiro nascimento português de 2022, cuja notícia destaca a existência “de uma parceria entre o Diário de Notícias e o Continente, que premeia o primeiro bebé a nascer no distrito de Lisboa em 2022”. Os pais receberam um cheque-prenda de 250 euros. Por regra, o Diário de Notícias classifica como “parcerias” as relações com empresas e autarquias que estão consubstanciadas em contratos que envolvem muitas dezenas de milhar de euros.

    A Mad Brain, através de Francisco de Almeida Fernandes, também esteve, por exemplo, particularmente activa na cobertura da iniciativa “Movimento faz pelo planeta by Electrão”, patrocionada por uma associação de gestão de resíduos eléctricos e electrónicos. Foi mais uma das habituais “parcerias” da Global Media, neste caso usando o Dinheiro Vivo.

    Na sua actividade empresarial, a Mad Brain chegou mesmo a anunciar publicamente estar a “garantir cobertura mediática para vários dos seus clientes”, como foi o caso da WebSummit em 2020. Neste caso, o jornalista-empresário Francisco de Almeida Fernandes fez quatro reportagens para o Diário de Notícias, das quais três destacavam apenas responsáveis da Huawei. Aliás, a tecnológica chinesa, através da prosa da Mad Brain, é presença assídua nas páginas nas publicações da Global Media.

    As relações da Mad Brain, que apresenta publicamente o Diário de Notícias como “um dos [seus] clientes”, estende-se também à co-organização de eventos de carácter comercial. A cobertura noticiosa é depois executada, geralmente, por Francisco de Almeida Fernandes, que por vezes também serve de moderador. Foi ele que, em Junho passado, moderou um webinar – e depois escreveu dois artigos no Diário de Notícias – intitulado “Covid-19: é tempo de olhar em frente”, apresentado como sendo “promovido pelo DN/TSF com apoio da AbbVie”. Ou seja, pago pela AbbVie.

    No final de 2020, a Mad Brain anunciou estar a cobrir evento tecnológico para os seus clientes. O DN publicou quatro artigos, três dos quais dando destaque à Huawei.

    Apesar destas actividades de grande promiscuidade, tanto Francisco de Almeida Fernandes como Fátima Ferrão publicam, assinando como jornalistas, artigos noticiosos genéricos nas publicações da Global Media, no Eco e também no Expresso.

    No caso do semanário sediado em Paço de Arcos, tanto Francisco de Almeida Fernandes como Fátima Ferrão têm ali vários textos publicados, tanto sob a forma de conteúdos comerciais (sobretudo na secção “Projectos Expresso”) como sob a forma de artigos no jornal impresso ou no site, entretanto bloqueado. Fátima Ferrão foi a jornalista que fez a cobertura para o caderno de Economia do Expresso da polémica parceria entre a Impresa e a Secretaria-Geral da Educação para promover, através de um contrato comercial de 19.500 euros, o Programa Operacional Capital Humano. Antes do ataque dos hackers, o PÁGINA UM tinha registado diversos artigos que comprovam a colaboração de ambos os jornalistas com o jornal da Impresa enquanto produziam a revista corporativa da Galp.

    O PÁGINA UM pediu comentários e esclarecimentos à Galp, ao director do Expresso, João Vieira Pereira, à directora do Diário de Notícias, Rosália Amorim, e aos jornalistas Francisco de Almeida Fernandes e Fátima Ferrão. Apenas os dois partners da Mad Brain reagiram, por mensagem, solicitando que fosse enviado e-mail para a empresa. Ainda não responderam.

    Artigo com colaboração de Maria Afonso Peixoto

  • Contrato entre revista Visão e Grupo Águas de Portugal com água no bico

    Contrato entre revista Visão e Grupo Águas de Portugal com água no bico

    A troco de 60.000 euros, a Visão apresentou um menu de notícias, entrevistas e espaço para artigos de opinião aos responsáveis do Grupo Águas de Portugal. Cerca de três semanas após a decisão deste ajuste directo com esta empresa pública, a directora da Visão já estava a fazer uma entrevista à presidente da Águas do Tejo Atlântico. Mafalda Anjos diz, porém, que essa entrevista nada tem a ver com o contrato, mas não explica quem vai escrever os artigos e fazer as entrevistas previstas nos contratos. Por lei, os jornalistas não podem.


    A directora da Visão, Mafalda Anjos, fez recentemente uma entrevista a uma administradora de uma subsidiária do Grupo Águas de Portugal (AdP) para cumprir um dos compromissos previstos num contrato comercial, no valor de 60.000 euros, entre aquela empresa pública e uma empresa de publicidade do antigo jornalista Luís Delgado, dono da Trust in News e detentor desta revista semanal.

    O contrato ficou decidido em 30 de Setembro pela Águas de Portugal, através de ajuste directo, mas acabou assinado apenas em 23 do mês seguinte. Quatro dias antes, já Mafalda Anjos entrevistava Alexandra Serra, presidente da Águas do Tejo Atlântico – uma subsidiária da Águas de Portugal, que trata os esgotos da região de Lisboa – aparentemente para cumprir, desde logo, uma parte da execução do contrato.

    Este caso da Visão é mais um dos detectados pela investigação do PÁGINA UM aos novos modelos de financiamento da imprensa portuguesa, que envolvem agora, em muitos casos, contratos comerciais com a participação activa de jornalistas e que subvertem a independência editorial exigida por lei.

    Mafalda Anjos entrevistou para o podcast uma administradora de uma subsidiária do Grupo Águas de Portugal, mas garante que esta conversa não integrava um contrato já decidido com esta empresa pública.

    Neste episódio que, aparentemente, terá levado Mafalda Anjos a realizar uma entrevista que nem sequer livremente decidiu, está em causa um contrato para “concepção, produção e divulgação de conteúdos de comunicação associados aos Prémios Verdes Visão”, assinado entre a TIN Publicidade e Eventos – que tem um capital social de 100 euros – e a AdP – que possui um capital social de 434,5 milhões. Além de pacíficos compromissos publicitários e de naming, no contrato ficou estabelecido que a revista Visão se obrigaria a produzir diversos conteúdos e artigos noticiosos combinados ou em parceria com aquela empresa pública.

    Em concreto, de acordo com o contrato, a TIN – em nome da Visão – prometia à empresa pública um menu de conteúdos editoriais, que são, na verdade, puramente comerciais.

    Na cláusula 4 do contrato, a empresa de Luís Delgado concordou em “redigir em parceria com a AdP SGPS um artigo sobre os compromissos do Grupo Águas de Portugal em matérias de sustentabilidade”, a ser publicado “na versão impressa da revista (…) em data a acordar entre as partes”; a realizar entrevistas a dois representantes designados por aquela empresa pública, publicando-as na versão impressa e na rubrica “Conversa Verde ”; e ainda a publicar, no seu site, “dez artigos de opinião redigidos pela AdP SGPS”, dos quais quatro a serem também republicados na revista com uma periodicidade trimestral.

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    A participação de Mafalda Anjos nesta entrevista não deixa, porém, de ser inusitada – por não ser habitual observar a responsável editorial máxima a fazer este tipo de entrevistas – , mas também ser reveladora de um novo estilo de jornalismo.

    Por um lado, a entrevista foi integrada num podcast habitual da Visão Verde – um site específico de ambiente desta revista –, já com 36 episódios, onde nunca antes a directora da Visão aparecera como entrevistadora.

    Por outro lado, a entrevista, sobretudo versando o tratamento de esgotos na zona de Lisboa, pautou-se por um estilo demasiado informal, com diversas interrupções de Mafalda Anjos para dar opiniões pessoais. Por exemplo, quando quis explicar como aprendeu algo sobre o destino das águas residuais urbanas. A partir do minuto 25, a directora desta revista explica que “um dia fui estudar essa matéria porque a minha filha (..) me perguntava: ó mãe, mas para onde é que vai esta água? (…) e eu verifiquei que não sabia dar uma resposta muito concreta sobre o tema. E então fui estudar, e até há um livro muito interessante produzido sobre isto”. E, por fim, para reparar, houve uma derradeira e sapiente pergunta da directora da Visão: “Isso é muito importante, é uma área importantíssima: o que é que não se pode meter na sanita ou pelo cano das nossas casas?”

    spiral water droplets

    A directora da Visão, Mafalda Anjos, garantiu ao PÁGINA UM que a sua entrevista “foi uma conversa puramente editorial, motivada pelo Dia [Mundial] do Saneamento, e pelo facto de a AdP ter uma nova CEO que acabou de entrar em funções”, acrescentando que a conversa se desenrolou de “forma didática e explicativa”. Explicando que a sua participação se deveu à impossibilidade do coordenador da Visão Verde, por estar “com Covid, facto que é público”, Mafalda Anjos salienta que o contrato entre a TIN e o Grupo AdP visa “a atribuição dos Prémios Verdes 2022”, e que estabelece “uma série de acções de divulgação dos mesmos, onde – cumprindo todas as regras deontológicas –, todos os conteúdos serão claramente identificados como uma parceria.”

    Em conclusão, a directora da Visão referiu ainda ao PÁGINA UM que as “entrevistas [previstas] ainda não aconteceram, serão feitas no âmbito destes prémios e estarão identificadas com logo dos prémios e da parceria, como aliás estipula o contrato.”

    Na verdade, como pode ser verificável pela leitura da cláusula 4ª do contrato, entre as alíneas h) e p), nada ali está explícito nem implícito de que os conteúdos venham a ser “identificados como uma parceria” nem com outra qualquer menção que mostrem ser comerciais. Por outro lado, Mafalda Anjos parece ignorar até as funções da sua entrevistada: Alexandra Serra não é “uma nova CEO que acabou de entrar em funções” na AdP. O presidente da AdP é, na verdade, José Carlos Remédios Furtado, que ocupa este cargo desde Maio de 2020. A sua entrevistada é sim a presidente do conselho de administração da Águas do Tejo Atlântico, uma das 23 subsidiárias da ADP, estando ao nível, por exemplo, da EPAL.

    Mafalda Anjos também não esclarece quem, independentemente de existir menção ou não a conteúdos pagos, fará os artigos noticiosos e mesmo as entrevistas. O Estatuto dos Jornalistas impede, nestas circunstâncias, que sejam realizadas por jornalistas.

  • Expresso e SIC usam jornalistas para executar contrato comercial com o Governo

    Expresso e SIC usam jornalistas para executar contrato comercial com o Governo

    Não foi apenas ao Público que o Governo comprou a divulgação dos resultados de um programa estatal. A Impresa também lucrou pela promoção do Programa Operacional Capital Humano. A moderação de um debate por uma pivot da SIC Notícias e dois artigos no semanário Expresso, usando jornalistas, deram um encaixe de quase 20 mil euros.


    A Impresa – detentora da SIC e do semanário Expresso – também assinou, tal como o Público, um contrato com a Secretaria-Geral da Educação e Ciência (SGEC) para a promoção do Programa Operacional Capital Humano (POCH), recebendo 19.500 euros pela produção de um debate e de duas notícias. Para a execução do contrato – assinado no próprio dia do evento, em 30 de Junho passado – foram usadas duas jornalistas com carteira profissional.

    De acordo com dados recolhidos pelo PÁGINA UM no Portal BASE, a Impresa comprometeu-se, entre outras iniciativas de divulgação, a realizar um debate online, obrigatoriamente com “moderação por director do Expresso/SIC ou jornalista/pivot da SIC Notícias”, a emitir em Zoom e na plataforma do Expresso no Facebook. Ficou ainda acordado a “cobertura da conferência no Caderno de Economia do Expresso”. O contrato definia mesmo a dimensão dessa notícia: “1 página”.

    O contrato não estipulava, como sucedeu com o do Público, que seria a SGEC a escolher os participantes no debate, mas obviamente esteve presente em estúdio o presidente da Comissão Directiva do POCH, Joaquim Bernardo. O tema do debate – que contou, entre outros, em painel virtual, com a deputada bloquista Joana Mortágua – versou a avaliação do contributo do programa Portugal 2020 para a qualificação e empregabilidade dos jovens.

    Expresso e SIC Notícias nunca revelaram que evento era pago pelo Governo.

    Deu a cara e voz pela moderação do evento, e execução de um contrato comercial da Impresa, a pivot da SIC Notícias Ana Patrícia Carvalho (CP 7225), que aliás teve dificuldade em soletrar o Programa Operacional Capital Humano no início do debate.

    Com a duração de quase duas horas e meia, o evento comercial seria abordado em duas notícias do Expresso, dirigido pelo jornalista João Vieira Pereira (CP 2725). Ambas assinadas pela jornalista Fátima Ferrão (CP 6197), nunca se refere que são conteúdos comerciais, ou seja, sem independência editorial e pagos por uma entidade externa. Pelo contrário, ilude-se a sua origem.

    Embora encaixados, tanto na edição digital como em papel, numa secção denominados Projectos Expresso – que incluem textos de dúbia classificação, entre o comercial e o editorial, uns assinados e outros não –, pela leitura dos artigos noticiosos ninguém desconfiaria que o Governo, através da SGEC, os tinha afinal pagado para os fazer sair.

    Com efeito, na notícia online, a jornalista Fátima Ferrão escreveu que o evento (uma prestação de serviços contratualizada) se tratou afinal de uma “conferência promovida pelo Programa Operacional de Capital Humano (POCH), à qual o Expresso se associou.”

    Já a notícia desta colaboradora do Expresso, na edição impressa do caderno de Economia, possui um claro estilo noticioso, elogiando os efeitos do POCH, ao destacar que 54% dos alunos de cursos profissionais arranjam emprego em seis meses. E apresenta, além disso, um enganador destaque: “O Expresso junta-se ao Programa Operacional Capital Humano (POCH) para medir, através de um estudo, o que está a ser feito para o aumento da qualificação da população, para a redução do abandono escolar precoce e para a melhoria do desempenho escolar.” Ou seja, nem implicitamente se descortina tratar-se de um conteúdo comercial.

    O POCH, no seu site, também não revela que o evento foi pago, referindo que o debate foi realizado “em parceria com o Jornal Expresso”. E acrescenta, mais adiante que “o Jornal Expresso, que se juntou ao POCH nesta iniciativa, disponibilizou já um artigo na sua versão online e outro na edição semanal, que sintetizam as principais conclusões do estudo e das intervenções dos palestrantes.” Faltou referir que “se juntou” a troco de 19.500 euros.

    Ana Patrícia Carvalho, pivot da SIC Notícias, durante a apresentação do debate.

    Recorde-se que o Estatuto dos Jornalistas (Lei nº 1/99) estipula que estes profissionais, para garantir a sua independência, estão impedidos de participar em acções de marketing ou de relações públicas.

    A moderação num evento de divulgação (marketing) de uma entidade governamental no contexto de um contrato de prestação de serviços, bem como a escrita de conteúdos comerciais “travestidos” de notícias, pode ser considerada incompatível com a actividade jornalística. Ademais sabendo que, tal como sucedeu com o Público, a participação dos jornalistas constituiu uma exigência contratual de uma entidade externa, e que beneficia financeiramente os órgãos de comunicação para onde trabalham.

    As eventuais incompatibilidades cometidas por estas jornalistas apenas poderão ser alvo de procedimento disciplinar por iniciativa da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista. Porém, também a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) tem competências para intervir junto dos órgãos de comunicação social, disciplinando esta agora prática corrente de oferta de “prestação de serviços” a empresas privadas, e mesmo ao Governo, em que se utilizam jornalistas.

    Em 2013, a ERC considerou que contratos similares celebrados entre a empresa detentora do Porto Canal – detida maioritariamente pelo Futebol Clube do Porto SAD – e as Comunidades Intermunicipais de Tâmega e Sousa e do Minho-Lima colocavam “em causa a autonomia editorial”. E obrigou “o operador do canal [Avenida dos Aliados, S.A.] a denunciar os mesmos contratos”, caso ainda não o tivesse feito.