Categoria: Imprensa

  • Negócio: Administrador da Pfizer conseguiu que Twitter classificasse ser ‘enganoso’ que infecção prévia concede imunidade natural

    Negócio: Administrador da Pfizer conseguiu que Twitter classificasse ser ‘enganoso’ que infecção prévia concede imunidade natural

    Novas revelações dos ‘Twitter Files’ mostram como um administrador da Pfizer pressionou o Twitter para censurar informação científica verdadeira divulgada por um dos principais rostos da gestão inicial da pandemia de covid-19 nos Estados Unidos, com uma notável carreira na área da saúde e antigo almirante de quatro estrelas. As novas informações, reveladas pelo jornalista e autor Alex Berenson, revelam como o Twitter acabou por proteger a farmacêutica, cujas vendas das vacinas mRNA contra a covid-19 representaram quase metade dos seus lucros em 2021.


    No dia 27 de Agosto de 2021, um administrador da Pfizer, Scott Gottlieb, pressionou o Twitter no sentido de agir perante um tweet de Brett Giroir, um dos principais rostos da gestão inicial da pandemia nos Estados Unidos, que referia correctamente que a imunidade natural conferida pela infecção por covid-19 é superior à obtida pela vacina contra a doença.

    Esta ação de pressão de Gottlieb – um antigo responsável da Food and Drug Administration (FDA) – foi revelada ontem pelo jornalista e autor Alex Berenson no âmbito dos chamados “Twitter Files”. O Twitter acabou por censurar a publicação que desagradou ao administrador da Pfizer, colocando um aviso de que o tweet era “enganador” e impedindo que o mesmo fosse partilhado, comentado ou recebesse ‘likes‘.

    Scott Gottlieb

    Este caso de censura vem juntar-se a outros que têm sido revelados pelos “Twitter Files”. Só que o autor do tweet alvo de censura, Brett Giroir, não é um especialista qualquer. Antigo responsável da Food and Drug Administration (FDA), Giroir foi um dos principais rostos e membro-chave da task force da Casa Branca de resposta inicial à pandemia de covid-19, sob a administração de Trump.

    Além de ser um reputado pediatra, Giroir tem uma vasta e notável carreira, tendo sido secretário assistente para a Saúde do Governo norte-americano, representante dos Estados Unidos na administração executiva da Organização Mundial da Saúde. Foi ainda conselheiro científico e de saúde pública, incluindo do Disease Control and Prevention (CDC). É ainda um antigo almirante com quatro estrelas – o posto mais elevado da Marinha norte-americana. Actualmente, Giroir é presidente-executivo da farmacêutica Altesa BioSciences – especializada no desenvolvimento de tratamentos para vírus respiratórios.

    O seu tweet, que desagradou ao administrador da Pfizer, foi visto por Gottlieb como uma ameaça para as receitas da farmacêutica provenientes da venda de vacinas contra a covid-19.

    No tweet, Giroir afirmava ser “claro” que a imunidade natural é muito superior à imunidade vacinal contra a covid-19, e que não existe nenhuma justificação científica para que tenha de haver “provas de vacinação” [aludindo aos certificados digitais] em casos de infeção prévia pelo vírus, apelando, contudo, à vacinação nos restantes casos. Nesse sentido, Giroir instava ainda o governo norte-americano a “seguir a ciência”.

    Segundo Alex Berenson, ao ver o tweet de Giroir, Gottlieb contactou Todd O’Boyle, um lobista de topo e intermediário entre a Casa Branca e o Twitter.

    Scott Gottlieb afirmou que temia que a publicação se tornasse “viral” e objecto de cobertura mediática, tendo Todd O’Boyle reencaminhado o e-mail do executivo da Pfizer para a equipa de Resposta Estratégica do Twitter, responsável por processar os pedidos dos “mais importantes funcionários e utilizadores” da rede social.

    Na comunicação, O’Boyle referiu-se ao empresário apenas como “antigo comissário da FDA”, omitindo o cargo de Gottlieb como executivo da Pfizer e ocultando, assim, um manifesto conflito de interesses. Como salientou Alex Berenson, a venda das vacinas de mRNA contra a covid-19 representou quase metade do lucro de 81 mil milhões de dólares (mais de 75 mil milhões de euros) que aquela companhia farmacêutica obteve em 2021. Por seu turno, nesse ano, Gottlieb arrecadou 365 mil dólares como administrador da Pfizer.

    Embora a equipa que analisou o tweet em causa – que tinha, inclusivamente, respaldo em vários estudos científicos significativos – tenha concluído que o mesmo não violava as políticas de desinformação da empresa, o Twitter acabou por ‘sinalizar’ a publicação colocando uma etiqueta que a qualificava como “enganadora” e reduzindo massivamente a sua visibilidade.

    Num tweet publicado esta terça-feira, Brett Giroir reafirmou o que escreveu na publicação que foi censurada pelo Twitter. O antigo almirante escreveu: “o meu tweet estava correto na altura, e continua a ser assim agora”. “Eu não sou ‘anti-vax’ e até recomendei a vacinação no tweet censurado”, adiantou. E sublinhou: “mas não havia base científica para discriminar/ atormentar/ arruinar aqueles que tinham sido naturalmente infetados, mas não foram vacinados”. Giroir escreveu ainda que o Twitter nunca lhe respondeu.

    Apenas uma semana depois da pressão sobre o Twitter sobre a publicação de Giroir, Todd O’Boyle recebia uma nova queixa de Scott Gottlieb. Desta vez, visando uma publicação de Justin Hart, um consultor e autor especializado em análise de dados, que criticava o facto de, apesar de o vírus ter um impacto quase nulo na mortalidade infantil, ter custado “cerca de três anos de escolaridade” às crianças.

    Brett Giroir

    Berenson recordou que este e-mail de Gottlieb antecedeu a aprovação das vacinas contra a covid para a faixa etária dos cinco aos 11 anos. Porém, sobre este tweet, que poderia, eventualmente, ameaçar as receitas da Pfizer no que toca à vacinação infantil contra a covid-19, a rede social optou por não agir.

    Note-se que Berenson – jornalista de investigação e escritor com ampla experiência na cobertura de assuntos relacionados com a indústria farmacêutica, tendo chegado a colaborar com o reputado New York Times durante mais de uma década –, teve, ele próprio, a sua conta de Twitter permanentemente suspensa a 28 de Agosto de 2021, por alegada violação dos termos de utilização da rede social no que concerne à “desinformação” sobre a covid-19. No entanto, o jornalista conseguiu que a suspensão fosse levantada em Junho do ano passado, depois de ter processado a plataforma tecnológica.

    Um crítico da gestão da pandemia desde o início, Alex Berenson defendeu que a perigosidade do SARS-CoV-2 foi exagerada com o intuito de expandir o poder governamental, e alertou, em 2021, para os efeitos adversos das vacinas de mRNA contra a covid-19, que considerou “perigosas e ineficazes”.

    Afirmando que Scott Gottlieb também pressionou o Twitter para “agir contra” si, o jornalista que agora divulga estes novos documentos internos da empresa com a autorização de Elon Musk, indicou ainda que terá “mais a dizer” sobre o seu caso e que irá processar Gottlieb, a Pfizer e a Casa Branca “em breve”.

    [Pode ler aqui toda a cobertura dos “Twitter Files” feita pelo PÁGINA UM.]

  • Licínia Girão: a “jurista de reconhecido mérito” sem mérito para concluir estágio

    Licínia Girão: a “jurista de reconhecido mérito” sem mérito para concluir estágio

    A presidente da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista. Licínia Girão, cancelou a sua inscrição como estagiária na Ordem dos Advogados depois de se mostrar incapaz de concluir o estágio de advocacia iniciado em finais de 2020, e que duraria 18 meses. A este soma-se um “chumbo” nas provas de admissão para o curso de magistrados. Nada de anormal adviria daqui, se não fosse o caso de Licínia Girão, que como jornalista trabalhou sobretudo na imprensa regional, não tivesse sido cooptada para a liderança da CCPJ por, supostamente, ser uma “jurista de reconhecido mérito”.


    A presidente da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ), Licínia Girão, continua a coleccionar “feitos” que contradizem esse estatuto de “jurista de reconhecido mérito e experiência na área da comunicação social”, condições legais que terão merecido a sua indigitação em Maio passado para liderar este órgão regulador e disciplinador.

    Licenciada em Direito, a jurista de 57 anos – que completou os estudos numa fase já adiantada da sua vida profissional, tendo trabalhado sobretudo na imprensa regional – já tinha fracassado no Verão passado, logo na fase inicial de provas, o acesso ao curso para magistrados do Centro de Estudos Judiciários. Licínia Girão “chumbou” em dois dos três exames, todos de carácter exclusivo, com um total de 24,30 valores (em 60 possíveis), colocando-a no lugar 230 em 269 candidatos.

    A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista funciona no Palácio Foz, em Lisboa.

    Agora, apurou o PÁGINA UM, a presidente da CCPJ nem sequer conseguiu ultrapassar as provas para conclusão do estágio da Ordem dos Advogados, que começara em finais de 2020. A sua inscrição como advogada-estagiária foi mesmo “cancelada” desde 10 de Outubro do ano passado, conforme confirmou ao PÁGINA UM o Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados, que não adiantou qual a causa.

    De acordo com os regulamentos, o cancelamento – que é diferente da suspensão (temporária) – pode advir de um pedido do próprio candidato, “que pretenda abandonar definitivamente o exercício da advocacia”, ou por falta de idoneidade determinada pela própria Ordem ou após pena disciplinar de expulsão.

    Apesar de Licínia Girão ter estado a realizar parte do estágio-fantasma num escritório de Santo Tirso, a razão para o abandono do estágio não terá sido, em princípio, esta irregularidade com contornos também éticos. De acordo com a mensagem transmitida pelos serviços administrativos da CCPJ – em reacção a perguntas colocadas pelo PÁGINA UM directamente a Licínia Girão –, “o cancelamento da inscrição na Ordem dos Advogados foi solicitado pela então advogada estagiária Licínia Girão, por motivos profissionais”, adiantando ainda que “o Conselho Regional do Porto se limitou a deferir o pedido”.

    O registo de Licínia Girão na Ordem dos Advogados como estagiária, foi feito em 22 de Fevereiro de 2021, mas foi iniciado em 10 de Dezembro de 2020. Indicava um endereço que corresponde ao da sociedade Rodrigues Braga & Associados, onde fez um estágio-fantasma. A sua inscrição como como estagiária foi cancelada em 10 de Outubro do ano passado. Nunca chegou a exercer como advogada.

    Independentemente da veracidade desta declaração, não comprovada por qualquer documento, certo é que a opção pelo cancelamento – em vez de uma suspensão (que implicaria que, a qualquer momento, pudesse reatar a inscrição –, não esconde mais um insucesso de Licínia Girão no “mundo das leis”, sobretudo para quem chegou à liderança da CCPJ rotulada de “jurista de reconhecido mérito”.

    Com efeito, o cancelamento da sua inscrição como advogada-estagiária ocorreu já depois do prazo normal necessário para os candidatos da sua turma concluírem o processo, incluindo exames e prova de agregação. Licínia Girão começara o estágio em 10 de Dezembro de 2020, numa turma integrando 52 candidatos a advogado, e deveria ter concluído esse estágio em 18 meses, ou seja, em Junho do ano passado, se tivesse sido posteriormente aprovada num exigente exame da Ordem seguido de provas escritas e orais de agregação. Mas tal não sucedeu.

    Na verdade, consultando a lista dos 52 advogados-estagiários, onde estava integrada Licínia Girão, apenas 20 surgem já inscritos como advogados, de acordo com uma consulta minuciosa do PÁGINA UM. Na generalidade, estes antigos colegas de turma de Licínia Girão estão inscritos como advogados desde Setembro do ano passado. Além destas duas dezenas de novos advogados, encontram-se 14 outros que ainda têm o estágio em curso – ou seja, não terão conseguido, após o estágio num escritório, aprovação no exame ou nas provas de agregação. E, por fim, além de Licínia Girão, outros 13 não constam agora em qualquer uma das duas bases de dados da Ordem dos Advogados. Ou seja, terão suspendido ou cancelado a inscrição.

    Ao invés do mundo da magistratura e advocacia, Licínia Girão, a actual presidente da CCPJ, tem tido mais “sucesso” nas artes. Por exemplo, em Junho de 2021, obteve a Menção Honrosa na categoria Ensaio/ Prosa no âmbito dos 13º Jogos Florais da Junta de Freguesia de São Domingos de Rana.

    Os dois revezes de Licínia Girão – nos mundos da Magistratura e na Advocacia em apenas um ano – não a impedem de continuar a sua profissão de jurista (embora limitada em termos de actividade profissional), nem de ser considerada pelos seus pares (oito jornalistas) que a cooptaram para a CCPJ, como alguém de “mérito reconhecido”.

    Em todo o caso, saliente-se que Licínia Girão continua afincadamente a tentar enriquecer o seu currículo de jurista: o PÁGINA UM confirma que é um dos 18 candidatos admitidos, em 16 de Dezembro do ano passado, para mediadores de conflitos no Julgado de Paz no concelho de Santo Tirso.

  • #TwitterFiles: Ameaças do Partido Democrata levaram Twitter a aceitar trabalhar com serviços de informação (e vêm aí os #FauciFiles)

    #TwitterFiles: Ameaças do Partido Democrata levaram Twitter a aceitar trabalhar com serviços de informação (e vêm aí os #FauciFiles)

    Perante ameaças de membros do Partido Democrata norte-americano, o Twitter acabou por ser levado a aceitar trabalhar com agências de informação e segurança, como o FBI e a CIA, para censurar conteúdos na rede social. Democratas exigiram ao Twitter que encontrasse “provas” de que havia uma alegada tentativa de interferência russa no processo eleitoral nos Estados Unidos. Quando o Twitter apenas detectou algumas contas suspeitas, surgiram ameaças por parte dos Democratas. Com a ajuda de notícias colocadas em alguns media mainstream, o Partido Democrata levou o Twitter a ter de aceitar o envolvimento de serviços de informação norte-americanos na moderação de conteúdos na rede social. Como se sabe hoje, o Twitter acabou por interferir nas eleições presidenciais nos Estados Unidos de 2020, censurando o então presidente norte-americano, Donald Trump, e outros conservadores, e protegendo Joe Biden e o Partido Democrata. Entretanto, ainda esta semana deverão ser revelados os muito aguardados “Fauci Files”, sobre a censura de informação verdadeira relacionada com a pandemia de covid-19.


    As últimas revelações dos chamados “Twitter Files”, divulgadas ontem à noite pelo jornalista independente Matt Taibbi, mostram como a plataforma tecnológica foi levada a ter de permitir que serviços de informação e segurança participassem na moderação de conteúdos na rede social, sob um manto de ameaças e pressão por parte do Partido Democrata, com a ajuda de alguns media mainstream.

    Tudo começou com o facto de Democratas exigirem, a todo o custo, que o Twitter apresentasse “provas” de haver uma alegada tentativa de influência russa no processo eleitoral nos Estados Unidos.

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    Em 2017, quando o Congresso investigava o Facebook, os funcionários do Twitter estavam seguros de que a actividade russa potencialmente ‘maligna’ na plataforma era negligenciável, já que, após as suas pesquisas, apenas cerca de 25 contas tinham merecido suspensão. 

    “O Twitter não é o foco do inquérito sobre a interferência russa nas eleições, neste momento – o foco está no Facebook”, escreveu Colin Crowell, vice-presidente do departamento de Políticas Públicas do Twitter, em Setembro de 2017.

    Na altura, o Facebook, a rede social liderada por Mark Zuckerberg, estava na ‘berlinda’ por se acreditar ter sido alegadamente utilizada para disseminar eventual propaganda russa, tendo em Agosto desse ano suspendido 300 contas por suspeitas de “origem russa”.

    Naquele mês, o Twitter viria a informar o senado norte-americano que suspendera 22 “possíveis contas russas” e 179 outras potencialmente conectadas, num segmento de cerca de 2700 contas suspeitas que foram “manualmente examinadas”.

    Mas um senador do Partido Democrata e membro do Comité de Inteligência do Senado, Mark Warner, não ficou satisfeito com o que a gigante tecnológica relatara e qualificou, numa conferência de imprensa, as informações como “francamente inadequadas a todos os níveis”.

    Após ter reunido com líderes do Congresso, Crowell declarou, em comunicações internas, que Mark Warner tinha “incentivo político para manter este assunto no topo das notícias, continuar a pressionar-nos e à indústria para produzirmos material para eles, e gerar interesse para a audiência planeada para dia 1 de Novembro”.

    Hillary Clinton foi derrotada nas eleições presidenciais que deram a vitória ao Republicano Donald Trump, em 2016.

    Taibbi salientou ainda que os Democratas estavam a “receber ordens” de Hillary Clinton, que tinha alegado que a rede social estava a ser usada como “ferramenta para uma ciber-guerra”.

    Para atender às exigências governamentais por provas da alegada interferência russa, explicou Taibbi, o Twitter criou uma “Russia Task Force”, que inicialmente servia-se de “dados partilhados pelos colegas do Facebook, centrados em contas supostamente ligadas à Internet Research Agency (IRA) da Rússia”.

    Mas as evidências de interferência russa continuavam a ser poucas. Numa mensagem que data de 23 de Outubro, um funcionário escrevia que, em 2500 contas “analisadas manualmente”, apenas 32 pareciam suspeitas e só 17 tinham conexões com a Rússia. No entanto, apenas duas tinham tido “gastos significativos” [com conteúdos pagos], e uma delas era o canal de televisão estatal Russia Today (RT).

    Como consequência, seguiram-se, nos meios de comunicação norte-americanos, artigos em que se insinuava uma conivência do Twitter com a alegada campanha de desinformação russa. No conhecido jornal Politico, por exemplo, um título afirmava que o “Twitter apagou dados potencialmente cruciais para a investigação à Rússia”.

    Paralelamente, o Congresso preparava-se para criar uma nova lei que ‘apertasse o cerco’ às redes sociais no que respeitava a anúncios publicitários de cariz político, exigindo às plataformas tecnológicas uma “maior divulgação” sobre estas matérias.

    Mark Taibbi apontou que o Twitter se mostrou disposto a colaborar com o Senado e “comprometeu-se a trabalhar com eles (membros do Senado) no seu desejo de legislar”. A legislação, intitulada Honest Ads Act, que teria como objectivo “proteger a integridade” das eleições norte-americanas, seria apresentada pelos senadores Democratas Amy Klobuchar, Mark Warner e John McCain.

    Membros do Partido Democrata, com a ajuda de alguns media mainstream, pressionaram o Twitter para “encontrar” contas “ligadas” à Rússia, no âmbito da sua estratégia política de alegar que russos estavam a querer interferir no processo eleitoral.

    Ainda assim, a pressão sobre a plataforma tecnológica então liderada por Jack Dorsey não abrandou. Mesmo quando a rede social se preparava para alterar as suas regras relativas a publicidade, e depois de ter, inclusivamente, concordado em remover as contas da RT e da agência de notícias russa Sputnik, o Congresso divulgou a lista de 2700 contas que o Twitter tinha inicialmente identificado e reportado como sendo “suspeitas” – causando um frenesim mediático e colocando, novamente, o Twitter “debaixo de fogo”.

    O Twitter acabou por permitir que agências de informação e segurança norte-americanas viessem a interferir na moderação de conteúdos na rede social, incluindo bloqueando contas e disseminando informação falsa, tendo mesmo contratado para os seus quadros antigos funcionários daquelas agências.

    Em consequência, o Twitter começou a censurar contas e conteúdos mais conservadores e a proteger o Partido Democrata, tendo ficado provado que interferiu nas eleições presidenciais que deram a vitória a Joe Biden, ao impedir a divulgação do caso do escândalo envolvendo o portátil de Hunter Biden, filho do actual presidente dos Estados Unidos.

    Desde 2020, o Twitter também perseguiu cientistas, peritos e médicos que criticaram a gestão da pandemia de covid-19 e avançaram com soluções baseadas na evidência.

    Anthony Fauci, conselheiro-chefe de Joe Biden para a saúde. Elon Musk anunciou que esta semana deverão ser divulgados os “Fauci Files” sobre a censura de informação verdadeira relativa à pandemia de covid-19.

    Estas revelações sobre as antigas práticas de censura do Twitter começaram a surgir por iniciativa de Elon Musk, que concluiu a compra da rede social em Outubro de 2022. Musk anunciou que, no final desta semana, deverão ser divulgados documentos internos envolvendo o principal rosto da gestão da pandemia nos Estados Unidos, Anthony Fauci, que copiou medidas sem precedentes implementadas pela China, como confinamentos e uso de máscara facial, sem qualquer base científica.

    Fauci também defendeu a censura de informação sobre a covid-19 e a imposição da vacinação geral contra a covid-19, incluindo em crianças e jovens, mesmo perante os alertas sobre os riscos das vacinas serem maiores do que os benefícios nos grupos etários com menos risco de enfrentarem doença grave ou morte devido à covid-19.

    [Pode ler aqui toda a cobertura dos “Twitter Files” feita pelo PÁGINA UM.]

  • #TwitterFiles: Como a CIA influenciou a censura de conteúdos no Twitter durante anos

    #TwitterFiles: Como a CIA influenciou a censura de conteúdos no Twitter durante anos

    Depois de se saber que o Twitter serviu durante anos como uma espécie de subsidiária do FBI, colaborou com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos e que foi uma “arma” usada pelo Pentágono, foi agora revelado que também a norte-americana CIA reunia regularmente com antigos executivos daquela rede social. Está agora comprovado que os serviços de informação e segurança dos Estados Unidos indicavam ao Twitter o que censurar e quem perseguir na rede social. E que o Twitter foi usado, ao longo de anos, pelos serviços de informação e de defesa para fazer política, propaganda e como arma contra “adversários” e vozes incómodas. Em vários documentos internos do Twitter que têm estado a ser divulgados por iniciativa do novo dono da rede social, Elon Musk, ficou claro que os serviços de informação e segurança norte-americanos não “trabalhavam” apenas com o Twitter mas também com outras grandes tecnológicas e redes sociais.


    Nas últimas séries dos chamados “Twitter Files”, já tinha sido revelado o “compadrio” que, ao longo de anos, existiu entre a plataforma tecnológica, agências de inteligência norte-americanas como o FBI, e o Departamento de Defesa, para a implementação de práticas de censura e amplas campanhas de desinformação no Twitter.

    Agora, com a divulgação de novos documentos internos da empresa, no passado sábado, o jornalista independente Matt Taibbi assegurou que a CIA [Central Intelligence Agency] também fazia parte da ‘equação’.  

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    Além de revelar que um antigo executivo do Twitter já havia trabalhado para a CIA, Taibbi divulgou comunicações internas que remontam a Julho de 2020 e que mostram Stacia Cardille, uma funcionária da rede social, a informar Jim Baker, antigo advogado do FBI e, na altura, recém-contratado pelo Twitter, de que a CIA também deveria “juntar-se virtualmente” a uma conferência onde participariam os quadros da gigante tecnológica e o FBI.  

    Noutra mensagem, um agente do FBI, Elvis Chan, pergunta a dois executivos do Twitter se pode reencaminhar um “convite” a outra “OGA” (Other Government Organization), [em português, “Outra Organização Governamental”].

    Matt Taibbi explicou que, de acordo com vários ex-agentes de serviços de informação norte-americanos, “OGA” é um “eufemismo” utilizado para designar a CIA. O jornalista referiu que um denunciante e antigo agente da CIA, John Kiriakou, “reconhece o formato” das comunicações que agora vieram a público, e que acredita que vêm mesmo daquela entidade governamental. 

    Facto é que as reuniões entre executivos do Twitter, a Foreign Influence Task Force [FITF], membros do FBI e “um ou dois” participantes da dita “OGA” eram frequentes. Na “ordem de trabalhos” anexada nas convocatórias para as reuniões, um dos pontos a abordar era quase sempre um briefing da OGA”, que normalmente versava sobre assuntos estrangeiros.

    Mas não eram apenas matérias ‘supranacionais’ que preocupavam e ocupavam as agências governamentais e a famosa rede social. A FITF e o departamento do FBI de São Francisco transmitiam também ao Twitter pedidos de “moderação” de outras entidades, nomeadamente de polícias locais, sobre assuntos “domésticos”. Ou seja, nacionais. Estas solicitações eram, com frequência, enviadas através do canal unidirecional Teleporter, e com um ‘temporizador’ para a sua autodestruição.

    Saliente-se ainda que, segundo Taibbi, a “OGA” partilhava informações com plataformas com várias plataformas, incluindo o Yahoo!, a Twitch e o LinkedIn.

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    Matt Taibbi afirmou que, sobretudo na véspera das eleições presidenciais de Novembro de 2020, as agências ‘inundaram’ o Twitter com pedidos respeitantes a centenas de “contas problemáticas”. Na verdade, pouco tempo antes das eleições, o abundante influxo de solicitações por parte do governo ‘obrigou’ mesmo a rede social a ter de criar um sistema de triagem de modo a ‘priorizar’ as mais urgentes.

    A diligente monitorização de violações aos termos de uso do Twitter por parte das agências governamentais chegou a causar alguma perplexidade entre os executivos da rede social. Numa troca de mensagens, Jim Baker comentou com Stacia Cardille: “estranho que eles estejam à procura de violações das nossas políticas”.

    Como já tinha vindo à luz noutras séries de “Twitter Files”, a insistente procura de provas de interferência estrangeira pelas agências de inteligência norte-americana – que pareciam sempre escassas – levava os funcionários da rede social a ser “criativos” nas suas respostas, no sentido de ir ao encontro dos pedidos dos agentes governamentais.

    Em Agosto passado, após ter ‘passado a pente fino’ uma série de contas, um analista chegou a responder que não encontrara “ligações à Rússia” mas podia “tentar encontrar uma conexão mais forte [à Rússia]” fazendo “brainstorm”.

    Aos relatórios que os serviços de informação enviavam ao Twitter, que eram geralmente curtos, seguiam-se longas listas de contas ‘rotuladas’, por exemplo, como “pró-Maduro”, “pró-Cuba”, “pró-Rússia”.  Por vezes, eram mais de mil as contas a ser “digitalmente executadas”.

    Os conteúdos dos relatórios iam desde a sinalização de contas com suposta “propaganda ucraniana neo-nazi” a alegações de que “as contas que acusam a administração de Joe Biden de corrupção na distribuição de vacinas fazem parte de uma campanha de influência russa” ou, ainda, de que um site que relatava violações de direitos humanos cometidas por ucranianos desde 2014 era “dirigido por agentes russos”.

    De facto, as narrativas “anti-Ucrânia” estavam entre as mais perseguidas: em vários relatórios das agências governamentais, constavam precisamente as publicações em jornais, no Twitter ou no Youtube que disseminavam esse tipo de discurso.

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    A divulgação de documentos internos do Twitter, sobre as antigas práticas de censura praticadas naquela rede social, partiu de uma iniciativa de Elon Musk, novo dono do Twitter. Musk tem estado a entregar documentação interna a jornalistas independentes e autores que fazem investigação, os quais têm estado a analisar e a publicar as suas descobertas.

    Ontem, foram feitas novas revelações, as quais vieram comprovar que o Twitter censurou informação verdadeira sobre a pandemia de covid-19.

    Antigos funcionários e executivos do Twitter também censuraram contas de médicos e especialistas com visões e soluções diferentes das adoptadas pelo governo norte-americano na gestão da pandemia. Segundo as novas revelações, até contas de utilizadores comuns foram alvo de censura, sendo suprimida informação com dados oficiais verdadeiros da CDC (Centers for Disease Control and Prevention).

    [Pode ler aqui toda a cobertura dos “Twitter Files” feita pelo PÁGINA UM.]

  • Expresso beneficia de “preferência” da Biblioteca Nacional

    Expresso beneficia de “preferência” da Biblioteca Nacional

    Contrato assinado em Novembro prevê entrega até Fevereiro do próximo ano de 2.565 edições digitalizadas do semanário da Impresa, fundado em 1973, para substituir microfilmes já obsoletos. Directora-geral da Biblioteca Nacional diz não estarem previstos contratos similares com outros jornais, mas abre essa possibilidade se houver garantias de qualidade. Novo modelo de depósito legal já prevê agora entrega de exemplares digitalizados sem custos para o Estado.

    ESTA NOTÍCIA MERECEU UM DIREITO DE RESPOSTA, PUBLICADO VOLUNTARIAMENTE PELO PÁGINA UM, QUE PODE SER LIDO AQUI.


    A Biblioteca Nacional comprou directamente à Impresa a digitalização de todas as edições do Expresso desde a sua fundação, em 6 de Janeiro de 1973 até finais de 2021 para substituir as suas cópias em microfilme, considerada uma tecnologia já obsoleta. A aquisição, cujo contrato foi assinado em meados do mês passado, englobará um total de 553.010 imagens digitais, correspondentes à versão impressa de todos os cadernos de 2.565 edições daquele semanário, e terá um custo total de 135.990 euros, incluindo IVA.

    Esta opção de aquisição directa ao grupo fundado por Francisco Pinto Balsemão – e que contou com o actual presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, como um dos seus directores – será mais onerosa do que a digitalização de fotogramas de cerca de seis dezenas de títulos de jornais antigos, contratada entretanto à RFS-Telecomunicações em Junho passado.

    Sala de leitura principal da Biblioteca Nacional.

    De entre os periódicos antigos abrangidos por este contrato estão os jornais O Século (1880-1990), com 350.439 imagens; Novidades (1885-1974), com 172.597 imagens; Diário da Manhã (1931-1974), com 120.021 imagens; Diário dos Açores (a partir de 1870), com 106.311 imagens, Diário de Luanda (1936-1976), com 134.873 imagens; A Voz (1927-1974), com 101.900 imagens; e A Aurora (1910-1920), com 1.419 imagens.

    Nesse caso, a Biblioteca Nacional comprometeu-se a pagar 171.511 euros por um volume de páginas que variará ente 1.000.000 e 1.162.000 imagens. Ou seja, terá um custo unitário de entre 14,8 e 17 cêntimos. A Impresa receberá – por uma digitalização que, na verdade, já fez – um valor unitário de 24,6 cêntimos, ou seja, cerca de 45% a mais.

    A directora-geral da Biblioteca Nacional, Inês Cordeiro, justificou ao PÁGINA UM a opção por adquirir a digitalização integral em alternativa à digitalização dos microfilmes por “garantia de completude da cópia integral do jornal”, bem como pela “melhor qualidade da cópia digital”, que será a cores (ao contrário do microfilme, que é a preto e branco), e pela rapidez do processo. A Impresa garantiu a entrega das cópias digitais –até finais de Fevereiro de 2023, que depois poderão ser consultadas pelos leitores, mas exclusivamente nos terminais da Biblioteca Nacional, por razões de direitos de autor (que geralmente pertencem aos jornalistas e não aos donos dos jornais).

    Recorde-se que somente a partir de Janeiro de 2022 o Governo passou a permitir o envio de jornais tradicionais (impressos) em formato digital para efeitos de cumprimento da Lei do Depósito Legal, que até então exigia a entrega de 11 exemplares em papel por edição, a serem posteriormente distribuídos por determinadas bibliotecas do país. A legislação não previu a entrega gratuita de versões digitais de forma retroactiva, ou seja, de edições anteriores a este ano.

    A Biblioteca Nacional poderia optar por digitalizar os exemplares em papel que estão no seu acervo, mas essa tarefa arriscava causar algum grau deterioração. Aliás, uma grande parte dos exemplares de jornais antigos que sejam requisitados pelos leitores para consulta são já em microfilmes, que agora serão gradualmente substituídos por cópias digitais.

    O contrato que abrange a compra do Expresso digital abre também a possibilidade de outros grupos de media poderem encaixar receitas extraordinárias no caso de também já possuírem colecções digitalizadas das suas edições. Embora Inês Cordeiro adiante que “neste momento não se encontram previstos contratos similares [ao da Impresa] com outros órgãos de comunicação social”, diz, contudo, que “tal hipótese poderá vir a ser considerada caso se detete que o proprietário/ detentor dos direitos de determinado jornal impresso possui uma cópia digital do mesmo capaz de substituir o microfilme existente na Biblioteca Nacional” com as vantagens apresentadas pelo Expresso.

    Essa possibilidade, porém, terá um custo muito superior ao do Expresso se aplicado, por exemplo, a diários como o Público, que está a completar 33 anos de existência e conta já com quase 12 mil edições.


    N.D. Por lapso, escreveu-se inicialmente que uma empresa contratada pela Biblioteca Nacional se denominava RSF-Telecomunicações, quando, na realidade, se chama RFS-Telecomunicações.

  • #TwitterFiles confirmam censura sobre informação verdadeira e estratégia para desacreditar especialistas incómodos

    #TwitterFiles confirmam censura sobre informação verdadeira e estratégia para desacreditar especialistas incómodos

    Já não há dúvidas: o Twitter manipulou o debate sobre a pandemia de covid-19, censurando informação verdadeira mas considerada inconveniente tanto para a Administração Trump como para a Administração Biden. A revelação foi feita esta segunda-feira, no âmbito dos chamados “Twitter Files”, por David Zweig, autor que publica artigos de investigação. Segundo Zweig, o governo dos Estados Unidos pressionou outras redes sociais a censurarem conteúdos sobre covid-19. No caso do Twitter, antigos executivos da rede social tomaram a decisão de considerar que apenas os dogmas das autoridades públicas de saúde eram “A Ciência”, mesmo que outras visões de cientistas e médicos estivessem correctas. Zweig questionou: “Como teria sido esta pandemia e o seu rescaldo, se tivesse havido um debate mais aberto no Twitter e noutras plataformas das redes sociais — para não falar da imprensa mainstream — sobre as origens da covid, sobre os confinamentos, sobre os verdadeiros riscos da covid em crianças, e muito mais”?


    Nas novas revelações dos chamados “Twitter Files” – que têm desvendado antigas práticas de censura aplicadas pelo Twitter –, fica provado que aquela rede social censurou informação verdadeira sobre a pandemia de covid-19.

    Antigos funcionários e executivos do Twitter também censuraram contas de médicos e especialistas com visões e soluções diferentes das adoptadas pelo governo norte-americano na gestão da pandemia. Segundo as novas revelações, até contas de utilizadores comuns foram alvo de censura, sendo suprimida informação com dados oficiais verdadeiros da CDC (Centers for Disease Control and Prevention).

    Estas novas informações sobre censura aplicada pelo Twitter no passado, foram feitas esta tarde por David Zweig, autor que publica artigos de investigação, nomeadamente na revista The Atlantic, New York Magazine e Wired.

    Na segunda parte dos “Twitter Files”, já tinha sido tornado público que a rede social criou no passado listas negras para censurar contas de alguns utilizadores, incluindo especialistas de topo e vozes mais conservadoras. Um dos especialistas que foi alvo de censura por parte do Twitter, e que estava incluído em listas negras, foi Jay Bhattcharya, reputado professor da Universidade de Stanford e um dos três autores da Great Barrington Declaration, que defende uma gestão da pandemia de “protecção focada”, protegendo os grupos de maior risco.

    Mas muitos outros cientistas, académicos e médicos foram censurados, alguns foram mesmo banidos do Twitter, e só agora está a ser levantada a suspensão das suas contas.

    Os “Twitter Files” surgiram da vontade de Elon Musk, novo dono do Twitter, de expor as antigas práticas de censura da rede social. Musk tem estado a entregar documentos internos do Twitter a jornalistas independentes e autores para análise e publicação.

    Até agora, foi revelado que o Twitter censurou vozes conservadoras, suprimiu e desacreditou informação verdadeira sobre o escândalo envolvendo o filho do actual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

    O Twitter também censurou cientistas e especialistas de topo, executou “pedidos” do FBI e serviços de informação norte-americanos e ajudou o Pentágono a espalhar desinformação, incluindo através da criação de perfis falsos.

    A divulgação dos “Twitter Files” é feita através do Twitter, tendo sido essa a única condição acordada entre Musk e os jornalistas e autores encarregues da análise e publicação da informação.

    Mas ainda não tinha sido divulgada informação específica e detalhada sobre a censura em torno do tema covid-19, a qual é abordada nesta parte dos “Twitter Files” que foi hoje divulgada.

    Segundo Zweig, O governo norte-americano pressionou o Twitter e outras redes sociais a dar mais visibilidade a determinado tipo de conteúdos sobre covid-19 e a suprimir outro.

    A pressão sobre o Twitter para censurar conteúdos relativos à pandemia veio tanto da parte da administração de Donald Trump, como da administração de Joe Biden. Documentos internos do Twitter revelam que ambas as administrações colocaram pressão sobre antigos executivos do Twitter para moderarem os conteúdos sobre covid-19 partilhados na rede social.

    Segundo a nova informação tornada hoje pública por David Zweig, a administração de Trump manteve reuniões com representantes de redes sociais e grandes tecnológicas, incluindo do Twitter, Google, Facebook, Microsoft e outros.

    Mas a administração de Biden pediu mesmo que contas fossem banidas permanentemente e pressionou o o Twitter a censurar conteúdos sobre vacinas. Um exemplo dado é o do antigo jornalista do New York Times e escritor Alex Berenson, que fez diversos alertas sobre vacinas contra a covid-19 e foi banido pelo Twitter a pedido da Casa Branca. Berenson acabou por processar o Twitter e ambos chegaram a um acordo em Tribunal.

    Berenson alertou, diversas vezes, para o facto de as vacinas contra a covid-19 serem ineficazes a impedirem a infecção e a transmissão – como se veio a confirmar – e defendeu mesmo que as vacinas eram perigosas.

    Zweig contou: “um resumo, de Dezembro de 2022, das reuniões com a Casa Branca, de Lauren Culbertson, chefe de política pública dos EUA do Twitter, acrescenta novas provas da campanha de pressão da Casa Branca, e cimenta que repetidamente tentou influenciar diretamente a plataforma”.

    Aquela responsável do Twitter escreveu que a equipa de Biden queria que a rede social fosse mais agressiva na censura de conteúdos sobre a pandemia.

    Os antigos executivos da rede social não acataram todos os “pedidos” de censura da equipa de Biden, “mas o Twitter reprimiu opiniões – muitas de médicos e especialistas científicos – que entraram em conflito com as posições oficiais da Casa Branca”. “Como resultado, as conclusões legítimas e as questões que teriam ampliado o debate público desapareceram”, escreveu Zweig.

    A manipulação de conteúdos existia em relação a outros temas, como se tem comprovado com os “Twitter Files” e, “com a covid[-19], este preconceito inclinou-se fortemente para os dogmas do establishment“.

    Assim, “inevitavelmente, o conteúdo dissidente mas legítimo foi rotulado como desinformação, e as contas de médicos e outros foram suspensas tanto por tweetar opiniões como por informações comprovadamente verdadeiras”.

    Um dos alvos de censura e perseguição foi Martin Kulldorff, um reputado epidemiologista da Universidade de Medicina de Harvard e co-autor da Great Barrington Declaration, quando escreveu a sua opinião, como especialista, acerca das vacinas contra a covid-19. Apesar de a sua opinião ser a de um especialista conceituado e até estar em linha com a visão de alguns países, executivos do Twitter decidiram aplicar um aviso de “desinformação” ao tweet de Kulldorf.

    Num outro exemplo, o Twitter classificou como desinformação dados oficiais da norte-americana CDC partilhados por um verificador de factos sobre saúde.

    Curiosamente, este tweet com dados verdadeiros e oficiais da CDC foi publicado como resposta a um outro tweet, esse sim, com informação falsa, ao indicar erradamente que “desde Dezembro de 2021, a covid foi a principal causa de morte por doença nas crianças”. Esta informação é falsa mas o Twitter não só não lhe aplicou a etiqueta de desinformação como o tweet ainda se mantém na rede social e não foi apagado pelo Twitter.

    Também médicos foram visados pela censura do Twitter, simplesmente por partilharem resultados de estudos científicos verdadeiros sobre temas como as vacinas mRNA, como a comercializada pela Pfizer. Foi o caso de um médico que partilhou os resultados de um estudo que apontaram que, no caso dos jovens entre os 18 e os 39 anos, as vacinas mRNA contra a covid-19 foram associadas a situações de paragem cardíaca e não apenas miocardites.

    Um outro médico, acabou por ser banido do Twitter, após ter recebido várias etiquetas de desinformação. Um dos seus tweets era sobre um estudo científico revisto por pares que concluiu que as vacinas mRNA causam uma diminuição temporária da concentração de esperma e da contagem de espermatozoides e questionava se os reforços de vacina também tinham o mesmo efeito.

    Num outro exemplo de como era feita a moderação interna de conteúdos sobre a pandemia, um tweet onde Trump afirmou “não tenham medo da covid-19” resultou num debate sobre se devia ou não ser censurado. Jim Baker, antigo executivo do Twitter e que antes tinha trabalhado no FBI, questionou porque a afirmação de Trump não foi classificada como desinformação, levando Yoel Roth, antigo diretor de Trust & Safety do Twitter, a explicar que optimismo não era desinformação.

    Zweig conclui a divulgação desta nova parte dos “Twitter Files”, com uma série de tweets em que explica que o Twitter “tomou a decisão, através das inclinações políticas do pessoal senior e pressão do governo, de que a abordagem à pandemia das autoridades públicas de saúde – prioritizando a mitigação sobre outras preocupações – era ‘A Ciência’”.

    Toda a informação que desafiasse a visão oficial, como mostrar os riscos das novas vacinas, ou que podiam ser entendidas como estando a reduzir os riscos da covid-19, especialmente para as crianças, era sujeita a moderação ou mesmo supressão, independentemente de os factos estarem correctos ou de corresponderem a medidas que foram adoptadas em outros países.

    Zweig terminou, questionando: “Como teria sido esta pandemia e o seu rescaldo, se tivesse havido um debate mais aberto no Twitter e noutras plataformas das redes sociais — para não falar da imprensa mainstream — sobre as origens da covid, sobre os confinamentos, sobre os verdadeiros riscos da covid em crianças, e muito mais”?

    Além de Zweig, trabalharam nesta parte dos “Twitter Files” o autor Michael Shellenberger, o jornalista Leighton Woodhouse, o jornalista de investigação Lee Fang e a equipa do jornal independente The Free Press.

    [Pode ler aqui toda a cobertura do PÁGINA UM sobre os “Twitter Files”]

  • #TwitterFiles: Rede social ajudou o Pentágono a espalhar desinformação e propaganda

    #TwitterFiles: Rede social ajudou o Pentágono a espalhar desinformação e propaganda

    Depois de ser revelado pelos “Twitter Files” que o FBI punha e dispunha da rede social como se fosse uma sua “subsidiária”, ficou agora a saber-se que a rede social também ajudou o Pentágono a influenciar operações militares. Segundo a oitava parte dos “Twitter Files”, divulgada pelo jornalista de investigação Lee Fang, os anteriores executivos e funcionários do Twitter ajudaram o Pentágono a espalhar propaganda e informação falsa durante, pelo menos, cinco anos. A campanha de desinformação que o Twitter ajudou a espalhar incluiu a criação de perfis falsos e vídeos manipulados.


    O escândalo de dimensões gigantescas que está a ser exposto pela divulgação de documentos e mensagens internos do Twitter não pára de aumentar. Na oitava parte dos chamados “Twitter Files”, o jornalista de investigação Lee Fang revelou como os anteriores executivos e funcionários do Twitter ajudaram o Pentágono numa campanha de propaganda e desinformação.

    A ajuda do Twitter ao Pentágono, que durou cerca de cinco anos, permitiu que uma rede de contas falsas criadas pelo Pentágono manipulasse a opinião pública sobre os conflitos envolvendo o Iémen, o Iraque, o Estado Islâmico, a Síria e o Kuwait.

    As contas em causa publicavam frequentemente sobre as políticas das Forças Armadas norte-americanas no Médio Oriente, e mensagens desfavoráveis ao Irão. Para além da região árabe, algumas visavam profusamente a Rússia e a China.

    Estas informações, que vieram a público na noite de terça-feira, contrariam as afirmações que a gigante tecnológica fez no passado, quando anunciou estar a “investir fortemente” na transparência relativamente a “operações de informação” apoiadas pelo governo que constituíssem “comportamento coordenado de manipulação”.

    Com efeito, não só o Twitter permitiu actividade de propaganda militar pela Defesa norte-americana, como o fez durante anos. Em Julho de 2017, uma funcionária do Comando Central norte-americano (CENTCOM) – uma divisão do Departamento da Defesa – enviou à rede social uma lista de 52 contas em língua árabe para serem “whitelisted”, ou seja, terem o seu estatuto de verificação aprovado.

    Nesse mesmo dia, a empresa atribuiu-lhes ainda o “privilégio” de ficarem isentas da sinalização por spam ou “abuso”, e uma maior visibilidade e probabilidade de se tornarem “tendência”. Num dos e-mails, a CENTCOM disse que usavam as contas para “amplificar certas mensagens”.

    Embora inicialmente os perfis não escondessem ligações à Defesa norte-americana, mais tarde acabaram por se tornar totalmente ‘camufladas’ para se fazerem passar por pessoas reais. Várias das contas em questão acusavam o Irão de “ameaçar a segurança da água do Iraque” e de ficar com os “órgãos de refugiados afegãos”. Para simular a sua autenticidade, algumas tinham imagens de perfil criadas por Inteligência Artificial (denominadas deepfake). Uma delas alegava ser uma fonte de “opinião iraquiana”.

    As comunicações internas agora reveladas mostram que a rede social tinha conhecimento da operação de propaganda encetada pelas Forças Armadas norte-americanas, mas permitiu a manutenção das contas, mesmo estando em violação dos seus termos de utilização.

    De facto, muitas foram identificadas ainda em 2020, mas permaneceram activas ainda durante esse ano. Algumas só foram suspensas este ano, e outras não chegaram a ser eliminadas até hoje.

    Em Agosto passado, um relatório da Universidade de Stanford intitulado “Stanford Internet Observatory” ‘desmascarou’ a rede de propaganda que a Defesa norte-americana mantinha contra os seus “adversários” internacionais. A ‘operação’ utilizava várias redes sociais: para além do Twitter, também o Facebook e o Telegram.

    [Pode ler aqui toda a cobertura dos “Twitter Files” feita pelo PÁGINA UM]

  • #TwitterFiles: FBI cria “manto de desinformação” para apagar factos verídicos sobre filho de Joe Biden

    #TwitterFiles: FBI cria “manto de desinformação” para apagar factos verídicos sobre filho de Joe Biden

    Na sétima parte dos “Twitter Files, o escritor Michael Shellenberger revelou a campanha de desinformação levada a cabo pelo FBI e serviços de informação norte-americanos junto das redes sociais, e especialmente do Twitter, e de órgãos de comunicação social para desacreditarem informação verídica sobre o caso do portátil do filho de Joe Biden, actual presidente dos Estados Unidos, que mostrava relações promíscuas com empresas ucranianas. Ficou também a saber-se que os contribuintes norte-americanos pagaram, através do FBI, mais de 3,4 milhões de dólares ao Twitter, em pouco mais de um ano, para alegadamente compensar o tempo gasto por funcionários daquela rede social a responder às suas solicitações.


    O Federal Bureau of Investigation (FBI) e serviços de informação norte-americanos actuaram junto do Twitter e outras redes sociais e a imprensa para desacreditarem informação verídica sobre o caso do portátil de Hunter Biden, filho do actual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e então candidato presidencial.

    O escritor Michael Shellenberger divulgou ontem os “Twitter Files – Parte 7” onde demonstra como factos verdadeiros sobre os negócios de Hunter Biden na Ucrânia foram intencionalmente desacreditados para proteger a campanha de Biden para as eleições norte-americanas de Novembro de 2020.

    Segundo Shellenberger, o FBI pressionou o Twitter para que suprimisse a polémica história sobre o portátil de Hunter Biden, publicada pelo jornal New York Post em Outubro de 2020, que dava conta de negócios suspeitos entre o filho do actual presidente norte-americano e empresários ucranianos.

    A agência governamental disse mesmo a executivos da rede social que a descoberta dos conteúdos incriminatórios só poderiam constituir uma operação russa de “hack and leak” [pirataria informática e manipulação dos media]. Repetindo a narrativa da “desinformação russa”, o FBI tentou, e conseguiu, descredibilizar o caso como sendo uma “tentativa de interferência estrangeira” nas eleições presidenciais norte-americanas.

    Embora verdadeira, a notícia acabaria por ser censurada por diversas plataformas tecnológicas, incluindo o Twitter, que impediram a sua disseminação.

    A campanha de desinformação junto das plataformas de redes sociais e imprensa ocorreu antes e depois da notícia publicada no New York Post.

    Recorde-se que, no seguimento de uma intimação, o FBI se encontrava na posse do portátil de Hunter Biden desde Dezembro de 2019, após John Paul Mac Isaac, o dono de uma loja de computadores em Delaware, ter contactado a agência governamental. Sem ter obtido resposta do FBI durante meses, Mac Isaac decidiu, em Agosto de 2020, “dar” a história a Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova Iorque e antigo advogado de Trump, que posteriormente a transmitiu ao New York Post.

    Como salienta Shellenberger, muitos dos altos quadros do FBI tinham transitado em 2020 para o Twitter, com destaque para Jim Baker e Dawn Burton – que estiveram envolvidos numa investigação a Trump.

    Após o “furo” do New York Post, um dos executivos de topo do Twitter, Yoel Roth, admitiu internamente que a história “não viola claramente a nossa Hacked Materials Policy, nem está em clara violação de nenhum outro [termo]”, mas ressalvou, contudo, que “se parece bastante com uma subtil operação de fuga [de informação]”.

    Os documentos agora revelados mostram que Jim Baker respondeu questionando a autenticidade dos materiais encontrados sobre Hunter Biden, insistindo que teriam sido “hackeados” ou “fabricados”. Shellenberger considera, no entanto, “inverosímil” que Baker acreditasse realmente que os conteúdos fossem “falsos”, já que o FBI detinha o polémico portátil e um recibo assinado por Hunter Biden a comprovar que o aparelho era, de facto, seu.

    A procura por provas de uma eventual “interferência estrangeira” era então persistente: o FBI chegou a solicitar que o Twitter providenciasse informações que nem estava legalmente possibilitado de facultar, obrigando os executivos da rede social a colocar um “travão” aos pedidos da agência governamental. Na verdade, as agências de inteligência norte-americanas queriam mesmo que a rede social alterasse as suas políticas de forma a permitir a pretendida partilha de dados.

    Curiosamente, as preocupações do FBI sobre novas tentativas de “interferência estrangeira” pareciam infundadas. De facto, quando questionados pela agência – algo que aconteceu com frequência –, sobre a existência de actividade russa suspeita na rede social, os executivos do Twitter disseram ter identificado “muito pouca”.

    Este “processamento de solicitações do FBI” compensou financeiramente o Twitter, que conseguiu arrecadar mais de 3,4 milhões dólares em cerca de um ano. Num e-mail endereçado a Jim Baker em Fevereiro de 2021, um funcionário da rede social congratulou-se pelo montante auferido desde Outubro de 2019, acrescentando que seria canalizado para diversos projectos, alguns de carácter legal.

    A rede social agora liderada por Elon Musk não foi, porém, a única a enfrentar as tentativas de intromissão do FBI. O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, também chegou a admitir que a agência alertou a sua equipa, argumentando que tinha havido “muita propaganda russa nas eleições de 2016” e que uma revelação similar estaria prestes a suceder.

    Estas revelações, feitas ontem à noite, surgiram horas depois de Elon Musk, novo dono do Twitter, ter lançado uma sondagem questionando se deveria deixar a liderança da empresa. Cerca de 57,5% dos internautas, responderam que sim, sendo certo que Musk já anunciara em Novembro passado, pouco tempo após a aquisição do Twitter por 44,4 mil milhões de dólares, que não queria ser CEO (presidente executivo) de nenhuma das suas empresas, o que incluirá a Tesla e a Space X.

  • #TwitterFiles: FBI tinha na rede social uma “subsidiária” para censurar contas

    #TwitterFiles: FBI tinha na rede social uma “subsidiária” para censurar contas

    São cada vez mais preocupantes, num mundo que se quer democrático, e com liberdade de expressão, as revelações de mais um episódio dos #TwitterFiles, que mostram, em concreto, as interferências de organismos governamentais norte-americanos com política própria de censura. Na sexta série de documentos sobre as práticas da anterior administração desta rede social, ficou-se a saber que o FBI punha e dispunha do Twitter, como se fosse uma sua “subsidiária” para suspender contas por delitos de opinião, mesmo se fossem sátiras. Paradoxalmente, enquanto a imprensa mainstream quase ignora esta revelações, Elon Musk está a enfrentar um coro de críticas por suspender contas de jornalistas que insistiram em fazer doxxing, ou seja, revelar a localização exacta do avião do novo dono do Twitter.


    Enquanto a imprensa mainstream vocifera contra Elon Musk por ter suspendido temporariamente contas de jornalistas norte-americanos que revelaram a localização online do seu avião, continuam as revelações bombásticas sobre os procedimentos da anterior administração do Twitter. Ontem mesmo o novo dono da rede social já tinha feito um tweet comentando a divulgação da sexta série dos #Twitter Files, novamente a cargo do jornalista independente Matt Taibbi, com um “KABOOM”, seguido de ícones de cinco explosões.

    E, de facto, não é caso para menos. As revelações são mesmo bombásticas – ou seria, num período normal de imprensa livre e comprometida apenas com a verdade: segundo os documentos agora revelados, após as eleições presidenciais norte-americanas de 2016, o FBI e o Twitter desenvolveram uma estreita “parceria”, que aparentava mais do que uma colaboração, abarcando frequentes pedidos daquela agência governamental para que a gigante tecnológica tomasse providências em relação a contas que alegadamente partilhavam “desinformação” em períodos eleitorais. Porém, mais na linha dos democratas do que na dos republicanos.

    Elon Musk, novo dono do Twitter, tem estado a divulgar documentos internos da rede social que provam as antigas práticas de censura da empresa. Vozes do lado político mais conservador eram visadas pela censura, tal como cientistas de topo que se mostraram contra as medidas de alegado combate à covid-19.

    E nem mesmo os posts e contas de sátira e humor, independentemente de terem muitos ou poucos seguidores escapavam à censura na rede social para satisfação do FBI.

    Matt Taibbi afirma, nos tweets que começou a revelar ontem à noite, que estes contactos eram feitos de um modo tão “constante e generalizado” que o Twitter se comportava como uma “subsidiária” do FBI.

    Exemplifica: “Entre Janeiro de 2020 e Novembro de 2022, houve mais de 150 e-mails entre o FBI e o ex-chefe de Confiança e Segurança do Twitter, Yoel Roth”, acrescentando que uma grande parte destas comunicações eram advertências sobre alegadas violações das regras da rede social por parte dos utilizadores devido à difusão de desinformação eleitoral.

    Para além do FBI, a antiga administração do Twitter recebia ainda relatórios de outras agências governamentais que alertavam para conteúdos que constituíam alegada “desinformação”, incluindo uma chancela criada pelo denominado Centro para a Segurança na Internet, uma organização que actuava em parceria com o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês).

    No caso do FBI, Matt Taibbi explicou que a agência governamental começara por criar uma pequena task-force direcionada para as redes sociais – designada por FTIF – após as eleições presidenciais de 2016, quando Donald Trump derrotou a democrata Hillary Clinton. Essa “equipa”, porém, evoluiu para 80 agentes, que passaram a manter contacto com o Twitter, de modo a “identificar alegadas influências externas e quaisquer formas de interferência nas eleições”. E a actuar, claro.

    Logo em 5 de Novembro daquele ano, através de um e-mail, o Departamento de Comando de Eleições Nacionais (NECP na sigla em inglês) do FBI enviou ao Twitter uma longa lista de contas que, supostamente espalhavam desinformação sobre as eleições intercalares, e que, segundo sugeria, poderiam justificar “acções adicionais” por parte da rede social. Desta lista constava, por exemplo, a conta do actor Billy Baldwin, irmão de Alec Baldwin. A rede social respondeu prontamente, informando o FBI das providências tomadas. Hoje mesmo este actor norte-americano veio ironizar sobre a acção do FBI em silenciar a sua liberdade de expressão. “Isso é o trabalho de Elon Musk”, atirou.

    Matt Taibbi também diz não ter dúvidas, com base nos documentos disponibilizados por Elon Musk – que tem optado por ostracizar e mesmo criticar a imprensa mainstream –, de que a alegada interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 – e que teria contribuído para a vitória de Trump, suspeita que se revelaria falsa – serviu de pretexto para a criação de uma “máquina de censura” nas redes sociais. Um processo que este jornalista independente considera “análogo” ao incremento do “estado securitário” após o ataque do 11 de Setembro.

    assorted-color security cameras

    Em resposta a esta sexta parte dos “Arquivos do Twitter”, o FBI emitiu ontem um comunicado, salientando que “contacta regularmente com entidades do sector privado para fornecer informações específicas para as actividades subversivas, não declaradas, encobertas ou criminosas de actores malignos estrangeiros identificados”, adiantando que essas entidades é que “decidem de forma independente sobre qual a acção, se alguma, tomam nas suas plataformas e para com os seus clientes. Estas declarações do FBI foram classificadas por Matt Taibbi, na sua página de Twitter, como “desonestas em múltiplas frentes”, acusando a agência governamental de estar a fazer “controlo de opinião”, mesmo em utilizadores de redes sociais com poucos seguidores.

    O jornalista diz mesmo que aquilo que muitos começam a ver, nestas revelações, é como a existência de um “deep state” [“Estado paralelo”] é na verdade uma colaboração entre agências governamentais, empresas privadas e organizações não-governamentais (por vezes financiadas pelo Estado)”.

    Elon Musk tem ironizado com a polémica levantada pela imprensa mainstream sobre a suspensão de contas de jornalistas que fizeram doxxing.

    Desde que permitiu a divulgação de documento internos da anterior administração, nos já denominados “Twitter Files”, Elon Musk tem sido alvo de muitas críticas e de doxxing, uma forma de assédio em que é revelada na Internet a localização, em tempo real, da pessoa visada. Foi, aliás, invocando sérios riscos para a sua segurança e da sua família, que Musk alertou, no início da semana passada, que as contas que incorressem nessa prática seriam suspensas.

    No entanto, o multimilionário acabou por optar, após uma chuva de críticas das mais altas instâncias – incluindo Nações Unidas e Comissão Europeia –  pela realização de uma sondagem online, no Twitter para os seus seguidores – que já são mais de 120 milhões –, pelo que levantou a suspensão das contas. Mas não deixou de ironizar num tweet a postura da comunicação social mainstream: “Tão inspirador ver o recém-descoberto amor da imprensa pela liberdade de expressão”, escreveu Musk ontem à noite.

  • Antigo presidente-executivo do Twitter admite culpa em práticas de censura

    Antigo presidente-executivo do Twitter admite culpa em práticas de censura

    Perante a gravidade das revelações que têm sido feitas pelo caso “Twitter Files”, sobre as antigas práticas de censura da rede social, o ex-CEO da tecnológica, Jack Dorsey, veio assumir a culpa e dar algumas explicações. Dorsey defendeu que uma empresa como o Twitter deve ser resiliente contra a tentativa de controlo por parte de governos ou de empresas. Mas revelou que desistiu de tentar impor essa regra depois da entrada de um investidor activista no Twitter, no início de 2020, que pretendia afastá-lo do cargo. E alertou: “as empresas tornaram-se demasiado poderosas, e isso tornou-se completamente claro para mim com a nossa suspensão da conta de Trump”. E assume que o Twitter fez “a coisa errada para a Internet e para a sociedade”. Contudo, afastou que houvesse alguma agenda escondida ou planos ocultos por detrás das vastas práticas de censura, apesar de, na suspensão de Trump, a decisão ter sido claramente do foro ideológico e as mensagens internas apontarem para uma concertação entre executivos da rede social. Entretanto, o novo dono do Twitter, Elon Musk, sinalizou que poderão estar a caminho revelações sobre a censura que a rede social fez em torno do tema da pandemia de covid-19, com eventual envolvimento do governo norte-americano.


    Jack Dorsey, o antigo presidente-executivo do Twitter, assumiu a responsabilidade pelas práticas de censura praticadas pela rede social sob a sua liderança, que incluíram a suspensão permanente da conta do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sem que tivesse havido violação de regras da empresa.

    A reação de Dorsey foi feita no Twitter, onde remeteu para um texto publicado num blog. Esta resposta de Dorsey surge na sequência do caso “Twitter Files”, que trouxe à luz do dia documentos internos do Twitter que revelam a forma como antigos executivos da rede social censuraram contas de vozes conservadoras por motivos ideológicos, protegeram o então candidato presidencial democrata Joe Biden, e silenciaram cientistas de topo que se mostraram contra as medidas de combate à covid-19.

    Também se ficou a saber que o Twitter reunia com o FBI e outras agências de informação norte-americanas na tomada de decisões. [Pode ler aqui a cobertura do PÁGINA UM aos “Twitter Files”.]

    “Se quiserem culpar [alguém], culpem-me a mim e às minhas decisões ou falta delas”, asseverou Dorsey no seu texto. Explicando quais os princípios em que passou a acreditar, em relação ao funcionamento de redes sociais, após a sua experiência como co-fundador e líder do Twitter, Dorsey confessou que a rede social que dirigia “não atendia a nenhum” deles.

    O empresário assumiu ainda ter desistido da sua visão para a plataforma após a entrada de um accionista activista nas acções da empresa em 2020, momento a partir do qual diz ter começado a planear a sua saída.

    Dorsey não mencionou o nome do investidor mas tratar-se-á do fundo de investimento Elliot Management, de Paul Singer – um conhecido apoiante do Partido Republicano – que comprou, em Fevereiro de 2020, uma fatia de 4% do Twitter e movimentou-se para afastar o então CEO. Um acordo anunciado pelo Twitter, no início de Março, veio acentuar a perspectiva de saída de Dorsey e o reforço do poder do fundo na companhia.

    No seu texto, Dorsey começou por dizer que as redes sociais não se devem vergar ao “controlo corporativo e governamental”; a remoção de conteúdos deve ser reservada ao seu autor original, e a “moderação” deve ficar a cargo dos algoritmos.

    O empresário disse ser evidente que “os governos querem moldar e controlar o debate público” e que “usarão todos os métodos à sua disposição para o fazer, incluindo os media“. Para resistir a esse controlo, defende ser fundamental que as pessoas disponham de meios, e que esses meios sejam, em última análise, “detidos pelas pessoas”.

    Jack Dorsey

    Para Dorsey, no entanto, a suspensão da conta de Trump, tornou “completamente claro que as empresas tornaram-se poderosas demais”. O co-fundador do Twitter vê como uma ameaça que governos ou corporações possam dominar o debate público, uma vez que abre portas a um “controlo centralizado”.

    As informações expostas pelos “Twitter Files” evidenciaram um plano concertado pelos altos executivos da empresa para banir Donald Trump. Contudo, o antigo CEO da rede social disse continuar a acreditar que não existiram “más intenções ou planos ocultos”, e afirmou que a equipa agiu em concordância com “as melhores informações” que tinham na altura.

    Dorsey admitiu ainda que um dos seus maiores erros foi ter criado ferramentas para que fosse o Twitter a moderar o discurso, ao invés de ferramentas para que os próprios utilizadores o fizessem. “Acredito fortemente que qualquer conteúdo produzido por alguém para a internet deve ser permanente até que o autor original decida excluí-lo”, afirmou, acrescentando que “remoções e suspensões de conteúdo não deviam ser possíveis”.

    Elon Musk, novo dono do Twitter, tem estado a divulgar documentos internos da rede social que provam as antigas práticas de censura da empresa. Vozes do lado político mais conservador eram visadas pela censura, tal como cientistas de topo que se mostraram contra as medidas de alegado combate à covid-19.

    O empresário, que abandonou o cargo de presidente-executivo da gigante tecnológica em Novembro do ano passado, disse ser ainda seu desejo que “o Twitter e todas as empresas se tornem desconfortavelmente transparentes em todas as suas ações”. E confessou: “gostava de ter forçado mais [isso]”.

    Segundo Dorsey, a solução para um excessivo controlo corporativo e governamental do debate público passa obrigatoriamente por um “protocolo livre e aberto para as redes sociais”, que não esteja sob a alçada de uma única empresa ou grupo empresarial. E fornece alguns exemplos de projectos que, na sua opinião, estão a fazê-lo, como a Bluesky – que Dorsey fundou – e a Mastodon. O antigo CEO do Twitter comparou o seu modelo ideal a aplicar às redes sociais com a bitcoin e as redes descentralizadas, sendo que Dorsey é um adepto da criptomoeda mais valiosa do mundo.

    Um assumido defensor da libertação de Julian Assange, Jack Dorsey revelou, por outro lado, que gostava que os polémicos “Twitter Files” tivessem sido divulgados ao “estilo Wikileaks”, com “muito mais olhos e interpretações a serem considerados”.

    Elon Musk preferiu dar os documentos internos a jornalistas independentes, que os estão a analisar e a fazer as revelações, após ouvir também testemunhos de funcionários da rede social. Musk deixou completamente de lado os media mainstream, os quais critica frequentemente, acusando-os de parcialidade e falta de isenção. Aliás, poucos têm sido os grandes grupos de media a noticiar os “Twitter Files”, apesar da gravidade das revelações que têm emergido, e os que noticiam fazem-no sem dar destaque.

    person holding blue and white box

    Dorsey deixou também uma palavra relativamente aos antigos executivos do Twitter que, com as suas conversas privadas reveladas, estão entre os principais visados com a divulgação dos documentos internos da empresa. “Os ataques actuais aos meus ex-colegas podem ser perigosos e não resolvem nada”, argumentou.

    Saliente-se que Yoel Roth, o antigo chefe do departamento de Confiança e Segurança da rede social, tem sido alvo de ameaças, que se intensificaram durante o fim-de-semana, após rumores de que apoiava a pedofilia terem emergido. Na passada segunda-feira, a CNN noticiou, aliás, que o ex-funcionário do Twitter se viu mesmo obrigado a fugir de casa face a uma “tempestade de ataques”.

    Quanto ao futuro, Jack Dorsey mostrou-se otimista e confiante de que a rede social que liderou está a caminhar em direcção a compromissos de “transparência”. “Não há nada a esconder… apenas muito a aprender”, reiterou.

    Entretanto, aguardam-se novas revelações dos “Twitter Files”, antecipando-se que também surjam informações e documentos internos do Twitter sobre a censura que a rede social praticou em torno do tema da pandemia de covid-19.

    Depois de ter publicado, recentemente, um conjunto de tweets em que atacou ferozmente Anthony Fauci, conselheiro para a saúde do presidente dos Estados Unidos, Musk respondeu hoje a uma questão sobre a censura que o Twitter aplicou em torno do tema da covid-19.

    “Deixe-me adivinhar, descobriu mensagens entre executivos do Twitter e o nosso govt. [governo] (Fauci e equipa) a pressionar para a censura de alguém que não acompanhou a sua narrativa na covid?” questionou um utilizador no Twitter. Musk respondeu simplesmente com a imagem de um troféu.

    Antes, já tinha sido revelado que um dos criadores da Declaração de Great Brarrington, que defende uma gestão da pandemia concentrada na “protecção focada”, Jay Bhattacharaya, foi alvo de diversas ferramentas de censura pelos antigos executivos do Twitters. Outros cientistas de topo foram mesmo suspensos, como foi o caso do inventor da tecnologia de mRNA, Robert Malone, tendo agora Elon Musk levantado essa suspensão.

    Não foi só o Twitter que censurou cientistas e médicos durante a pandemia, tendo outras redes sociais executado acções similares, tal como grande parte dos maiores grupos de media, tendo chegado mesmo a permitir a divulgação de desinformação e artigos difamatórios sobre os “dissidentes”.