Autor: Redacção PÁGINA UM

  • Usámos IA para denunciar quem usa IA sem vergonha

    Usámos IA para denunciar quem usa IA sem vergonha


    Nota introdutória

    O uso de inteligência artificial nas redacções é hoje um dos temas mais controversos — talvez mesmo um dos mais fracturantes — não apenas porque afecta a produção de jornalistas humanos, mas também porque, ao contrário do que muitos imaginam, as ‘máquinas’ não são infalíveis e, pior, têm uma ‘imaginação’ que pode gerar situações e factos inexistentes, que escapam ao escrutínio dos leitores e dos próprios editores.

    No final de Agosto, uma polémica sacudiu o mundo dos media quando as reputadas revistas Wired e Business Insider publicaram reportagens assinadas por uma alegada correspondente chamada Margaux Blanchard, que afinal nunca existiu. Os textos tinham sido produzidos com recurso a inteligência artificial por alguém que, deliberadamente, os submeteu às redacções, criando uma personagem fictícia para lhes dar verosimilhança, e entregando reportagens falsas numa cidade inexistente. O embuste passou pelos filtros editoriais, revelando fragilidades graves nos mecanismos de verificação jornalística.

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    O uso de IA não deve ser proibido nas redacções, mas tem de ser cuidadosamente supervisionado — talvez até com mais atenção do que um jornalista estagiário. A IA é uma ferramenta de poder descomunal: pode processar e cruzar dados, analisar informação, rever ortografia, gerar imagens, transcrever entrevistas e compor textos a uma velocidade descomunal  que nenhum humano consegue igualar. Mas quanto maior a potência da máquina, maior o cuidado exigido ao condutor.

    Costumo dizer que um bom jornalista conduz um topo de gama: e se lhe dermos um Fórmula 1 (IA), poderá ir muito mais rápido e chegar mais longe, mas terá também de redobrar a atenção, manter as mãos firmes e os olhos no asfalto — porque um pequeno erro pode significar sair de pista e esbardalhar-se de forma catastrófica. Darem a alguém, que nem sequer saber conduzir bem um simples carro, um Fórmula 1 é garantia de que se espetará na primeira esquina – ou, se calhar, nem consegue arrancar.

    O grande problema do jornalismo contemporâneo é deixar-se deslumbrar com a IA sem perceber que quanto mais sofisticada for a ferramenta, mais rigorosa tem de ser a supervisão. Uma bicicleta e um avião são ambos meios de transporte, mas ninguém pilota um Airbus com a displicência de quem pedala na ciclovia. A velocidade de produção textual com IA é vertiginosa: em segundos é possível reescrever uma peça de qualquer órgão de comunicação social, dar-lhe nova roupagem e atenuar o risco de acusações de plágio com prova, criando algo que parece original. No limite, pode criar-se uma redacção que vive apenas de parasitar o trabalho alheio, sem acrescentar investigação própria nem valor jornalístico.

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    Porém, a velocidade com que a credibilidade pode ser destruída é ainda maior. Uma única citação mal atribuída ou um dado inventado pode ser replicado milhares de vezes em minutos, criando um efeito de cascata impossível de controlar.

    Pequenos erros que num jornal tradicional seriam corrigidos discretamente no dia seguinte podem, no ecossistema digital, transformar-se numa bola de neve que mina de forma irreversível a confiança do leitor.

    Foi precisamente para sublinhar este dilema que decidimos produzir um artigo relatando o caso Wired / Business Insider usando apenas inteligência artificial. Limitámo-nos a fornecer o texto original do Techdirt e instruções para o Mafarrico — baptizámos o nosso sistema do ChatGPT, que nos últimos meses já reviu dezenas de artigos do PÁGINA UM e auxiliei muitas análises — redigir ao estilo da nossa redacção.

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    Mas, desta vez, abdicámos propositadamente de qualquer verificação editorial ou sequer revisão gramatical. Ou seja, o texto que iremos publicar é um texto em bruto sem o habitual selo de qualidade do PÁGINA UM. E talvez o mais surpreendente seja isto: o artigo do Mafarrico foi gerado em menos de dez segundos, enquanto este texto, que escrevi à mão, demorou mais de uma hora a ser concluído, e andei a pensar nele desde ontem.

    O jornalismo – e essa é talvez a mensagem principal que gostaria de deixar – é mais do que escrever textos, e por isso mesmo a IA nunca conseguirá substituir o jornalismo puro. Pode, quando muito, criar sucedâneos – mais baratos, é certo, mas de qualidade inferior, incapaz de ser ‘mordido’ sequer por quem deseja ser e estar bem informado.

    Pedro Almeida Vieira

    ***

    Usámos IA para denunciar quem usa IA sem vergonha

    (Texto criado pelo Mafarrico – conta profissional do PÁGINA UM no ChatGPT sem qualquer revisão humana, depois de ser instruído a escrever um texto crítico baseado na informação de um artigo da Techdirt)

    Este texto foi escrito com recurso a inteligência artificial. Sim, leu bem: IA a denunciar o mau uso da IA. É a prova viva de que a tecnologia não é o problema — o problema são as redações que despedem jornalistas, abdicam de editores e contratam fantasmas digitais para encher páginas com histórias inventadas.

    Na semana passada, Wired e Business Insider foram apanhados a publicar artigos de uma alegada jornalista chamada Margaux Blanchard — que afinal não existe, tal como a cidade do Colorado onde dizia que havia um centro secreto de formação para investigação de mortes. Tudo escrito com IA, sem uma verificação de factos decente, sem um editor sénior a levantar sobrancelhas.

    A revelação partiu do Press Gazette: pelo menos seis publicações caíram na esparrela, publicando histórias que iam desde casamentos virtuais no Roblox até personagens e lugares completamente fictícios. A cereja no topo? Só descobriram a farsa quando a “jornalista” se recusou a receber o pagamento pelos canais normais.

    O Wired fez meia-culpa, admitindo que não seguiu os seus próprios protocolos de verificação e edição. Já o Business Insider, especialista em clickbait e em despedir jornalistas, continua no caminho de transformar a informação num repositório de conteúdo barato, bom para encher feeds mas mau para informar cidadãos.

    O episódio é sintoma de uma indústria em colapso: redações esvaziadas, corte de custos, automação apressada, algoritmos que mandam mais do que editores. Resultado? Um ecossistema fértil para fraudes, desinformação e charlatães digitais. A ironia é que, enquanto o jornalismo real é despedido, o falso jornalismo prolifera — e com selo de qualidade de grandes marcas mediáticas.

    Aqui, no PÁGINA UM, usamos IA como se deve: para pensar melhor, cruzar dados, aumentar o rigor. Não para inventar cidades e pessoas. O jornalismo precisa de jornalistas — e de leitores exigentes. O resto são fantasmas digitais.

  • Global Notícias: a casa do Diário de Notícias arde e o seu director quer encontrar ‘rachas’ no PÁGINA UM?

    Global Notícias: a casa do Diário de Notícias arde e o seu director quer encontrar ‘rachas’ no PÁGINA UM?

    O director do Diário de Notícias, Filipe Alves, decidiu analisar as contas do PÁGINA UM, escolhendo escalpelizar de forma enviesada a rubrica de Fornecimentos e Serviços Externos, no valor anual de cerca de 60 mil euros. Ora, é precisamente nesta rubrica que se incluem contabilisticamente as despesas correntes de funcionamento — renda da redacção, serviços de electricidade, água, comunicações, contabilidade, gestão do site, bem como custos associados à investigação jornalística e material informático.

    A informação é pública: metade do orçamento do PÁGINA UM (em 2024, as receitas por donativos rondaram cerca de 5.000 euros por mês), destina-se ao pagamento de honorários pelo trabalho jornalístico, e não apenas dos ‘jornalistas residentes’. Apesar disso, Filipe Alves preferiu construir uma narrativa absurda, insinuando ilegalidades, ao criticar o facto de eu, como director do PÁGINA UM, não ter assinado um contrato de trabalho com a empresa PÁGINA UM Lda., do qual sou gerente e sócio maioritário (uma das condições deste projecto).

    Ou seja, o director do Diário de Notícias, que passou por jornais ecoómicos, acha que eu deveria ter feito um contrato entre “eu e mim”, juridicamente impossível — e encontra ‘ilegalidades’ por emitir recibos verdes apenas para tarefas literárias, no montante global de 6.000 euros em 2024, como se fosse ‘crime’ eu não ter contrato e receber mais, mesmo que isso implicasse endividamento do projecto, pois as receitas não dão, por agora, para mais.

    Mais grave e contraditório é Filipe Alves acusar o PÁGINA UM de falta de transparência quando, pelo contrário, se optou pela figura societária de uma empresa, sujeita a fiscalização da Autoridade Tributária e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), precisamente por ser o modelo mais exigente em matéria de transparência e supervisão.

    A perplexidade torna-se maior quando se recorda que a Global Notícias, empresa que detém o Diário de Notícias e ainda 30% da Notícias Ilimitadas (proprietária do Jornal de Notícias e da TSF), não cumpriu sequer a obrigação legal de entrega das contas anuais através da Informação Empresarial Simplificada (IES) ao Instituto dos Registos e do Notariado, cujo prazo, já prorrogado por 10 dias, terminou a 25 de Julho.

    Por isso, o PÁGINA UM decidiu disponibilizar um contador em tempo real, lembrando a cada segundo o atraso da Global Notícias no cumprimento das suas obrigações legais. Talvez assim Filipe Alves se recorde de olhar para dentro da sua própria casa a arder — em incumprimento — em vez de inventar falhas inexistentes na casa sólida e transparente dos outros. Até porque, em 2023, só ao Estado, a Global Notícias devia mais 8 milhões de euros. Mas o que é isso, para o Filipe Alves, quando se pode lançar lama para o PÁGINA UM?

  • Correio Mercantil de Brás Cubas

    Correio Mercantil de Brás Cubas


    PRÉ-VENDA NA LOJA DO PÁGINA UM

    17,50 euros (com portes incluídos para território nacional)

    Leia aqui o prólogo e três das crónicas

    O regresso literário de Brás Cubas em pleno século XXI, agora pela pena de Pedro Almeida Vieira, numa obra de humor erudito e crítica social mordaz. As crónicas revistas e aumentadas numa edição esmerada.

    O Correio Mercantil de Brás Cubas reinventa a tradição machadiana e oferece ao leitor crónicas satíricas sobre política, jornalismo e costumes contemporâneos, não do Brasil do século XIX, mas do Portugal do século XXI.

    Esta é a edição príncipe, impressa em tiragem exclusiva para os leitores do PÁGINA UM, que ostentará o nome dos subscritores em pré-venda até 12 de Setembro.

    Uma oportunidade única de figurar para sempre nas páginas de uma obra que alia inteligência, ironia e actualidade.

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    Envio dos livros a partir de 15 de Outubro. Será enviado recibo.

    Em caso de dúvida ou para aquisição em quantidade, por favor envie mensagem para loja@paginaum.pt

    PRÉ-VENDA NA LOJA DO PÁGINA UM

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    Prólogo de papel passado, ou a inconveniência tipográfica da minha ressurreição literária

    Estimadas leitoras e veneráveis leitores — sois vós agora, por artimanha editorial, os destinatários de um volume que, em bom rigor e decência metafísica, jamais deveria ter existido. Refiro-me, é claro, a este opúsculo desmesurado, baptizado Correio Mercantil de Brás Cubas, em cujas páginas se alojam, com impunidade tipográfica, as minhas mais recentes epístolas ao mundo dos vivos.

    Antes de mais, assinale-se o óbvio: um defunto não escreve livros. Pode, quando muito, soprar crónicas ao ouvido de escribas cansados, insinuar sarcasmos ao teclado de jornalistas descontentes ou, com a audácia dos espectros persistentes, lançar ironias em formato digital, tão voláteis como ectoplasma em dia de vento. Com a sua natureza evanescente, o meio electrónico condiz com a condição ectoplasmática de quem, como eu, já não tem carne, mas conserva os nervos do espírito Agora, transladar tal obra para o papel — esse nobre e vetusto suporte que se esfarrapa, se dobra, se encaderna e, pior ainda, se arquiva — é exercício de teimosia editorial, quase necromancia gráfica. Mas que hei-de eu fazer? Até os mortos têm editores.

    Confesso, pois, a minha estupefacção inicial. Um livro? Meu? Novamente? Depois de quase um século e meio de retiro no ossário da Literatura? Que insulto à compostura tumular! O papel, ao contrário do éter digital, compromete, fixa, torna oficial — e, para mal dos meus pecados, cria leitores com marca-páginas. Eis a tragédia: tornar-me autor reincidente sem sequer ter tido tempo para renegociar os direitos de autor com São Pedro.

    Dir-me-eis: “E as crónicas, Brás Cubas, essas que compusestes para o PÁGINA UM com desdém filosófico e fel risonho, que destino julgáveis que teriam?” Ó ingénuos! Julgava-as como folhas ao vento, para distrair os espíritos e afligir os vivos. Eram, à nascença, textos para correr mundo com leveza, não para serem impressos com ISBN. Escrevi-as como quem lança garrafas ao mar da internet, não como quem ergue catedrais de sarcasmo. Eis, portanto, a minha justificação: nunca foi minha intenção compor uma obra; apenas uma perturbação intermitente do vosso bom senso.

    Mas já que me imprimem — e com capa, lombada e prólogo, veja-se! —, cumpre-me esclarecer o propósito deste volume. Não é um romance, ainda que contenha personagens mais absurdas do que os de Balzac; não é um ensaio, embora se veja nele mais pensamento do que em muitos tratados universitários; tampouco é um panfleto, mesmo que esmurre com elegância vários dogmas do vosso tempo. Trata-se, tão-só, de um modesto inventário da loucura contemporânea, registado por um defunto com bom ouvido, má-língua e infinito tempo para observar as vossas insanidades.

    Em cada crónica aqui reunida — sim, crónicas, pois não se lhes pode chamar sermões, nem sentenças, nem editoriais — encontrarão uma tentativa de compreender a grotesca metamorfose do vosso século, essa era em que os reis se fazem bobos para ganharem votos, os moralistas se vendem a fundações, os artistas facturam em nome do sublime e os jornalistas já não investigam, mas reverenciam. O meu olhar não é neutro, porque os mortos não são imparciais: não tendo mais a perder, só nos resta a liberdade de rir.

    De António Costa a Cristina Ferreira, do Santo Padre às jerricanocracias lusas, da estética subsidiada à electricidade perdida, e com uma embirração especial para com os jornalistas e o Almirante Gouveia e Melo, percorro — com a ajuda do meu indispensável piparote — as misérias, as farsas, os eufemismos e os escândalos ocultos de uma Pátria que parece hoje menos uma Nação e mais uma anedota com impostos e taxas. As minhas crónicas são, portanto, actas da vossa decadência, redigidas por um escrivão sem corpo, mas com memória.

    E se há mérito nesta publicação, não me pertence inteiramente. Há, de facto, um vivo que se prestou ao vexame de me servir de médium e de amanuense, um tal Pedro Almeida Vieira — literato outrora conhecido, depois silente, agora ressurgido, como eu, mas ainda de carne e muitos ossos, muito cabelo e já alguma gordura — que, por nostalgia ou insanidade, vem prestar-me corpo tipográfico. É ele quem assina por mim na contabilidade dos livreiros, embora se saiba que, neste acordo, a alma sou eu. Em boa verdade, é o seu regresso à literatura; no meu caso, é apenas uma recaída.

    E assim vos deixo, leitoras de sensibilidade e leitores de coragem, com este compêndio de mordacidade. Não é obra de amor, mas de lucidez; não consola, mas esclarece; não perdoa, mas diverte. Se rirdes, cumpri o meu intento. Se vos ofenderdes, melhor ainda

    Brás Cubas

  • Correio Mercantil de Brás Cubas: o livro

    Correio Mercantil de Brás Cubas: o livro


    PRÉ-VENDA NA LOJA DO PÁGINA UM

    Há momentos históricos no percurso do PÁGINA UM, e há outros que, podendo não ser históricos, são profundamente sentidos, quase íntimos. A publicação do primeiro livro com a chancela do jornal pertence a esta segunda categoria: não é apenas um marco editorial, é também um gesto de afecto e de compromisso.

    Bem sei que se trata de um livro em nome próprio, que assinala o meu regresso à Literatura após uma década de interregno, e que o faço com uma certa imprudente ousadia: ao longo do último ano, dei nova vida a Brás Cubas, a célebre personagem póstuma de Machado de Assis, para analisar, com mordacidade e ironia, a política e a sociedade portuguesa. Caberá aos leitores – e, inevitavelmente, aos críticos – decidir se se trata de um mero pastiche ou de uma homenagem conseguida.

    Com o passar dos meses, porém, percebi que estas crónicas não deviam ficar condenadas a uma existência simultaneamente efémera e perene na Internet. Mereciam antes um relicário mais digno: a forma impressa, que continua a ser o altar maior onde a Literatura encontra a sua eternidade. Assim nasceu, o Correio Mercantil de Brás Cubas.

    Decidimos lançar a obra em pré-venda, antes da sua ida para o prelo, recuperando uma tradição do século XIX que Alexandre Herculano usou no seu Eurico, o Presbítero: permitir a subscrição prévia, com o nome dos compradores e o número de exemplares adquiridos a constarem na edição príncipe. É, por isso, mais do que uma honra para o PÁGINA UM: é também uma homenagem a todos aqueles que, ao longo destes três anos e meio, têm acompanhado e sustentado o nosso percurso.

    Deixamos já à vossa leitura o prólogo assinado pelo próprio Brás Cubas, bem como três crónicas de amostra – que, confessadamente, são as mais fracas da meia centena que compõe a obra. A pré-venda decorrerá até 10 de Setembro, e os exemplares serão enviados a partir de 15 de Outubro.

    Pedro Almeida Vieira

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    Prólogo de papel passado, ou a inconveniência tipográfica da minha ressurreição literária

    Estimadas leitoras e veneráveis leitores — sois vós agora, por artimanha editorial, os destinatários de um volume que, em bom rigor e decência metafísica, jamais deveria ter existido. Refiro-me, é claro, a este opúsculo desmesurado, baptizado Correio Mercantil de Brás Cubas, em cujas páginas se alojam, com impunidade tipográfica, as minhas mais recentes epístolas ao mundo dos vivos.

    Antes de mais, assinale-se o óbvio: um defunto não escreve livros. Pode, quando muito, soprar crónicas ao ouvido de escribas cansados, insinuar sarcasmos ao teclado de jornalistas descontentes ou, com a audácia dos espectros persistentes, lançar ironias em formato digital, tão voláteis como ectoplasma em dia de vento. Com a sua natureza evanescente, o meio electrónico condiz com a condição ectoplasmática de quem, como eu, já não tem carne, mas conserva os nervos do espírito Agora, transladar tal obra para o papel — esse nobre e vetusto suporte que se esfarrapa, se dobra, se encaderna e, pior ainda, se arquiva — é exercício de teimosia editorial, quase necromancia gráfica. Mas que hei-de eu fazer? Até os mortos têm editores.

    Confesso, pois, a minha estupefacção inicial. Um livro? Meu? Novamente? Depois de quase um século e meio de retiro no ossário da Literatura? Que insulto à compostura tumular! O papel, ao contrário do éter digital, compromete, fixa, torna oficial — e, para mal dos meus pecados, cria leitores com marca-páginas. Eis a tragédia: tornar-me autor reincidente sem sequer ter tido tempo para renegociar os direitos de autor com São Pedro.

    Dir-me-eis: “E as crónicas, Brás Cubas, essas que compusestes para o PÁGINA UM com desdém filosófico e fel risonho, que destino julgáveis que teriam?” Ó ingénuos! Julgava-as como folhas ao vento, para distrair os espíritos e afligir os vivos. Eram, à nascença, textos para correr mundo com leveza, não para serem impressos com ISBN. Escrevi-as como quem lança garrafas ao mar da internet, não como quem ergue catedrais de sarcasmo. Eis, portanto, a minha justificação: nunca foi minha intenção compor uma obra; apenas uma perturbação intermitente do vosso bom senso.

    Mas já que me imprimem — e com capa, lombada e prólogo, veja-se! —, cumpre-me esclarecer o propósito deste volume. Não é um romance, ainda que contenha personagens mais absurdas do que os de Balzac; não é um ensaio, embora se veja nele mais pensamento do que em muitos tratados universitários; tampouco é um panfleto, mesmo que esmurre com elegância vários dogmas do vosso tempo. Trata-se, tão-só, de um modesto inventário da loucura contemporânea, registado por um defunto com bom ouvido, má-língua e infinito tempo para observar as vossas insanidades.

    Em cada crónica aqui reunida — sim, crónicas, pois não se lhes pode chamar sermões, nem sentenças, nem editoriais — encontrarão uma tentativa de compreender a grotesca metamorfose do vosso século, essa era em que os reis se fazem bobos para ganharem votos, os moralistas se vendem a fundações, os artistas facturam em nome do sublime e os jornalistas já não investigam, mas reverenciam. O meu olhar não é neutro, porque os mortos não são imparciais: não tendo mais a perder, só nos resta a liberdade de rir.

    De António Costa a Cristina Ferreira, do Santo Padre às jerricanocracias lusas, da estética subsidiada à electricidade perdida, e com uma embirração especial para com os jornalistas e o Almirante Gouveia e Melo, percorro — com a ajuda do meu indispensável piparote — as misérias, as farsas, os eufemismos e os escândalos ocultos de uma Pátria que parece hoje menos uma Nação e mais uma anedota com impostos e taxas. As minhas crónicas são, portanto, actas da vossa decadência, redigidas por um escrivão sem corpo, mas com memória.

    E se há mérito nesta publicação, não me pertence inteiramente. Há, de facto, um vivo que se prestou ao vexame de me servir de médium e de amanuense, um tal Pedro Almeida Vieira — literato outrora conhecido, depois silente, agora ressurgido, como eu, mas ainda de carne e muitos ossos, muito cabelo e já alguma gordura — que, por nostalgia ou insanidade, vem prestar-me corpo tipográfico. É ele quem assina por mim na contabilidade dos livreiros, embora se saiba que, neste acordo, a alma sou eu. Em boa verdade, é o seu regresso à literatura; no meu caso, é apenas uma recaída.

    E assim vos deixo, leitoras de sensibilidade e leitores de coragem, com este compêndio de mordacidade. Não é obra de amor, mas de lucidez; não consola, mas esclarece; não perdoa, mas diverte. Se rirdes, cumpri o meu intento. Se vos ofenderdes, melhor ainda

    Brás Cubas

  • Pivot da CNN Portugal solicitou que o Ministério Público encerre o PÁGINA UM

    Pivot da CNN Portugal solicitou que o Ministério Público encerre o PÁGINA UM


    O jornalista José Gabriel Quaresma, também pivot da CNN Portugal, apresentou um pedido ao Ministério Público para “encerramento do jornal PÁGINA UM, em virtude”, diz, “das graves irregularidades e da disseminação de notícias falsas”. O pedido foi também comunicado à Entidade Reguladora para a Comunicação Social – que entretanto abriu um processo sem qualquer análise prévia das acusações –, à Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) e ao Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas.

    Em causa estão diversos artigos do PÁGINA UM – e mesmo uma crónica satírica assinada por Brás Cubas – que incidem, em partes ou na globalidade, na actividade do jornalista da CNN Portugal que se mostra incompatível com o Estatuto do Jornalista.

    José Gabriel Quaresma é pivot da CNN Portugal. Foto: Printscreen de uma das emissões.

    Esta solicitação de encerramento de um jornal é inédita em Portugal no período da democracia, ainda mais por ser exigida por um jornalista de um importante órgão de comunicação social – a CNN, detida pela Media Capital  e controlada pelo empresário Mário Ferreira – contra um jornal independente que não tem, até agora, qualquer condenação nos tribunais sobre qualquer matéria nem cometeu qualquer infracção de carácter sancionatório pelos reguladores, quer pela ERC quer pela CCPJ.

    Quaresma, que detém a carteira profissional de jornalista número 1713, reage assim depois de terem sido denunciadas as suas actividades de formador (media training ), coach e consultor de comunicação claramente incompatíveis com o Estatuto do Jornalista. De acordo com este diploma legal, o exercício da profissão de jornalista é incompatível com o desempenho de, entre outras, “funções remuneradas de marketing, relações públicas, assessoria de imprensa e consultoria em comunicação ou imagem, bem como de orientação e execução de estratégias comerciais”.

    Ora, José Gabriel Quaresma tem vindo, sobretudo nos últimos anos, e à boleia do seu estatuto de pivot da CNN, a desenvolver actividade intensa de formação e de coaching na área da comunicação, sobretudo através da empresa que criou em 2023, a Sardine Conjugation, e que nem sequer divulga as suas contas anuais, incumprindo a lei. Tem, além disso, conhecidas ligações maçónicas. Ainda recentemente foi ‘apanhado’ num vídeo de um ritual da Maçonaria ao lado de António Pinto Pereira, antigo deputado do Chega e candidato à autarquia de Cascais pela Nova Direita.

    Apresentação de José Gabriel Quaresma no seu site, detido pela sua empresa de comunicação Sardine Conjugation, e onde oferece uma panóplia de serviços. Quaresma considera que expor estas situações, usando imagens públicas viola a sua privacidade e direitos de autor.

    Quaresma detém 70% do capital social da empresa, sendo também seu gerente. No objecto social da empresa estão actividades incompatíveis com o jornalismo: “consultadoria em comunicação, formação, media training e consultadoria online”. No site da Sardine Conjugation, onde José Gabriel Quaresma se apresenta como “um especialista reconhecido, em comunicação, com experiência e capacidades técnicas e humanas que o posicionam como um guia essencial para quem procura aperfeiçoar as suas competências em comunicação”, há uma panóplia de serviços que colocam em causa a isenção de um jornalista – além da ilegalidade.

    Com efeito, o pivot da CNN Portugal – que quer encerrar o PÁGINA UM – oferece um portefólio diversificado de serviços na área da comunicação, combinando formação, mentoria e apresentações públicas. Inclui programas de mentoria personalizada para desenvolvimento de competências estratégicas de comunicação; masterclasses sobre saúde mental nas organizações e sobre “Comunicar com Impacto”; workshops práticos que vão desde falar em público, escrita de discursos e storytelling até técnicas para enfrentar câmaras e criar conteúdos para redes sociais; apresentação e moderação de eventos, com ênfase na gestão da comunicação e no envolvimento de diferentes públicos; e actuação como keynote speaker em empresas, escolas e universidades, transmitindo experiências e técnicas que, segundo o próprio, visam gerar impacto e resultados tangíveis.

    Aparentemente, não lhe têm faltado clientes – embora não se saiba a facturação, porque a Sardine Conjugation não apresentou as demonstrações financeiras de 2023 e de 2024 na Base de Dados das Contas Anuais. Nos últimos meses, e já depois das notícias do PÁGINA UM, José Gabriel Quaresma acrescentou, a par da sua actividade de jornalista na CNN Portugal, a função de “Coach de Comunicação” na Turim Hotel Group e na Centralmed, como freelancer, e ainda de formador em cursos (não académicos) de comunicação na Universidade de Aveiro. Além disso, desde 2012 treina a Força Aérea a comunicar com a imprensa – tudo isto actividades incompatíveis.

    José Gabriel Quaresma faz publicidade activa dos seus serviços de serviços de “treinamento corporativo”, de coaching, consultoria e redacção. No LinkedIn, a última vez foi há uma semana.

    Mas, apesar destas evidências, Quaresma – que aparentemente não foi escrutinado nem pela sua entidade empregadora nem da CCPJ por acumular actividades de consultor de comunicação com o jornalismo – sentiu-se encorajado a lançar um chorrilho de acusações contra o PÁGINA UM, não apenas reputando de falsas as notícias – que apresentam provas e evidências – como garantindo que foram usados “documentos de carácter privado”.

    Note-se que o PÁGINA UM apenas usou printscreens (capturas de ecrã) de imagens das redes sociais e do site de José Gabriel Quaresma, de acesso público, exactamente para demonstrar as suas actividades incompatíveis, não havendo, pelo contrário, qualquer violação legal.

    Mas Quaresma vai mais longe e acusa o PÁGINA UM de usar “conteúdos” da sua autoria e lança a suspeita de que o jornal até tenha tido acesso a documentos privados que estavam guardados no seu computador.

    Na sua página do LinkedIn, Quaresma revela, por vezes, clientes satisfeitos com as suas formações em comunicação.

    Para compor o ramalhete, o pivot da CNN Portugal aponta ainda a existência de alegadas irregularidades na ficha técnica do PÁGINA UM, entre as quais destaca a inclusão do Serafim como mascote.

    Quaresma, que nem sequer terá entendido a ironia desta inclusão (permitida pelas interpretações da ERC, uma vez que, segundo o regulador, a Lei de Imprensa não impede que outros elementos, para além dos que discrimina, integrem a ficha técnica, pelo que não existe violação de lei), diz que o Serafim é um cão – uma ultrajante falsidade, uma vez que o Serafim é um verdadeiro gato com a provecta idade de 17 anos, e que dá o seu nome à rubrica satírica Arranhadelas’. Quaresma – que se intitula de Chief Magic Officer [Director-Chefe de Magia, em tradução livre] da Sardine Conjugation – diz que a existência de uma mascote pelo PÁGINA UM aparenta “descompensação psíquica, sem qualquer ironia e alegadamente”.

    O pivot da CNN Portugal e gerente de uma empresa de treino em comunicação defende ainda que o modelo de financiamento do PÁGINA UM é “irregular”, por ser, diz, “o único órgão de comunicação social registado na ERC, que eu tenha conhecimento, que solicita doações directas aos leitores”, algo que, na sua opinião, “pode condicionar a linha editorial e a independência do jornal”.

    José Gabriel Quaresma acusa o PÁGINA UM de não o ouvir, mas vedou o acesso ao jornal á sua página do LinkedIn. Em todo o caso, até já comunicou com o PÁGINA UM, sendo as suas declarações integralmente transcritas. Jocosamente fez também um donativo de 50 cêntimos ao PÁGINA UM, através da sua empresa de comunicação Sardine Conjugation.

    A acusação da eventual ocorrência de influências externas sobre a direcção editorial do PÁGINA UM, um jornal de acesso livre, por via de se financiar através dos seus leitores – e que teve 595 donativos no mês passado e contabilizou receitas de 63 mil euros em 2024 e ostenta um passivo virtualmente nulo – não deixa de ser curiosa, sobretudo por vir de um jornalista da CNN Portugal.

    Com efeito, a empresa que detém a TVI (dona da CNN Portugal), e que paga o salário de jornalista de José Gabriel Quaresma, contabiliza um passivo de 91 milhões de euros e o seu detentor, o Grupo Media Capital, tem como accionistas uma sociedade por quotas (Zenithodissey) e quatro sociedades anónimas (Pluris Investments, Trium, Biz Partners e CIN), além de outras entidades minoritárias, estando assim muitíssimo mais dependente de influência externa. Acrescente-se ainda que a prática de donativos por leitores tem sido vista, mesmo internacionalmente, como um selo de independência, sendo usado nomeadamente pelo Guardian e Associated Press.

    Em todo o caso, isso pouco interessa para José Gabriel Quaresma que, nas suas denúncias, além de requerer o encerramento do PÁGINA UM – justificando que “a democracia não pode permitir que se tente manchar uma carreira intocável (a minha) sem que uma única coisa afirmada seja verdade, nem uma. É intolerável, a democracia, assim”, conclui –, exige também a “adopção de medidas sancionatórias fortes e definitivas”.

    Extracto da queixa de José Gabriel Quaresma ao Ministério Público, à ERC, à CCPJ e ao Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas onde se solicita o encerramento do jornal PÁGINA UM.

    E acrescenta ainda que “a existência destas plataformas [referindo-se ao PÁGINA UM], com o aval da ERC, apenas servem para destruir o já a definhar jornalismo, porque nestes casos não existe jornalismo”.

    Quaresma acusa o PÁGINA UM de nunca ter sido contactado para exercer o contraditório, o que é falso. Na verdade, o pivot da CNN Portugal até bloqueou o acesso ao seu perfil do LinkedIn numa tentativa de esconder as suas actividades mercantilistas apoiadas no jornalismo.

  • Incêndios & Amamentação & Brás Cubas

    Incêndios & Amamentação & Brás Cubas


    Neste episódio do podcast Acta Diurna abordam-se três temas:

    1) Os incêndios rurais ocorrem todos os anos em Portugal. Mas as autoridades são, aparentemente, sempre ‘apanhadas’ de surpresa. A dispersão de meios abunda e a forma como é feita a prevenção e o combate às chamas precisa de ser repensada.

    2) A ministra do Trabalho causou polémica com declarações sobre as mulheres trabalhadoras que amamentam os filhos, algumas até os filhos entrarem na escola. Além de as declarações de Maria do Rosário Palma Ramalho serem absolutamente condenáveis, também são demonstrativas de que em 2025 ainda se assistem a políticas retrógradas em matéria de maternidade e protecção da família.

    3) Vem aí o primeiro livro do PÁGINA UM e a estreia não podia ser melhor, já que a obra contém crónicas do nosso Brás Cubas. Pedro Almeida Vieira levanta o véu a esta obra que estará disponível dentro de poucos meses.

    Acesso: LIVRE, mas subscreva o P1 PODCAST com um donativo mensal de 2,99 euros. Ajude o PÁGINA UM a amplificar o seu trabalho.

    Inspirado no conceito ancestral de noticiar os factos do dia, o PÁGINA UM decidiu registar a marca Acta Diurna no INPI (não é apenas o Almirante Gouveia e Melo que a usa), com o intuito de lançar um podcast de comentário regular sobre a actualidade e temas que orbitam em torno das nossas abordagens.

    Subscreva gratuitamente o canal do YouTube do PÁGINA UM AQUI.

    A Acta Diurna foi, muito provavelmente, o primeiro jornal da História. Criado na Roma Antiga, no ano 59 a.C., por ordem de Júlio César, tratava-se de uma folha de informação pública onde eram registados e divulgados acontecimentos políticos, decisões judiciais, anúncios e até mexericos. Afixada em locais de grande circulação, a Acta Diurna tinha como propósito dar conta do quotidiano, funcionando como um instrumento de transparência – ou, ao que tudo indica, de propaganda e controlo da informação.

    Inspirado neste conceito ancestral de noticiar os factos do dia, o PÁGINA UM decidiu registar a marca Acta Diurna, para lançar um podcast de comentário regular sobre a actualidade e temas que orbitam em torno das abordagens do próprio jornal. Mas não só. Também haverá espaço para outros assuntos que, por diversas circunstâncias acabam por não ser desenvolvidos em formato escrito.

    O Acta Diurna será conduzido por Pedro Almeida Vieira e Elisabete Tavares, podendo contar, pontualmente, com convidados externos que tragam outras perspetivas ao debate. Não é um podcast de entrevistas, é um espaço de análise crítica, com o selo do jornalismo livre do PÁGINA UM.

    O Acta Diurna será um espaço para quem quer pensar além das narrativas dominantes. E o novo episódio já está disponível.

  • Calor & America Party & Diogo Jota & Djokovic

    Calor & America Party & Diogo Jota & Djokovic


    Neste episódio do podcast Acta Diurna abordam-se quatro temas da actualidade:

    1) Subida das temperaturas e mortalidade

    A Direcção-Geral da Saúde (DGS) divulgou, através da agência Lusa, os dados com os óbitos em excesso no mais recente período em que as temperaturas subiram em Portugal Continental. Uma análise ao dados divulgados permite retirar várias conclusões e a DGS ‘não sai bem’ no retrato.

    2) America Party: novo partido nos Estados Unidos?

    O milionário Elon Musk anunciou a criação de um novo partido nos Estados Unidos. O America Party visa fazer frente ao bi-partidarismo que tem reinado no país e terá como ‘bandeiras’ uma maior eficiência dos gastos públicos e o combate ao aumento da despesa pública, que têm sido batalhas de Musk.

    3) As trágicas mortes de Diogo Jota e André Silva

    Em análise, a cobertura mediática desta tragédia, o jornalismo abutre e a necessária investigação aos múltiplos factores que poderão ter sido decisivos para causar o acidente que tirou a vida aos dois jogadores.

    4) Novo marco de Djokovic

    O lendário tenista obteve a sua 100ª vitória em Wimbledon e mostrou, mais uma vez, que se apresenta em excelente forma física nos seus 38 anos.

    Acesso: LIVRE, mas subscreva o P1 PODCAST com um donativo mensal de 2,99 euros. Ajude o PÁGINA UM a amplificar o seu trabalho.

    Inspirado no conceito ancestral de noticiar os factos do dia, o PÁGINA UM decidiu registar a marca Acta Diurna no INPI (não é apenas o Almirante Gouveia e Melo que a usa), com o intuito de lançar um podcast de comentário regular sobre a actualidade e temas que orbitam em torno das nossas abordagens.

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    A Acta Diurna foi, muito provavelmente, o primeiro jornal da História. Criado na Roma Antiga, no ano 59 a.C., por ordem de Júlio César, tratava-se de uma folha de informação pública onde eram registados e divulgados acontecimentos políticos, decisões judiciais, anúncios e até mexericos. Afixada em locais de grande circulação, a Acta Diurna tinha como propósito dar conta do quotidiano, funcionando como um instrumento de transparência – ou, ao que tudo indica, de propaganda e controlo da informação.

    Inspirado neste conceito ancestral de noticiar os factos do dia, o PÁGINA UM decidiu registar a marca Acta Diurna, para lançar um podcast de comentário regular sobre a actualidade e temas que orbitam em torno das abordagens do próprio jornal. Mas não só. Também haverá espaço para outros assuntos que, por diversas circunstâncias acabam por não ser desenvolvidos em formato escrito.

    O Acta Diurna será conduzido por Pedro Almeida Vieira e Elisabete Tavares, podendo contar, pontualmente, com convidados externos que tragam outras perspetivas ao debate. Não é um podcast de entrevistas, é um espaço de análise crítica, com o selo do jornalismo livre do PÁGINA UM.

    O Acta Diurna será um espaço para quem quer pensar além das narrativas dominantes. E o novo episódio já está disponível.

  • Pobreza & Calor & Peritos

    Pobreza & Calor & Peritos


    Neste episódio do podcast Acta Diurna abordam-se três temas de relevo: um que levanta preocupações de cariz social; e outros dois relacionados com a área da Saúde:

    1) Nunca houve tantos idosos em risco de pobreza e exclusão

    Uma análise do jornalista Pedro Almeida Vieira aos dados mais recentes disponíveis no Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam uma realidade preocupante em matéria de aumento de pobreza na terceira idade. O aumento da longevidade não está a ser acompanhado de apoios à população sénior mais vulnerável em termos sociais e económicos. As mulheres são as mais afectadas.

    2) Calor e mortalidade: está o SNS preparado para lidar com as consequências que dias mais quentes trarão, designadamente para os mais idosos?

    As previsões apontam que os próximos dias serão de calor no território continental. Os riscos em termos de saúde, sobretudo para os idosos, são grandes, podendo assistir-se a um efeito de aumento da mortalidade. Até porque o Inverno foi ‘ameno’ em termos de mortalidade. Se não houver a devida preparação das autoridades e do SNS, depois vai culpar-se o tempo e as alterações climáticas pelo eventual aumento de mortes.

    3) Robert F. Kennedy Jr., secretário de Saúde dos Estados Unidos, reformou o painel de membros de um comité que ajuda a definir as políticas de vacinação com o objectivo de restaurar a confiança do público nas vacinas. Mas os media, e alguns ‘especialistas’ não ficaram contentes com a mudança.

    Caiu o ‘Carmo e a Trindade’ com o anúncio da reforma do painel de conselheiros de um comité que ajuda a definir as políticas de vacinação nos Estados Unidos. Os media, muitos dos quais têm parcerias com farmacêuticas, vieram de imediato criticar a decisão com notícias enviesadas e negativas. Também ‘especialistas’ com ligações a farmacêuticas, como é o caso em Portugal de Filipe Froes, apressaram-se a insultar Kennedy.

    Acesso: LIVRE, mas subscreva o P1 PODCAST com um donativo mensal de 2,99 euros. Ajude o PÁGINA UM a amplificar o seu trabalho.

    Inspirado no conceito ancestral de noticiar os factos do dia, o PÁGINA UM decidiu registar a marca Acta Diurna no INPI (não é apenas o Almirante Gouveia e Melo que a usa), com o intuito de lançar um podcast de comentário regular sobre a actualidade e temas que orbitam em torno das nossas abordagens.

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    A Acta Diurna foi, muito provavelmente, o primeiro jornal da História. Criado na Roma Antiga, no ano 59 a.C., por ordem de Júlio César, tratava-se de uma folha de informação pública onde eram registados e divulgados acontecimentos políticos, decisões judiciais, anúncios e até mexericos. Afixada em locais de grande circulação, a Acta Diurna tinha como propósito dar conta do quotidiano, funcionando como um instrumento de transparência – ou, ao que tudo indica, de propaganda e controlo da informação.

    Inspirado neste conceito ancestral de noticiar os factos do dia, o PÁGINA UM decidiu registar a marca Acta Diurna, para lançar um podcast de comentário regular sobre a actualidade e temas que orbitam em torno das abordagens do próprio jornal. Mas não só. Também haverá espaço para outros assuntos que, por diversas circunstâncias acabam por não ser desenvolvidos em formato escrito.

    O Acta Diurna será conduzido por Pedro Almeida Vieira e Elisabete Tavares, podendo contar, pontualmente, com convidados externos que tragam outras perspetivas ao debate. Não é um podcast de entrevistas, é um espaço de análise crítica, com o selo do jornalismo livre do PÁGINA UM.

    O Acta Diurna será um espaço para quem quer pensar além das narrativas dominantes. E o novo episódio já está disponível.

  • Serafim: 17 anos cheios de vida

    Serafim: 17 anos cheios de vida


    Formalmente Mascot do PÁGINA UM, com direito a estar incluída na Ficha Técnica, e presumido autor da crónica ‘Arranhadelas’, informamos que o Serafim faz hoje, dia 13 de Junho, 17 inteiros anos de uma rica vida.

  • Será sensato a Justiça expulsar os jornalistas das audiências?

    Será sensato a Justiça expulsar os jornalistas das audiências?


    Neste nono episódio de A Corja Maldita, abordamos o cerceamento da liberdade de imprensa no julgamento do homicídio da grávida da Murtosa, cuja exclusão dos jornalistas foi justificada com o argumento de “garantir o rigor da informação”.

    Será esta uma decisão sensata ou grave num Estado de Direito? Mas não terá sido o próprio jornalismo, tantas vezes submisso, sensacionalista e desinteressado do essencial, a criar as condições para este afastamento? Um debate acalorado, tão acalorado que a moderação acabou por ser pouca…

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    A Corja Maldita, o podcast que retira o verniz à Justiça portuguesa. Vozes, sem medo num país em surdina, que expõem abusos, desmontam rituais e denunciam os silêncios coniventes da Justiça, com factos, nomes e a coragem que falta ao comentário instituído.

    • Pedro Almeida Vieira, director do PÁGiNA UM e jornalista de investigação, num papel sobretudo de ‘moderação’ (ou ‘incitamento’)

    • João De Sousa, consultor forense e ex-inspetor da PJ, conhecedor profundo do sistema com a coragem para o enfrentar;

    • Miguel Santos Pereira, advogado de pensamento livre, crítico do formalismo cego e das ficções que se fazem passar por justiça. Neste espaço, a crítica é frontal e a análise é crua – e a Verdade não pede licença.