Seja o 25 de Novembro ou o 25 de Abril, jornalistas estavam lá para cobrir os acontecimentos. Hoje, uma crónica que publicámos no PÁGINA UM inclui uma foto que aqui republico porque é especial, para mim.
Na imagem, um grupo de jornalistas recolhe os comentários e respostas a perguntas do embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Frank Carlucci, na sua chegada à capital em Janeiro de 1975. Entre eles, a segurar num dos microfones, de gravador na mão, está um querido colega: Carlos Pontes, companheiro na Reuters.

Imagino que, logo a seguir, desatou a correr para uma cabine telefónica, tirou as muitas moedas que carregava nos bolsos, e ligou para ditar a notícia, que seria depois difundida para todo o mundo. (Agora já sem os riscos da censura da PIDE que rasuravam os muitos takes que guardava do tempo da ditadura.)
O Carlos estava lá. Estava em Santa Apolónia, aquando da chegada de Mário Soares, também. E era uma delícia ouvi-lo contar como se “apoderou” de uma cabine que havia na estação antes de outros jornalistas, os quais faziam fila para poderem também enviar as suas notícias para a redacção.
Gostaria de poder ouvi-lo hoje a contar uma das suas histórias do 25 de Novembro … e a acabar por escutar outras tantas, de outros acontecimentos históricos do país, que ele testemunhou e noticiou.
Sinto que, de algum modo, falou comigo hoje, na mesma, ao aparecer-me essa foto. Consigo imaginar alguns dos comentários que provavelmente faria sobre os tempos que vivemos. E recordo, em silêncio, algumas das muitas suas histórias que tive o privilégio de escutar.
Foi bom “rever-te”, Carlos. Um abraço, daqui.
