Etiqueta: Televisão

  • Rabo de Peixe

    Rabo de Peixe

    Título

    City on the Hill (2019)

    Género

    Drama: Crime

    País de origem

    Estados Unidos da América

    Plataforma

    HBO Max

    Criador

    Chuck Maclean

    Actores principais

    Fevin Bacon; Aldis Hedge; Jill Hennessy

    Nota

    7/10

    Recensão

    Originalmente distribuída pela rede de canais televisivos Showtime, em 2019, City on the hill é uma série norte-americana desenvolvida por Chuck Maclean, baseada numa história criada pelo famoso actor Ben Affleck, que, a par de Matt Damon, também a produz. Recordemos que esta dupla ganhou o Óscar Melhor Argumento em 1997 por O bom rebelde (Good will hunting), onde também se destacava o malogrado Robin Williams.

    City on the hill é um drama protagonizado por Kevin Bacon e Aldis Hodge, tendo como cenários os anos 90 na cidade de Boston, com a premissa de uma cooperação em constante conflito entre o agente do FBI Jackie Rohr (Bacon) e o Procurador-Geral Adjunto Decourcy Ward (Hodge). Conta ainda, em destaque, com a participação de Jill Hennessy, no papel de Jenny Rohr, mulher de Jackie.

    Bacon representa um agente veterano em final de carreira, cuja aprendizagem tem tudo de old school. Corrupção, abuso de drogas e maneirismos fazem de Jackie Rohr um polícia tão desprezível quanto necessário para a trama, onde a fronteira entre anti-herói e vilão se esvanece muitas vezes e só de quando em vez a moralidade aparece.

    Já Hedge é o oposto: ainda jovem, é um idealista, incorruptível, mas ambicioso, havendo linhas que não cruza, embora sabendo que , por vezes, há que “fechar os olhos” para apanhar criminosos e trazê-los à justiça.

    City on the hill não é, em todo o caso, uma história de detectives, nem um clichê típico de series de advogados. Junta sim dois aspectos conhecidos para criar um enredo bastante mais original e interessante, onde se explora a pobreza, o crime e até o racismo institucionalizado numa cidade como Boston.

    Não é propriamente surpreendente que a acção seja passada em Boston, porque tanto Maclean como Affleck e Damon foram criados nesta cidade do Estado de Massachussetts – e o Óscar que arrecadaram com O bom rebelde também tem aí o seu cenário.

    Disponível na plataforma HBO Max, City on the hill conta com três temporadas num tempo médio de 55 minutos por cada um dos seus 26 episódios. E se outros motivos não houvesse, aproveitem para assistir à brilhante representação da “decadência” de Kevin Bacon.

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  • Night Agent

    Night Agent

    Título

    City on the Hill (2019)

    Género

    Drama: Crime

    País de origem

    Estados Unidos da América

    Plataforma

    HBO Max

    Criador

    Chuck Maclean

    Actores principais

    Fevin Bacon; Aldis Hedge; Jill Hennessy

    Nota

    7/10

    Recensão

    Originalmente distribuída pela rede de canais televisivos Showtime, em 2019, City on the hill é uma série norte-americana desenvolvida por Chuck Maclean, baseada numa história criada pelo famoso actor Ben Affleck, que, a par de Matt Damon, também a produz. Recordemos que esta dupla ganhou o Óscar Melhor Argumento em 1997 por O bom rebelde (Good will hunting), onde também se destacava o malogrado Robin Williams.

    City on the hill é um drama protagonizado por Kevin Bacon e Aldis Hodge, tendo como cenários os anos 90 na cidade de Boston, com a premissa de uma cooperação em constante conflito entre o agente do FBI Jackie Rohr (Bacon) e o Procurador-Geral Adjunto Decourcy Ward (Hodge). Conta ainda, em destaque, com a participação de Jill Hennessy, no papel de Jenny Rohr, mulher de Jackie.

    Bacon representa um agente veterano em final de carreira, cuja aprendizagem tem tudo de old school. Corrupção, abuso de drogas e maneirismos fazem de Jackie Rohr um polícia tão desprezível quanto necessário para a trama, onde a fronteira entre anti-herói e vilão se esvanece muitas vezes e só de quando em vez a moralidade aparece.

    Já Hedge é o oposto: ainda jovem, é um idealista, incorruptível, mas ambicioso, havendo linhas que não cruza, embora sabendo que , por vezes, há que “fechar os olhos” para apanhar criminosos e trazê-los à justiça.

    City on the hill não é, em todo o caso, uma história de detectives, nem um clichê típico de series de advogados. Junta sim dois aspectos conhecidos para criar um enredo bastante mais original e interessante, onde se explora a pobreza, o crime e até o racismo institucionalizado numa cidade como Boston.

    Não é propriamente surpreendente que a acção seja passada em Boston, porque tanto Maclean como Affleck e Damon foram criados nesta cidade do Estado de Massachussetts – e o Óscar que arrecadaram com O bom rebelde também tem aí o seu cenário.

    Disponível na plataforma HBO Max, City on the hill conta com três temporadas num tempo médio de 55 minutos por cada um dos seus 26 episódios. E se outros motivos não houvesse, aproveitem para assistir à brilhante representação da “decadência” de Kevin Bacon.

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  • Mayor of Kingstown

    Mayor of Kingstown

    Título

    City on the Hill (2019)

    Género

    Drama: Crime

    País de origem

    Estados Unidos da América

    Plataforma

    HBO Max

    Criador

    Chuck Maclean

    Actores principais

    Fevin Bacon; Aldis Hedge; Jill Hennessy

    Nota

    7/10

    Recensão

    Originalmente distribuída pela rede de canais televisivos Showtime, em 2019, City on the hill é uma série norte-americana desenvolvida por Chuck Maclean, baseada numa história criada pelo famoso actor Ben Affleck, que, a par de Matt Damon, também a produz. Recordemos que esta dupla ganhou o Óscar Melhor Argumento em 1997 por O bom rebelde (Good will hunting), onde também se destacava o malogrado Robin Williams.

    City on the hill é um drama protagonizado por Kevin Bacon e Aldis Hodge, tendo como cenários os anos 90 na cidade de Boston, com a premissa de uma cooperação em constante conflito entre o agente do FBI Jackie Rohr (Bacon) e o Procurador-Geral Adjunto Decourcy Ward (Hodge). Conta ainda, em destaque, com a participação de Jill Hennessy, no papel de Jenny Rohr, mulher de Jackie.

    Bacon representa um agente veterano em final de carreira, cuja aprendizagem tem tudo de old school. Corrupção, abuso de drogas e maneirismos fazem de Jackie Rohr um polícia tão desprezível quanto necessário para a trama, onde a fronteira entre anti-herói e vilão se esvanece muitas vezes e só de quando em vez a moralidade aparece.

    Já Hedge é o oposto: ainda jovem, é um idealista, incorruptível, mas ambicioso, havendo linhas que não cruza, embora sabendo que , por vezes, há que “fechar os olhos” para apanhar criminosos e trazê-los à justiça.

    City on the hill não é, em todo o caso, uma história de detectives, nem um clichê típico de series de advogados. Junta sim dois aspectos conhecidos para criar um enredo bastante mais original e interessante, onde se explora a pobreza, o crime e até o racismo institucionalizado numa cidade como Boston.

    Não é propriamente surpreendente que a acção seja passada em Boston, porque tanto Maclean como Affleck e Damon foram criados nesta cidade do Estado de Massachussetts – e o Óscar que arrecadaram com O bom rebelde também tem aí o seu cenário.

    Disponível na plataforma HBO Max, City on the hill conta com três temporadas num tempo médio de 55 minutos por cada um dos seus 26 episódios. E se outros motivos não houvesse, aproveitem para assistir à brilhante representação da “decadência” de Kevin Bacon.

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  • City on the hill

    City on the hill

    Título

    City on the Hill (2019)

    Género

    Drama: Crime

    País de origem

    Estados Unidos da América

    Plataforma

    HBO Max

    Criador

    Chuck Maclean

    Actores principais

    Fevin Bacon; Aldis Hedge; Jill Hennessy

    Nota

    7/10

    Recensão

    Originalmente distribuída pela rede de canais televisivos Showtime, em 2019, City on the hill é uma série norte-americana desenvolvida por Chuck Maclean, baseada numa história criada pelo famoso actor Ben Affleck, que, a par de Matt Damon, também a produz. Recordemos que esta dupla ganhou o Óscar Melhor Argumento em 1997 por O bom rebelde (Good will hunting), onde também se destacava o malogrado Robin Williams.

    City on the hill é um drama protagonizado por Kevin Bacon e Aldis Hodge, tendo como cenários os anos 90 na cidade de Boston, com a premissa de uma cooperação em constante conflito entre o agente do FBI Jackie Rohr (Bacon) e o Procurador-Geral Adjunto Decourcy Ward (Hodge). Conta ainda, em destaque, com a participação de Jill Hennessy, no papel de Jenny Rohr, mulher de Jackie.

    Bacon representa um agente veterano em final de carreira, cuja aprendizagem tem tudo de old school. Corrupção, abuso de drogas e maneirismos fazem de Jackie Rohr um polícia tão desprezível quanto necessário para a trama, onde a fronteira entre anti-herói e vilão se esvanece muitas vezes e só de quando em vez a moralidade aparece.

    Já Hedge é o oposto: ainda jovem, é um idealista, incorruptível, mas ambicioso, havendo linhas que não cruza, embora sabendo que , por vezes, há que “fechar os olhos” para apanhar criminosos e trazê-los à justiça.

    City on the hill não é, em todo o caso, uma história de detectives, nem um clichê típico de series de advogados. Junta sim dois aspectos conhecidos para criar um enredo bastante mais original e interessante, onde se explora a pobreza, o crime e até o racismo institucionalizado numa cidade como Boston.

    Não é propriamente surpreendente que a acção seja passada em Boston, porque tanto Maclean como Affleck e Damon foram criados nesta cidade do Estado de Massachussetts – e o Óscar que arrecadaram com O bom rebelde também tem aí o seu cenário.

    Disponível na plataforma HBO Max, City on the hill conta com três temporadas num tempo médio de 55 minutos por cada um dos seus 26 episódios. E se outros motivos não houvesse, aproveitem para assistir à brilhante representação da “decadência” de Kevin Bacon.

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  • Alpha Males

    Alpha Males

    Título

    Treason (2022)

    Género

    Drama: Thriller de espionagem

    País de origem

    Reino Unido

    Plataforma

    Netflix

    Criador

    Matt Charman

    Autores principais

    Olga Kurylenko; Oona Chaplin; Ciarán Hinds; Charlie Cox; Tracy Ifeachor; Danila Kozlovsky; Samuel Leakey; Beau Gadsdon; Simon Lenagan; Alex Kingston; Avital Lvova; e Adam James

    Nota

    4/10

    Recensão

    Estreou no final de Dezembro, a minissérie Treason, na plataforma Netflix. Criada pela mão de Matt Charman, escritor de êxitos como Bridge of Spies (2016) ou de series menos conhecidas do grande público como o policial Black Work (2015), Treason é uma trama de acção e espionagem contada em cinco episódios.

    É uma aposta interna da Netflix, por ser realizada por Louise Hooper e Sarah O’Gorman, que já tinham dirigido as séries The Witcher (2021), The Last Kingdom (2020) e, mais recentemente, The Sandman (2022), produzidas por esta plataforma.

    Nos principais papéis conta com um elenco de actores famosos como Charlie Cox – mais conhecido por ser o protagonista de Daredevil, uma outra série da Netflix – e o veterano irlandês Ciarán Hinds, actor com mais de quatro décadas de carreira, em que se destacam as participações no filme TheSum of All Fears (2002) e nas series Game of Thrones (2013-2015). Ainda podemos ver nesta série Oona Chaplin, neta do grande Charlie Chaplin, e a actriz ucraniana Olga Kurylenko.

    Treason é uma história de espionagem em torno de Adam Lawrence (Charlie Cox), subchefe do MI6 (serviços secretos britânicos), o chefe máximo Sir Martin Angelis (Ciarán Hinds) – a quem é dada o nome de código C – e a interferência de Kara (Olga Kurylenko), ex-espiã do SVR, serviços secretos russos.

    O jogo entre estas personagens faz com que que tomem atitudes e decisões que inexoravelmente as levarão a colidir até ao último momento. Para isso aparecem, ao longo dos episódios, personagens mais secundárias, mas ainda assim indispensáveis, que, por um lado, facilitam, e por outro obrigam a constantes adaptações dos jogadores principais.

    As linhas entre os heróis e vilões cruzam-se entrecruzam-se: Adam é perseguido pelo MI6 e CIA, à mistura, Kara ora é antagonista ora é assistente oficiosa de Adam, e Sir Martin parece saber e “C”ontrolar tudo o que se passa.

    Como habitualmente em séries deste género, e também como o seu nome indica, o enredo de Treason encontra-se cheio de traições e desconfianças, onde ninguém é o que parece ser. E até aqui tudo bem – até porque o carisma e profissionalismo dos actores consegue, numa primeira fase, disfarçar os lugares-comuns.

    No entanto, e devido ao formato que este serviço de streaming resolveu apostar – em que o complô é compactado –, o storytelling e arco das personagens é demasiado rápido. E assim os clichês sobrepõem-se ao elenco, os diálogos são pouco ou mesmo nada originais, e as reviravoltas nada têm de surpreendente. É tudo feito à pressa e, por isso, pouco mais há a acrescentar.

    Como exemplo máximo de cliché, e sem querer entrar em spoilers, destaca-se o papel da candidata a primeira-ministra Audrey Gratz (Alex Kingston) que, por ser uma mulher com possibilidade de poder, é lésbica. Um pormenor sem interesse para a história, mas ainda assim um enquadramento evitável.

    Em suma, Treason é de degustação tão rápida que, para quem é adepto deste tipo de dramas, poderá levar à regurgitação pela traição de uma série que tinha tudo para ser boa – com um autor de sucesso, realizadoras com créditos firmados e actores famosos com trabalhos anteriores bastante bons.

    Aquilo que se salva é mesmo o papel de Ciarán Hinds que, apesar deste tipo de pipoca fácil, consegue a espaços trazer alguma substância e profundidade à mimética entre o guardião da segurança nacional e o mal de todos os males.

  • Treason

    Treason

    Título

    Treason (2022)

    Género

    Drama: Thriller de espionagem

    País de origem

    Reino Unido

    Plataforma

    Netflix

    Criador

    Matt Charman

    Autores principais

    Olga Kurylenko; Oona Chaplin; Ciarán Hinds; Charlie Cox; Tracy Ifeachor; Danila Kozlovsky; Samuel Leakey; Beau Gadsdon; Simon Lenagan; Alex Kingston; Avital Lvova; e Adam James

    Nota

    4/10

    Recensão

    Estreou no final de Dezembro, a minissérie Treason, na plataforma Netflix. Criada pela mão de Matt Charman, escritor de êxitos como Bridge of Spies (2016) ou de series menos conhecidas do grande público como o policial Black Work (2015), Treason é uma trama de acção e espionagem contada em cinco episódios.

    É uma aposta interna da Netflix, por ser realizada por Louise Hooper e Sarah O’Gorman, que já tinham dirigido as séries The Witcher (2021), The Last Kingdom (2020) e, mais recentemente, The Sandman (2022), produzidas por esta plataforma.

    Nos principais papéis conta com um elenco de actores famosos como Charlie Cox – mais conhecido por ser o protagonista de Daredevil, uma outra série da Netflix – e o veterano irlandês Ciarán Hinds, actor com mais de quatro décadas de carreira, em que se destacam as participações no filme TheSum of All Fears (2002) e nas series Game of Thrones (2013-2015). Ainda podemos ver nesta série Oona Chaplin, neta do grande Charlie Chaplin, e a actriz ucraniana Olga Kurylenko.

    Treason é uma história de espionagem em torno de Adam Lawrence (Charlie Cox), subchefe do MI6 (serviços secretos britânicos), o chefe máximo Sir Martin Angelis (Ciarán Hinds) – a quem é dada o nome de código C – e a interferência de Kara (Olga Kurylenko), ex-espiã do SVR, serviços secretos russos.

    O jogo entre estas personagens faz com que que tomem atitudes e decisões que inexoravelmente as levarão a colidir até ao último momento. Para isso aparecem, ao longo dos episódios, personagens mais secundárias, mas ainda assim indispensáveis, que, por um lado, facilitam, e por outro obrigam a constantes adaptações dos jogadores principais.

    As linhas entre os heróis e vilões cruzam-se entrecruzam-se: Adam é perseguido pelo MI6 e CIA, à mistura, Kara ora é antagonista ora é assistente oficiosa de Adam, e Sir Martin parece saber e “C”ontrolar tudo o que se passa.

    Como habitualmente em séries deste género, e também como o seu nome indica, o enredo de Treason encontra-se cheio de traições e desconfianças, onde ninguém é o que parece ser. E até aqui tudo bem – até porque o carisma e profissionalismo dos actores consegue, numa primeira fase, disfarçar os lugares-comuns.

    No entanto, e devido ao formato que este serviço de streaming resolveu apostar – em que o complô é compactado –, o storytelling e arco das personagens é demasiado rápido. E assim os clichês sobrepõem-se ao elenco, os diálogos são pouco ou mesmo nada originais, e as reviravoltas nada têm de surpreendente. É tudo feito à pressa e, por isso, pouco mais há a acrescentar.

    Como exemplo máximo de cliché, e sem querer entrar em spoilers, destaca-se o papel da candidata a primeira-ministra Audrey Gratz (Alex Kingston) que, por ser uma mulher com possibilidade de poder, é lésbica. Um pormenor sem interesse para a história, mas ainda assim um enquadramento evitável.

    Em suma, Treason é de degustação tão rápida que, para quem é adepto deste tipo de dramas, poderá levar à regurgitação pela traição de uma série que tinha tudo para ser boa – com um autor de sucesso, realizadoras com créditos firmados e actores famosos com trabalhos anteriores bastante bons.

    Aquilo que se salva é mesmo o papel de Ciarán Hinds que, apesar deste tipo de pipoca fácil, consegue a espaços trazer alguma substância e profundidade à mimética entre o guardião da segurança nacional e o mal de todos os males.

  • Tenente Pires, um herói desconhecido da II Guerra Mundial

    Tenente Pires, um herói desconhecido da II Guerra Mundial


    Portugal tem um novo herói. Chama-se Manuel de Jesus Pires, mas podemos tratá-lo como Tenente Pires. Foi ele o administrador da Vila de Baucau durante a invasão de Timor pelos japoneses, em 1942, e liderou a resistência ao invasor, tendo salvado quase uma centena de vidas numa altura em que o regime do Estado Novo abandonou portugueses à sua sorte. A sua história é agora uma série de ficção da RTP com o título Abandonados.

    A ser emitida a partir desta quarta-feira, dia 21, e com realização de Francisco Manso, a série conta com sete episódios, de 50 minutos cada, debaixo de um título que reflecte bem o que esteve em causa durante aquele período em que não houve qualquer ajuda vinda da Metrópole.

    A invasão de Timor pelas tropas japonesas e a resistência que se seguiu é um episódio longínquo da História de Portugal, e que remonta a Fevereiro de 1942, escassos dois meses após o ataque japonês à base norte-americana em Pearl Harbor, no Havai. Marcou um momento de tensão entre o regime de Salazar, os aliados britânicos e o regime fascista de Hitler.

    Esquecidos e abandonados em Timor, na luta persistente de um militar – o Tenente Pires, que contra todos os obstáculos e dificuldades, criados aliás pelo próprio governo de Salazar, tudo fez para salvar os seus companheiros, até ao seu sacrifício final.

    Esta série mostra-nos “os caminhos tortuosos da política e dos interesses dos estados sobrepondo-se aos interesses individuais, com toda a carga de injustiça e de desumanidade que muitas vezes isso acarreta, conferindo a Abandonados um significado universal”, diz a RTP na apresentação deste trabalho.

    Abandonados, série da RTP realizada por Francisco Manso, será emitida a partir desta quarta-feira.

    A nova aposta do canal público na ficção, que teve recentemente uma apresentação no cinema São Jorge, em Lisboa, resulta da adaptação do livro Timor na II Guerra Mundial: o diário do Tenente Pires, editado pelo ISCTE, cujo autor, o historiador António Monteiro Cardoso, é também responsável pelo argumento – mas que não chegou a ver o resultado, visto ter falecido em 2016.

    “Baseada em factos reais, esta série recorda a aliança inédita entre Portugueses, timorenses e australianos unindo-se contra um inimigo comum que não hesitava em cometer as maiores atrocidades contra as populações locais e contra todos os que se lhe opunham”, acrescenta a RTP.

    O papel do Tenente Pires é interpretado pelo actor Marco Delgado, que comparou as façanhas deste “herói” à história de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português de Bordéus que desobedeceu às ordens de Salazar e permitiu a fuga dos refugiados judeus. Aristides Sousa Mendes teve o seu nome banido do reconhecimento público durante o tempo do Estado Novo, sendo apenas reabilitado após o 25 de Abril de 1974.

    Cena durante as filmagens de Abandonados.

    Marco Delgado disse ao PÁGINA UM que “para além de ter sido emocionante” assumir este papel, considera que o papel do Tenente Pires “é mais um nome desconhecido que “deve ser revelado e é importante que a RTP siga esta linha de prestar homenagem a verdadeiros heróis portugueses”.

    Embora seja um trabalho de ficção, a série conta, por exemplo, o episódio verídico da saída do Tenente Pires da ilha timorense a bordo de um submarino para pedir apoio aos australianos e como, sem ter sucesso nessa missão, regressou a Timor para continuar a resistência, mesmo sabendo que lhe custaria a própria vida.

    “Para mim era importante, moralmente, prestar-lhe a devida homenagem”, acrescenta Marco Delgado que, a partir de agora, poderá juntar o rosto do Tenente Pires à sua galeria de personagens.

    Timor esteve para ser o local das filmagens, mas pandemia obrigou a relocalização para a ilha da Madeira.

    O realizador Francisco Manso destacou ao PÁGINA UM que o Tenente Pires, “não sendo conhecido como uma pessoa anti-regime, era um militar à antiga e mantinha a crença de defender todos até à morte, sobretudo após o abandono pelo regime”. Uma situação que, mais tarde, em 1961 será de novo colocada na invasão da Índia portuguesa, mas com um desfecho diferente.

    Estima-se que morreram cerca de 50 mil pessoas durante os três anos e meio da ocupação japonesa de Timor. A série está já prevista para ser exibida na televisão de Timor, tendo havido, há um mês, uma apresentação pública na antiga ilha portuguesa. 

    Com a acção a desenrolar-se entre os anos de 1942 a 1945, Francisco Manso refere que, ao longo das filmagens, em termos cinematográficos, há filmes que “não deixam de ser uma referência” como os clássicos A Ponte do Rio Kwai  e ainda Feliz Natal, Mr. Lawrence.

    Vítor Norte, um dos actores de Abandonados, é presença assídua dos filmes realizados por Francisco Manso.

    Inicialmente prevista para ser filmada no cenário natural de Timor, as restrições da pandemia obrigaram a uma mudança de planos. Assim, as matas da antiga província portuguesa na Ásia foram recriadas num outro território bem português, mas próximo da costa de África: a ilha da Madeira.

    A Floresta Laurissilva da Madeira, um cenário luxuriante de espécies indígenas e anteriores à chegada dos navegadores portugueses àquelas paragens, ofereceu as imagens e cenário natural para se poder contar esta história.

    A “magia” da ficção está nestes pequenos detalhes, que levaram Marco Delgado a recordar, por exemplo, o facto de estarem a filmar com temperaturas baixas, mas de forma a dar a entender que estavam a suar em pleno Verão na zona do Pacífico.

    Fazem ainda parte do elenco de Abandonados, os actores António Pedro Cerdeira, Elmano Sancho, Luís Esparteiro, Maya Booth, Soraia Tavares, Virgílio Castelo, Chico Diaz, Sabri Lucas, Francisco Froes, Joaquim Nicolau, Marques D’Arede, Jorge Pinto, Rodrigo Santos, André Albuquerque e Paulo Calatré.

    O realizador Francisco Manso e o actor Marco Delgado, durante as filmagens.

    Vítor Norte, que tem sido uma presença regular na vasta filmografia de Francisco Manso, é outro dos actores que dão corpo às personagens envolvidas neste episódio da História de Portugal e da II Guerra Mundial, referindo-se como curiosidade acrescida que, ao interpretar o papel do juiz Nepomuceno dos Santos, tem a particularidade de encarnar o homem que era o pai do cantor Zeca Afonso, autor do “Grândola Vila Morena”.

    Abandonados estreia dia 21 de Dezembro, às 21 horas na RTP1, havendo antestreias na RTP Play a partir das 12 horas.