Etiqueta: Saída de Emergência

  • Ciência pop

    Ciência pop

    Título

    Perguntas frequentes sobre o Universo

    Autores

    JORGE CHAM e DANIEL WHITESON (tradução: Joana Honrado)

    Editora (Edição)

    Saída de Emergência (Julho de 2023)

    Cotação

    10/20

    Recensão

    Desde 2019, a coleção “Eu amo Ciência”, através da Dessassossego, a chancela de não-ficção da Saída de Emergência, assume como objetivo “revolucionar a forma como se divulga a ciência em Portugal e conquistar espaço e visibilidade para a ciência nas livrarias”, acrescentando ainda que “pretende divulgar a ciência e o método científico”, e nessa tarefa “não pretende confrontar nem antagonizar, mas sim dar a conhecer”.  

    Tem cumprido, e tanto assim que já lançou 24 títulos em apenas três anos, sendo que Perguntas frequentes sobre o Universo é um dos mais recentes.

    Mas, antes, os autores: Jorge Cham e Daniel Whiteson. O primeiro é doutorado em Robótica/Engenharia Mecânica pela Universidade de Stanford e colabora com o The New York Times, The Washington Post, The Atlantic, Scientific American, entre outros. É, ainda, o criador do popular site PHD Comics. Daniel Whiteson é professor de Física na Universidade da Califórnia. Colabora com Jorge Cham em comics e vídeos explicativos de ciência que são visualizados por milhões de pessoas, em todo o mundo. 

    Este é, como o título indicia, um livro de perguntas e respostas do género: Por que razão os extraterrestres ainda não nos visitaram? Por quanto tempo sobreviverá a Humanidade? Serão os seres humanos previsíveis? Onde se situa o centro do Universo? E outras do género. 

    Os autores informam que respondem às questões como cientistas e não como engenheiros. “Um físico dirá que algo é possível se não conhecer uma lei da física que o impeça”. Assim, uma nave espacial a viajar a uma velocidade suficiente para alcançar a estrela mais próxima num período de tempo razoável não é impedida pelas leis da física, no entanto, explicam, é impossível construí-la para esse fim. Da mesma forma, buracos de minhoca (wormhole), a nossa versão moderna de espaço-tempo, e viagens no tempo “não são considerados impossíveis” – assim como muitos outros cenários. Por outro lado, por exemplo, prevê-se que um asteroide possa atingir a Terra, que o Sol explodirá e a raça humana será extinta, mas estudos afirmam que nenhum desses acontecimentos é uma ameaça imediata.  

    Assim, mantendo-se fiéis à ciência pura, os autores oferecem uma visão alicerçada em conhecimentos profundos das matérias que tratam, tentando, ao mesmo tempo, torná-la acessível ao público em geral e, parece-nos, ao público jovem.

    Trata-se de um livro híbrido, entre uma tentativa de explicação racional de problemas que nos intrigam a todos, mas, ao mesmo tempo, quer chegar a toda a gente, com piadas, às vezes a despropósito, com ilustrações profusamente espalhadas por todas as páginas, cheias de “pseudo-humor”, apartes e desenhos animados para servir como introdução a conceitos que requerem muito mais estudo uma total compreensão.

    É, por isso, acaba por se tonar num um livro de Ciência Pop, que não nos convenceu de todo.

  • Mistério em Downing Street

    Mistério em Downing Street

    Título

    A secretária de Churchill

    Autora

    SUSAN ELIA MACNEAL (tradução: Sónia Maia)

    Editora

    Saída de Emergência (Abril de 2023)

    Cotação

    12/20

    Recensão

    Susan Elia MacNeal nasceu em 1968, em Buffalo, Nova Iorque, onde também se formou na Nardin Academy. Além disso, terminou o curso de Inglês no Wellesley College, com mérito e distinção. Antes de se dedicar à escrita, trabalhou na área editorial, na Random House, na Viking Penguin e Dance Magazine.

    Mr. Churchill’s Secretary é um original de 2012 que está na génese da série de mistério Maggie Hope: uma série vendida em todo o mundo e traduzida em várias línguas e um grande êxito do The New York Times e do Washington Post, cujos direitos cinematográficos e televisivos foram obtidos pela Magnolia Productions/Warner Bros. Pictures. 

    Já na sua 22ª edição, A secretária de Churchill, recentemente publicado, em Portugal, pelas Edições Saída de Emergência, foi nomeado para o prémio “Edgar Allan Poe” e venceu o prémio de ficção policial, “Barry Award”. 

    A história começa no dia em que Winston Churchill é nomeado Primeiro-ministro, em Maio de 1941 e passa-se, em grande parte, no número 10 de Downing Street, fazendo referências aos discursos galvanizantes do político que conduziu o Reino Unido durante a Segunda Grande Guerra. É precisamente sobre a oposição à entrada na guerra e as relações com a Irlanda que o mistério se desenrola.

    O enredo começa com o assassinato de uma das dactilógrafas de serviço, ficando em suspenso o motivo desse crime. A sua substituição dá início à trama que conduz ao crescimento de Maggie Hope, que se estreia como dactilógrafa substituta de Winston Churchill, mas sem grande convicção, já que, sendo matemática de formação, muito inteligente e perspicaz, se considera mal aproveitada. O romance policial também gira em torno dessa frustração, dado que, sendo mulher, não tem acesso às funções que os homens têm. 

    A temática do feminismo está bem presente nos pensamentos da personagem principal, feita heroína ao longo da história, o que reflete numa narrativa pró-feminista. É pena que esta construção seja edificada com recurso a lugares-comuns. Em alguns momentos corre mesmo o risco de se contradizer, ao dar atenção a pormenores que mais não são que uma apologia à objetificação da mulher.

    A tensão e o mistério estão presentes, ainda que o leitor se pergunte por que motivo a autora descreva de forma tão explícita os pensamentos de alguns dos personagens, em particular da heroína. Uma das características de um bom livro é, precisamente, deixar que o leitor chegue às suas próprias conclusões. Por isso, sim, o narrador poderia ser menos óbvio. 

    É possível que esse problema se resolvesse com uma revisão mais profunda. Uma vez que o livro já vai na sua 22ª edição, pode questionar-se por que não foi revisto. O caso mais evidente é a repetição do motivo pelo qual a personagem principal, Maggie Hope, tem aversão ao Sr. Snodgrass – um dos chefes do gabinete do ministro. São várias as vezes que Maggie, ou Magster – a alcunha usada por um dos seus amigos – se refere àquela figura masculina para manifestar o feminismo que a autora quer defender, ainda que de uma forma, diríamos, superficial.

    Como mencionado, este livro está na origem da saga Maggie Hope e, como tal, é recomendável para quem tenha interesse em compreender o contexto da aparição daquela espia, tanto que, mais dia, menos dia, a série televisiva estará disponível.