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  • Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 26 de Fevereiro

    Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 26 de Fevereiro


    Ontem, dia 26 de Fevereiro, no Portal Base foram divulgados 1039 contratos públicos, com preços entre os 7,92 euros – para aquisição de medicamentos diversos, pelo Centro Hospitalar de Leiria, ao abrigo de acordo-quadro – e os 44.912.900,05 euros – para execução de empreitada relativa ao lanço do IP8 entre o Nó de Relvas Verdes e Roncão, pela Infraestruturas de Portugal, através de concurso público.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 22 contratos, dos quais 13 por concurso público, três ao abrigo de acordo-quadro, um através de procedimento de negociação e cinco por ajuste-directo.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados 23 contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: dois do Centro Hospitalar de São João (um com a Novo Nordisk, no valor de 1.990.835,17 euros, e outro com a Roche – Farmacêutica, no valor de 1.621.537,92 euros); APPACDM de Viana do Castelo – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (com a Alfredo Barroso, Lda., no valor de 934.760,26 euros); cinco do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (quatro com a UNISELF – Sociedade de Restaurantes Públicos e Privados, um no valor de 686.822,12 euros, outro no valor de 440.273,78 euros, outro no valor de 294.724,24 euros, e outro no valor de 263.002,18 euros, e outro com a Vertex Pharmaceuticals); três do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (dois com a Marck Sharp Dohme, um no valor de 594.000,00 euros, e outro no valor de 350.138,28 euros, e outro com a Bristol – Myers Squibb, no valor de 270.120,12 euros); Município de Lisboa (com a FC Arquitectura Paisagísitca, no valor de 432.000,00 euros); SOFLUSA – Sociedade Fluvial de Transportes (com a Navaltagus, S.A.; S&C – Gestão de Navios e Tripulações, no valor de 356.000,00 euros); Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (com a Gilead Sciences, no valor de 339.287,52 euros); dois do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (um com a Bayer, no valor de 311.088,00 euros, e outro com a Roche – Farmacêutica, no valor de 240.071,40 euros); Instituto Português de Oncologia de Lisboa (com a Therakos EMEA Limited, no valor de 302.900,85 euros); Unidade Local de Saúde de Santo António (com a PRESTIBEL – Empresa de Segurança, no valor de 276.703,00 euros); Unidade Local de Saúde de São João (com a Cardiolink, S.L., no valor de 186.250,00 euros); Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil (com a Iberlim – Higiene e Sustentabilidade Ambiental, no valor de 178.893,08 euros); Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia (com a  Johnson & Johnson, no valor de 168.000,00 euros); Instituto dos Registos e do Notariado (com a INTEGRATOR – Tecnologias de Informação, no valor de 126.554,00 euros); e o Município de Valongo (com a Ronsegur – Rondas e Segurança, no valor de 109.692,42 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no dia 26 de Fevereiro

    1Execução de empreitada relativa ao lanço do IP8 entre o Nó de Relvas Verdes e Roncão

    Adjudicante: Infraestruturas de Portugal

    Adjudicatário: Domingos da Silva Teixeira, S.A.

    Preço contratual: 44.912.900,05 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    2Aquisição de licenciamento de software e serviços Microsoft

    Adjudicante: Banco de Portugal

    Adjudicatário: Claranet II Solutions

    Preço contratual: 8.000.000,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    3Aquisição de serviços de higiene e limpeza para os ACES de Vila Nova de Gaia e de Espinho/Gaia

    Adjudicante: Município de Vila Nova de Gaia

    Adjudicatário: Sá Limpa – Facility Services

    Preço contratual: 3.000.000,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    4Serviços de implementação e gestão aplicacional

    Adjudicante: REN – Rede Eléctrica Nacional

    Adjudicatário: EIT Serviços Co. Portugal

    Preço contratual: 2.145.797,00 euros

    Tipo de procedimento: Procedimento de negociação


    5Aquisição de medicamentos do foro oncológico e imunomodulares

    Adjudicante: Hospital do Espírito Santo de Évora

    Adjudicatário: Merck

    Preço contratual: 2.145.000,00 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no dia 26 de Fevereiro

    1 Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Centro Hospitalar São João

    Adjudicatário: Novo Nordisk – Comércio de Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 1.990.835,17 euros


    2Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Centro Hospitalar São João,

    Adjudicatário: Roche – Farmacêutica

    Preço contratual: 1.621.537,92 euros


    3Empreitada de adaptação/reabilitação de edifício lar residencial (Valença)

    Adjudicante: APPACDM de Viana do Castelo – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental

    Adjudicatário: Alfredo Barroso, Lda.

    Preço contratual: 934.760,26 euros


    4Prestação de serviços de fornecimento de alimentação – Fevereiro de 2024

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central

    Adjudicatário: UNISELF – Sociedade de Restaurantes Públicos e Privados

    Preço contratual: 686.822,12 euros


    5Fornecimento de medicamentos

    Adjudicante: Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira

    Adjudicatário: Merck Sharp Dohme

    Preço contratual: 594.000,00 euros


    MAP

  • Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 23 a 25 de Fevereiro

    Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 23 a 25 de Fevereiro


    Nos últimos três dias, de sexta-feira até ontem, no Portal Base foram divulgados 1312 contratos públicos, com preços entre os 0,01 euros – para aquisição de sacos de tratamento, pelo Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, através de concurso público – e os 6.592.577,99 euros – para aquisição de serviços de confecção, fornecimento e distribuição de alimentação, pelo Centro Hospitalar do Baixo Vouga, também por concurso público.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 27 contratos, dos quais 12 por concurso público, três ao abrigo de acordo-quadro, dois por contratação excluída II e nove por ajuste-directo.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados 34 contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: SOFLUSA – Sociedade Fluvial de Transportes (com a Petrogal, no valor de 2.379.998,64 euros); 11 do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (um com a Kyowa Kirinfarmacêutica, no valor de 936.570,00 euros, outro com a Octapharma, no valor de 837.900,40 euros, outro com a Takeda – Farmacêuticos, no valor de 825.030,00 euros, outro com a Profarin, no valor de 783.032,71 euros, outro com a Roche – Farmacêutica, no valor de 695.959,38 euros, outro com a Bayer, no valor de 474.762,60 euros, outro com a Novo Nordisk, no valor de 408.286,81 euros, dois com a UNISELF – Sociedade de Restaurantes Públicos e Privados, um no valor de 323.235,10 euros, e outro no valor de 232.416,48 euros, outro com a Alloga Logifarma, no valor de 135.540,00 euros, e outro com a Logista –  Transportes, Transitários e Pharma, no valor de 111.800,05 euros); dois da Unidade Local de Saúde do Algarve (um com a Sanofi, no valor de 806.011,20 euros, e outro com a Alert Life Sciences Computing, no valor de 126.835,33 euros); Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil (com a Daiichi Sankyo Portugal, no valor de 640.000,00 euros); três do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (um com a Advanz Pharma Portugal, no valor de 614.614,28 euros, outro com a Servier Portugal, no valor de 493.593,60 euros, e outro com a Astrazeneca, no valor de 120.651,25 euros); SPMS – Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (com a Link Consulting – Tecnologias de Informação, no valor de 390.000,00 euros); Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia – Espinho (com a CSL Behring, no valor de 275.000,00 euros); Unidade Local de Saúde do Nordeste (com a Konica Minolta Business Solutions, no valor de 249.000,00 euros); Unidade Local de Saúde de Santa Maria (com a Enzifarma, no valor de 240.180,00 euros); dois do Município de Guimarães (um com a Gama Lobo Xavier, Luís Teixeira e Melo e Associados – Sociedade de Advogados, no valor de 237.425,64 euros, e outro com a Spacefvb – Arquitectura e Urbanismo, no valor de 120.000,00 euros); dois do Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora da Luz (um com a Erfolconter, Lda., no valor de 236.440,20 euros, e outro com a EPMF, Lda., no valor de 192.550,67 euros); Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (com a  Lisboa Feiras Congressos e Eventos, no valor de 190.687,13 euros); Ambiolhão – Empresa Municipal de Ambiente de Olhão (com a HYDRAPLAN – Manutenção e Comércio de Veículos, no valor de 150.000,00 euros); Secretaria-Geral do Ambiente e da Ação Climática (com a Master Link – Sistemas de Informação, no valor de 131.470,10 euros); Autoridade Nacional de Comunicações (com a Boldint, S.A., no valor de 124.293,66 euros); Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (com a Janssen Cilag, no valor de 123.524,40 euros); e a Unidade de Saúde da Ilha do Faial (com a Vitalaire S.A., no valor de 116.442,31 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no período de 23 a 25 de Fevereiro

    1Aquisição de serviços de confecção, fornecimento e distribuição de alimentação

    Adjudicante: Centro Hospitalar do Baixo Vouga

    Adjudicatário: Eurest Portugal

    Preço contratual: 6.592.577,99 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    2Contratação de serviço de transporte rodoviário de passageiros na Região do Alto Tâmega

    Adjudicante: Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso

    Adjudicatário: Flaviamobil, Lda.

    Preço contratual: 5.914.093,01 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    3Empreitada denominada Bairro de S. Sebastião – 2ª Fase      

    Adjudicante: Município de Cinfães

    Adjudicatário: O.J.P. – Sociedade de Construções; Construções Pardais – Irmãos Monteiro

    Preço contratual: 4.049.252,68 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    4Aquisição de combustíveis para a frota de navios do Grupo TT

    Adjudicante: SOFLUSA – Sociedade Fluvial de Transportes

    Adjudicatário: Petrogal

    Preço contratual: 2.379.998,64 euros

    Tipo de procedimento: Ajuste directo


    5Aquisição de serviços postais de expedição de correspondência para a SGMAI – 2024 a 2026

    Adjudicante: Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna

    Adjudicatário: CTT – Correios de Portugal

    Preço contratual: 2.203.396,50 euros

    Tipo de procedimento: Contratação excluída II


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no período de 23 a 25 de Fevereiro

    1 Aquisição de combustíveis para a frota de navios do Grupo TT

    Adjudicante: SOFLUSA – Sociedade Fluvial de Transportes

    Adjudicatário: Petrogal

    Preço contratual: 2.379.998,64 euros


    2Aquisição de medicamentos e outros produtos farmacêuticos

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central

    Adjudicatário: Kyowa Kirinfarmacêutica      

    Preço contratual: 936.570,00 euros


    3Aquisição de medicamentos e outros produtos farmacêuticos

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central

    Adjudicatário: OCTAPHARMA – Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 837.900,40 euros


    4Aquisição de medicamentos e outros produtos farmacêuticos

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central

    Adjudicatário: Takeda – Farmacêuticos

    Preço contratual: 825.030,00 euros


    5Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde do Algarve

    Adjudicatário: Sanofi – Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 806.011,20 euros


    MAP

  • Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 22 de Fevereiro

    Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 22 de Fevereiro


    Ontem, dia 22 de Fevereiro, no Portal Base foram divulgados 903 contratos públicos, com preços entre os 3,38 euros – para aquisição de bens, pelo Agrupamento de Escolas Teixeira de Pascoaes, através de ajuste directo – e os 11.000.000,00 euros – para empreitada de execução de conduta adutora, pela Águas de Santo André, através de concurso público.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 12 contratos, dos quais seis por concurso público e dois ao abrigo de acordo-quadro e quatro por ajuste-directo.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados 12 contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (com a Sanofi, no valor de 2.150.212,92 euros); Centro Hospitalar de São João (com a Kyowa Kirinfarmacêutica, no valor de 942.594,00 euros); Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (com a Werfen Portugal, no valor de 527.555,00 euros); SOFLUSA – Sociedade Fluvial de Transportes (com a Petrogal, no valor de 522.309,70 euros); Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (com a NOVA EXPRESSÃO – Planeamento de Meios e Publicidade., no valor de 434.000,00 euros); Município de Aveiro (com a Galp – Urbanismo, Arquitectura e Engenharia, no valor de 365.000,00 euros); dois do Unidade Local de Saúde de São João (um com a Daiichi Sankyo, no valor de 342.400,00 euros, e outro com a Profarin, no valor de 262.258,26 euros); dois do Centro Hospitalar de Leiria (um com a Sandoz Farmacêutica, no valor de 170.400,00 euros, e outro com a Pharmakern Portugal, no valor de 136.000,00 euros); Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (com a Figueiraeates, Lda.., no valor de 156.000,00 euros); e o Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia (com a Pharmakern Portugal, no valor de 136.000,00 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no dia 22 de Fevereiro

    1Empreitada de execução de conduta adutora

    Adjudicante: Águas de Santo André

    Adjudicatário: FCC Construcción, S.A.

    Preço contratual: 11.000.000,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    2Fornecimento de electricidade para Portugal Continental

    Adjudicante: Município de Loures

    Adjudicatário: Endesa Energia

    Preço contratual: 6.288.212,91 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 259º)


    3Conclusão da reforma da saúde mental e implementação da estratégia para a demência, e requalificação das instalações dos serviços de saúde mental existentes

    Ajudicante: Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano

    Adjudicatário: Politermica – Engenharia

    Preço contratual: 2.181.834,72 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    4Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil

    Adjudicatário: Sanofi – Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 2.150.212,92 euros

    Tipo de procedimento: Ajuste directo


    5Fornecimento, instalação e manutenção de central doseadora e respectivos detergentes e aditivos

    Adjudicante: Serviço de Utilização Comum dos Hospitais

    Adjudicatário: Christeyns Portugal

    Preço contratual: 1.255.069,58 euros

    Tipo de procedimento: Ao abrigo de acordo-quadro (artº 258º)


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no dia 22 de Fevereiro

    1 Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil

    Adjudicatário: Sanofi – Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 2.150.212,92 euros


    2Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Centro Hospitalar São João

    Adjudicatário: Kyowa Kirinfarmacêutica

    Preço contratual: 942.594,00 euros


    3Aquisição de reagentes

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte

    Adjudicatário: Werfen Portugal

    Preço contratual: 527.555,00 euros


    4Aquisição de combustível

    Adjudicante: SOFLUSA – Sociedade Fluvial de Transportes

    Adjudicatário: Petrogal

    Preço contratual: 522.309,70 euros


    5Aquisição de serviços de compra e gestão de espaços de media para a Eleição da Assembleia da República – 2024

    Adjudicante: Secretaria-Geral do MAI

    Adjudicatário: NOVA EXPRESSÃO – Planeamento de Meios e Publicidade

    Preço contratual: 434.000,00 euros


    MAP

  • 25 de Abril em Gaia: a ‘liberdade’ para dar 220 mil euros a escultor amigo

    25 de Abril em Gaia: a ‘liberdade’ para dar 220 mil euros a escultor amigo

    O município socialista de Vila Nova de Gaia contratou, sem concurso público ou de ideias, por simples despacho do seu presidente, o escultor Paulo Neves para fazer esculturas e medalhas para homenagear a Revolução dos Cravos. Preço final: 220 mil euros. A lei até permite encomendas directas a artistas apreciados por autarcas, mas o bom senso e a promoção da diversidade artística deveriam impedir encomendas sem concorrência, sobretudo se se quer comemorar a Liberdade e a Igualdade supostamente ‘conquistadas’ pela Revolução dos Cravos. Para o escultor beneficiado, esta é apenas mais um das muitas encomendas públicas directas que tem recebido através da sua empresa unipessoal, a Queres Malmequeres. O valor dos 16 ajustes directos que surgem no Portal Base já ultrapassa os 900 mil euros, provenientes sobretudo de municípios dos distritos de Aveiro (de onde é natural) e do Porto.


    Nada melhor do que as comemorações do 25 de Abril para recordar os princípios democráticos da liberdade e da igualdade de oportunidades. E sobretudo se for sob a forma de algo perene. Por exemplo, uma escultura.

    Se estes aspectos estiveram ou não presentes na decisão, ignora-se, porque a autarquia de Vila Nova de Gaia não deu quaisquer esclarecimentos, mas sabe-se que o município liderado pelo socialista Vítor Eduardo Rodrigues se sentiu na liberdade para entregar de ‘mão beijada’, sem conceder oportunidade a qualquer outro artista, 220 mil euros ao escultor Paulo Neves para se homenagear, em medalhas e peças escultórias, a data simbólica da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

    Paulo Neves trabalha sobretudo em madeira e pedra.

    Natural de Cucujães, no município de Oliveira de Azeméis, o escultor Paulo Neves tem sido presença habitual em exposições e iniciativas do município de Gaia ao longo dos anos, acabando por ser mesmo um dos artistas homenageados na IV Bienal de Arte de Gaia em 2021 dedicada ao tema “Coronavírus não destrói a criatividade – Reações e Consequências”.

    De acordo com o contrato celebrado na passada sexta-feira, após um simples despacho de 30 de Janeiro de Vítor Eduardo Rodrigues, entre o municípios de Gaia e Paulo Neves – como gerente da empresa unipessoal Queres Malmequeres Escultor – ficou estabelecido o pagamento de 220 mil euros, acrescido de IVA a 6%, para a “aquisição de obras de arte no âmbito das Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril”, com prazo de execução de um mês e meio. Apesar de se fazer referência no contrato que a proposta do escultor e o caderno de encargos o integram, não se vislumbra tais documentos no Portal Base.

    Contactado pelo PÁGINA UM, o escultor Paulo Neves diz que “a obra adjudicada consiste no fornecimento de um monumento alusivo às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e [a] 5000 medalhas também alusivas a esse a momento”, referindo que “o convite veio da parte do Município de Gaia, que dentro do tema pretendido” lhe concedeu “total liberdade de criação, aprovando de imediato a primeira proposta apresentada”.

    Através de um simples despacho, Eduardo Vítor Rodrigues assumiu a liberdade de entregar 220 mil euros por ajuste directo a um escultor para se homenagear uma data simbólica da Liberdade e da Igualdade.

    Questionado sobre se tem apenas recebido adjudicações por convite – ou seja, sem ter o incómodo de competir com as ideias e propostas de outros artistas –, Paulo Neves diz que nem sempre tem sido assim. “Nem sempre as obras são por convite”, assegura o escultor, acrescentando que “quando a instituição pretende uma obra de certo e determinado artista procede ao convite, nem poderia ser de outra forma”, mas que, “noutras circunstâncias, é por resposta a concurso público, como por exemplo o foi para a Câmara Municipal de Grândola, para a criação de uma obra de arte pública alusiva ao operário corticeiro”, com contrato de 2017.

    Em todo o caso, esta escultura, inaugurada em 2021, e que custou menos de 10 mil euros, foi um caso excepcional na relação profícua de Paulo Neves com autarquias sobretudo do Norte e Centro do país. Apesar de este contrato com o município de Gaia ser o mais chorudo, o escultor conseguiu arrecadar 180 mil euros à autarquia de Aveiro para ‘arcanjos em pedras’ para duas rotundas naquela cidade. Sem concorrência.

    Nos últimos três anos, além dessa intervenção em ‘arte pública de rotundas’, o escultor da Queres Malmequeres ainda prestou mais serviços a cinco municípios, sempre por ajuste directo. Em Dezembro de 2021 vendeu uma peça escultória ao município de Gaia intitulada “o aconchego e o caminho do vinho do Porto”, ‘aconchegando-se’ a 40 mil euros.

    Presépio concedido por Paulo Neves para o Santuário de Fátima.

    Por cerca de 24 mil euros, Paulo Neves conseguiu no mesmo mês vender mais umas quantas peças em madeira da Amazónia para o Museu da Memória de Matosinhos. No mês anterior vendeu por 7.000 euros esculturas alusivas aos 35 anos da Escola Básica e Secundária Dr. Ferreira da Silva e aos 20 anos da Escola Básica Comendador Ângelo Azevedo, no seu concelho-natal.

    No ano passado, para o município de Águeda também conseguiu, por ajuste directo e sem sequer contrato escrito, ‘sacar’ mais 45.000 euros para um monumento de homenagem aos militares mortos na Guerra do Ultramar. Este ajuste directo teve a particularidade de ser celebrado no dia 20 de Abril de 2023, mas estar ‘prontinho’ para ser inaugurado cinco dias depois.

    Por fim, em Setembro do ano passado, Paulo Neves foi ‘agraciado’ pelo seu próprio município, Oliveira de Azeméis, com uma encomenda de ‘mão beijadas’ de 70 mil euros para um monumento de homenagem ao calçado, sendo, neste caso, explicitado no contrato do que se trata: “maquetização, execução e colocação de 1 (uma) escultura, com 2 peças escultórias representativas de um par de chancas, cada um, composta por 3 blocos de mármore de Estremoz, com medidas variáveis entre 200 cm e os 600 cm”. A obra será inaugurada em Setembro deste ano.

    Formalmente, em cinco dias o escultor Paulo Neves conseguiu no ano passado conceber a obra de homenagem aos militares falecidos na Guerra do Ultramar originários de Águeda.

    Consultando o Portal Base, o escultor Paulo Neves já amealhou 16 contratos, que surgindo todos como sendo ajustes directos, totalizando 912.238,87 euros, sem IVA. Destes, 12 são encomendas de entidades públicas, quase sempre municípios, dos distritos de Aveiro e Porto.

    No entanto, saliente-se também que Paulo Neves tem vindo a ser requisitado por outras entidades nacionais e estrangeiras, sendo reconhecido pelos seus trabalhos ‘esguias’ em pedra e madeira, destacando-se um singular presépio encomendado em 2017 pelo Santuário de Fátima.


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  • Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 21 de Fevereiro

    Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 21 de Fevereiro


    Ontem, dia 21 de Fevereiro, no Portal Base foram divulgados 759 contratos públicos, com preços entre os 8,00 euros – para aquisição de bens, pelo Agrupamento de Escolas Teixeira de Pascoaes, através de ajuste directo – e os 29.523.182,59 euros – para fornecimento e manutenção de veículos BRT (Bus Rapid Transit), projectos e infraestruturas de produção de hidrogénio verde e de energia eléctrica de fonte renovável, pelo Metro do Porto, através de concurso público.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 11 contratos, dos quais nove por concurso público e dois ao abrigo de acordo-quadro.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados oito contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: Município do Peso da Régua (com a Monteiro & Irmão S.A., no valor de 445.762,80 euros); Direção-Geral da Política de Justiça (com a InovaPrime – Serviços em Tecnologias de Informação, no valor de 225.800,00 euros); Unidade Local de Saúde da Guarda (com a Sanofi, no valor de 186.663,76 euros); Secretaria Regional das Finanças (com a Oxera Consulting LLP, no valor de 180.000,00euros); Município de Grândola (com a Silhuetas Difusas, Lda., no valor de 145.000,00 euros); Unidade Local de Saúde do Algarve (com a Accord Healthcare, no valor de 110.160,00 euros); Instituto Português do Mar e da Atmosfera (com a Galp Energia, no valor de 106.798,50 euros); e a Unidade Local de Saúde de Santa Maria (com a Biotronik Portugal., no valor de 105.419,40 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no dia 21 de Fevereiro

    1Fornecimento e manutenção de veículos BRT (Bus Rapid Transit), projectos e infraestruturas de produção de hidrogénio verde e de energia eléctrica de fonte renovável

    Adjudicante: Metro do Porto, S. A.

    Adjudicatário: PRF – Gás, Tecnologia e Construção; BrightCity, S.A.; CAETANOBUS – Fabricação de Carroçarias; Dourogás Natural – Medição e Exploração de Sistemas; DST Solar, S.A.

    Preço contratual: 29.523.182,59 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    2Construção de edifício destinado a Creche, Jardim de Infância, Estabelecimento Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), e Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário (SAD)

    Adjudicante: Socialeloos – Associação Social de Fradelos

    Adjudicatário: Famaconcret, Lda

    Preço contratual: 4.141.394,62 euros

    Tipo de procedimento: Concurso limitado por prévia qualificação


    3Fornecimento de combustíveis rodoviários

    Adjudicante: AGERE- Empresa de Águas Efluentes e Resíduos de Braga

    Adjudicatário: B2 Mobility, GMBH

    Preço contratual: 2.334.975,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    4Empreitada de “Alteração e Ampliação de Edifício – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI)”

    Adjudicante: Santa Casa da Misericórdia de Arouca

    Adjudicatário: RUCE – Construção e Engenharia

    Preço contratual: 1.848.451,51 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    5Aquisição de material de Osteossíntese

    Adjudicante: Centro Hospitalar do Oeste

    Adjudicatário: Johnson & Johnson

    Preço contratual: 1.509.965,22 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no dia 21 de Fevereiro

    1 Reabilitação de pavimentos em betuminoso em Vila Seca

    Adjudicante: Município do Peso da Régua

    Adjudicatário: Monteiro & Irmão, S.A.

    Preço contratual: 445.762,80 euros


    2Aquisição de software e respectiva instalação

    Adjudicante: Direcção-Geral da Política de Justiça

    Adjudicatário: InovaPrime – Serviços em Tecnologias de Informação

    Preço contratual: 225.800,00 euros


    3Aquisição de medicamentos      

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde da Guarda

    Adjudicatário: Sanofi – Produtos Farmacêuticos

    Preço contratual: 186.663,76 euros


    4Assessoria técnica e económica para negociações com a Comissão Europeia, tendo em vista a definição de um novo regime para o Centro Internacional de Negócios da Madeira

    Adjudicante: Secretaria Regional das Finanças

    Adjudicatário: Oxera Consultiong, LPP

    Preço contratual: 180.000,00 euros


    5Concepção, planeamento, realização e instalação de obra artística nas freguesias do Concelho

    Ajudicante: Município de Grândola

    Adjudicatário: Silhuetas Difusas, Lda.

    Preço contratual: 145.000,00 euros


    MAP

  • Hospital de Braga escondeu 1.354 ajustes directos de 47 milhões de euros por mais de dois anos. Em muitos nem se sabe o que se comprou

    Hospital de Braga escondeu 1.354 ajustes directos de 47 milhões de euros por mais de dois anos. Em muitos nem se sabe o que se comprou

    Não se encontra nenhuma entidade pública com similar comportamento, nem de longe: a administração do Hospital de Braga ‘borrifou-se’ nos prazos para registo no Portal Base de quase dois mil contratos, dos quais cerca de 1.400 estiveram mais de dois anos (e por vezes mais de três anos) a aguardar a sua publicação. Praticamente todos os contratos em atraso são ajustes directos (a empresa escolhidas a dedo), numa parte substancial nem sequer há um contrato escrito, e noutros nem sequer se sabe aquilo que foi adquirido e se foi efectivamente recepcionado. Para ‘recuperar o atraso’, os serviços administrativos fizeram trabalho extraordinários em 2023: por exemplo, em apenas um mês (Maio) foram inseridos no Portal Base cerca de um milhar de registos respeitantes a ajustes directos celebrados em 2020 e 2021. Uma enxurrada atrasada para dificultar a detecção de compras suspeitas. A administração do hospital, integrada na nova Unidade Local de Saúde do Alto Minho, e que é presidido por João Porfírio de Oliveira, diz estar tudo bem, alegando que “nenhuma entidade veio colocar em causa a legalidade dos atos de autorização e pagamento da despesa pública dos procedimentos contratuais em causa”. Pudera: na altura em que o Tribunal de Contas elaborou relatórios sobre compras em unidades de saúde em 2020 e 2021, o Hospital de Braga não tinha ainda quase nada metido no Portal Base.


    A administração do Hospital de Braga, presidida por João Porfírio de Oliveira – que entretanto passou a liderar a nova Unidade Local de Saúde do Alto Minho – escondeu durante mais de dois anos para cima de um milhar de contratos por ajuste directo celebrados durante os anos de 2020 e 2021. Estes contratos por ajuste directo envolvem, no total, mais de 47 milhões de euros, não incluindo IVA, e violam todas as regras de transparência impostas pelo Código dos Contratos Público, que, por princípio, impõem a divulgação no prazo de 20 dias úteis a partir da decisão da compra de bens ou aquisição de serviços.

    De acordo com um exaustivo levantamento do PÁGINA UM à plataforma de contratação pública, o Portal Base, o Hospital de Braga somente no ano passado divulgou informação sobre 425 ajustes directos para a compra de bens e aquisição de serviços concretizadas em 2020, num total de 20.064.978 euros, e sobre 929 ajustes directos feitos em 2021, envolvendo um total de 27,1 milhões de euros. Também se encontram mais 600 ajustes directos celebrados em 2022 cujos prazos de divulgação no Portal Base foram largamente ultrapassados, e que totalizam 12,1 milhões de euros.

     Não se encontra nenhuma outra entidade pública em Portugal com este tipo de comportamento, ou seja, com violações sistemáticas nos prazos de divulgação, sobretudo tendo em conta serem ajustes directos. Em muitos casos, mesmo em contratos muito significativos, nem sequer existe contrato escrito, aproveitando um regime de excepção no decurso da pandemia. Deste modo, nem sequer se sabe ao certo, em variadíssimos casos, que tipo de bens ou produtos e quantidades foram efectivamente adquridas e entregues.

    O caso paradigmático é o ajuste directo de quase 2,6 milhões de euros celebrado em 16 de Julho de 2020 com a Merck Sharp & Dohme, cuja divulgação no Portal Base apenas ocorreu 4 de Maio de 2023, ou seja, mais de 33 meses depois. Apesar do montante elevado, a única informação é ter-se tratado de “aquisição de medicamentos exclusivos”, que nem sequer são identificados e muito menos as quantidades. A administração justificou a ausência de contrato escrito com o facto de o fornecimento se fazer de imediato – em prazo inferior a 20 dias –, de a relação contratual se extinguir com o fornecimento e o contrato não estar sujeito a fiscalização prévia do Tribunal de Contas.

    Mas não se diga que esta prática – que constitui uma excepção ao princípio da transparência – seja uma prática comum. Pelo contrário, os ajustes directos para a compra de medicamentos em montantes acima de um milhão de euros são raros, sendo mais habitual que se enquadrem em acordos-quadro envolvendo várias unidades hospitalares (e até, por vezes, diversos medicamentos fornecidos por distintas farmacêuticas), em que, mesmo podendo não haver contrato, existem peças de procedimentos que mostram informação sobre os fármacos adquiridos.

    Número de contratos por procedimento inseridos no Portal Base em 2023 por ano da sua celebração. Fonte: Portal Base. Análise: PÁGINA UM.

    Também muito estranho é o ajuste directo celebrado com a Pfizer em 29 de Julho de 2020 para a aquisição de infliximab, para tratamento de doença de Crohn e colite ulcerosa. Note-se que, neste caso, este fármaco nem sequer é exclusivo da Pfizer, sendo também comercializado, por exemplo, pela Janssen e pela Merck Sharpe & Dohme. Este ajuste directo foi apenas divulgado no Portal Base em 9 de Maio de 2023, ou seja, quase três anos depois, sem qualquer contrato escrito, mesmo estando em causa uma aquisição de quase 1,3 milhões de euros deste medicamento.

    Mais uma vez, para além do enorme atraso na divulgação da informação na plataforma da contratação, aquilo que ressalta é a justificação para a ausência de contrato escrito onde fique claro a quantidade adquirida e o preço unitário. A administração presidida por João Porfírio de Oliveira usa, também neste caso, o curto prazo de entrega (apenas três), mas essa rapidez é estranha face a contratos similares para este mesmo medicamento.

    De acordo com a análise do PÁGINA UM aos 21 contratos deste medicamento acima de meio milhão de euros feitos pelas diferentes unidades de saúde do SNS, todos tiveram prazos de execução (entrega final) superior a 200 dias, pelo que a generalidade teve de possuir contrato com indicação do preço unitário e quantidades adquiridas. Aliás, mesmo um novo contrato do Hospital de Braga de compra do mesmo infliximab realizado em 12 de Abril de 2021 – pouco mais de oito meses depois da anterior compra – teve um prazo de entrega de 365 dias. E, claro, por esse motivo teve contrato escrito, embora a administração do Hospital de Braga omita, na informação disponibilizada, a quantidade e preços unitários.

    Montante total (em euros) dos contratos por procedimento inseridos no Portal Base em 2023 por ano da sua celebração. Fonte: Portal Base. Análise: PÁGINA UM.

    Para adensar as fortes suspeitas da primeira compra (de Julho de 2020), acrescente-se que, em apenas dois anos (2020 e 2021), o Hospital de Braga terá gastado cerca de 2,3 milhões de euros, mas no período similar posterior, em 2022 e 2023, as diversas compras do mesmo fármaco não ultrapassaram, no conjunto, meio milhão de euros. Neste último período, o maior contrato ocorreu em 11 de Maio, ao abrigo de um acordo-quadro, por um valor de cerca de 211 mil euros e um prazo de execução de 245 dias. Por ser um contrato público de aprovisionamento, não foi reduzido a escrito, mas existem peças procedimentais com a lista de medicamentos e os preços unitários. E mais: se no contrato de Julho de 2020, no valor de 1,3 milhões de euros, o Hospital de Braga demorou quase três anos a registar a informação no Portal Base, neste contrato de Maio de 2023 só necessitou de 14 dias.

    Mas se uma grande parte dos ajustes directos dos anos de 2020 e 2021 estranhamente ‘esquecidos’ nos serviços administrativos do Hospital de Braga são relativos a medicamento, existem muitos que abrangem outra tipologia de bens ou serviços. No entanto, mesmo em contratos avultados, mantém o crónico problema: nem sempre se sabe do que se trata nem sequer imaginar questões relevantes como a formação do preço. Um exemplo escandaloso passa-se com o ajuste directo no valor de 735 mil euros com a PH Energia, uma empresa de comercialização de energia.

    Celebrado em 8 de Abril de 2021, com um prazo de execução de apenas cinco dias – o que dá um custo médio de 147 mil euros por dia – não foi alvo de contrato escrito, por alegados (e não justificados) “motivos de urgência imperiosa resultante de acontecimentos imprevisíveis” pelo Hospital de Braga. Na descrição do contrato no Portal Base surge a seguinte uma obtusa descrição: “Aquisição de PH Energia, Lda”. Resta acrescentar que, embora este contrato tenha tido data de 8 de Abril de 2021 somente foi inscrito no Portal Base em 16 de Maio de 2023, ou seja, 25 meses depois.

    João Porfírio Oliveira, foi presidente do Conselho de Administração do Hospital de Braga desde a sua passagem para a esfera pública em 2019, e pelos seus (bons) serviços foi alcandorado a presidente da recém-criada Unidade Local de Saúde do Alto Minho.

    Um grupo de contratos sem sequer serem reduzidos a escrito, e também com atrasos completamente anormais e à margem da lei – porque basta saber ler o Código dos Contratos Públicos para aferir a ilegalidade em prazos legais –, diz respeito a compras de bens e equipamentos relacionados com a pandemia. Neste lote destacam-se 12 ajustes directos com valores acima de 250 mil euros, a saber:

    1 – Aquisição de 300.000 testes no valor de 573.900 euros à empresa Alfagene, entregue com um prazo de cinco dias, que foi celebrado em 6 de Agosto de 2020 e conhecido no Portal Base apenas em 23 de Janeiro de 2023. Ou seja, mais de 29 meses depois.

    2 – Aquisição de um número indeterminado de máscaras no valor de 477.500 euros à empresa Colunex (que comercializa colchões ortopédicos), com um prazo de execução de três dias, que foi celebrado em 26 de Março de 2020 e conhecido no Portal Base apenas em 10 de Maio de 2023. Ou seja, mais de 37 meses depois. Este contrato não foi, obviamente, ‘apanhado’ pelo PÁGINA UM quando em 6 de Novembro de 2022 abordou os estranhos contratos da Colunex para fornecimento de equipamentos de protecção individual a preços especulativos, não sendo esse o seu core business. Na altura dessa notícia, o Hospital de Braga ainda tinha o contrato com a Colunex de 477.500 euros ‘sequestrado’, no segredo dos deuses.

    3 – Aquisição de um número indeterminado de kits de testes no valor de 426.762 euros à empresa Alfagene, com um prazo de execução de cinco dias, que foi celebrado em 15 de Janeiro de 2021 e conhecido no Portal Base apenas em 5 de Maio de 2023. Ou seja, mais de 27 meses depois.

    4 – Aquisição de um número indeterminado de kits de testes no valor de 426.762 euros também à empresa Alfagene, com um prazo de execução de 365 dias, que foi celebrado em 12 de Maio de 2021 e conhecido no Portal Base apenas em 26 de Maio de 2023. Ou seja, 24 meses depois.

    5 – Aquisição de um número indeterminado de kits de testes no valor de 426.762 euros ainda à empresa Alfagene, com um prazo de execução de 365 dias, que foi celebrado em 22 de Julho de 2021 e conhecido no Portal Base apenas em 2 de Junho de 2023. Ou seja, mais de 22 meses depois.

    person in blue jacket holding white textile

    6 – Aquisição de 200.000 máscaras no valor de 414.000 euros também à empresa Colunex (que comercializa colchões ortopédicos), com um prazo de execução de oito dias, que foi celebrado em 4 de Junho de 2020 e conhecido no Portal Base apenas em 18 de Janeiro de 2023. Ou seja, mais de 31 meses depois. Também este contrato não podia ter sido detectado pela notícia do PÁGINA UM de 6 de Novembro de 2022 sobre os negócios da Colunex durante a pandemia.

    7 – Aquisição de um número indeterminado de kits de testes no valor de 344.485 euros ainda à empresa Alfagene, com um prazo de execução de cinco dias, que foi celebrado em 25 de Novembro de 2021 e conhecido no Portal Base apenas em 21 de Julho de 2023. Ou seja, quase 20 meses depois.

    8 – Aquisição de 3.000.000 de luvas de nitrilo no valor de 330.000 euros à empresa Interhigiene, com um prazo de execução de 30 dias, que foi celebrado em 15 de Outubro de 2020 e conhecido no Portal Base apenas em 24 de Janeiro de 2023. Ou seja, 27 meses depois.

    9 – Aquisição de 300.000 batas impermeáveis no valor de 297.000 euros à empresa Medline, com um prazo de execução de 10 dias, que foi celebrado em 1 de Outubro de 2020 e conhecido no Portal Base apenas em 24 de Janeiro de 2023. Ou seja, mais de 27 meses depois.

    10 – Aquisição de batas impermeáveis em número indeterminado no valor de 286.000 euros à empresa PTTEX, com um prazo de execução de 10 dias, que foi celebrado em 15 de Outubro de 2020 e conhecido no Portal Base apenas em 24 de Janeiro de 2023. Ou seja, também 27 meses depois.

    11 – Aquisição de equipamento não determinado no valor de 279.308 euros à empresa Clinifar, com um prazo de execução de 31 dias, que foi celebrado em 2 de Abril de 2020 e conhecido no Portal Base apenas em 10 de Maio de 2023. Ou seja, 37 meses depois.

    12 – Aquisição de 10 ventiladores no valor de 277.182 euros à empresa Teprel, com um prazo de execução de um dia, que foi celebrado em 2 de Abril de 2020 e conhecido no Portal Base apenas em 10 de Maio de 2023. Ou seja, também 37 meses depois.

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    Mas esta é apenas o lote dos maiores ajustes directos associados a equipamentos associados à covid-19, porque as compras de urgência durante a pandemia serviram de pretexto excelente para ajustes directos a torto e a direitos, sem controlo de quantidades e de preços unitários. E por vezes sem sequer se perceber ao certo aquilo que foi adquirido.

    Se se considerar a totalidade dos ajustes directos, de qualquer tipologia, celebrados em 2020 e 2021, mas apenas disponibilizados no Portal Base em 2023, contabilizam-se um com valor superior a 2,5 milhões de euros (beneficiando a Merck Sharpe & Dohme), um outro acima de um milhão de euros (beneficiando a Pfizer), quatro entre 500 mil e um milhão de euros (beneficiando a PH Energia, a Janssen, a Roche e a Alfagene), mais 23 entre 250 mil e 500 mil euros (sendo que quatro beneficiaram a Alfagene), e mais 71 com valor entre 100 mil e 250 mil euros.

    No total são 100 os contratos do Hospital de Braga acima de 100 mil euros celebrados em 2020 e 2021, mas com divulgação a ver a ‘luz do dia’ apenas ao longo do ano de 2023. Para se aquilatar da dimensão e gravidade deste comportamento da administração do Hospital de Braga, o PÁGINA UM analisou todos os contratos nas mesmas condições, tendo contabilizado um total de 327 contratos, envolvendo 79 entidades públicas. A centena de contratos do Hospital de Braga representam 31% do total, ou seja, praticamente um em cada três contratos acima de 100 mil euros com atrasos de divulgação da ordem dos dois ou mais anos são desta unidade hospitalar do Norte.

    Embora existam outros hospitais com contratos estranhamente esquecidos, o Hospital de Braga destaca-se a grande distância dos outros. A segunda unidade de saúde com mais contratos de 2020 e 2021 acima de 100 mil euros apenas divulgados em 2023 é o Centro Hospitalar do Algarve, que conta 33. Segue-se o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, com 27, e o IPO de Lisboa com 21. Mesmo centros hospitalares de maior dimensão similar ou superior ao de Braga estiveram longe daquele nível de comprometedor atraso. Por exemplo, o de Lisboa Central, que agrega o Hospital de São José, tem cinco contratos nas condições descritas, mas aí o grau de gravidade é reduzido, porque foram todos celebrados no decurso de concursos públicos. Ora, no caso do Hospital de Braga, dos 100 contratos em causa, 99 foram por ajuste directo.

    Exemplo de um contrato ‘obscuro’ do Hospital de Braga: um ajuste directo de 735 mil euros sem contrato escrito por alegada “urgência imperiosa”, executado em apenas cinco dias, e que tem a singela descrição de “Aquisição de PH Energia, Lda.”. O contrato tem data de 8 de Abril de 2021 mas o registo no Portal Base somente foi inserido em 16 de Maio de 2023.

    O modus operandi do Hospital de Braga para ‘resolver’ os atrasos colossais – e ‘esconder’ literalmente ajustes directos muito suspeitos – foi semelhante à táctica de fazer passar um elefante cor-de-rosa desapercebido pelo meio de uma cidade: entre uma manada de elefantes castanho.

    Com efeito, salvaguardando a analogia literária, o Hospital de Braga introduziu a informação dos contratos por ajuste directo de 2020 e 2021, com atrasos impressionantes, ao longo de 2023 por fluxos. Assim, dos 138 contratos introduzidos no Portal Base (e divulgados publicamente) em Janeiro de 2023,  apenas dois eram desse ano, sendo que 129 tinham sido celebrados em 2020, um em 2021 e seis em 2022.

    Nos meses de Fevereiro, Março e Abril de 2023, o Hospital de Braga somente deu a conhecer, no Portal Base, um total de 22 contratos. Todos tinham sido celebrados nos primeiros meses desse ano.

    E a seguir, houve certamente horas extraordinárias nos serviços administrativos. No mês de Maio de 2023, o Hospital de Braga introduziu no Portal Base um impressionante número de contratos: 1.134, dos quais 296 referentes ao ano de 2020 e mais 664 referentes ao ano de 2021.

    Foi, aliás, no seguimento desta ‘leva’ que o PÁGINA UM detectou aquilo que, na verdade, era apenas a ponta do icebergue, quando se noticiou, em 12 de Junho de 2023, que o “Hospital de Braga demorou mais de dois anos, e por vezes até mais de três anos, a disponibilizar pelo menos 32 contratos no Portal Base relacionadas com aquisições de equipamentos de protecção individual e materiais relacionados com a pandemia”. Visto está, a realidade mostrou que a situação era muito pior.

    Não chegou, contudo, o mês de Maio de 2023 – com a introdução de 1.134 contratos no Portal Base – para rectificar tudo. Em Junho desse ano ainda foram metido na plataforma da contratação pública mais 205 atrasados contratos celebrados em 2021 e ainda mais 143 contratos de 2022, que também estavam em violação do Código dos Contratos Públicos.

    Divulgação dos contratos no Portal Base pelo Hospital de Braga ao longo dos meses de 2023 em função dos anos em que foram celebrados (2020, 2021, 2022 e 2023). Fonte: Portal Base. Análise: PÁGINA UM.

    Mesmo em Julho e Agosto, em pleno período de férias, a ordem foi para repor os atrasos. No primeiro destes meses foram ainda metidos no Portal Base 74 contratos de 2021 e mais 153 contratos celebrados em 2022, também todos com atraso. No segundo destes meses inseriram-se então o último contrato de 2021 em falta e mais 238 contratos do ano de 2022, também em violação das normas do Código dos Contratos Públicos. Somente em Setembro de 2023 o Hospital acabou a empreitada de ‘enfiar elefantes cor-de-rosa’ no Portal Base, incluindo os restantes 55 contratos de 2022 que ainda estavam em atraso.

    O PÁGINA UM contactou a administração do Hospital de Braga sobre estas matérias em meados do mês passado, começando por receber, como resposta, que deveria ser considerada uma resposta alegadamente enviada ao PÁGINA UM no Verão passado. Reiterando que existiam novos elementos a necessitar de esclarecimentos e comentários, a administração do Hospital de Braga acabou por responder.

    Oficialmente, o Hospital de Braga salienta que a sua passagem para a esfera pública, em Maio de 2019, com o fim da parceria público-privada, “não o sujeitou às limitações constantes do Código dos Contratos Públicos por um ano”, acrescentando que um diploma (Decreto-Lei nº 10-A/2020) – logo no início da pandemia, que permitiu uma simplificação das compras – “tornou viável a discussão quanto à suspensão daquele prazo inicialmente concedido”.

    Saliente-se, contudo, que aquilo que está sobretudo em causa nem sequer o tipo de procedimento escolhido, mesmo se o Hospital de Braga mostre ser adepto incondicional dos ajustes directos, mas sim a determinação daquilo que foi verdadeiramente adquirido (quase impossível de saber sem contrato escrito) e sobretudo a divulgação da informação pública no Portal Base, que não é uma questão de somenos.

    a person walking up some steps in front of a building

    Por outro lado, ressalve-se que diploma de simplificação das compras durante a pandemia, se permitiram contratos por ajustes directo sem limite, não eliminaram a obrigatoriedade de divulgação no Portal Base. Com efeito, no artigo 2º desse diploma salienta-se expressamente que “as adjudicações feitas ao abrigo do presente regime excecional são comunicadas pelas entidades adjudicantes aos membros do Governo responsáveis pela área das finanças e pela respetiva área setorial e publicitadas no portal dos contratos públicos [Portal Base], garantindo o cumprimento dos princípios da publicidade e transparência da contratação”.

    Ou seja, claramente o Hospital de Braga estava e sabia estar em falta, até porque não se encontra, nem de longe, nenhuma outra entidade pública com este grau de violação de prazos.

    Em todo o caso, a administração do Hospital de Braga menospreza a gravidade da situação, dizendo que “a não publicitação dos contratos no Portal Base […], não afeta a validade do procedimento de concurso público, pelo que, caso fosse vontade […] em ocultar, omitir ou deturpar informação, não teria encetado as diligências necessárias à publicitação dos contratos”.

    Esta, diga-se, é uma afirmação capciosa, porque, com os escandalosos atrasos em mais de um milhar de contratos, abrangendo mais de 47 milhões de euros, o Hospital de Braga passou pelo crivo da generalidade dos relatórios do Tribunal de Contas, designadamente daqueles que incidiram nos anos da pandemia, uma vez que esta entidade se socorre, em grande parte, aos contratos que se encontram no Portal Base.

    Um exemplo flagrante disso observa-se no quarto relatório de acompanhamento dos contratos isentos de fiscalização prévia por causa da pandemia, publicado em Julho de 2022: enquanto o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (que integra o Hospital de Santa Maria) surge referido por 49 vezes e está em primeiro lugar do top 25 dos adjudicantes, o Hospital de Braga (que é uma unidade de grandes dimensões) é apenas referido uma singela vez quando surge numa tabela que o coloca apenas no lugar 46 do top 100 dos adjudicantes. E isto sucede por uma razão simples: à data, ao contrário das outras unidades de saúde, o Hospital de Braga escondia os contratos.

    person walking on hallway in blue scrub suit near incubator

    A administração do Hospital de Braga ainda acrescentou ao PÁGINA UM que “os contratos ora publicitados contém toda a informação necessária a permitir concluir pelo cumprimento dos princípios da transparência e da publicidade, conquanto foram assegurados os princípios gerais inerentes à contratação pública, não tendo sido afetada a concorrência e a prossecução do interesse público, nem violado o dever de imparcialidade”. Uma afirmação que não encontra sustento nos exemplos acima apontados pelo PÁGINA UM, e que somente por economia de tempo não se acrescentaram mais.

    E, por fim, a administração do Hospital de Braga acrescenta também que, até agora, “nenhuma entidade [com atribuições legais, depreende-se] veio colocar em causa a legalidade dos atos de autorização e pagamento da despesa pública dos procedimentos contratuais em causa”. Essa afirmação, convenhamos, é verdadeira, razão pela qual o PÁGINA UM vai endereçar todos os elementos recolhidos nesta investigação ao Tribunal de Contas, ficando depois a aguardar a sua reacção.

    N.D. 03h00 de 21/02/2024 – Feitos diversos acrescentos, sobretudo a inclusão das ligações ao Portal Bases dos 12 contratos numerados, bem como a inclusão de um ficheiro com todos os contratos ‘atrasados’ (de 2020 e 2021 mas divulgados apenas em 2023) com valor superior a 100 mil euros.


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  • Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 20 de Fevereiro

    Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 20 de Fevereiro


    Ontem, dia 20 de Fevereiro, no Portal Base foram divulgados 716 contratos públicos, com preços entre os 52,08 euros – para aquisição de medicamentos, pela Unidade Local de Saúde de Santa Maria, ao abrigo de acordo-quadro – e os 5.621.632,53 euros – para aquisição de energia eléctrica, pela EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres, através de concurso público.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 14 contratos, dos quais 11 por concurso público e três ao abrigo de acordo-quadro.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados sete contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: Município de Fronteira (com a HIGIENOPISCINAS – Higiene Industrial e Manutenção de Piscinas, no valor de 318.475,30 euros); Águas do Interior – Norte (com a EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres, no valor de 264.999,69 euros); dois da Infraestruturas de Portugal (com a Fidelidade – Companhia de Seguros, no valor de 251.829,80 euros, e outro com os CTT – Correios de Portugal, no valor de 117.509,22 euros); Turismo do Alentejo (com a Lisboa Feiras Congresso e Eventos – FCE Associação Empresarial, no valor de 176.685,11 euros); Unidade Local de Saúde de Santa Maria (com a Merck Sharp and Dohme, no valor de 131.997,60 euros); e o Município de Vila Franca do Campo (com a Tecnovia Açores – Sociedade de Empreitadas, no valor de 119.500,00 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no dia 20 de Fevereiro

    1Aquisição de energia eléctrica para as empresas do Grupo Águas de Portugal

    Adjudicante: EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres

    Adjudicatário: Endesa Energia

    Preço contratual: 5.621.632,53 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    2Empreitada de “Musealização da área das Carvalheiras – Área Arqueológica, Centro de Interpretação e Área Envolvente”

    Adjudicante: Município de Braga

    Adjudicatário: Alexandre Barbosa Borges, S.A.

    Preço contratual: 3.896.841,62 euros          

    Tipo de procedimento: Concurso público


    3Aquisição de energia eléctrica para as empresas do Grupo Águas de Portugal

    Adjudicante: Águas do Vale do Tejo

    Adjudicatário: Endesa Energia

    Preço contratual: 3.892.790,93 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    4Construção de Lar Residencial e Centro de Actividades

    Adjudicante: APPACDM de Setúbal – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental

    Adjudicatário: Anteros Empreitadas – Sociedade de Construções e Obras Publicas

    Preço contratual: 3.128.347,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    5Empreitada de remodelação e beneficiação da sede da Infraestruturas de Portugal em Almada

    Adjudicante: Infraestruturas de Portugal

    Adjudicatário: TECNORÉM – Engenharia e Construções

    Preço contratual: 1.999.999,76 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no dia 20 de Fevereiro

    1 Empreitada de reabilitação da piscina descoberta de Fronteira

    Adjudicante: Município de Fronteira

    Adjudicatário: HIGIENOPISCINAS – Higiene Industrial e Manutenção de Piscinas

    Preço contratual: 318.475,30 euros


    2Serviços de manutenção, operação, assistência técnica e hosting de software de gestão e printing e finishing mensal de documentos

    Adjudicante: Águas do Interior – Norte, E.I.M.

    Adjudicatário: EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres

    Preço contratual: 264.999,69 euros


    3Aquisição de serviços denominada “Seguro Automóvel Frota – 1º Semestre de 2024”

    Adjudicante: Infraestruturas de Portugal

    Adjudicatário: Fidelidade – Companhia de Seguros

    Preço contratual: 251.829,80 euros


    4Aluguer de espaço para a participação da Turismo do Alentejo, E.R.T. na edição da Bolsa de Turismo de Lisboa de 2024

    Adjudicante:  Turismo do Alentejo, E. R. T.

    Adjudicatário: Lisboa Feiras Congresso e Eventos – FCE Associação Empresarial

    Preço contratual: 176.685,11 euros


    5Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde de Santa Maria

    Adjudicatário: Merck Sharp Dohme

    Preço contratual: 131.997,60 euros


    MAP

  • Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 19 de Fevereiro

    Boletim P1 da contratação pública e ajustes directos: 19 de Fevereiro


    Ontem, dia 19 de Fevereiro, no Portal Base foram divulgados 772 contratos públicos, com preços entre os 8,50 euros – para aquisição de economato, pela Águas do Norte, ao abrigo de acordo-quadro – e os 8.455.556,40 euros – para aquisição de serviços de manutenção do sistema multimunicipal de abastecimento de água do Algarve, pela Águas do Algarve, através de concurso público.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 11 contratos, dos quais nove por concurso público, um ao abrigo de acordo-quadro e um por ajuste directo.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados 15 contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: Unidade Local de Saúde de Santa Maria (com a Alexion Pharma Spain, no valor de 535.545,90 euros); três da Unidade Local de Saúde do Algarve (um com a Siemens Healthcare, no valor de 408.068,09 euros, outro com a Acciona Facility Services, no valor de 161.046,96 euros, e outro com a Clece, S.A., no valor de 244.019,19 euros); Guarda Nacional Republicana (com a Petrogal, no valor de 382.113,82 euros); Infraestruturas de Portugal (com a Geira, S.A., no valor de 380.000,00 euros); Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil (com a Petrogal, no valor de 290.000,00 euros); Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (com a Baxter Medicó-farmacêutica, no valor de 264.060,00 euros); Município de Portimão (com a Conceito Radical, Lda., no valor de 249.997,37 euros); Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (com a Zambon – Produtos Farmacêuticos, no valor de 236.549,18 euros); Câmara Municipal de Palmela (com a Paulo Pereira – Serviços de Engenharia Civil, no valor de 230.000,00 euros); Município de Vila Nova de Gaia (com a Queres Malmequeres – Escultor, no valor de 220.000,00 euros); dois da Rádio e Televisão de Portugal (um com a Totalstor – Soluções de Armazenamento de Dados, no valor de 130.078,71 euros, e outro com a Dec. Imagem – Sistemas de Vídeo, no valor de 126.608,00 euros); e a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (com a Daniel Lopes Pina, Lda., no valor de 111.353,00 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no dia 19 de Fevereiro

    1Aquisição de serviços de manutenção do sistema multimunicipal de abastecimento de água do Algarve         

    Adjudicante: Águas do Algarve

    Adjudicatário: Be Water, S.A.

    Preço contratual: 8.455.556,40 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    2Construção de edifício para ampliação e requalificação de Lar de Idosos

    Adjudicante: Associação Nossa Senhora do Paraíso

    Adjudicatário: Construaza – Construções e Projectos

    Preço contratual: 1.393.558,82 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    3Aquisição de energia eléctrica para as empresas do grupo Águas de Portugal

    Adjudicante: AgdA – Águas Públicas do Alentejo

    Adjudicatário: Endesa Energia

    Preço contratual: 957.916,46 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    4Empreitada de repavimentação betuminosa do Caminho de Cima – Troço Santa Bárbara – Doze Ribeiras

    Adjudicante: Município de Angra do Heroísmo

    Adjudicatário: Tecnovia Açores – Sociedade de Empreitadas

    Preço contratual: 930.000,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    5Prestação de serviços rodoviários alternativos ao Ramal da Lousã – 2024 e 2025

    Adjudicante: Metro Mondego

    Adjudicatário: Vale do Ave – Transportes

    Preço contratual: 829.996,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no dia 19 de Fevereiro

    1 Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde de Santa Maria

    Adjudicatário: Alexion Pharma Spain

    Preço contratual: 535.545,90 euros


    2Serviços de assistência técnica diversos equipamentos Siemens           

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde do Algarve

    Adjudicatário: Siemens Healthcare

    Preço contratual: 408.068,09 euros


    3Aquisição de combustíveis rodoviários em Portugal Continental – 2024

    Adjudicante: Guarda Nacional Republicana

    Adjudicatário: Petrogal

    Preço contratual: 382.113,82 euros


    4Prestação integrada de serviços de cobrança de portagens na A21 – Ericeira/Malveira/Venda do Pinheiro (A8)

    Adjudicante: Infraestruturas de Portugal

    Adjudicatário: Geira, S.A.

    Preço contratual: 380.000,00 euros


    5Prestação de serviços de manutenção das instalações da ULS Algarve – 1.º Semestre de 2024

    Adjudicante: Unidade Local de Saúde do Algarve

    Adjudicatário: Acciona Facility Services

    Preço contratual: 332.879,22 euros


    MAP

  • Concurso público: 50 milhões de euros para limpar vegetação na rede ferroviária

    Concurso público: 50 milhões de euros para limpar vegetação na rede ferroviária


    O controlo da vegetação em zonas em redor de edifícios, passagens de nível e estruturas especiais da rede ferroviária nacional vai custar à Infraestruturas de Portugal mais de 50 milhões de euros nos próximos cinco anos. Os três contratos foram assinados no passado dia 8, mas apenas divulgados na sexta-feira no Portal Base, no decurso de um concurso público bastante renhido em que participaram 11 empresas.

    O concurso foi dividido em três lotes – Norte, Centro e Sul –, sendo que o valor das adjudicações coincidiu com o preço-base previamente definido. No caso do lote 1, respeitante à região Norte, no valor de cerca de 17,8 milhões de euros (a que acresce IVA), foi ganho pela Silvexplor, uma empresa unipessoal da Mortágua, com experiência no sector, mas que nunca ganhara um contrato tão chorudo. Até agora, o contrato de montante mais elevado era de cerca de 277 mil euros para a reabilitação e gestão de áreas florestais da Tapada Nacional de Mafra.

    empty railway

    O contrato para a região Centro, no valor de um pouco mais de 12,5 milhões de euros (sem IVA), foi ganho por um consórcio formado pela Somafel – uma empresa do Grupo Teixeira Duarte, especializada em manutenção ferroviária – e a empresa Floresta Bem Cuidada, sediada na Guarda.

    Esta segunda empresa – gerida por Orlando Faísca, que presidente também à Associação Empresarial da Região da Guarda – ganhou, sozinha, o terceiro lote, para a região sul do país, por um valor de 11 milhões de euros (sem IVA).

    De acordo com os contratos, a execução destas tarefas pode ser prorrogada, com a concordância das partes, por mais dois anos, o que significa que apenas haverá novos contratos em 2031. Em anos anteriores, a Infraestruturas de Portugal fazia o controlo de vegetação e desmatação nas infraestruturas rodoviárias, para prevenção de incêndios florestais, através de contratos pontuais, quase todos por ajuste directo.

    aerial photography of train tracks near forest

    Os três contratos celebrados pela Infraestruturas de Portugal para o controlo de vegetação em infraestruturas ferroviárias integram o Boletim P1 da Contratação Pública e Ajustes Directos que agrega os contratos divulgados entre os dias 16 e 18 de Fevereiro de 2024. Desde Setembro de 2023, o PÁGINA UM apresenta uma análise diária aos contratos publicados no dia anterior (independentemente da data da assinatura) no Portal Base. De segunda a sexta-feira, o PÁGINA UM faz uma leitura do Portal Base para revelar os principais contratos públicos, destacando sobretudo aqueles que foram assumidos por ajuste directo.

    PAV


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    Nos últimos três dias, de sexta-feira até ontem, no Portal Base foram divulgados 869 contratos públicos, com preços entre os 17,00 euros – para aquisição de medicamentos, pelo Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, ao abrigo de acordo-quadro – e os 17.684.053,95 euros – para aquisição de serviços de controlo de vegetação e desmatação, pela Infraestruturas de Portugal, através de concurso público.

    Com preço contratual acima de 500.000 euros, foram publicados 25 contratos, dos quais 17 por concurso público, cinco ao abrigo de acordo-quadro e três por ajuste directo.

    Por ajuste directo, com preço contratual superior a 100.000 euros, foram publicados 16 contratos, pelas seguintes entidades adjudicantes: Infraestruturas de Portugal (com a Iberdrola, no valor de 4.539.822,21 euros); dois do Centro Hospitalar Universitário de Santo António (um com a Alnypt, um no valor de 3.256.722,00 euros, e outro com a Vertex Pharmaceuticals, no valor de 472.520,56 euros); dois da EEM – Empresa de Electricidade da Madeira (um com a Schneider Electric Portugal, no valor de 532.978,63 euros, e outro com a Enging – Make Solutions, no valor de 258.830,00 euros); Museus e Monumentos de Portugal (com a J. Kugel Antiquaires, no valor de 420.000,00 euros); três do Hospital do Espírito Santo de Évora (um com a Abbvie, no valor de 220.320,00 euros, outro com a Amgen Biofarmacêutica, no valor de 164.904,40 euros, e outro com a Pfizer, no valor de 159.696,45 euros); Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (com a Uniself – Sociedade de Restaurantes Públicos e Privados, no valor de 209.267,29 euros); quatro da Unidade Local de Saúde de Santa Maria (dois com a Octapharma – Produtos Farmacêuticos, um no valor de 181.350,00 euros, e outro no valor de 129.412,00 euros, outro com a Astellas Farma, no valor de 148.407,00 euros, e outro com a Vertex Pharmaceuticals, no valor de 147.662,55 euros); Município do Funchal (com a Prospectiva – Projectos, Serviços e Estudos, no valor de 124.432,50 euros); e a Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (com a Gilead Sciences, no valor de 103.200,00 euros).


    TOP 5 dos contratos públicos divulgados no período de 16 a 18 de Fevereiro

    1Aquisição de serviços de controlo de vegetação e desmatação em edificado

    Adjudicante: Infraestruturas de Portugal

    Adjudicatário: Silvexplor – Sivicultura

    Preço contratual: 17.684.053,95 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    2Aquisição de serviços de controlo de vegetação e desmatação em edificado

    Adjudicante: Infraestruturas de Portugal

    Adjudicatário: Somafel – Engenharia e Obras Ferroviárias; Floresta Bem Cuidada, Lda.

    Preço contratual: 12.516.859,70 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    3Aquisição de serviços de controlo de vegetação e desmatação em edificado

    Adjudicante: Infraestruturas de Portugal

    Adjudicatário: Floresta Bem Cuidada, Lda.

    Preço contratual: 11.036.051,20 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    4Aquisição de serviços de disponibilização e locação de meios aéreos – DECIR 2024 – Aviões Anfíbios Médios

    Adjudicante: Estado Maior da Força Aérea

    Adjudicatário: AGRO-MONTIAR – Sociedade de Serviços Aéreos para Agricultura e Fogos

    Preço contratual: 10.181.328,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    5Aquisição de serviços de disponibilização e locação de meios aéreos – DECIR 2024 – Helicópteros Ligeiros

    Adjudicante: Estado Maior da Força Aérea

    Adjudicatário: HTA – Helicópteros

    Preço contratual: 8.055.600,00 euros

    Tipo de procedimento: Concurso público


    TOP 5 dos contratos públicos por ajuste directo divulgados no período de 16 a 18 de Fevereiro

    1 Fornecimento de energia eléctrica às instalações do Grupo das Infraestruturas de Portugal – Janeiro a Abril de 2024

    Adjudicante: Infraestruturas de Portugal

    Adjudicatário: Iberdrola

    Preço contratual: 4.539.822,21 euros


    2Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário de Santo António

    Adjudicatário: Alnypt, Sociedade Unipessoal

    Preço contratual: 3.256.722,00 euros


    3Suporte aplicacional ao sistema EcoStruxure

    Adjudicante: EEM – Empresa de Electricidade da Madeira

    Adjudicatário: Schneider Electric Portugal

    Preço contratual: 532.978,63 euros


    4Aquisição de medicamentos

    Adjudicante: Centro Hospitalar Universitário de Santo António

    Adjudicatário: Vertex Pharmaceuticals

    Preço contratual: 472.520,56 euros


    5Aquisição de escultura em âmbar de uma Nossa Senhora com o Menino, pertencente às colecções reais

    Adjudicante: Museus e Monumentos de Portugal

    Adjudicatário: J. Kugel Antiquaires

    Preço contratual: 420.000,00 euros


    MAP

  • Câmara de Cascais vai a tribunal justificar razões para esconder ‘estranhos gastos’ no apoio aos refugiados

    Câmara de Cascais vai a tribunal justificar razões para esconder ‘estranhos gastos’ no apoio aos refugiados

    Desde 2022, o município de Cascais destaca-se por ser a entidade pública que mais gastou em apoiar os refugiados ucranianos após a invasão da Rússia. Mas gastar mais – e foram 1,6 milhões de euros, 73% do total de todos os gastos por entidades públicas –, não significa gastar bem. Depois do terceiro contrato de aquisição de refeições e ainda de um ajuste directo com preços hiper-inflacionados ao Modelo Continente, o PÁGINA UM insistiu nos últimos meses, junto da autarquia liderada por Carlos Carreiras, para aceder a documentos operacionais e contabilísticos. Recebeu o silêncio como resposta. Uma intimação apresentada esta semana no Tribunal Administrativo de Sintra vai, para já, obrigar a câmara social-democrata a justificar-se. E espera-se, no fim, que seja mesmo obrigada a ceder os documentos que deverão esclarecer, por exemplo, como produtos no valor de 14 mil euros resultaram num ajuste directo de cerca de 180 mil euros.


    A Câmara Municipal de Cascais, liderada pelo social-democrata Carlos Carreiras, vai ter de justificar ao Tribunal Administrativo de Sintra, e bem, os motivos legais para não disponibilizar ao PÁGINA UM os documentos operacionais e contabilísticos de dois contratos por ajuste directo para alimentação a refugiados ucranianos. A intimação foi apresentada esta semana depois de meses de recusas por parte do município em esclarecer compras absurdas de bens alimentais e de higiene ao Modelo Continente e a aquisição de serviços de catering à empresa ICA.

    No primeiro caso, como noticiado pelo PÁGINA UM em Outubro passado, trata-se de um ajuste directo no valor de 166.124,88 (sem IVA) para a entrega em períodos mensais, durante um ano – a acabar em Junho próximo –, de cerca de uma centena de produtos. O ‘problema’ deste contrato estava sobretudo no facto de as quantidades constantes no caderno de encargos, aos preços unitários então praticados pelos supermercados do Grupo Sonae, deverem totalizar pouco mais de 14 mil euros. Ou seja, o valor dos bens previstos no contrato era mais de 10 vezes superior ao valor de mercado desses produtos, havendo uma diferença de mais de 160 mil euros, se se considerar o IVA.

    Quanto ao segundo caso, também noticiado pelo PÁGINA UM, mas em Setembro passado, tratou-se de mais uma aquisição de serviços à empresa ICA para fornecimento de refeições aos centros de refugiados em Cascais. Esse contrato, por ajuste directo, era o terceiro assinado em menos de dois anos, cada um com um custo de 250 mil euros. A autarquia sempre se recusou a permitir uma visita aos centros nem sequer indicou quantas pessoas estariam a ser alimentadas, de modo a conferir se a aquisição de serviços, que já totalizavam os 750 mil euros entregues à ICA.

    O interesse do PÁGINA UM sobre estes contratos deveu-se às indicações de haver excesso de compras para as necessidades reais. Saliente-se que o município de Cascais foi, de muito longe, a entidade pública com maiores gastos para suposto apoio à Ucrânia e sobretudo aos refugiados provenientes daquele país invadido pela Rússia.

    Com efeito, num levantamento realizado ao Portal Base em finais de Setembro do ano passado, o município de Cascais já gastara 1,6 milhões de euros para diversos fins relacionados com a Ucrânia, incluindo transporte, alimentação e mesmo obras públicas, dos quais quase 1,2 milhões de euros em 2022. Neste lote constavam duas empreitadas de obras públicas por ajuste directo com vista à remodelação de edifícios camarários. A autarquia também sempre recusou acesso aos locais e aos cadernos de encargos das obras entregues à Ediperfil (157.275 euros) e à Valente & Carreira (321.053 euros).

    Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais. Receber os louros pelos apoios, sempre quis; mostrar contas, nunca quis.

    Os montantes gastos pela autarquia de Cascais eram então, e continuam a ser, incomensuravelmente superiores aos das demais entidades públicas. Por exemplo, o segundo município que mais gastara, até Setembro, em apoio aos refugiados ucranianos era o de Ourém, com apenas 166 mil euros. A terceira entidade pública com maiores apoios era a Secretaria-Geral do Ministério da Defesa Nacional, com um pouco menos de 80 mil euros. O município liderado por Carlos Carreiras, segundo as contas do PÁGINA UM com base em contratos no Portal Base, totalizava 73% dos gastos públicos em apoio aos refugiados da Ucrânia, mas sempre sem haver possibilidades de ser, até agora, conferida a adequada aplicação das verbas.

    Algo que poderá agora mudar com o pedido de intimação agora feito no Tribunal Administrativo de Sintra do PÁGINA UM – o 20º processo que visa o acesso a documentos, através do FUNDO JURÍDICO, financiado pelos leitores. Nessa intimação, com carácter de urgência, solicita-se que a Câmara Municipal de Cascais seja obrigada a disponibilizar os contratos integrais (sem rasuras de nomes, como sucede no Portal Base), as requisições de produtos, as guias de remessa, facturas e outros elementos operacionais e contabilísticos relativos aos ajustes directos com a Modelo Continente e a ICA.


    N. D. O FUNDO JURÍDICO tem sido, através de donativos específicos dos leitores, a única forma que o PÁGINA UM tem de suportar os encargos com honorários e taxas de justiça, que, por regra, numa primeira fase, atingem sempre valores acima de 500 euros, acrescidos de mais gastos se houver recursos. Aliás, convém recordar que o PÁGINA UM tem mais de uma dezena de processos ainda em cursos, alguns deles com estranha morosidade, dois dos quais em fase de execução de sentença, ou seja, mesmo depois de sentenças favoráveis no tribunal administrativos as entidades mantiveram a recusa em ceder os documentos.


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