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  • Escapadinha de Inverno: Lyon e Mercados de Natal franceses

    Escapadinha de Inverno: Lyon e Mercados de Natal franceses

    Aproveitar os feriados de Dezembro é algo muito apetecível, especialmente quando conseguimos transformar um fim-de-semana de dois dias num prolongado de quatro.

    Continuando na preparação da época mais maravilhosa do ano, depois da visita à Aldeia do Pai Natal, na Lapónia, melhor, só visitar o Mercado de Natal Rei – Colmar na Alsácia.

    Nesta viagem, passei pelo Festival das Luzes de Lyon, Eguisheim, Colmar, Dijon e Vinhas da Borgonha.

    Quando decidir visitar os Mercados de Natal, convém lembrar que centenas de pessoas têm a mesma ideia, seja pela época ou pela grande promoção dos destinos pelas agências de viagens. Neste sentido, convém marcar com a devida antecedência e, de preferência alternativas a meio caminho dos locais a visitar.

    Tudo o que seja no centro das cidades está a preço de época excepcional, ou seja, mais alto que na época alta. Se tiver de escolher entre o fim-de-semana de 1 de Dezembro ou de 8 de Dezembro, não hesite e marque a 1 de Dezembro, pois no de 8 também é feriado em Espanha, França e Suíça, o que faz com que a visita aos mercados seja apetecível a muita gente.

    O voo de Lisboa saiu cedo, o que fez com que chegássemos a Lyon mesmo a tempo de um tradicional “petit-déjeuner” francês. Baguetes do melhor que há, sumo de laranja natural, café com leite e “pain au chocolat”. Depois do retemperante pequeno-almoço estávamos preparados para conhecer a cidade.

    Começámos o circuito na Praça Bellecour, o coração de Lyon, onde os habitantes se reúnem para todo o tipo de eventos. Ali vemos a estátua de Luis XIV a cavalo. Seguindo pela Rua Emile Zola, começámos por uma das praças mais bonitas de Lyon, a Place Jacobins, continuámos pela Rua Jean Fabre e chegámos à Praça Celestins, com o magnífico teatro italiano Celestin.

    Atravessámos a ponte Bonaparte, que permite atravessar o rio Saône para chegar ao coração do bairro medieval e renascentista, também conhecido como Vieux Lyon. Ali, começámos por visitar a Catedral de S. João Batista, de arquitetura Gótica, com a sua gigantesca rosácea, gárgulas e os elementos decorativos deste estilo arquitectónico. Subimos depois até à colina de Fourvière, onde a imponente Basílica de Notre-Dame de Fourvière nos recebe de braços abertos.

    A Basílica foi construída em agradecimento à Virgem, por ter poupado Lyon da invasão prussiana em 1870. O interior da Basílica é de uma beleza que não estávamos à espera. Majestosa, rica e bela. Dali seguimos para o Lugdunum, um grande teatro romano do século XV a.C., o Templo de Cybele, Odeon que preserva alguns dos seus belos mosaicos.

    Se estiver com vontade de almoçar, o restaurante Christian Tedoie é um bom plano, pois oferece a “formule déjeuner” com uma cozinha gourmet, num terraço panorâmico com vista para Lyon.

    Depois do almoço, fizémos a escalada em Gourguillon, descendo a Rue Pierre Marrion, virar à esquerda na Rue des Farges para entrar na escalada Gourguillon, rua pouco conhecida pelos turistas, uma das ruas mais antigas de Lyon com os seus paralelepípedos e as suas casas medievais do século XV.

    Chegando à “Vieux Lyon”, tempo de petiscar nos mercados de comidas e vinhos quentes, para quem gosta e ver as muitas opções para compras de Natal. No final do dia, começa o evento mais importante da cidade, o Festival das Luzes de Lyon, onde os edifícios são iluminados com momentos da história da cidade e de França. Terminar o dia com um passeio na Roda Gigante, ver Lyon toda iluminada foi a cereja no topo do bolo.

    No dia seguinte, retomámos a “Vieux Lyon” para percorrer os traboules, pequenos trechos característicos da cidade que permitem passar de uma rua para outra ou de um bairro para outro. Lyon tem mais de 300 e são verdadeiras atrações turísticas. Partilho a lista dos mais visitados para umas horas divertidas pelas ruas de Lyon: Rue Royale – Quai Lassagne; pequena Rue des Feuillants – Lieux Tolozan; 2 Lieux de Terreaux; 4 Rue Désirée  – 7 Rue Puits-Gaillot; 3 Lieux Louis Pradel – 1 Rue Luigini; 5 Rue Joseph-Serlin – 2 Lieux Louis Pradel; 13 Rue de la Poulaillerie – 2 Rue des Forces; Passage de l´Argue; 2 Rue Charles – Dullin – 1 Rue Gaspard-André.

    De Lyon, seguir para a região dos vinhos da Borgonha, e a menos de duas horas temos o Clos de Vougeot, a maior vinha Grand Cru da Borgonha. A história destes vinhos nasce com os monges cistercienses, cuja ordem foi única proprietária até 1789 quando, durante a revolução francesa, foi tomado como bem nacional. O castelo “Château” de Clos Vougeot foi erguido por volta de 1551 recebendo durante anos visitantes ilustres como Luís XIV.

    O “Château” foi danificado na II Guerra Mundial e depois restaurado. Hoje, é propriedade da confraria “Chevaliers du Tastevin”, fundada em 1934 para promover os vinhos da Borgonha. Ali podemos escolher entre visita, incluir prova de vinhos e até almoço. Visitar esta região com paisagens deslumbrantes, património da Unesco deve fazer parte desta viagem.

    Seguimos para o nosso alojamento, no campo francês para ficarmos próximos da nossa próxima paragem: Eguisheim e Colmar.

    Acordar junto a um rebanho de ovelhas, com os campos de neve, é um sinal muito auspicioso de um dia feliz pelos mercados de Natal da Alsácia. Em menos de duas horas, chegámos a Eguisheim, uma pitoresca vila da Alsácia, considerada vários anos como a vila francesa preferida pelos franceses.

    Parece que, no Verão, a sua beleza é sem igual, com as janelas e portadas enfeitadas com flores, mas, no Inverno, a sua a beleza faz jus ao título. Esta vila de casas coloridas é uma das cidades mais românticas e faz parte da rota dos vinhos da Alsácia.

    O mercado de Natal abrange toda a cidade, além das casinhas montadas para o efeito, as lojas estão com as montras decoradas a preceito e tudo é muito bonito. Ali nasceu o Papa Leão IX e, por isso, a praça principal tem a sua estátua.

    Por detrás, encontra-se o “Chateaux” da cidade e a Igreja do Papa. Um bom exemplo de vila da Alsácia bem organizada e que gostei muito de passar. Almoçámos uma boa sopa quente e seguimos para Colmar, o Rei dos Mercados de Natal.

    Quinze minutos é o tempo que separa Eguisheim de Colmar e, quando chegámos, percebemos a diferença de dimensão desta vila Natal para a anterior. Todos os parques de estacionamento estavam completos e restou-nos dar algumas voltas e esperar que algum carro saísse.

    Estacionamos e fomos para o centro da cidade que estava o caos. A última vez que me lembro de ver tanta gente foi em Macau, nas ruelas a caminho das Ruínas de São Paulo, onde as pessoas não tinham espaço de circulação. Ainda assim, com toda a confusão seguimos o nosso plano. Situada entre vinhas, casinhas típicas, canais e com um encanto sem igual, Colmar parece tirada de um conto de fadas e colocada na belíssima Alsácia.

    A proximidade de Colmar com a Alemanha e Suíça faz com que este destino de Natal seja muito desejado nesta altura.

    E para quem esteve há pouco tempo na Lapónia, tenho a dizer que, Colmar não fica nada atrás. Só não vi o Pai Natal, mas de certeza que andava por lá. Os divertimentos eram tantos e as casinhas de venda de Natal, uma mais bonita que a outra.

    Passeámos pela Praça da Catedral e o Colegial Saint Martin, a Maison Adolph de 1350, a Grand Rue, a Igreja de S. Mattieu, a Maison Pfister, a Rue des Boulangers e a Rue de Serruriers, a Maison des Têtes, a Rue des Clefs, a Maison Koifus (Alfandega), um mercado com feira de Natal no interior, a Quai de la Poissonnerir, o Quartier de Tanneurs, o Café de la Lauch e a Little Venice de Colmar.

    Tudo é bonito em Colmar e estava a nevar. Melhor, só se estivesse tudo a ver o jogo Portugal – Marrocos e deixassem a cidade com menos gente! Mas ainda assim, o título de Rei dos Mercados de Natal é de Colmar, não tenho uma dúvida.

    Terminámos o dia com uma tarte flambée doce, uma especialidade típica da Alsácia, antes de seguirmos para a próxima paragem.

    Debaixo de um grande nevão, começámos a viagem de regresso até ao nosso próximo alojamento, perto de Dijon, a nossa última paragem.

    Dijon, é a capital da Borgonha, internacionalmente conhecida pelas rotas dos vinhos, cidade gastronómica e casa da também mundialmente conhecida mostarda de Dijon. Esta foi a maior surpresa da nossa viagem, uma cidade moderna, bem preservada, com bom gosto, estilos arquitectónicos que vão desde o gótico até ao art déco.

    O símbolo da cidade é a Coruja e existe um percurso, “Parcours de la Chouette” que passa pelos monumentos de visita obrigatória da cidade que passo a enumerar: Notre Dame de Dijon; Maison Millère; Hotel de Vogué; Igreja Saint-Michel; Palácio dos Duques e Museu de Belas Artes; Igreja de Saint-Philibert (século XII); Catedral Saint-Bégnine; Place Darcy.

    Chegámos cedo, assistimos à cidade acordar e, nem com os -4 graus que se faziam sentir, deixaram de se ver pessoas nas ruas. O percurso da coruja é muito interessante e passa pelos locais emblemáticos. As lojas bem decoradas, os carrosséis, os mercados e músicas de Natal tornaram esta paragem inesquecível.

    A loja e Casa de Chá, Comptoir des Colonies é um lugar muito aconchegante para um café guloso “gourmand” e para comprar chás e cafés de todo o mundo. Tivemos ainda tempo para visitar a Maille, a loja mais antiga de mostardas, com possibilidade de degustação e bem a tempo de trazer como lembrança de Natal para os amigos “Gourmand”.

    Já no aeroporto de Lyon, a caminho de casa, li esta frase na parede do aeroporto: “Rester c’est exister mais voyager, c’est vivre” (ficar é existir, mas viajar é viver). Não poderia estar mais de acordo.

    Feliz Natal e um 2023 com muitas viagens. 😊

    Raquel Rodrigues é gestora, viajante e criadora da página R.R. Around the World no Facebook e no Instagram.


    Dicas da Viagem

    Em Setembro, comprar voos Easy Jet: Lisboa – Lyon – Lisboa

    Estadia: Hotel Silky by Happy Culture (1ª noite) Pause à la campagne (2ª noite); Les Cottages de la Norge (3ª noite)

    Alugar de carro: Rentalcars (procurar com aluguer rodas de neve gratuito ou incluído)

    Mala de viagem de cabine: 3 pares de calças; 3 camisolas; cachecol, luvas; roupa interior e roupa interior de neve; botas après-ski; guarda-chuva pequeno; necessaire; venda e auscultadores para dormir no avião.

  • Lapónia: Uma viagem até à Aldeia do Pai Natal

    Lapónia: Uma viagem até à Aldeia do Pai Natal

    A época do Natal está a aproximar-se e as ofertas de “escapadinhas” natalícias são muitas. Na Europa, Londres é o destino consensual e, no terceiro Sábado de Novembro, já se acenderam as luzes. Um passeio num autocarro vintage de dois andares é o cenário ideal para ver as luzes das principais ruas da capital britânica, incluindo com a companhia de músicas natalícias.

    Em todas as capitais da Europa há mercados de Natal. Em Paris, há a famosa árvore de Natal das Galerias Lafayette. Na Alsácia, o mercado de Colmar é o mais concorrido. Na Europa Central, os mercados de Natal na Alemanha e em Viena, na Áustria, são um bom pretexto para visita.  No Báltico, os mercados natalícios são muito concorridos e promovidos (mas ainda não visitei).

    Nova Iorque, nos Estados Unidos, é outro dos destinos de Natal predilectos. As celebrações (e motivo para visitar) começam com o Dia de Ação de Graças, segue-se a Black Friday e os saldos loucos na Big Apple. Não esquecer ainda a célebre pista de gelo e a árvore de Natal do Rockefeller Center, imortalizada no filme Sozinho em Casa, a par com a Hamleys, a loja de brinquedos mais espetacular de sempre, e o Plaza Hotel junto ao Central Park. Se estiver a nevar, então Nova Iorque é “O” destino de Natal de sonho!

    Em Portugal, também existem “escapadinhas” de Natal imperdíveis: Em Óbidos, a Vila Natal; em Alenquer, o Presépio de Portugal; em Santiago do Cacém, há a Vila Natal Black Pig; no Porto, existe o Mercado de Natal World of Wine; em Cascais, vale a pena conhecer a Christmas Village; e, em Lisboa, o meu preferido é o Mercado de Natal do Rossio, com o “comboio” do Pai Natal gratuito a circular pelas Ruas de Lisboa.

    Depois, há um lugar no Mundo onde é Natal o ano inteiro e, para mim, a “viagem” ao Natal. O destino: Lapónia, onde “vive” o Pai Natal.

    Nunca fez parte dos meus planos de viagem, mas com um filho de quase 4 anos, temos a desculpa perfeita para empreender nesta aventura e visitarmos a Casa do Pai Natal.

    Em Maio, encontrei uma oferta de voos imperdível, com voo direto de Londres para Rovaniemi. Foi só juntar o voo de Lisboa e procurar o alojamento e as atividades.

    Não há melhor lugar no Mundo para encontrar o Pai Natal do que Rovaniemi, a cidade mais importante da Lapónia, a norte do Círculo Polar Ártico, na Finlândia. E até os que já não acreditam no Pai Natal ficam rendidos a toda a envolvente que a Aldeia Natal nos convida.

    Dedicámos o primeiro dia da nossa viagem em família à Aldeia do Pai Natal. Primeiro visitámos a Casa do Pai Natal, onde encontrámos o “Pai Natal”, com barbas até ao chão, sentado na sua cadeira, junto a uma árvore de Natal e muitos presentes, num cenário para fotografia postal de Natal.

    A entrada na Casa, ver e conversar com o “Pai Natal” é gratuito. Se quiser tirar a fotografia já são 30 euros, a mais pequena.

    Saindo da Casa, vemos o Hotel da aldeia, o restaurante Três Elfos, com dois iglus para almoços e jantares bem típicos do Pólo Norte.

    Vemos também uma fogueira, onde parámos para nos aquecermos. Continuámos o passeio e encontrámos uma cabana, abrigos para os locais poderem descansar e se aquecerem, pois, no Inverno, as temperaturas chegam aos -30 graus Celsius.

    Aproveitámos que não havia fila para fazer o passeio de trenó puxado por uma rena. Parece magia, ver as renas e irmos deitados no trenó, tapados por uma pele, através da floresta encantada do “Pai Natal”. Dali, fomos visitar a Casinha da Mãe Natal onde aprendemos a fazer bolachas de Natal, e bebemos um chocolate quente. Era acolhedora e quentinha, como se quer.

    Continuando o passeio pela Aldeia do Pai Natal, chegámos ao marco do Círculo Polar Ártico, onde se encontra o posto dos correios onde o “Pai Natal” recebe mais de 6 milhões de cartas, chegando às 30 mil nos dias recorde. Não admira a azáfama e a quantidade de duendes e elfos a ajudar…

    Adorei ver o regulador do tempo: Tempo Normal – Regulador do Tempo e Tempo de Natal. Ali também se faz a contagem decrescente para o Natal: faltam 36 dias, vimos nós.

    Também ali, voltámos a estar com o “Pai Natal”, omnipresente como se sabe, e garantimos que o presente do nosso filho chegaria a casa.

    Depois de comprarmos alguns adereços para a árvore de Natal e o habitual íman para o nosso frigorífico, fomos para o nosso Hotel, pois na Lapónia, no Outono fica escuro às 3 horas da tarde e, com o frio, não apetece muito andar na rua.

    Para o início da viagem, escolhemos o Santa Resort, um hotel comum, um centro de treino olímpico com parque de diversões interior, um spa e cinco piscinas. Foi uma excelente escolha para passarmos as nossas tardes, com atividade física e muita diversão.

    A menos de cinco minutos do nosso hotel, estava o Lapland Sky Hotel, cheio de recantos acolhedores, com um restaurante panorâmico e um rooftop, a céu aberto e longe da luz da cidade para contemplação das auroras boreais quando aparecem.

    No segundo dia, fizemos uma viagem de carro: Rovaniemi – Pyha-Luosto – Rovaniemi. Foi uma boa forma de apreciarmos a paisagem e visitarmos um dos parques naturais mais bonitos.

    No caminho, há também a possibilidade de visitar uma mina de ametista, a pedra da região. Sempre que posso, não abdico de uns passeios de carro, sair das cidades e conhecer um pouco do campo, ainda mais com neve e com estas paisagens de Inverno só vistas por estas paragens. Terminámos o dia, de novo, na Aldeia do Pai Natal, repetindo a visita ao posto dos correios.

    Quando estava a preparar esta viagem e procurava as atividades imperdíveis, encontrei o Ranua Wild Park, casa do único urso polar da Finlândia. Depois da minha aventura no Árctico, onde tive o privilégio de ver os ursos polares, era a oportunidade de mostrar um urso polar ao meu filho e assim foi.

    No terceiro dia, dedicámos grande parte do dia à visita a este parque selvagem onde habitam os animais do Ártico. Foi uma aventura! Estavam -15 graus e a caminhada de 3 quilómetros parecia não ter fim. Mas a experiência foi fantástica e é uma possibilidade única para ver cerca de 50 espécies de animais do Norte e do Ártico, como o urso Polar, o urso castanho, lobos, linces, raposas do Árctico, corujas, alces, renas e lontras com espaço amplo e a lembrar o seu habitat natural. Apesar do frio, adorámos e repetíamos de novo.

    Dali, seguimos para o País das Maravilhas dos Adultos. Nas últimas noites, ficámos no Apukka Resort, uma propriedade de sonho e a prova de que a Lapónia pode e deve ser vista como destino para adultos. É dos lugares mais românticos onde já estive.

    Quando chegamos, temos a sensação de chegar a um pequeno paraíso, onde temos tudo o que precisamos para umas inesquecíveis férias de neve. Desde todas as atividades que se possa imaginar, como: passeios de rena, passeios puxados por cavalos finlandeses, safaris de husky, caça às auroras boreais em mota de neve. Também há várias saunas, incluindo uma de gelo, uma em iglu e outras amovíveis. Toda a sinalética está harmoniosamente cuidada e por toda a propriedade vemos pormenores e detalhes de bom gosto.

    Ali realizei o sonho de dormir num iglu. Claro que com condições excelentes, muito conforto e em vidro, para ver o céu estrelado, as luzes do Norte e o amanhecer de Inverno.

    Recomendo o restaurante Aitta, que tem uma cozinha local, variada e com muita qualidade.

    Ficaria uma semana naquele confortável e apetitoso resort de Inverno! O staff é muito simpático e prestável.

    Fazer parte daquela paisagem dramática, de um paradisíaco diferente do convencional, percebemos a beleza do Inverno que, por aquelas paragens, apenas agora começou.

    Todas as viagens são muito enriquecedoras e aprendemos sempre mais quando estamos atentos e somos curiosos. Descobri que a Lapónia é habitada por um povo indígena, os Sámis, um grupo étnico que se estende pela parte norte da Escandinávia e pela península russa de Kola, ocupando quatro países: a Noruega, a Suécia, Finlândia e Rússia, estima-se serem cerca de 80 mil pessoas, metade vive na Noruega, falam vários dialetos. Incríveis os seus trajes típicos coloridos e as suas práticas ancestrais ligadas às renas. Têm ainda uma música tradicional, o Yoik.

    Como alguém disse: viajar é a única coisa em que gastamos dinheiro e ficamos mais ricos.

    Dicas Viagem à Lapónia

    Em Maio, procurar voos Ryanair: Lisboa – Londres – Rovaniemi – Londres – Lisboa

    Estadia: Hotel Santas Resort

    Aluguer de carro: Green Motion, no Terminal

    Comprar todas as atividades diretamente no local e sem filas

    Auroras Boreais: Apukka Resort (se ficarem lá instalados) ou no Rooftop do Lapland Sky Hotel

    Raquel Rodrigues é gestora, viajante e criadora da página R.R. Around the World no Facebook e no Instagram.

  • Uma viagem rara: da Jordânia à Arábia Saudita – parte II

    Uma viagem rara: da Jordânia à Arábia Saudita – parte II

    O dia amanheceu tranquilo e mal imaginávamos o dia que nos esperava. Adivinhando as dificuldades de entrada na Arábia Saudita, que só abriu portas ao turismo em 2019, um mês antes desloquei-me à sua embaixada em Lisboa. Ninguém me recebeu, mas o segurança deu-me um e-mail para onde poderia colocar todas as questões.

    Enviei um e-mail com os nomes de todos os viajantes, os vistos que iríamos tirar, avisando que tencionávamos passar a fronteira de Tabuque. Só me esqueci de referir que íamos guiando um carro no trajeto.

    Quando alugámos o carro, em lado nenhum perguntava se pretendíamos atravessar a fronteira de um país e, graças às boas relações entre os países, achei que seria pacífico. Só que não!

    A cerca de uma hora da fronteira, um dos carros parou numa aldeia para abastecer, pois já estava com pouco combustível. Ainda gritei: “confirma se é gasóleo ou gasolina”, mas todos concordaram que uma carrinha de 9 lugares funciona a gasóleo…

    Seguimos viagem e, já estávamos a 800 metros da fronteira, quando recebemos uma mensagem a dizer que o carro não andava… Bruxa! A nossa maré de sorte tinha começado. O carro avariou no meio de nenhures, mesmo em frente à única oficina mecânica do deserto.

    Limparam o motor, fizeram todos os truques de magia que só os mecânicos sabem fazer e 1h30 depois tínhamos a carrinha pronta para andar. Otimistas, seguimos confiantes rumo à fronteira, tentando recuperar o tempo perdido.

    Na fronteira, ainda do lado jordano, mas já com véus na cabeça e sem falarmos com os homens, mostrámos toda a documentação, vistos comprovativos de alojamento. Olhando para o carro, disseram: este carro não pode passar. Têm visto para o carro? NÃO TÍNHAMOS!

    Ligámos para a rent a car que nos disse que nenhum carro particular ou alugado podia pedir visto para passar a fronteira. É sempre necessário cruzar a fronteira com um guia ou motorista credenciado e fluente em árabe para nos acompanhar na viagem…

    E agora? Desistir não era opção. Era o ponto alto da viagem, o pretexto para voltar a Petra, mas o objetivo principal. Ao nosso lado, chegou um táxi para passar a fronteira. Rapidamente pedimos ajuda para encontrarmos um táxi, ou melhor, dois.

    Fez uns telefonemas e consegue. “Têm de ir até Ma´na, a 1h30 daqui. Vão encontrar Zaccaria que vos arranja os carros. Vêm de Amã, demoram 2 horas”.

    No caminho, a gasolina era pouca, pelo que optámos por parar num dos postos de controlo da polícia pedindo para nos ajudarem a chamar alguém que pudesse trazer a gasolina. Mais 1 hora de espera. Ali fomos recebidos pelos guardas como visitas. Ofereceram-nos o seu almoço, as suas maçãs. A hospitalidade jordana é única e valorizam a importância dos visitantes para o desenvolvimento do país.

    Chegou a gasolina e seguimos para Ma´na, onde rezávamos para encontrar os nossos motoristas ou quase estarem a chegar. Numa loja – onde não percebíamos bem qual o negócio – orientaram-nos para entrar. Algumas pessoas do grupo estavam a achar o momento estranho. Não falavam inglês, recorriam ao tradutor. Muito difícil, a conversação. Depois de 10 minutos de dialetos, conseguimos falar com alguém do outro lado do telefone e, decorridos 5 minutos de negociação, garantiram-nos 2 carros dali a 2 horas.

    As 2 horas passaram a 3 horas e meia. O cansaço era muito, já tínhamos perdido as atividades pagas na Arábia Saudita e vislumbrávamos cada vez mais longe a chegada.

    Chegou o primeiro motorista que estava com vontade de iniciar a viagem, mas optámos por seguir juntos. Mais 1 hora e eis que chegou o segundo motorista. Tirámos as malas e seguimos viagem. Chegámos novamente à fronteira, onde os guardas admiravam a nossa persistência.

    Horas depois, e já de noite, atravessávamos a fronteira. Os motoristas estavam nervosos, os guardas do lado Saudita não eram afáveis e nem sequer nos olhavam bem. Passámos o primeiro controle e os restantes que culminavam com cães guarda a farejarem as nossas malas.

    Passámos a fronteira. Era tempo de abastecer os carros, comprar chocolates, águas e sumos para nos ajudarem na viagem. A primeira estrada era boa mas a condução na Arábia Saudita é assustadora. Vemos carros em fúria a ultrapassarem pelas bermas, uma condução Fast and Furious nunca vista.

    Parámos em Tabuque e começámos a outra parte da viagem por estradas piores, com sinalética de possibilidade de camelos na estrada. Estávamos de rastos, mas como qualquer deserto, depois de ultrapassado, chegámos ao oásis.

    Mais do que um oásis, chegámos ao Habitas Alula, um hotel destino integrado nas paisagens naturais de Alula. É ali a porta de entrada para Hegra, o mais recente património da UNESCO, a cidade dos nabateus na Arábia Saudita, encontrada em 2008 e que apenas em 2019 abriu portas ao turismo.

    Chegados ao Habitas Alula, foi como se tivéssemos chegado ao paraíso. Para mim, é o melhor exemplo de beleza, conjugando a simplicidade com o luxo da natureza. Um projeto sustentável e o futuro das tendências para a hotelaria que valoriza o lifestyle e a sustentabilidade.

    Habitas, o nome do grupo, significa Casa que é como toda a equipa tentou fazer-nos sentir. A magia das estrelas num céu azul profundo, um calor do deserto e a sensação de que tudo valeu a pena e, sem dúvida, que toda a sincronicidade de acontecimentos foi para nos trazer aqui.

    Acordámos no paraíso. O pequeno-almoço era dos deuses e aproveitámos a piscina mais bonita do mundo e o hotel que mais queria conhecer de sempre. Expectativas? Altamente superadas.

    Era tempo de tentar mais um milagre, pois as tours compradas para a véspera, se não comparecêssemos, não eram reembolsáveis nem reagendáveis. Fui para a recepção. Num país rigoroso e rígido como a Arábia Saudita, tentar apelar à excepção… desconfio que não conheçam a prática do termo.

    Mas no Habitas todos conheciam a nossa história. A equipa uniu esforços para me ajudar a ter o reagendamento da tour em Land Rover Vintage e reembolso das Heli Tours, que apenas operavam de quarta a domingo e, como era segunda, não conseguíamos o reagendamento.

    Durante 1h30 de espera, falei com Rasha Faris que, estando de folga, me deu o conforto de estarem a tentar ajudar-nos. Disse-me que falaríamos com Ahmad Alblawi que, na ausência dela, nos tentaria ajudar com a empresa parceira, para o reagendamento das atividades.

    Ahmad ligou-me, dizendo que precisava de um documento que provasse o problema que tivemos, pois sem prova não aceitariam o nosso pedido. Falámos com o Zaccaria e, milagrosamente, no seu modus lento, em menos de 1 hora, chegou o documento em árabe explicando o sucedido. Li na expressão de Ahmad que, como eu, estava admirado de termos conseguido. Nunca menosprezar um tuga!

    Na recepção, Fahad tratou de nos entreter e fazer com que o tempo de espera não fosse sentido. De 5 em 5 minutos recebíamos café, chá, frutas, sumos, pulseiras, livros. Olhei o relógio e percebi que tinha passado 1 hora e meia.

    Era altura de fazer a visita ao hotel com o diretor, que nos apresentou o conceito e os fatores diferenciadores do Grupo Habitas para os restantes grupos. Terminada a visita, almoçámos junto à piscina e ali recebemos a resposta afirmativa ao pedido para reagendamento da Tour a Hegra.

    Escoltados pelos nossos motoristas, seguimos para o Winter Park, de onde saem as tours. Estava deserto. Apenas os 2 Land Rover vintage à nossa espera. Mais um sonho realizado, imaginando como seria Petra há 30 anos atrás, como Hegra, com muito poucos visitantes.

    A guia fez uma visita muito interessante. Só lhe víamos os olhos, mas adivinhávamos a sua doçura e simpatia.

    Hegra é uma antiga cidade situada a norte de Hejaz, na Arábia Saudita. Dista 22 quilómetros da cidade de al-Ula e está a cerca de 320 quilómetros de Petra, na Jordânia. Em conjunto, as duas localidades são um testemunho histórico da arquitetura dos povos da região, sobretudo os nabateus.

    Na Antiguidade, a região – denominada Hegra, – era habitada pelos tamudis e nabateus. Os monumentos tumulares apresentam inscrições e gravações do século II a.C., sendo que foram construídos até ao século I d.C., pelos nabateus. Outras relíquias da arquitectura histórica da região datam de períodos posteriores, coincindentes com as civilizações tamudi e liã.

    O Sítio Arqueológico de al-Hijr foi declarado Património Mundial, em 2008, tornando-se a primeira localidade na Arábia Saudita a integrar a Lista do Património Mundial da UNESCO.

    Madaim Salé é, a seguir a Petra, considerada o mais importante testemunho vivo da cultura e arquitectura do povo nabateu. Foram descobertos 131 túmulos esculpidos nas rochas, muralhas, torres e várias esculturas, ao longo de uma área de 16 quilómetros.

    Seguimos de coração cheio de regresso à Jordânia para a reta final desta viagem e 10 horas depois chegaríamos ao Kempinski Hotel, no Mar Morto. Ali dormimos nas melhores camas da viagem e, mesmo num sono supersónico, sentimos o conforto da cama e da roupa que a vestia e nos confortava.

    O Kempinski Hotel Mar Morto é um hotel inspirado nos jardins suspensos da Babilónia. Apresenta um serviço irrepreensível. Tem nove piscinas e acesso ao Mar Morto com grande conforto. Aproveitámos todo o dia no hotel. Outra parte do grupo visitou o local de baptismo de Jesus e participou na cerimónia de baptismo no Rio Jordão.

    Foi um momento alto no final desta viagem que trouxe o aconchego que precisávamos, depois de tantas noites mal dormidas e algumas preocupações. Celebrámos mais um final de dia com um bonito pôr-do-sol nas montanhas israelitas, um cenário de sonho e uma paisagem que não dá para esquecer.


    No final do dia, foi tempo de passearmos pela capital, Amã, onde degustámos os doces tradicionais e nos deixámos levar pelos sons e luzes da cidade ao anoitecer. No caminho para o hotel, passámos pela zona nobre e sofisticada: o Boulevard.

    O dia amanheceu e iniciámos a viagem de regresso a casa, já descomprimidos e com pressa de chegar. Mas ainda tínhamos um dia inteiro em Chipre – mais um país para a coleção.

    Ainda no aeroporto de Amã, quando passei o controlo das malas, um polícia chamou-me pediu-me para abrir a carteira. Fez uma série de perguntas sobre as moedas dos nabateus. Queria ficar com uma delas ao que eu disse, prontamente, que não. Chegou a Interpol e, depois, mais alguns polícias. Perceberam que o horário do voo estava a aproximar-se e pediram o meu número de telefone. Fotografaram a moeda e o meu passaporte.

    Em Chipre, alugámos um carro (parte do grupo regressava via Paris e já não teve tempo de visitar Chipre). Deixámos parte do grupo no Beach Club, onde íamos passar o dia a recuperar as energias, com mergulhos de mar e banhos de sol.

    Seguimos para o Túmulo dos Reis, um parque arqueológico também património da UNESCO, em Paphos, e a apenas 10 minutos da praia onde escolhemos passar o dia.

    Foi um dia de praia muito divertido. A amizade, cooperação e os momentos que passámos e ultrapassámos juntos, fizeram de nós pessoas mais ricas e com a perfeita noção da sincronicidade dos acontecimentos que o Universo tratou por nós, em que tudo acaba bem.

    Que aventura, que viagem! Umas das viagens sem regresso nem repetição.

    Nota: Dedico este artigo a todos e a cada um dos meus companheiros de viagem! Aos beduínos de Petra, em especial Raaed e Ibrahim que trago no coração e que espero continuem a conseguir viver em liberdade e a tornar mágicos os momentos de quem visita a cidade rosa. Dedico também o artigo a Rasha Faris, Ahmad Alblawi, Fahad do Habitas Alula que fizeram tudo para tornar a nossa estadia na Arábia Saudita memorável. Conseguiram!

    Raquel Rodrigues é gestora, viajante e criadora da página R.R. Around the World no Facebook e no Instagram.