Etiqueta: Marcador

  • Conexão divina (e felina)

    Conexão divina (e felina)

    Título

    Tarot dos gatos

    Autora

    BETTI GRECO (tradução: Alexandra Cardoso)

    Editora

    Marcador (Outubro de 2024)

    Cotação

    17/20

    Recensão

    Chegado o Outono e a chuva, o chamamento para ir para ‘dentro’ começa a dar os seus sinais. É uma época que confere a oportunidade para se mergulhar em si próprio e reconectar-se com o seu interior. Esta obra, composta por livro e conjunto de 78 cartas de tarot, pode ser um dos instrumentos úteis para esse ‘mergulho’ interior. 

    Em primeiro lugar, destaca-se o facto de se tratar de um objecto esteticamente aprazível. As cartas de tarot com ilustrações de gatos são deliciosas, sobretudo para quem aprecia os felinos e também este tipo de ‘packs’ de tarot, de cartas de anjos, deuses ou similares. De resto, as maravilhosas ilustrações são também da autora do texto. Betti Greco é uma ilustradora e designer gráfica italiana. Cada carta do tarot é única e mesmo as cartas ‘Louco’, ‘O Enforcado’ e Morte’ são perfeitas, a meu ver. Ter ilustrações de gatos em cartas de tarot, realmente tem um impacto positivo, traz leveza e descontracção, à forma como lidamos com uma sessão de leitura ou meditação.

    Depois, é muito simples de utilizar e pode ser usado para ajudar numa meditação sobre alguma temática sobre a qual se pretenda reflectir ou encontrar uma resposta para um desafio. Pode sempre ser também usado como ferramenta de aconselhamento para ajudar a tomar decisões e guiar o rumo para o futuro.

    Experimentei meditar e tirar uma carta para testar o conceito. Fiquei satisfeito com a resposta que surgiu a uma questão que coloquei. Mas, no final do pequeno livro, a autora deixa instruções sobre formas de usar o tarot de diversas formas e para diversos fins. 

    De resto, a Betti Greco deixa também uma nota no pequeno livro que integra o conjunto: entrou no mundo do tarot pela mão de uma amiga, Elena, e é a ela que dedica este baralho. Não sei se será por isso, mas sente-se, de facto, ao pegar no livro e no baralho, que este conjunto foi sonhado, desenhado e produzido com muito carinho. E só isso altera a forma de se estar, antes de meditar ou fazer uma leitura. Outro aspecto interessante é que a autora sugere que se prepare a leitura na presença de um gato, se tivermos um na ‘família’. O objectivo, diz Greco, é criar um ambiente descontraído para a meditação e a leitura das cartas. Se não se tiver um gato, parece que outro animal de estimação serve. 

    Concluindo, este ‘pack’ foi uma agradável surpresa, tanto em termos estéticos, como ao nível de experiência pessoal. E, ao contrário da sugestão da autora, nem sequer tinha um gato por perto. 

  • Um repasto de encher a alma

    Um repasto de encher a alma

    Título

    Histórias e curiosidades à mesa

    Autor

    VÍRGILIO NOGUEIRO GOMES

    Editora (Edição)

    Marcador (Outubro de 2023)

    Cotação

    17/20

    Recensão

    Tendo em conta a época natalícia que se aproxima, muito dada a bródios e a oferendas, eis o livro ideal para as mentes curiosas se empanturrarem sem problemas de consciência, tal a cornucópia de histórias e curiosidades que Virgílio Nogueiro Gomes (n. 1949) nos serve, que são um regalo e bem nos satisfazem o conhecimento acerca destas coisas do comer e do beber.
    Como verdadeiro e acérrimo defensor da gastronomia portuguesa, da sua autenticidade e da sua boa confecção, Virgílio Nogueiro Gomes tem vindo ao longo dos últimos anos a manifestar as suas opiniões, defesas ou increpações através de inúmeros formatos, sendo a crónica um deles e que pratica com obstinada regularidade na sua página online (www.virgiliogomes.com).

    Na Nota Introdutória, o investigador em História da Alimentação confessa que este livro surge agora por insistência dos leitores habituais do seu site, que lhe haviam manifestado o desejo de ver impressas a maioria das suas crónicas. 

    Embora a presente edição não seja a transcrição completa dos textos que Virgílio Nogueiro Gomes publicou nesse espaço, são antes “uma seleção” do autor, “juntamente com textos publicados em outras obras”, sendo alguns inéditos, e outros alterados ou actualizados.

    Assim, o autor dividiu o livro em três grande capítulos: o primeiro, dedicado às Histórias e Curiosidades, com textos “que abordam momentos históricos interligados com os alimentos”, que vão desde “Macarons à Portuguesa” até “São Lourenço, padroeiro dos cozinheiros”, das “Sopas de cavalo cansado” à “Coleção de cardápios de Olavo Bilac” ou a “Tradição à mesa, ou a educação do gosto”, assunto tão corrente nas exposições do autor.

    No segundo capítulo, intitulado, Produtos, Histórias e Estórias, Virgílio Nogueiro Gomes discorre acerca de produtos e ingredientes e a maneira de como eles chegaram até nós. Este é um capítulo muito interessante, uma vez que o autor não só nos dá um enquadramento desses produtos ou ingredientes que entram na culinária portuguesa, como nos traça um roteiro de várias receitas confeccionadas por todo o país onde esses produtos ou ingredientes são protagonistas, como por exemplo o Alho, “produto fundamental na cozinha portuguesa”, os doces confeccionados com azeite (Económicos, Dormidos, Bolas Sovadas). Destaque para o texto que aborda a Banha de Porco e a Doçaria Portuguesa ou a simples e humilde cebola.

    Para o terceiro capítulo, Receitas, Histórias e Curiosidades, o autor deixou um apanhado de histórias acerca de algumas receitas, com as indicações para que os leitores as possam confeccionar, que vão desde um Bolo Rico de Amêndoa e Chila até um humilde Caldo Verde. Das muitas receitas que Virgílio Nogueiro Gomes nos dá a conhecer, destaque para o Empadão de Bacalhau, uma receita criada pelo autor em 1993, “para uma edição da revista Marie Claire” e que se tornou bastante afamada ou para os Pastéis de Santo António, marca registada e originários de Pernes, “na sequência de um processo organizado pela Junta de Freguesia de Pernes”, com uma bela história.

    Contudo, no meio de todas estas crónicas, cheias de histórias e curiosidades, importa também referir os inúmeros episódios que Virgílio Nogueiro Gomes revela, num tom muito confessional e intimista, acerca das suas experiências pelos restaurantes, tanto nacionais como internacionais, e as peripécias que lhe sucederam, seja pela negativa ou pela positiva, mas de todos eles podemos inferir o amor pela gastronomia portuguesa e a defesa intransigente que o autor faz. E este livro é também isso mesmo, um manifesto pela dignidade e história da Culinária Portuguesa.

  • 50 sombras em tom Disney

    50 sombras em tom Disney

    Título

    Letra miudinha

    Autora

    LAUREN ASHER (tradução: Ana Cunha Ribeiro)

    Editora (Edição)

    Marcador (Outubro de 2022)

    Cotação

    6/20

    Recensão

    Tudo neste livro é miudinho, até o enredo: quando o avô morre, deixa a cada um dos netos uma participação numa empresa que vale milhares de milhões de dólares.

    No entanto, para poderem tomar posse da herança, cada um tem de cumprir algumas condições. Rowan, um dos herdeiros terá de reformular e apresentar um plano de recuperação para o parque de diversões estilo Disneyland, chamado Dreamland. Zahra é funcionária desse parque, e sempre sonhou fazer parte da equipa dos Criadores – as pessoas que imaginam novas atrações para o parque e as põem depois em prática.

    Num golpe de sorte, que na altura pareceu azar, Zahra, num momento de embriaguez, submete uma crítica a uma das atrações mais populares de Dreamland. Essa crítica chega às mãos de Rowan, que vê em Zahra imenso potencial como Criadora, promovendo-a. A partir daí, tudo muda.

    É também miudinho o estilo da autora, cheio de lugares-comuns e vulgaridades: “não digo nada e seguro-me ao apoio de braços. É-me oferecida uma visão muito próxima do seu traseiro, mal contido pela sua indumentária não regulamentar de calças de ganga e t-shirt. (…) ela roça contra as minhas pernas compridas com a graciosidade de uma girafa recém-nascida.” “Ela encolhe-se ao mesmo tempo que pega finalmente no seu caderno e se atira para trás para ficar sentada. O seu skate Penny escorrega-lhe do colo e aterra em cima dos meus sapatos de dois mil dólares.”

    Os vários capítulos vão alternando de narrador: ou Rowan ou Zahra. Ambos relatam os mesmos acontecimentos e vão avançando, na narrativa, com essas contribuições nem sempre coincidentes. A autora tenta dar um tom de romance erótico que, na maior parte das vezes, resvala completamente e faz-nos perder o interesse no livro.

    Pelo que sei, estamos perante um best-seller. É um sucesso no Tik Tok. Percebe-se. Trata-se, de facto, de um romance para leitores muito pouco exigentes, e é um daqueles livros descartáveis que não deixam saudade, e que não chegam sequer a entreter. A saga, pelos vistos, vai continuar, e este é apenas o primeiro volume que conta a história de um dos herdeiros: Dreamland Billionaires, Book 1. Seguir-se-ão outros. A ignorar. 

  • Em busca do sol, numa noite de Verão

    Em busca do sol, numa noite de Verão

    Título

    É tempo de reacender as estrelas

    Autora

    VIRGINIE GRIMALDI (tradução: Carmo Vasconcelos Romão)

    Editora (Edição)

    Marcador (Abril de 2022)

    Cotação

    17/20

    Recensão

    Nascida em Bórdéus em 1977, a francesa Virginie Grimaldi publicou o seu primeiro romance, Le premier jour du reste de ma vie, em 2015, e desde  aí não mais parou, tendo-se tornado, em 2020 a escritora mais lida no seu país.

    O sucesso tem sido internacional: já com sete romances – o último dos quais, Les Possibles, publicado no ano passado –, tem edições em duas dezenas de línguas. No entanto, este é o primeiro livro publicado em Portugal.

    Não será estranho comprender, pela leitura de É tempo de reacender as estrelas, que já tenha vendido mais de um milhão de exemplares em todo o Mundo. Com efeito, a leveza e humor com que a autora permeia e premeia o romance provoca, no leitor, uma vontade inexplicável de avidamente prosseguir até à última página.

    É o livro ideal para uma escapadinha num local tranquilo, onde o silêncio seja cúmplice para desfrutar de uma viagem ao Cabo do Norte e, assim, contemplar as auroras boreais e outras paisagens melodiosas, onde o sol da meia-noite é um dos protagonistas.

    O romance aborda uma história contada em três versões – por uma mãe e as suas duas filhas. Cada versão tem uma voz e um registo distintos.

    A versão da mãe, Anna, na primeira pessoa, é a história de uma vida difícil, de uma mulher divorciada, com 37 anos, e das suas vicissitudes e dificuldades para conseguir pagar (sem sucesso) todas as despesas sozinha. As dívidas acumulam-se sem que saiba como se desenvencilhar dos credores. Para piorar ainda mais a situação, ela é convidada a despedir-se de um emprego desgastante, cujo horário não lhe permite passar tempo útil com as filhas, uma de 17 anos, Chloé, e outra de 12, Lily.

    A indemnização, que serviria para pagar todas as dívidas e relaxar durante algum tempo, é usada para viver uma longa viagem de autocaravana com as filhas até ao Cabo Norte. A decisão é acelerada, e posta em prática no dia em que Anna vê um homem nu na casa de banho de sua casa. 

    O registo de Chloé, uma jovem angustiada e sem auto-estima, é conhecido através do seu blogue pessoal, no qual a personagem partilha com quem quiser ler tudo o que se passa na sua vida, desde as discussões com a mãe por causa do pai, com quem não está há anos, às suas dúvidas relativas à sua activa vida pouco amorosa e sexual.

    Lily encontra num diário, que nomeia de Marcel, o seu amigo confidente a quem relata, com a ingenuidade típica de uma adolescente, os acontecimentos do seu dia-a-dia, incluindo o que os adultos denominam de bullying.

    O tom da narrativa varia, por isso, em cada capítulo – geralmente curtos – sendo mais intimista e revelador na versão adulta, a de Anna.

    A voz da jovem é tão banal quanto assustadora em termos de teor. Com efeito, os dilemas, angústias e dúvidas reveladas através do blogue de Chloé são, provavelmente, os de muitas outras jovens. Sendo, por esta razão, uma excelente oportunidade para as leitoras com filhas nesta faixa etária. De facto, ainda que seja um romance levezinho e algo superficial, os temas aqui abordados são, certamente, as questões que geram rupturas entre gerações, entre mães e filhas (no caso deste romance).

    A escrita diarística é marcada pelo humor ingénuo e jovial, típico de uma adolescente observadora e atenta.

    No conjunto, as três personagens entrelaçam as suas vidas como um jogo do gato e do rato, onde quem fica a ganhar é o leitor apreciador de romances de Verão.

    É, também, o relato de uma viagem inspiradora, em que o cenário de algumas cidades escandinavas se torna, em certos momentos, mais um protagonista.

    A aprendizagem da mãe é uma constante e o modo como lida e gera com os problemas das filhas pode ajudar outras mães a encontrar outras perspectivas com humor.

  • Uma deliciosa busca às cozinhas com pitada portuguesa

    Uma deliciosa busca às cozinhas com pitada portuguesa

    Título

    À portuguesa: receitas em livros estrangeiros até 1900

    Autor

    VIRGÍLIO NOGUEIRO GOMES

    Editora

    Marcador

    Cotação

    16/20

    Recensão

    Diz o povo que a curiosidade matou o gato, mas para Virgílio Nogueiro Gomes (n. 1949) esse desejo revelou-se o rastilho primordial que o conduziu numa investigação gastronómica durante seis anos, e o levou a mergulhar nos arquivos de bibliotecas e alfarrabistas em busca de dezenas de manuais de cozinha de antanho.

    Profundo conhecedor e defensor da gastronomia portuguesa, Virgílio Nogueiro Gomes pretendia descobrir as razões que justificassem o facto de algumas receitas publicadas em livros estrangeiros ostentarem a denominação «à portuguesa» ou de «Portugal».

    Assim, na sua aventura, o investigador em História da Alimentação coligiu cento e dezoito receitas, encontradas em trinta e um livros impressos entre 1604 e 1900, desde Espanha a Itália, do Brasil a França. Constatou que, na maioria das receitas, a denominação «à portuguesa» ou de «Portugal» estava subjacente ao uso de um ingrediente particular: a laranja doce, de que Portugal foi, principalmente a partir do século XVI, o maior distribuidor para os mercados da Europa.

    Considerada por muitos como a de melhor qualidade, a laranja portuguesa influenciou bastante a doçaria europeia até finais do século XIX.  Ainda hoje, em muitos países europeus e da bacia do Mediterrâneo a palavra usada para designar a laranja tem origem no topónimo Portugal: portakal, portocaliu, portokall, portokhali, portokal, portokali, portugallo, portugai.

    Muitas outras receitas encontradas por Virgílio Nogueiro Gomes surgem com estas designações simplesmente pelo uso de ingredientes então identificados com Portugal, como o caso do açúcar ou do vinho da Madeira, bastante procurados pelos mestres cozinheiros das principais cortes europeias.

    De acordo com o autor, «o encontro de cozinheiros das cortes ou de casas abastadas permitiria possivelmente a partilha de conhecimentos culinários e o nome “à portuguesa” poderia ser decorrente da nacionalidade do artista que ensinou.» Aponta depois o caso de Francisco Martinez Montiño, cozinheiro da corte espanhola, que acompanhou o rei Felipe III durante a sua estadia em Lisboa. «É possível», sugere o autor, «que por esse facto tenha aprendido algumas receitas nossas e, por isso, as terá batizado “à portuguesa”.»

    Na ausência de mais dados, aqui e ali, o autor vai apontando caminhos, sugerindo hipóteses, mas a falta de informação não permite uma explicação cabal, tal como sugere a advertência que Inês de Ornellas e Castro faz ao leitor no Prefácio: «neste livro encontramos, sobretudo, receitas que reproduzem aquilo que o(s) Outro(s) percepcionam ser, de algum modo, identificável com Portugal ao longo de trezentos anos», uma vez que, acrescenta, «a maior parte das obras foi escrita muito antes de existir o conceito de pratos tradicionais e nacionais».

    Segundo a investigação realizada por Virgílio Nogueiro Gomes, algumas das receitas, embora nos honrem com o título, «não fazem parte da nossa tradição alimentar ou não chegaram aos tempos atuais.» Outras são fruto de confusões e equívocos, como por exemplo a indicação do vinho da Madeira como sendo um vinho africano, ou receitas «à portuguesa» mas com a adição de vinho de Málaga ou de Alicante. Até o célebre Auguste Escoffier, quando publica o seu Le Guide Culinaire (1902), «vem assumir que apelida de “à portuguesa” todos os pratos que têm tomate.»

    Das receitas encontradas, Virgílio Nogueiro Gomes confeccionou e fotografou oito, resultado que pode ser vislumbrado numa das badanas do livro. Não obstante, devido ao interesse que estas receitas suscitam, as ditas mereciam um lugar mais destacado.

    As receitas, apresentadas na sua versão original, em fac-símile, foram traduzidas pelo autor e são acompanhadas por algumas notas ou comentários explicativos sobre um ou outro ingrediente mais esquivo, sendo quase todas elas passíveis de serem confeccionadas hoje em dia. Uma dessas receitas é a de um «arroz à portuguesa», que reproduzimos em baixo, pela grande semelhança com o nosso tradicional arroz-doce. Referência também para as preciosas informações biográficas sobre os autores destes livros de cozinha, algumas delas bem pitorescas e quase anedóticas.

    Eis um livro curioso, bastante pertinente, que abre caminho a futuras investigações sobre esta temática e que, acima de tudo, se revela muito útil e de referência para todos aqueles que se interessam pela história cultural da nossa alimentação.

    Deixamos aqui, para aguçar o apetite, a receita “Para fazer arroz à portuguesa”, incluída no livro Il Pan Unto Toscano (1705), de Francesco Gaudenzio (1648-1733):

    “Para vinte pessoas, tomar uma escudela de arroz e um bom púcaro de leite, pôr o dito arroz bem lavado e limpo no leite a ferver e deixá-lo cozer em fogo lento, misturando-o até engrossar. Próximo do fim da cozedura, adicionar uma libra de açúcar. Quando estiver cozido, misturar dez gemas de ovo batidas bastante bem com água de cheiros (possivelmente água de flor de laranjeira) e incorporar no arroz deixando ficar um pouco ao lume. Mandar para a mesa com canela por cima.”

    Bom apetite.