Etiqueta: Hora Política

  • ‘As autarquias podem ser o motor para acelerar a mudança na sustentabilidade’

    ‘As autarquias podem ser o motor para acelerar a mudança na sustentabilidade’

    Pedro Norton de Matos é um dos principais rostos da sustentabilidade em Portugal e um gestor à frente do seu tempo. Há 17 anos, fundou o Greenfest, o maior evento de sustentabilidade do país. Nesta entrevista ao PÁGINA UM, Norton de Matos defende que, mais do que governos ou do que Bruxelas, as autarquias podem ter um papel crucial para acelerar a mudança em termos de uma sociedade mais sustentável. Também falou sobre a crise nos media e sobre a tendência de polarização e divisão da opinião pública, que tem o efeito perverso de criar cidadãos apáticos e passivos. O gestor deixou ainda críticas às três grandes indústrias: a da guerra; a farmacêutica; e a petrolífera. Numa era em que se instalam no Ocidente ideais autocráticos que visam, nomeadamente, condicionar ou eliminar a liberdade de expressão, Norton de Matos defende que democracia e sustentabilidade são compatíveis. Para o gestor e consultor, mudar comportamentos na área ambiental passar por se premiar as boas práticas, acreditando que são as novas gerações que vão fazer a diferença, mas apelando a um compromisso intergeracional.



    Pedro Norton de Matos criou o Greenfest, o maior evento de sustentabilidade em Portugal, há 17 anos. Na altura, o conceito ESG (siga de ‘Environmental, Social and Governance’) ainda não era um fenómeno no mundo empresarial, nem uma prioridade para muitas empresas. Hoje, sustentabilidade é um critério em muitos negócios e está reflectido em políticas e em práticas.

    Mas ainda há um longo caminho a percorrer em matéria de defesa do ambiente e na criação de uma sociedade sustentável. Pedro Norton de Matos não tem dúvidas de que as novas gerações são determinantes para a mudança mas, no imediato, em Portugal, é o poder local que pode trazer uma maior transformação para um país mais ‘amigo’ do ambiente. “As autarquias são e poderão vir a ser cada vez mais os grandes motores de acelerar a mudança”, disse o mentor do Greenfest numa entrevista ao PÁGINA UM.

    Norton de Matos defendeu que, não só os autarcas estão, muitas vezes, mais tempo no poder do que um primeiro-ministro, como as autarquias têm uma visão mais holística na gestão dos recursos e na resolução de problemas. “Mais do que as coisas acontecerem em Bruxelas ou no Terreiro do Paço, acho que é claramente nas comunidades onde a mudança pode acontecer de uma forma mais eficaz, mais consistente e mais rápida”, frisou.

    Pedro Norton de Matos. (Foto: D.R.)

    Um gestor reputado de topo, (foi presidente-executivo da Unisys Portugal, Espanha e Itália e da operadora ONI), Norton de Matos, decidiu mudar as suas prioridades quando sofreu um enfarte aos 50 anos. Hoje, aos 69 anos, reside em Ponte de Lima e, ao longo dos anos, não só criou o Greenfest como promoveu outros projectos a pensar na sustentabilidade, nomeadamente o Bluefest Portugal, mas também na consultoria e formação, através da Academia G.

    Mas é o Greenfest o ‘empreendimento’ mais conhecido, contando já com 24 edições realizadas em diversos municípios. O evento nasceu em parceria com a Câmara Municipal de Cascais, mas acabou por se alargar a outras partes do país e a outras autarquias, nomeadamente aos municípios de Braga, Porto, Torres Vedras e Valongo. A próximo edição do Greenfest está agendada para os dias 27, 28 e 29 de Setembro, em Braga.

    Nesta entrevista realizada na plataforma Zoom, o gestor e consultor falou sobre como ” as três maiores indústrias do mundo” − a da guerra, a petrolífera, a farmacêutica − moldam e influenciam as políticas e as tendências. “Todos os países europeus vendem armas e, sem hipocrisias de reconhecer isso, há negócio para vender armas”, disse, frisando que “não é difícil instigar [o aparecimento de conflitos armados], seja com ódios religiosos, étnicos ou históricos”, e que “o mais fácil é criar uma guerra”.

    (Foto: D.R.)

    No caso da indústria farmacêutica, salientou que ” temos de estar agradecidos à Ciência, à tecnologia, por grandes evoluções das décadas, mas vemos também a perversidade de negócios, em que as fronteiras levantam dúvidas”, estranhando “ver tantos especialistas com tantas certezas, a defender posições, quando seria mais honesto, até intelectualmente, mostrar algumas dúvidas, e não certezas cegas”.

    Também comentou a crise na comunicação social em Portugal, destacando a importância de se “valorizar muito e elogiar projetos independentes, que lutam quase contra tudo e todos, quando estão a fazer um serviço público de primaríssima utilidade”. Para Norton de Matos, “há uma perversa dependência [de grupos de media] e que leva, portanto, a adulterar completamente” a informação. “Os médicos fugiram do ideal do Hipócrates; os Jogos Olímpicos fugiram do ideal de Pierre Coubertain; e os jornalistas têm fugido (…) do jornalismo rigoroso”, lamentou.

    Também criticou o facto de no espaço mediático e público, das redes sociais, haver polarização de temas e observou que “a maioria que não está polarizada, é uma maioria que, em muitos casos, quase que é convidada à inação, porque fica tão dividida”.

    Num mundo cada vez mais polarizado e em que temas de relevo como o da defesa do ambiente são politizados, assiste-se ao regresso de políticas e ideologias em prol da censura e da eliminação da liberdade de expressão. Mas, para Norton de Matos, a democracia “é claramente compatível [com a defesa do ambiente] e é o único modelo” em que se revê, afastando a implementação de ideais autocráticos, os quais estão em ascensão no Ocidente.


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  • ‘A Cultura cria valor, cria um impacto, não é só animação’

    ‘A Cultura cria valor, cria um impacto, não é só animação’

    Marta Silva preside à cooperativa cultural Largo Residências, cuja actividade tem sido marcada pela crise no acesso a habitação na capital, o processo de gentrificação da cidade e a explosão do turismo. Depois de ter tido a sua ‘casa’ no Largo do Intendente durante 11 anos, a cooperativa foi promotora, durante um ano, de um pólo cultural ‘pop up’ no quartel da GNR do Largo do Cabeço de Bola, também na freguesia de Arroios. Recentemente, passou a ocupar parte das instalações do antigo hospital psiquiátrico Miguel Bombarda, onde criou o centro cultural e comunitário Jardins do Bombarda. Distinguida como uma das cinco maiores cooperativas do género do país, em 2019, a Largo Residências também se tem destacado em projectos de inclusão social e desenvolvimento local, com programas voltados para a comunidade, mas também para o apoio a artistas, nomeadamente refugiados. Nesta entrevista ao PÁGINA UM, Marta Silva destaca o papel da cultura, enquanto “cola” e função “estruturante de relações, de criação de sentimentos de pertença”, e frisa que é crucial que os decisores políticos percebam que esta actividade não é só animação. A presidente da cooperativa também elabora sobre o programa de actividades nos Jardins do Bombarda, nomeadamente a primeira conferência internacional sobre ‘Terceiros Lugares’, um tipo de espaços colaborativos, que se realiza em Outubro.



    Foi considerada, em 2019, uma das cinco maiores cooperativas culturais do país. Mas essa distinção, entre outras, e o seu papel na área de inclusão social e desenvolvimento local não foram suficientes para tornar a cooperativa Largo Residências imune à forte crise no acesso a habitação que tem assolado o país, nomeadamente na capital, e que afectou as suas actividades nos últimos anos.

    A gentrificação da cidade, a par da explosão do valor dos imóveis e do negócio do alojamento local, deixou a Largo sem casa. Depois de 11 anos a desenvolver a sua actividade no Largo do Intendente, a cooperativa presidida por Marta Silva teve de procurar ‘casa’ nova. Durante um ano, promoveu um pólo cultural ‘pop up‘, temporário portanto, no quartel da GNR no Largo do Cabeço de Bola, também na freguesia de Arroios. Recentemente, passou a ocupar parte das instalações do antigo hospital psiquiátrico Miguel Bombarda, onde criou o centro Jardins do Bombarda.

    Marta Silva, presidente da cooperativa Largo Residências, na redacção do PÁGINA UM. (Foto: D.R.)

    Marta Silva, 45 anos, foi co-fundadora da Associação SOU, criada em 2007, com sede em Arroios, um projecto de formação e programação em artes performativas, que deu origem à criação, em 2012, da cooperativa Largo Residências. Para a gestora cultural, “as cidades, para serem sustentáveis, precisam de projectos sem fins lucrativos e que reconhecem o cidadão e o desenvolvimento local como prioritário”.

    Nesta entrevista ao PÁGINA UM, destaca que “a Cultura cria valor, cria um impacto, que não é só activação, não é só animação. Ela é estruturante de relações, de criação de sentimentos de pertença e é uma cola sem a qual a cidade vai desmoronar”. E diz os agentes têm de ser vistos como interventores territoriais estruturantes e “de criação de cidade”.

    Marta Silva também salientou o papel fundamental da participação cívica. “Não podemos encarar o acto de participação com ouvir opiniões”, disse. Para Marta Silva, “infelizmente, ainda estamos todos longe de perceber o que é realmente participar. Hoje em dia, há uma tendência em falar de um processo participativo, quando estamos simplesmente a informar ou a recolher opiniões, e isso não é um processo participativo”.

    A presidente da Largo, além de ser gestora, desenvolveu a sua actividade em torno da dança e do ensino. Este ano recebeu o prémio ‘Melhores Produtores Culturais 2023’ da sexta edição do Prémio Natércia Campos, atribuído pela Academia de Produtores Culturais.

    No leme da Largo Residências, Marta Silva acompanhou, de igual modo,todo o processo de transformação do Intendente e zonas adjacentes causada pelos movimentos de imigração, turismo e valorização imobiliária.

    Agora, nos Jardins do Bombarda, a cooperativa continua com o seu programa de residências de artistas, que tem o apoio da Câmara Municipal de Lisboa. Tem também o programa residências-refúgio, que é apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, o qual acolhe, actualmente, cinco artistas em situação de refúgio.

    (Foto: D.R.)

    No espaço encontram-se ainda um restaurante, uma loja, um jardim onde se pode organizar eventos, e diversas zonas para actividades e programas diversos. O espaço é aberto ao público e também acolhe actividades originadas na comunidade.

    Em preparação, está a sala-estúdio Valentim de Barros para acolher espectáculos e que homenageia um dos primeiros bailarinos portugueses com carreira internacional, o qual, sendo homossexual, foi institucionalizado no Miguel Bombarda, tendo lá vivido mais de quatro décadas.

    Também em preparação, está a I Conferência Internacional ‘Terceiros Lugares’ em Portugal, dedicada a esta tipologia de espaços colaborativos. Trata-se de entidades do terceiro sector, ou seja, que não estão ligadas nem ao sector público nem ao privado, que ocupam temporariamente antigos espaços com outros usos, como antigas fábricas ou hospitais, com o objectivo final de ter um impacto mais territorial, de inclusão, desenvolvimento local, social e económico, a dimensão da comunidade e do cidadão. O evento vai decorrer nos dias 11 e 12 de Outubro, sendo que nos dois últimos dias haverá workshops nos Jardins do Bombarda.


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  • ‘Os últimos oito anos foram desastrosos para o mercado de arrendamento’

    ‘Os últimos oito anos foram desastrosos para o mercado de arrendamento’

    Luís Menezes Leitão, 60 anos, presidente da Associação Lisbonense de Proprietários, não tem dúvidas de que o que mais contribuiu para a actual crise no acesso a habitação em Portugal foram as medidas “hostis” impostas pelos governos socialistas de António Costa, que lesaram proprietários e inquilinos. Frisou que muitos proprietários desistiram de arrendar e desmente informações divulgadas nos media de que existe uma grande fatia de arrendamentos sem contrato e não declarados ao Fisco. Militante do PSD, o advogado também se mostrou muito desiludido com a forte viragem à esquerda do partido e pela ausência de políticas diferentes das dos socialistas. Nesta entrevista ao PÁGINA UM, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados também alertou que está a haver uma tentativa de interferência do poder político no poder judicial, o que considera preocupante. Também receia que, no futuro, se possa repetir a violação dos direitos fundamentais dos portugueses e o desrespeito pela Constituição que se observou durante a pandemia de covid-19. Sobre o sector da Justiça, apontou que a situação calamitosa em que se encontram os tribunais administrativos e fiscais favorece a impunidade de políticos e constitui uma ameaça à democracia.



    Luís Menezes Leitão não tem dúvidas: o principal responsável pela crise no sector da habitação, nomeadamente do mercado de arrendamento, é António Costa. O presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) reconhece que a tendência internacional de crescimento do alojamento local ajudou à crise, mas culpa os dois últimos governos socialistas pelo que considera ser um retrocesso das políticas relativas ao sector, com medidas que lesaram tanto proprietários, como inquilinos.

    Para o advogado, “grande parte do que se está a passar na elevação dos valores das rendas resultou de o governo anterior ter adoptado uma política de tal forma hostil aos proprietários que levou que grande parte deles desistissem de se manter no mercado de arrendamento”. Apontou que “a cereja no topo do bolo foi quando se decidiu o travão à subida das rendas”.

    Segundo Luís Menezes Leitão, “estes últimos 8 anos foram desastrosos”, o anterior primeiro-ministro, António Costa, a conseguir destruir em semanas o que tinha levado décadas a conseguir.

    Luís Menezes Leitão. (Foto: D.R./Ordem dos Advogados)

    Com cerca de 10.000 associados, a ALP é a mais antiga estrutura representativa de proprietários urbanos a nível nacional. Fundada em Fevereiro de 1888, preside à Confederação Portuguesa de Proprietários e ocupa actualmente a vice-presidência da União Internacional da Propriedade Imobiliária (UIPI). Apesar de centenária, a associação ainda luta, no século XXI, por eliminar medidas já muito antigas, como o congelamento de rendas que, segundo o presidente da ALP, provoca uma distorção no mercado, obrigando proprietários a ter rendas mais elevadas para compensar rendas congeladas. Aliás, a ALP tem promovido uma petição pública Pelo Fim Imediato do Congelamento de Rendas em Portugal, que conta com mais de 2.500 assinaturas.

    Apesar de esperar que o actual governo suportado pela AD (PSD/CDS-PP) possa avançar com soluções para os problemas do sector, tem pouco esperança. Um militante do PSD, o advogado lamenta que, “nos últimos anos, o partido tenha virado muito à esquerda”. Afirmou que se nota, “infelizmente, uma política muito próxima do que defende o PS”. E defendeu que “essa viragem do partido à esquerda e tem contribuído para terem surgido outros partidos à direita”, como o Chega.

    Para o presidente da ALP, não “parece que seja muito correcto um partido do governo que aspira ser alternativa e que defende exactamente as mesmas políticas que o partido do anterior governo, apenas com algumas nuances”. Frisou que “era esperado que houvesse uma postura mais reformista e uma viragem no que se tinha passado”, mas “o que se tem visto é praticamente uma evolução na continuidade” porque “não vimos nenhuma reforma e nenhuma viragem digna desse nome como muitos esperavam” e ele próprio esperava.

    Comentando a actual situação da Justiça, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados considera que podemos estar “perante um ataque concertado ao Ministério Público”, já que existem inúmeros comentários e movimentos de políticos com vista a que haja uma interferência do poder político no poder judicial.

    (Foto: D.R./ALP)

    “Não podemos cair na questão de tentar um controlo do Ministério Público por parte do poder político. É isso que está em curso. Está em curso com o Manifesto dos 50, que é um manifesto de políticos para defender que os políticos controlem o Ministério Público”, afirmou.

    Reconheceu que “é preciso voltar a credibilizar a nossa justiça”. “Mas também estamos a ter simultaneamente uma tentativa de intervenção do poder político na Justiça que me parece bastante preocupante”, avisou.

    O ex-bastonário também alertou para a situação calamitosa em que se encontra a Justiça administrativa e fiscal. Mas apontou que os políticos beneficiam com a situação, pois se houver cidadãos que os queiram responsabilizar, só haverá decisões em 10 anos, quando já ninguém se interessar pelo tema. Para o advogado, esta situação põe em causa a responsabilização efectiva do poder político e constitui um problema para a nossa democracia.

    Luís Menezes Leitão, que foi um dos críticos das medidas inconstitucionais impostas em Portugal durante a pandemia de covid-19, teme que os direitos fundamentais dos portugueses voltem a ser violados no futuro.  “Fiquei bastante chocado com o que se passou, na altura. Surgiram uma série de medidas inconstitucionais que o Parlamento, praticamente, aprovava ‘de cruz’”, disse. Por outro lado, defendeu que “devia ter havido imensas entidades que tinham competência para fazer a fiscalização da constitucionalidade, mas nada fizeram”, nomeadamente a Procuradoria-Geral da República e a Provedora de Justiça. Acresce que “não se viu uma oposição eficaz dos partidos da oposição”. Ou seja, “o nosso sistema constitucional foi colocado à prova” e mostrou ser “frágil”, o que “é preocupante”.

    “Tenho algum receio que a situação se volte a repetir. Infelizmente, nós não temos visto, quer da parte de alguma opinião pública, quer especialmente por parte do poder político, o facto de se tomar consciência do que se podia ter feito e o que se devia fazer”, lamentou. E concluiu: “só num país como Portugal, se pode ouvir um primeiro-ministro dizer que um confinamento é para manter, diga o que disser a Constituição”.


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  • Causas do incêndio da Madeira: ‘Na cabeça dos políticos menos ilustrados, o algoritmo é a precedência da vontade popular’

    Causas do incêndio da Madeira: ‘Na cabeça dos políticos menos ilustrados, o algoritmo é a precedência da vontade popular’

    Licenciado e doutorado em Engenharia Florestal pelo Instituto Superior de Agronomia, Jorge Capelo é um dos mais conceituados investigadores de ciências vegetais de comunidades mediterrânicas e macaronésias, que abrangem a floresta laurissilva, na ilha da Madeira.

    Numa conversa descontraída com Pedro Almeida Vieira, o responsável pelo herbário do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INAV), e também professor convidado da Universidade da Madeira, fala, a título pessoal, das riquezas da floresta madeirense e de tudo aquilo que se perdeu no recente incêndio, que destruiu mais de 5.000 hectares.

    Mas houve também oportunidade para uma abordagem mais didáctica sobre a Botânica e as suas estórias, o seu estudo e sobretudo as valias das plantas.


    Jorge Capelo fotografado no PÁGINA UM.

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  • ‘Se forem embora os turistas, é o colapso da Economia portuguesa’

    ‘Se forem embora os turistas, é o colapso da Economia portuguesa’

    João Duque, presidente do ISEG-Instituto Superior de Economia e Gestão, fala com paixão da ‘sua’ escola, que tem raízes históricas, e do ensino. Nesta entrevista, que decorreu na sede do PÁGINA UM, o professor catedrático de Finanças, de 63 anos, falou sobre os projectos do ISEG e de como a escola é cada vez mais internacional, mas portuguesa, com uma cultura que promove a diversidade de ideias e o debate. Sobre a economia portuguesa, sublinhou os perigos de um modelo económico assente no turismo e no trabalho não qualificado e mal remunerado. Na política, deu um ‘Bom -‘ aos seis meses de governação de Luís Montenegro, até porque, com António Costa, sentia que o país “estava a morrer em lume brando”. João Duque alertou que a demografia é o maior risco e desafio que Portugal enfrenta e que o país deve criar incentivos para atrair imigrantes qualificados e também jovens. Um europeísta convicto, defendeu que, na União Europeia, Portugal deve ter uma voz activa e não ser subserviente e apontou que o perigo são os burocratas com poder, mas não eleitos.



    O turismo é como oxigénio para a Economia portuguesa, mas está a dar sinais de fadiga. Por isso, João Duque, presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), recomenda que o Governo crie um novo modelo, com uma economia “assente no conhecimento e no investimento”.

    Nesta entrevista, que decorreu na sede do PÁGINA UM, em Lisboa, o professor catedrático de Finanças defendeu ainda a criação de incentivos para o país conseguir atrair imigrantes qualificados e também jovens, já que a demografia, com o progressivo envelhecimento da população, é o principal desafio que Portugal enfrenta. E aguarda para ver se o primeiro-ministro, Luís Montenegro, vai concretizar a ideia pré-eleitoral de o país vir a pagar a jovens para virem para Portugal estudar, o que poderia ter impacto no modelo de financiamento das universidades, fazendo uma “diferença colossal”, pela positiva.

    Na política, deu nota positiva aos seis meses de governação da AD, mas deixou avisos. “Temos crescido muito com o turismo e estamos a chegar àquele nível de mudar da simpatia para a antipatia e é perigoso. Se forem embora os turistas, é o colapso da Economia portuguesa”, disse João Duque. Defendeu que “o plano é manter o turismo e estimular e fazer crescer outros sectores” de valor acrescentado.

    João Duque, presidente do ISEG desde 2022. O professor catedrático de Finanças já tinha presidido ao ISEG entre 2009 e 2014. (Foto: D.R./ISEG)

    Crítico do Governo de António Costa, João Duque defendeu o diálogo entre o PS e a AD, como a melhor opção para o futuro do país. “Com António Costa, sentia-me como um caracol, a morrer em lume brando”, afirmou. Na actual conjuntura, considera que o Governo “ainda anda a aprender a dançar com o PS e Pedro Nuno Santos”. “Isto é um tango e ainda não se encontraram”, disse.

    Também lamentou que os políticos mudem assim que “chegam ao Terreiro do Paço” e que deviam ter como missão servir o país e não os partidos. “É a questão do poder”, afirmou.

    Como europeísta convicto, não deixa de apontar alguns perigos que existem na União Europeia, com destaque para os burocratas com poder e não eleitos, os quais precisam ser escrutinados e contrariados pelos políticos que receberam os votos dos europeus. Também avisou que pode haver, no futuro, uma ruptura cultural, se a entrada de imigrantes de culturas diversas se descontrolar.

    Mas os seus olhos brilham é quando fala da família e também do ‘seu’ ISEG, que classifica de escola internacional, mas portuguesa. “É preciso saber que, quando se entra no ISEG, há uma sardinha em cima de uma fatia de pão para comer; não são hambúrgueres”, afirmou. A escola tem, actualmente, cerca de 5400 alunos de 40 nacionalidades diferentes.

    João Duque, fotografado no PÁGINA UM.

    Lembrou que metade do financiamento do ISEG vem dos cofres públicos e que a escola vai continuar a ensinar em português. Fundado oficialmente em 1911, recordou que o ISEG tem raízes históricas, que remontam ao Instituto do Comércio criado por Marquês de Pombal, em meados do século XVIII.

    A escola, que já é reconhecida internacionalmente, acaba obter a acreditação das grandes associações de internacionalização, o chamado ‘triple crown‘, e também aderiu, recentemente, à rede internacional de ‘business schools’ Hermes.

    Nesta entrevista, João Duque fala de alguns dos projectos do ISEG, como o projecto de apoio, com bolsas, a novos alunos. Em 2023, foram 80 os alunos que beneficiaram desse apoio. E, numa época em que a ‘moda’ é a cultura de cancelamento e a defesa do ‘pensamento único’ em muitas áreas, João Duque salientou que no ISEG se promove a diversidade de pensamento e o debate de ideias, afastando dogmatismos.


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  • ‘Não há detentores da Ciência’

    ‘Não há detentores da Ciência’

    O HORA POLÍTICA regressa com uma entrevista a Fernando Nobre, médico-cirurgião, professor catedrático, antigo candidato à Presidência da República e fundador da AMI-Assistência Médica Internacional, que celebra este ano o seu 40º aniversário. Nesta entrevista ao PÁGINA UM, que decorreu na sede da AMI, em Lisboa, Fernando Nobre, de 73 anos, recorda os anos que antecederam a criação da instituição que está hoje presente em 86 países. Mas o médico fala também sobre os tempos actuais e os perigos emergentes para a democracia, a liberdade e a Ciência. Nobre foi atacado, nomeadamente na imprensa e na Internet, por ter defendido posições diferentes das da Direcção-Geral da Saúde na pandemia e também por ser um crítico feroz das novas vacinas contra a covid-19. A Ordem dos Médicos chegou a abrir-lhe um processo que colocou numa gaveta. Já com o gravador desligado, Fernando Nobre não afastou um eventual regresso à política activa e desmentiu que tivesse dado o seu apoio ao ADN, frisando que não é apoiante do partido e “nunca” será.



    Na parede, um quadro com Aristides Sousa Mendes marcou o tom desta entrevista a Fernando Nobre, que garantiu já o seu lugar na História do país. Médico-cirurgião, activista, político, gestor, professor catedrático, Nobre é também indissociável da AMI-Assistência Médica Internacional, organização ‘do Mundo’ que fundou há 40 anos e que dirige.

    Sempre com a frontalidade e transparência que lhe são características, Fernando Nobre recordou os primeiros passos na medicina e também no trabalho como voluntário na Médicos Sem Fronteiras. Mas também abordou o seu percurso na política e alguns dos episódios mais marcantes.

    Fernando Nobre no jardim da sede da AMI, em Lisboa, rodeado de árvores que plantou. A Assistência Médica Internacional, fundada e dirigida pelo médico-cirurgião, celebra este ano o seu 40º aniversário e tem espalhado os seus ‘frutos’ pelo Mundo, estando presente em 86 países. (Foto: PÁGINA UM)

    Nesta entrevista ao PÁGINA UM, Fernando Nobre aborda ainda os ataques de que foi alvo, nomeadamente na imprensa e na Internet, devido a algumas das posições que defendeu durante a pandemia de covid-19. E deixou alertas sobre os actuais perigos para a democracia, a liberdade e a Ciência.

    Aos 73 anos, Nobre não descartou um regresso à política activa. Já com o gravador desligado, o antigo candidato a Presidente da República afirmou que é algo que irá avaliar, consoante o evoluir da situação do país.

    Aristides Sousa Mendes ‘observou’ e ‘influenciou’ o tom da entrevista a Fernando Nobre, onde não faltou a defesa da liberdade de consciência, da liberdade de expressão e da democracia. (Foto: PÁGINA UM)

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  • ‘Estas eleições são uma batalha pela democracia na Europa’

    ‘Estas eleições são uma batalha pela democracia na Europa’

    Advogado e ex-deputado do PCP, João Oliveira, de 44 anos, é o cabeça de lista da Coligação Democrática Unitária (CDU), que junta o Partido Comunista Português (PCP) e o Partido Ecologista Os Verdes (PEV), nas eleições para o Parlamento Europeu. Em entrevista ao PÁGINA UM, o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP criticou o facto de a União Europeia estar a servir, sobretudo, os interesses das multinacionais, incluindo nas suas políticas agrícolas e ambientais. Por outro lado, considera que a alternativa ao crescimento da extrema-direita e do populismo não são o federalismo nem o neoliberalismo, já que “convivem” bem entre si e convergem em diversas matérias. Esta é a 14ª (e última) entrevista da HORA POLÍTICA que pretende conceder voz aos cabeças-de-lista dos 17 partidos e coligações que concorrem às Europeias, em eleições marcadas para 9 de Junho. As entrevistas são divulgadas, seguindo a ordem crescente de antiguidade, na íntegra em áudio, através de podcast, no jornal e na plataforma Spotify.



    Estas eleições para o Parlamento Europeu representam uma batalha pela defesa da democracia na União Europeia. Este é o aviso deixado por João Oliveira, cabeça-de-lista da Coligação Democrática Unitária (CDU), que reúne o PCP e o Partido Ecologista Os Verdes (PEV). Em entrevista ao PÁGINA UM, o ex-deputado do PCP adiantou que a alternativa face às ascensão da extrema-direita e do populismo na Europa não é o federalismo nem o neoliberalismo, porque convergem em vários temas.

    “O Pacto para as Migrações, que foi aprovado com esse amplo consenso entre todas essas forças políticas, é talvez o melhor exemplo da forma como os socialistas, populares europeus, liberais e extrema-direita convivem todos e se articulam entre si”, disse o candidato da CDU.

    “Nenhum partido da extrema-direita põe em causa os interesses das grandes multinacionais, nenhum partido da extrema-direita põe em causa ou neoliberalismo. Isso corresponde a uma identificação de políticas e, não é por acaso, que a senhora Ursula von der Leyen [presidente da Comissão Europeia], que pertence ao Partido Popular Europeu, à família politica do PSD e do CDS em Portugal, não deixa de ter entendimentos com os liberais, com os socialistas, e inclusivamente com a extrema-direita”, apontou.

    João Oliveira, cabeça-de-lista da CDU (PCP-PEV) nas eleições para o Parlamento Europeu.
    (Foto: D.R.)

    Por isso, João Oliveira acredita que a CDU vai alcançar “bons resultados” nestas eleições europeias. Recorde-se que, nas eleições para o Parlamento Europeu de 2019, a CDU elegeu dois eurodeputados: João Ferreira e Sandra Pereira.

    Para João Oliveira, o crescimento “de forças reaccionárias” na Europa “tornam esta batalha eleitoral numa batalha pela democracia” e “também na dimensão económica, social e cultural”.

    Defendeu que o “verdadeiro desafio” que os europeus enfrentam é o rompimento “destas políticas de favorecimento das grandes empresas, das multinacionais, dos grandes grupos económicos e financeiros os quais a União Europeia serve”. Destacou que a CDU defende “a construção de uma Europa dos trabalhadores e dos povos”, mais “orientada para melhorar as condições de vida dos povos, garantir justiça social, garantir o progresso e desenvolvimento dos países”.

    João Oliveira (ao centro), Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP (à direita), e Mariana Silva, porta-voz do Partidos Ecologista Os Verdes (à esquerda). (Foto: D.R.)

    O candidato da CDU também defendeu que a soberania de Portugal deve ser respeitada, com as decisões a estarem mais colocadas nas mãos dos portugueses, incluindo na política monetária e relações externas com outros países, mas não só. “É incompreensível que o caminho que esteja a ser apontado para a União Europeia na saúde seja o de concentrar ainda mais poder nas instituições europeias, para satisfazer as grandes farmacêuticas e as grandes multinacionais  dos medicamentos e dos grupos económicos que fazem o negócio com a doença”, lamentou.

    Também na defesa do ambiente, frisou que existem vários exemplos “em que nós verificamos os grandes interesses económicos que estão em jogo e que determinam muitas das decisões políticas, desconsiderando as questões ambientais”. Neste tema, a CDU defende que “a resposta aos problemas ambientais esteja articulada com a resposta aos problemas económicos e sociais, e em que o ambiente se defenda, em vez de ser comprado e vendido” e usado como pretexto para criar fortunas e novos negócios.

    Esta é a 14ª (e derradeira) entrevista do HORA POLÍTICA, que visa entrevistar os 17 cabeças-de-lista dos partidos que concorrem às eleições europeias que, em Portugal, têm data marcada para o dia 9 de Junho. A publicação obedece a uma ordem cronológica, do partido mais jovem ao mais antigo.


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  • Oiça a ‘não-entrevista’ de Sebastião Bugalho, cabeça-de-lista da AD

    Oiça a ‘não-entrevista’ de Sebastião Bugalho, cabeça-de-lista da AD

    Como sucedeu com todos os outros 16 cabeças-de-lista dos partidos que concorrem às eleições para o Parlamento Europeu, a coligação Aliança Democrática (AD), do PSD e do CDS-PP, foi convidada a participar na rubrica HORA POLÍTICA, uma iniciativa única na imprensa em Portugal, que visa contribuir para uma democracia com maior pluralismo e diversidade, concedendo espaço para uma entrevista em pé de igualdade. Apesar das inúmeras insistências, Sebastião Bugalho, de 28 anos, número um da lista da AD nestas eleições europeias, não mostrou disponibilidade, sendo por isso a terceira ausência no meio de 13 entrevistas (já publicadas), que incluíram partidos sem e com assento parlamentar (Chega, Iniciativa Liberal, Livre e PAN). No total, contamos já com 14 entrevistas gravadas. O PÁGINA UM dedica assim uma ‘hora de silêncio’ ao PS, e aproveita para divulgar as 13 entrevistas que já publicámos anteriormente. Todas as entrevistas são divulgadas na íntegra em áudio, através de podcast, no PÁGINA UM e no Spotify.



    Em 2019, integrou as listas do CDS-PP nas eleições legislativas, como independente, não sendo eleito. Agora, o ex-jornalista e comentador televisivo Sebastião Bugalho, de 28 anos, foi o escolhido para cabeça-de-lista da coligação Aliança Democrática (AD), do PSD e do CDS-PP nas eleições para o Parlamento Europeu. A nomeação de Bugalho causou surpresa e dividiu opiniões. Nas eleições europeias de 2019, o PSD elegeu 6 eurodeputados e o CDS-PP apenas um.

    Sebastião Bugalho, cabeça-de-lista da Aliança Democrática às eleições europeias.
    (Foto: D.R.)

    Perante a indisponibilidade do candidato da AD, o PÁGINA UM aproveita para divulgar as 13 entrevistas já publicadas com os líderes das listas dos partidos que vão a votos a 9 de Junho.

    Segue a lista de entrevistas, do partido mais jovem, ao mais antigo:

    Ossanda Líber, Nova Direita

    Duarte Costa, Volt Portugal

    Márcia Henriques, RIR

    António Tânger Corrêa, Chega

    João Cotrim de Figueiredo, Iniciativa Liberal

    Pedro Ladeira, Nós Cidadãos

    Joana Amaral Dias, Alternativa Democrática Nacional (ADN)

    Francisco Paupério, Livre

    Gil Garcia, Movimento Alternativa Socialista (MAS)

    Pedro Fidalgo Marques, Pessoas Animais Natureza (PAN)

    José Manuel Coelho, Partido Trabalhista Português (PTP)

    Manuel Carreira, MPT-Partido da Terra

    Rui Fonseca e Castro, Ergue-te


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  • Oiça a ‘não-entrevista’ de Marta Temido, cabeça-de-lista do PS

    Oiça a ‘não-entrevista’ de Marta Temido, cabeça-de-lista do PS

    Como sucedeu com todos os outros 16 cabeças-de-lista dos partidos que concorrem às eleições para o Parlamento Europeu, o Partido Socialista (PS) foi convidado a participar na rubrica HORA POLÍTICA, uma iniciativa única na imprensa em Portugal, que visa contribuir para uma democracia com maior pluralismo e diversidade, concedendo espaço para uma entrevista em pé de igualdade. Apesar das inúmeras insistências, Marta Temido, de 50 anos, número um da lista do PS nestas eleições europeias, não mostrou disponibilidade, sendo por isso a segunda ausência no meio de 13 entrevistas (já publicadas), que incluíram partidos sem e com assento parlamentar (Chega, Iniciativa Liberal, Livre e PAN). No total, contamos já com 14 entrevistas gravadas. O PÁGINA UM dedica assim uma ‘hora de silêncio’ ao PS, e aproveita para divulgar as 13 entrevistas que já publicámos anteriormente. Todas as entrevistas são divulgadas na íntegra em áudio, através de podcast, no PÁGINA UM e no Spotify.



    A antiga ministra da Saúde do governo de António Costa, Marta Temido, de 50 anos, foi a escolhida para cabeça-de-lista do Partido Socialista (PS) nas eleições para o Parlamento Europeu. Com um doutoramento em Políticas de Saúde, a antiga administradora hospitalar e actual deputada do PS irá em breve passar a ser eurodeputada. Nas europeias de 2019, o PS elegeu nove deputados para o Parlamento Europeu.

    A presidente da concelhia do PS de Lisboa ficou mais conhecida pelo facto de ser ministra aquando da pandemia de covid-19, período que foi presença assídua nas televisões e na imprensa, em geral. Apesar dos media e alguns comentadores classificarem como um “sucesso” a gestão da pandemia em Portugal, os dados mostram uma realidade diferente, incluindo o nível de mortalidade em excesso em valores máximos e os efeitos drásticos nas crianças e jovens, nas empresas, nas famílias e na economia. Ao contrário, na Suécia, o país seguiu o protocolo habitual, mantendo escolas e negócios abertos, em geral, e a sociedade a funcionar normalmente, sem uso de máscara nem confinamentos, com pequenas exceções. Os resultados foram um nível de mortalidade em excesso residual, crianças e jovens mais saudáveis e sem perdas nos estudos, e uma economia menos penalizada.

    Marta Temido, cabeça-de-lista do PS às eleições europeias.
    (Foto: D.R.)

    Perante a indisponibilidade da candidata do PS, o PÁGINA UM aproveita para divulgar as 13 entrevistas já publicadas com os líderes das listas dos partidos que vão a votos a 9 de Junho.

    Segue a lista de entrevistas, do partido mais jovem, ao mais antigo:

    Ossanda Líber, Nova Direita

    Duarte Costa, Volt Portugal

    Márcia Henriques, RIR

    António Tânger Corrêa, Chega

    João Cotrim de Figueiredo, Iniciativa Liberal

    Pedro Ladeira, Nós Cidadãos

    Joana Amaral Dias, Alternativa Democrática Nacional (ADN)

    Francisco Paupério, Livre

    Gil Garcia, Movimento Alternativa Socialista (MAS)

    Pedro Fidalgo Marques, Pessoas Animais Natureza (PAN)

    José Manuel Coelho, Partido Trabalhista Português (PTP)

    Manuel Carreira, MPT-Partido da Terra

    Rui Fonseca e Castro, Ergue-te


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  • ‘Todos somos racistas. O racismo é um mecanismo humano relativamente à diferença’

    ‘Todos somos racistas. O racismo é um mecanismo humano relativamente à diferença’

    O advogado Rui Fonseca e Castro, de 50 anos, é o cabeça-de-lista do partido Ergue-te nas eleições para o Parlamento Europeu. É também o presidente da Associação Habeas Corpus, a qual fundou em 2021. O antigo juíz ficou conhecido pelo seu activismo durante a pandemia de covid-19 contra as medidas impostas em Portugal, e que o levou à expulsão pelo Conselho Superior da Magistratura. Numa entrevista polémica ao PÁGINA UM, enquadrada na série de conversas com as forças partidárias (reconhecidas pelo Tribunal Constitucional) que concorrem às Europeias, o cabeça-de-lista do partido nacionalista e de extrema-direita acusa a existência de uma transferência de soberania para o exterior lamentando a perda da noção de patriotismo de outros tempos. Esta é a 13ª entrevista da HORA POLÍTICA que pretende conceder voz aos cabeças-de-lista dos 17 partidos e coligações que concorrem às Europeias, em eleições marcadas para 9 de Junho. As entrevistas são divulgadas, seguindo a ordem crescente de antiguidade, na íntegra em áudio, através de podcast, no jornal e na plataforma Spotify.



    Portugal tem vindo a perder soberania para entidades supranacionais e está a ser atacado e destruído por dentro. Este é o retrato que Rui Fonseca e Castro, cabeça-de-lista do Ergue-te, faz da actual situação do país.

    “Estamos num país ocupado por um regime que é inimigo dos portugueses”, disse o candidato daquele partido nacionalista em entrevista ao PÁGINA UM. E lamentou que “hoje em dia, a noção de patriotismo é [saber] se a Selecção ganha ou perde”.

    Segundo este advogado, que esteve envolvido num mediático processo de expulsão de juiz pelo Conselho Superior da Magistratura, hoje, “o Estado funciona como um extractor de riqueza”, que transfere dinheiro dos contribuintes para as “elites”, sem a população ter noção daquilo que se passa. E exemplifica: “Para a maioria das pessoas as vacinas foram gratuitas”.

    Rui Castro, cabeça-de-lista do partido Ergue-te nas eleições para o Parlamento Europeu.
    (Foto: PÁGINA UM)

    Rui Fonseca e Castro defendeu também que “precisamos desenvolver o nosso sector produtivo, a nossa indústria”, para que a economia cresça, mas defendeu que, para isso, há que acabar com proibição de uso de energia, referindo-se às medidas que visam acabar com o recurso a fontes de energia fósseis.

    Sobre a imigração, o cabeça-de-lista do Ergue-te disse que é contra a abertura do país a imigrantes não europeus e avisou que não haverá integração dos migrantes que têm entrado em Portugal. “Defendo posições discriminatórias com base na nacionalidade portuguesa, em Portugal”, disse o candidato. “Portugal é a nossa casa e na nossa casa deixamos entrar quem nós queremos”, afirmou.

    Falando sobre o seu futuro na política, Rui Fonseca e Castro disse que esta sua candidatura é um primeiro passo e pretende continuar. “Não estou, neste momento, filiado no Ergue-te e, por minha vontade, sim [prosseguia a sua actividade na política]”, afirmou

    (Foto: PÁGINA UM)

    Caso seja eleito como eurodeputado, Rui Fonseca e Castro garantiu que o Parlamento Europeu ficará mais animado. “Em primeiro lugar, iria imprimir o meu estilo no Parlamento Europeu. Ficaria mais animado não ficaria tão monótono”, afirmou.

    Para o candidato do Ergue-te, existem muitos dogmas no Parlamento Europeu, uma lógica “de pensamento único em que se discute sem contestar dos dogmas”.

    Nesta entrevista, o cabeça-de-lista do Ergue-te também deixou, a sua perspectiva sobre um recente incidente ocorrido junto à sede do Bloco de Esquerda, em Lisboa, durante uma acção de campanha.

    Esta é a 13ª entrevista do HORA POLÍTICA, que visa entrevistar os 17 cabeças-de-lista dos partidos que concorrem às eleições europeias que, em Portugal, têm data marcada para o dia 9 de Junho. A publicação obedece a uma ordem cronológica, do partido mais jovem ao mais antigo.


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