Alterações Mediáticas, podcast da jornalista Elisabete Tavares sobre os estranhos comportamentos e fenómenos que afectam o ‘mundo’ anteriormente conhecido como Jornalismo.
No 21º episódio, analisa-se o caso dos títulos que anunciam concertos ‘grátis’ e festivais ‘grátis’, mas que, afinal, são pagos pelos contribuintes…
Também se analisa: a ‘não cobertura’ da reunião anual do Grupo Bilderberg; a repentina preocupação dos media com conflitos de interesse entre ‘especialistas’ de saúde pública; a cobertura ‘fofinha’ da presença de Portugal na Expo 2025; e a bipolaridade dos media ao noticiar motins como protestos ‘pacíficos’.
Neste episódio do podcast Acta Diurna abordam-se três temas de relevo: um que levanta preocupações de cariz social; e outros dois relacionados com a área da Saúde:
1) Nunca houve tantos idosos em risco de pobreza e exclusão
Uma análise do jornalista Pedro Almeida Vieira aos dados mais recentes disponíveis no Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam uma realidade preocupante em matéria de aumento de pobreza na terceira idade. O aumento da longevidade não está a ser acompanhado de apoios à população sénior mais vulnerável em termos sociais e económicos. As mulheres são as mais afectadas.
2) Calor e mortalidade: está o SNS preparado para lidar com as consequências que dias mais quentes trarão, designadamente para os mais idosos?
As previsões apontam que os próximos dias serão de calor no território continental. Os riscos em termos de saúde, sobretudo para os idosos, são grandes, podendo assistir-se a um efeito de aumento da mortalidade. Até porque o Inverno foi ‘ameno’ em termos de mortalidade. Se não houver a devida preparação das autoridades e do SNS, depois vai culpar-se o tempo e as alterações climáticas pelo eventual aumento de mortes.
3) Robert F. Kennedy Jr., secretário de Saúde dos Estados Unidos, reformou o painel de membros de um comité que ajuda a definir as políticas de vacinação com o objectivo de restaurar a confiança do público nas vacinas. Mas os media, e alguns ‘especialistas’ não ficaram contentes com a mudança.
Caiu o ‘Carmo e a Trindade’ com o anúncio da reforma do painel de conselheiros de um comité que ajuda a definir as políticas de vacinação nos Estados Unidos. Os media, muitos dos quais têm parcerias com farmacêuticas, vieram de imediato criticar a decisão com notícias enviesadas e negativas. Também ‘especialistas’ com ligações a farmacêuticas, como é o caso em Portugal de Filipe Froes, apressaram-se a insultar Kennedy.
Inspirado no conceito ancestral de noticiar os factos do dia, o PÁGINA UM decidiu registar a marca Acta Diurna no INPI (não é apenas o Almirante Gouveia e Melo que a usa), com o intuito de lançar um podcast de comentário regular sobre a actualidade e temas que orbitam em torno das nossas abordagens.
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A Acta Diurnafoi, muito provavelmente, o primeiro jornal da História. Criado na Roma Antiga, no ano 59 a.C., por ordem de Júlio César, tratava-se de uma folha de informação pública onde eram registados e divulgados acontecimentos políticos, decisões judiciais, anúncios e até mexericos. Afixada em locais de grande circulação, a Acta Diurna tinha como propósito dar conta do quotidiano, funcionando como um instrumento de transparência – ou, ao que tudo indica, de propaganda e controlo da informação.
Inspirado neste conceito ancestral de noticiar os factos do dia, o PÁGINA UM decidiu registar a marca Acta Diurna, para lançar um podcast de comentário regular sobre a actualidade e temas que orbitam em torno das abordagens do próprio jornal. Mas não só. Também haverá espaço para outros assuntos que, por diversas circunstâncias acabam por não ser desenvolvidos em formato escrito.
O Acta Diurna será conduzido por Pedro Almeida Vieira e Elisabete Tavares, podendo contar, pontualmente, com convidados externos que tragam outras perspetivas ao debate. Não é um podcast de entrevistas, é um espaço de análise crítica, com o selo do jornalismo livre do PÁGINA UM.
O Acta Diurnaserá um espaço para quem quer pensar além das narrativas dominantes. E o novo episódio já está disponível.
Quando o fumo branco começou a sair pela chaminé instalada no telhado da Capela Sistina, toda a gente já sabia: a Sé não estava mais vacante; os cardeais haviam escolhido um novo bispo para Roma. Cumprido o ritual milenar, restava ao cardeal protodiácono, Dominique Mamberti, pronunciar a fórmula estabelecida desde o século XV, após a eleição de Martinho V: “Habemus papam!” Só então o planeta descobriu que o sucessor de Francisco também era oriundo do Novo Mundo: Robert Francis Prevost. Ou, como será doravante conhecido por toda a eternidade, Papa Leão XIV.
Para os céticos e não crentes, as tradições papalinas não se diferenciam muito das demais sucessões monárquicas: “rei morto, rei posto”, é o ditado que vem desde Carlos VI, Rei de França. Para os crentes do universo católico, significa que novamente temos um Vigário de Cristo para dar seguimento à Sua palavra. Para o mundo político brasileiro, contudo, o significado é potencialmente bem outro.
Papa Leão XIV. Foto: Vatican News.
A história política da Igreja Católica no Brasil
Não que a ligação entre política e Igreja Católica seja algo recente na história política brasileira. Pelo contrário. Desde quando aqui aportaram as caravelas de Cabral, Estado e Igreja caminharam lado a lado. Enquanto os portugueses lideravam a dominação territorial, aos padres competia a “salvação das almas” dos povos conquistados. Esse foi o balé dançado a dois desde 1500. Mesmo quando a música era atravessada por episódios tragicómicos, como a “deglutição” do Bispo Sardinha – primeiro prelado do país, canibalizado pelos índios caetés –, o baile seguia, dada a comunhão de interesses entre os pares.
A coisa só começou a desandar no final do século XIX. Pela Constituição de 1824, cabia ao Imperador não só nomear os bispos, como também “conceder ou negar o beneplácito aos decretos dos concílios, e letras apostólicas, e quaesquer outras constituições ecclesiasticas que se não oppozerem á Constituição” (Art. 102, inc. XV, da Constituição de 1824). Quando Pio IX decretou a Bula Syllabus Errorum, D. Pedro II foi colocado numa sinuca de bico. A diretriz papal condenava “ideologias” incompatíveis com a fé cristã – e a maçonaria era uma delas. Se o imperador brasileiro fizesse cumprir a determinação de Sua Santidade, ofenderia os maçons; se negasse sua aplicação, compraria briga com o Vaticano. Entre a Santa Sé e suas bases, D. Pedro II preferiu ficar com os maçons.
Ritual antropofágico desenhado por Theodore de Bry (1528-1598)
Desse embate resultou a prisão por “insubordinação ao Imperador” dos bispos de Olinda e do Pará, que ameaçaram de excomunhão quem frequentasse templos maçons. Um arranjo posterior permitiu o funcionamento da maçonaria sem a condenação religiosa, em troca da libertação dos bispos. O cristal, contudo, encontrava-se irremediavelmente trincado. Ao lado da questão militar e da questão abolicionista, a questão religiosa foi decisiva para o fim do Império e o consequente golpe que instaurou a República no Brasil.
Ainda que a primeira constituição republicana tenha estabelecido como um de seus princípios fundantes a separação entre Igreja e Estado (Art. 11, n. 2º, da Constituição de 1891), seria ingénuo acreditar que uma cultura arraigada de forma tão profunda no imaginário popular pudesse desfazer-se assim tão rapidamente. Durante todo o século XX, a Igreja Católica foi, juntamente com a sombra do fantasma militar, o maior fator de desequilíbrio eleitoral no cenário político brasileiro. Membro da Ação Integralista no Ceará (os fascistas da época), D. Hélder Câmara – que viria a ser o líder religioso mais influente do país – fez campanha em 1934 para a Liga Eleitoral Católica em seu estado com o slogan: “um voto para a LEC é um voto para o Nosso Senhor Jesus Cristo”. Foi o que bastou para que a oposição fosse varrida nas urnas.
D. Hélder da Câmara (1909-1999)
Não surpreenderá a ninguém constatar que, trinta anos depois, o chão tenha começado a ruir sob os pés de João Goulart justamente quando militares e católicos ultraconservadores resolveram unir-se contra o seu governo. Em 19 de Março de 1964, meio milhão de pessoas saíram às ruas em São Paulo naquela que ficou conhecida como a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. Duas semanas depois (2 de Abril), outras 200 mil saíram às ruas da antiga capital federal, no Rio de Janeiro, para comemorar o golpe militar contra o governo constitucional na chamada “Marcha da Vitória”.
No início da ditadura, militares e a cúpula da Igreja Católica mantiveram-se razoavelmente próximos. D. Hélder Câmara – que batalhara junto ao então Subsecretário de Estado do Vaticano, Giovanni Battista Montini, pela criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ocupara por treze anos a sua Secretaria-Geral – foi defenestrado meses depois do golpe em favor da ascensão de um prelado inexpressivo, porém alinhado à nova ordem: D. Agnelo Rossi.
Batido, D. Hélder teve de resignar-se com a perda da poderosa arquidiocese do Rio de Janeiro. Tentaram exilá-lo no Maranhão, mas, nomeado para a diocese de São Luís, a “sorte” atravessou-lhe o caminho, matando pouco dias antes da sua efectivação na capital maranhense o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Carlos Coelho. Para os militares e para os católicos ultramontanos, teria sido melhor vê-lo em São Luís, mas mesmo assim o Recife era uma vitrine menos vistosa do que a antiga capital do estado da Guanabara.
A capital pernambucana, contudo, ainda guardava nos anos 1960 muito do espírito revolucionário que levou a outrora gloriosa capitania de Pernambuco a ser palco de oito em cada dez insurreições no período do Império. Estudantes revoltosos e insurretos de todas as idades viam naquela figura magra e pequena o vulto de um líder. Não se podia dizer que D. Hélder quisesse liderar uma revolução que conduzisse ao fim da ditadura, mas era certo que sabia da influência que detinha para distribuir cotoveladas aos militares através de suas palavras.
Como não pudessem prendê-lo – o que seria visto em toda a parte como uma afronta inaceitável –, os militares iam atrás de quem estava no seu entorno. Por mais de uma vez, coroinhas de D. Hélder foram presos e levados incomunicáveis a quartéis do Recife. Quando não prendiam sem razão, metralhavam sua casa ou o Palácio de Manguinhos, residência oficial do arcebispado de Olinda e Recife. Se isso fosse pouco, no dia 27 de Maio de 1969, um cadáver foi descoberto nas cercanias da Cidade Universitária no Recife. Era o corpo do Padre António Henrique Pereira Neto, assistente da arquidiocese para assuntos da Juventude, a quem D. Hélder estimava como um filho. Os restos do Padre António Henrique continham uma corda passada no pescoço, feridas espalhadas por todo o corpo, cortes de facão na garganta e na barriga, além de três tiros na cabeça. No seu enterro, D. Hélder fez questão de indicar os assassinos: “Aqueles que julgam estar salvando a civilização cristã com a eliminação de sacerdotes e líderes estudantis”.
O caldo – sempre fervente – entornara de vez. Pela primeira vez na história do Brasil, um clérigo havia sido assassinado por motivos políticos. D. Hélder – que passara quase cinco anos como voz solitária a pregar no deserto – comprou um bilhete aéreo e foi a Roma ter com o Santo Padre. Seu velho amigo Montini – agora Papa Paulo VI – resolveu tomar partido nessa briga: “Nós lemos a documentação referente à tortura que você nos mandou. Então, tudo o que você havia nos contado era verdade. A Igreja não deverá tolerar mais as atrocidades e torturas cometidas num país que se diz católico”.
Dom Helder com uma multidão no cortejo do Padre Henrique em 1969. Foto: Arquivo/Jornal A Verdade.
Foi a senha para o divórcio definitivo entre a Igreja Católica e a ditadura militar. Alguns meses depois, D. Hélder verbalizou no Palais des Sports, em Paris, o que todo o brasileiro decente já sabia, mas não podia falar: “A tortura é um crime que deve ser abolido. Os culpados de traição ao povo brasileiro não são os que falam, mas sim os que persistem no emprego da tortura. Quero pedir-lhes que digam ao mundo todo que no Brasil se tortura. Peço-lhes porque amo profundamente a minha pátria e a tortura a desonra”. Dali em diante, a Igreja Católica passou a ser praticamente a única instituição regular organizada a denunciar os crimes e os desmandos da ditadura brasileira.
A Igreja no pós-redemocratização e um possível cenário para 2026
Quando a ditadura caiu em 1985, a Igreja ainda era, com sobras, a denominação religiosa mais influente do país. 90% da população professava a fé católica. Nas pequenas cidades do interior, as maiores autoridades locais eram – não necessariamente nessa ordem – o prefeito (representante do poder secular), o juiz (representante da lei), o delegado (representante da ordem) e o padre (representante do poder divino).
De lá para cá, entretanto, o panorama mudou bastante. Hoje, não mais do que metade da população brasileira declara-se católica. Os evangélicos, que em 1980 não chegavam sequer a 10% do total, atualmente somam mais de 30%. Embora não seja possível definir a posição política do cidadão a partir da sua fé declarada, é certo que a maior parte dos protestantes rejeita Lula ou qualquer coisa que se pareça com o PT. Aproximadamente 60% deles votaram em Jair Bolsonaro na eleição de 2022. Se Lula conseguiu vencer por estreita margem no pleito passado, isso deveu-se em sua maior parte aos votos católicos, onde o babalorixá petista amealhou mais de 50% do total. Como os católicos (ainda) são maioria no país, essa diferença – somada aos votos dos ateus – resultou nos pouco mais de 2 milhões de votos que deram a vitória a Lula.
E o que o novo Papa tem a ver com isso?
Em que pese a doutrina católica professar a crença fundamental de que o Santo Padre é o representante legítimo de Jesus na Terra, muitos dos sedizentes católicos brasileiros abominavam o Papa Francisco mais do que o próprio demónio. “Comunista”, o argentino Jorge Mario Bergoglio recusara-se a receber o “mito” dessa malta, Jair Bolsonaro. Trata-se de façanha única entre os presidentes brasileiros desde a redemocratização em 1985. Para o eleitorado bolsonarista, Francisco era antes um rival a ser combatido do que um líder espiritual a ser reverenciado. Não causa espanto, portanto, que sua morte tenha sido objeto de comemoração nesses círculos mais sombrios.
Felizmente, essa porção dantesca do catolicismo brasileiro constitui minoria na Igreja brasileira. A imensa maioria ainda reza à vera o credo niceno-constantinopolitano e não acredita na teoria de que a Terra é plana. Para essa porção, a palavra do Bispo de Roma segue tendo peso, e ele está longe de ser irrelevante.
Papa Francisco, à direita.
Embora seja tradição o Papa não declarar voto em ninguém, as seguidas demonstrações de “apoio” de Francisco a Lula certamente não passaram despercebidas pelos crentes católicos. Ainda quando o actual presidente estava preso, Jorge Mario Bergoglio escreveu-lhe uma carta. Depois que Lula saiu da prisão, em 2020, recebeu-o no mesmo Vaticano em cujo solo não quis receber Bolsonaro. Quatro dias antes do segundo turno da eleição de 2022, naquele que talvez tenha sido seu movimento mais ousado no tabuleiro político brasileiro, Francisco pediu em oração que “Nossa Senhora Aparecida proteja e cuide do povo brasileiro, livrando-o do ódio, da intolerância e da violência”.
É possível que Francisco não fosse propriamente um fã de Lula. É possível até intuir que o Papa não enxergasse no atual presidente um modelo de cristão. Mesmo assim, como bom jesuíta, Francisco sabia reconhecer que, se Lula não era enviado de Deus, Bolsonaro provavelmente era mandatário da outra figura. O recado, portanto, estava dado. O Papa não queria Bolsonaro – o ódio, a intolerância e a violência encarnadas – como presidente do Brasil.
Prevost não é Bergoglio e não há a menor garantia de que Leão será Francisco. Todavia, o simples facto de o Sacro Colégio Cardinalício ter escolhido um Papa norte-americano que criticou publicamente em redes sociais Donald Trump e seu vice, J.D. Vance, é sinal de que Jair Bolsonaro e sua trupe não encontrarão na Santa Sé um aliado contra o “comunismo”, vocábulo no qual se enquadra qualquer um que não reze pela cartilha da extrema-direita.
O calendário de hoje marca 2025 e, se é cedo para virar a folha para 2026, mais prematuro ainda é tentar profetizar o que se passará nas eleições de outubro do ano que vem. Entretanto, a julgar pelo cenário que se desenha, uma coisa é certa: teremos uma eleição acirrada e a religião terá novamente papel preponderante nela.
Resta, agora, saber que tipo de papel o Papa Leão vai querer desempenhar nela. Vai marcar posição, como fez seu antecessor? Ou preferirá manter a Igreja longe da hélice?
Só Deus – literalmente – sabe.
Arthur Maximus é advogado no Brasil e doutorado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Alterações Mediáticas, podcast da jornalista Elisabete Tavares sobre os estranhos comportamentos e fenómenos que afectam o ‘mundo’ anteriormente conhecido como Jornalismo.
Regressa o Alterações Mediáticas. E no 20º episódio, analisa-se o fenómeno bizarro que tem levado a agência Lusa a esconder repetidamente uma informação relativa aos gerentes da Trust in News.
Também se analisa um artigo distorcido da revista The New Yorker sobre Jacinda Arden e o fenómeno que levou alguns media britânicos a mentir no caso do acórdão do Supremo Tribunal sobre direitos das mulheres.
Neste nono episódio de A Corja Maldita, abordamos o cerceamento da liberdade de imprensa no julgamento do homicídio da grávida da Murtosa, cuja exclusão dos jornalistas foi justificada com o argumento de “garantir o rigor da informação”.
Será esta uma decisão sensata ou grave num Estado de Direito? Mas não terá sido o próprio jornalismo, tantas vezes submisso, sensacionalista e desinteressado do essencial, a criar as condições para este afastamento? Um debate acalorado, tão acalorado que a moderação acabou por ser pouca…
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A Corja Maldita, o podcast que retira o verniz à Justiça portuguesa. Vozes, sem medo num país em surdina, que expõem abusos, desmontam rituais e denunciam os silêncios coniventes da Justiça, com factos, nomes e a coragem que falta ao comentário instituído.
• Pedro Almeida Vieira, director do PÁGiNA UM e jornalista de investigação, num papel sobretudo de ‘moderação’ (ou ‘incitamento’)
• João De Sousa, consultor forense e ex-inspetor da PJ, conhecedor profundo do sistema com a coragem para o enfrentar;
• Miguel Santos Pereira, advogado de pensamento livre, crítico do formalismo cego e das ficções que se fazem passar por justiça. Neste espaço, a crítica é frontal e a análise é crua – e a Verdade não pede licença.
Os médicos envolvidos nestes “esquemas”, a confirmarem-se as acusações, terão usado o chamado Adicional para benefício próprio. Se assim for, não merecem comiseração. Mas para compreender o verdadeiro problema, convém olhar para a floresta e não apenas para a árvore.
O Programa Adicional foi criado com o objectivo de reduzir as listas de espera — particularmente em especialidades com maior atraso, como a oftalmologia e a ortopedia — oferecendo incentivos financeiros para trabalho fora do horário habitual.
Na prática, e sob orientação do Ministério da Saúde, as administrações hospitalares industrializaram o Adicional. Os blocos operatórios passaram a funcionar para lá do horário normal, incluindo sábados e domingos. O horário habitual manteve-se pouco produtivo, enquanto os turnos extra se transformaram em verdadeiras linhas de montagem. Para tal, seleccionam-se os casos mais simples e rápidos, maximizando a produção (e a facturação). Sem esta “desnatação”, os resultados impressionantes seriam impossíveis.
Quem beneficia? Não são apenas os médicos. Enfermeiros, técnicos, auxiliares — todos recebem remuneração adicional. As administrações hospitalares asseguram financiamentos extra e os fornecedores de consumíveis registam aumentos consideráveis nas vendas.
Quando se operam 30 cataratas, compram-se 30 lentes intraoculares. Quando se realizam 6 próteses da anca, adquirem-se seis próteses. Quando se corrigem 12 hérnias com recurso a redes protésicas, estas têm de ser compradas.
Segundo estimativas actuais, o custo médio de uma lente intraocular ronda os 950 euros, enquanto o de uma prótese total da anca varia entre 1.200 e 4.000 euros. Se, num domingo tranquilo, um hospital distrital realizar 30 cirurgias às cataratas e 6 próteses totais da anca, o SNS despende cerca de 40 mil euros apenas em próteses (28.500 euros em lentes e 12.000 euros em próteses da anca, a um valor médio de 2.000 euros).
Um serviço de oftalmologia bem ‘adicionalizado’ pode gerar mais de 3 milhões de euros por ano só para o fornecedor de lentes. Imaginem as pressões que os administradores — pobrezinhos — devem sofrer para “adicionalizar” ao máximo… e até o próprio Ministério.
O leitor incauto questionará: «Mas não é importante tratar os doentes?». Sem dúvida. Mas vejamos os números de cirurgias às cataratas por 100.000 habitantes, segundo dados de 2022:
Portugal – 1.273
Bélgica – 950
Finlândia – 900
Dinamarca – 850
Países Baixos – 800
Hungria – 480
É legítimo perguntar: estamos realmente a responder a uma necessidade ou a alimentar uma máquina?
Disse, no início, que o caso dos 400 mil euros abriu uma caixa de Pandora — e é verdade. Mas não devemos esquecer que, segundo a lenda, o último item na caixa é a esperança. E é por acreditarmos que as coisas podem melhorar, que elas se mantêm em movimento.
Trazem-lhes os deuses — ou talvez tenha sido o Fado, essa entidade fatalista e caprichosa — a triste sina de nascerem com o coração tingido de verde e um irracional afecto por um felino de juba, mais talhado para rugir em peluches infantis do que para caçar campeonatos. Refiro-me, pois claro, aos sportinguistas, essa confraria de sofredores que, desde os tempos do senhor Salazar (e vá lá saber-se se não desde o domínio filipino), vagueiam pelo mundo a carpir mágoas de um presumido martírio futebolístico.
Dizem-se vítimas de roubos. Mas não de carteiristas comuns — não, nada disso. Falam de assaltos metafísicos, conjuras cósmicas, espoliações transcendentes que transformam cada árbitro num Torquemada e cada fora-de-jogo num auto-de-fé. Gritam que lhes tiram campeonatos a ladro, como quem clama que o Olimpo lhes manda pragas. Só que, curiosamente, os roubos só ocorrem quando perdem. Se ganham, foi justiça divina.
Ora, desde que apareceu o VAR, esperava-se que esses lamentos ancestrais fossem metidos num armário, junto com as faixas de campeão de 1982 e os cartazes do Balakov. Mas não. Agora que têm um olho extra em cada canto do campo, os sportinguistas passaram a desconfiar é do próprio VAR — acusando-o de ser um cíclope manhoso, a ver só para um lado. Aquiles, com o seu calcanhar exposto, queixava-se menos.
E lá tenho andado com o Carlos Enes, bom camarada de ofício, sportinguista de pergaminhos, daqueles que faz da auto-comiseração um desporto paralelo. Nestes últimos dois anos, o Enes tem vivido num estado de euforia comedido — ganhando títulos atrás de títulos como quem apanha cerejas, sempre a medo de que o árbitro apareça a cobrar IVA desportivo no fim da partida.
Pois bem, a caminho do Jamor para assistir à final da Taça, lá vinha o Enes no seu modo habitual: voz grave, semblante carregado, como um oráculo de Delfos depois de três cafés. “O VAR é o Tiago Martins”, murmurava ele com a solenidade de quem anuncia um eclipse total. “Está encomendado. Vai ser entregue ao Benfica de bandeja.” Ora, o Tiago Martins — e confirma-se, era mesmo ele — não é propriamente nome de quem inspire, nos sportinguistas, confiança. Diziam-me. Mas adiante. Eu já tinha ouvido história semelhante com o João Pinheiro, que afinal me saiu um João Pinacácia há duas semanas.
Chegados ao Jamor, sol a prumo e cachecóis ao vento, o jogo começou com aquele nervoso próprio das finais em que há muito mais em jogo do que um troféu: há honra, há vingança, há memes por fazer. E o que vi em campo foi isto: um Benfica personalizado, bem organizado e, surpresa das surpresas, prejudicado em lances capitais — todos com a assinatura silenciosa do senhor do VAR, sim, esse mesmo: o Tiago Martins, o furta-leões.
Corria o minuto 11 da final da Taça de Portugal, quando Luís Godinho, árbitro da partida, assinalou aquilo que, à primeira vista e aos olhos do comum mortal, parecia ser um penálti inequívoco a favor do Benfica. Bruma remata, Gonçalo Inácio interpõe-se com o braço esquerdo — e o apito soa como quem marca um destino. O gesto do árbitro parecia selar o castigo máximo, daqueles que em finais se escreve com letras maiúsculas e se discute nos cafés durante semanas.
Mas não. As musas do Jamor, que agora têm nome técnico — VAR —, intervieram. E quem o árbitro Godinho ouviu no auricular foi o senhor Tiago Martins, homem de bastidores e ecrãs, daqueles que só existem verdadeiramente quando o jogo pára. A decisão foi revertida: antes de Bruma rematar, muito antes de Inácio meter o braço onde não devia, já tudo estava manchado pelo pecado original — um fora-de-jogo de Kökçü, que recebera a bola do flanco esquerdo em posição irregular. Sem o VAR que pilha leões, o Benfica teria inaugurado o marcador.
Minuto 19. Dahl, veloz e ousado, entra na área do Sporting e cai. O árbitro, célere no gesto e firme no juízo, levanta o braço e castiga o benfiquista com cartão amarelo por simulação. Mas, como convém nestes tempos de escrutínio digital, o VAR deveria ter acordado para rever o lance com olhos de lince, porque parece mesmo — nas imagens — que Hjulmand tocou no pé de Dahl. Mas o VAR, qual dorminhoco numa tarde primaveril, não interveio. Nada viu. Afinal, pensei, o Tiago Martins até aprecia os leões.
Minuto 50. Bruma marca e a nação benfiquista explode de alegria com o segundo golo, que mataria o jogo — por breves instantes, entenda-se. Pois bem, veio o VAR, o tal do senhor Tiago Martins, com o seu bisturi digital, cortar o lance até à raiz e encontrou-se um fóssil de falta na origem da jogada: Carreras terá entrado de pitons sobre o tornozelo de Trincão no acto da recuperação da bola. Um toque, um gesto, uma pisadela do passado — e zás! Golo anulado, falta marcada, cartão amarelo exibido com a elegância de um carimbo notarial.
Tudo correcto, dizem. Mas ficou legitimado que se pode anular um golo se, algures no processo de construção — talvez numa posse de bola anterior, ou numa jogada que envolva uma troca de olhares suspeita — se encontrar uma falta esquecida, omissa ou até metafísica. E o Carlos Enes a queixar-se do Tiago Martins…
Minuto 90+5. O jogo já vivia os seus estertores finais. O desespero leva Matheus Reis — talvez possuído por algum espírito guerreiro das estepes — a encerrar a tarde com um gesto digno de arte marcial. O benfiquista Belotti, caído no chão, pôs-se a jeito de servir de almofada ao pé esquerdo do brasileiro, que desceu com zelo e pontaria sobre a cabeça do adversário. Apagam-se cigarros com pisadelas mais suaves.
Conduta violenta? Evidente. Lance de cartão vermelho? Óbvio. Intervenção do VAR? Pois… aí entra o mistério. O nosso querido vídeo-árbitro, tão atento às solas de Carreras e às sobrancelhas de Kökçü em fora-de-jogo milimétrico, entrou aqui em modo contemplativo — talvez em meditação transcendental.
Nem um sussurro no auricular. Nada. Tiago Martins em silêncio sepulcral, como quem contempla o pôr-do-sol em paz interior.
Se calhar, Matheus Reis pisou a cabeça do adversário com força insuficiente para activar os sensores do VAR. Ou talvez o protocolo não preveja agressões à cabeça se forem em tempo de descontos e em estilo zen.
Depois disto, que resta mais para escrever? Que foi bonita a festa do Jamor? Que o Lage vai dar uma curva? Que o Rui Costa vai de vela? Que o Benfica deve procurar construir uma equipa decente? Que o Carlos Enes nunca mais invocará o VAR em vão?
Por felicidade, nesta final não morreu ninguém, embora o Andrea Belotti tivesse passado 25 segundos com o corpo inanimado na relva e o espírito no outro mundo, devido a flagrante homicídio.
O crime de Matheus Reis, jamais visto num campo de futebol, do pelado do Canelas ao Santiago Bérnabeu do tempo dos galácticos, graças a Deus não foi tolerado no Céu, como jamais o poderá ser na Terra graças ao Conselho de Disciplina. São Pedro mandou o italiano de volta, inteirinho e ressuscitado, para o clube que o contratou.
O caso precipitou um pedido formal de revisão constitucional, com carácter de urgência, por iniciativa do único associado e simpatizante do Benfica que anda de bem com os resultados.
— Ainda não tenho votos suficientes para a pena de morte, mas a prisão perpétua é tão certa como um penalty do Gyökeres — que deve ser imigrante ilegal — dar sempre golo.
O galhardo e mucoso capitão da águia Vitória, mas só às vezes, que nunca por actos ou sequer pensamentos ferrou os dentes ou os pitons nas carnes dos adversários, apresentou na véspera uma proposta para descongestionar o jogo.
— Queremos jogar. Não percam tempo com paragens e faltas.
Aos 47 minutos, Samuel Dahl — sueco com a situação regularizada na AIMA graças aos bons ofícios do dr. Fernando Seara — desequilibrou-se para cima do Génio Catamo. O antigo árbitro Jorge Coroado viu ali malícia, mas o árbitro vigente, afinal o único que conta para a verdade desportiva, lembrou-se da promessa de Nicolás.
O juiz alentejano raciocinou como num sonho bem regado debaixo de um chaparro. Um nórdico chamado Samuel, tão branquinho de cara e de calções como o velho Nené — ao contrário do Gyökeres, que anda sempre despenteado e de camisola amarrotada pelas manápulas dos defesas — nunca iria desrespeitar o capitão e perder tempo com faltinhas.
— Quis foi jogar. Dou golo limpo — e só não vou festejar para o topo norte porque neste estádio tenho medo de engenhos pirotécnicos.
Luís Godinho, logo a seguir, também só vislumbrou a mesma “vontade de jogar” numa rasteira em que o Carreras rasgou as meias às riscas do Trincão, com a pressa de ir tomar banho a tempo de apanhar o primeiro TGV para Madrid. Infelizmente, a tecnologia de fora de jogo, que funciona mal num estádio inaugurado em 1944, com uma premonitória vitória do Sporting sobre o Benfica no prolongamento, arruinou a boa-vontade do árbitro e o plano terapêutico de Rui Costa.
Reagindo ao sucedido, o maestro atirou o gurosan, o diazepan e a melatonina às pernas do Renato Sanches, e desatou a vazar áudios pela calada da noite.
— Dez minutos de descontos! Era para o Sporting ganhar!
De facto, os jogadores do Sporting não precisaram de fazer nada para isso. Bem pelo contrário. Passaram a semana de autocarro descapotável em autocarro descapotável, entre festas e tascas. Comeram tantos petiscos que uma dobradinha não poderia fazer-lhes grande diferença.
— O Varadas cozinhou isto tudo. E põe a pimenta que quer!
Durante a primeira parte, os bicampeões nacionais foram discutindo entre eles o desinteressado discurso do engenheiro Moedas, com palavras escolhidas a dedo para arranharem na garganta do Ricardo Araújo Pereira quando se põe a encher balões só para gozar com a cara ele.
— Que orgulho estar aqui convosco!
Assim enlevados, os defesas leoninos deixaram à vontade os dois turcos e o único Vangelis do Alto dos Moinhos. Respeitosamente, ficaram a admirar de longe as jogadas estudadas entre eles, ao ponto de se tornarem previsíveis, e os potentes pontapés para as nuvens, à procura do Belotti reunido com o São Pedro.
Depois de sofrerem o golo, os foliões de verde-e-branco mudaram de atitude, mas só para manter as aparências. É certo que mostraram alguma impaciência em levantar os jogadores do Benfica do relvado, mas apenas para os convencer a rematar à baliza de vez em quando.
— Temos muito orgulho em estar aqui convosco, mas vocês não sabem que até no totoloto é preciso jogar qualquer coisinha?
Frustradas todas as tentativas de reanimar o adversário, os invencíveis leões acabaram por ser forçados, pelo resultado e pelo protocolo, a escalar as bancadas do Jamor para tirarem “selfies” com o dr. Santana Lopes e um deputado do Chega.
Meia hora antes, na mesma tribuna, o malogrado presidente encarnado pediu um importante conselho ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, que estava manifestamente divertido com a cena.
— Diz-me tu, que ganhaste as legislativas apesar da Spinumviva, como posso eu ser reeleito depois de um central abrir as pernas ao Trincão como fez o António Silva?
Com uma ‘introdução’ em japonês, regressa o Acta Diurna, e no episódio de hoje abordam-se três questões de fundo, com impacto directo na identidade cultural, nos direitos civis e na justiça administrativa:
1) AICEP e o apagamento da Língua Portuguesa na Expo 2025 Osaka
A decisão da AICEP de restringir a presença da Língua Portuguesa no pavilhão de Portugal na Expo 2025 a meras legendas em japonês e inglês suscita perplexidade e indignação. Um acto simbólico de subserviência que contraria o dever constitucional de promoção da língua e da cultura nacionais — e que parece traduzir mais uma cedência à lógica do marketing do que à dignidade de um país soberano.
2) A controvérsia em torno do anúncio anti-aborto de Miguel Milhão na TVI
O empresário Miguel Milhão financiou um anúncio publicitário, emitido na TVI, com mensagem de promoção da vida e crítica implícita ao aborto. A emissão gerou reacções inflamadas e pedidos de censura. Em debate, estão os limites da liberdade de expressão comercial, a tolerância ideológica e o espaço público mediático: pode um cidadão pagar um anúncio para expressar uma posição legítima, mesmo que incómoda para o pensamento dominante?
3) A actuação da Segurança Social e a recomendação da Provedoria de Justiça
A Provedoria de Justiça recomendou uma alteração profunda ao modo como a Segurança Social suspende apoios e subsídios quando detecta irregularidades. Segundo a recomendação, há decisões administrativas tomadas sem base legal clara, sem contraditório e com efeitos devastadores sobre os beneficiários. O problema, mais do que jurídico, é de cultura institucional: presume-se culpa, ignora-se a lei, e age-se por automatismo — com os cidadãos a arcar com o peso de um sistema opaco e punitivo.
Inspirado no conceito ancestral de noticiar os factos do dia, o PÁGINA UM decidiu registar a marca Acta Diurna no INPI (não é apenas o Almirante Gouveia e Melo que a usa), com o intuito de lançar um podcast de comentário regular sobre a actualidade e temas que orbitam em torno das nossas abordagens.
Subscreva gratuitamente o canal do YouTube do PÁGINA UM AQUI.
A Acta Diurnafoi, muito provavelmente, o primeiro jornal da História. Criado na Roma Antiga, no ano 59 a.C., por ordem de Júlio César, tratava-se de uma folha de informação pública onde eram registados e divulgados acontecimentos políticos, decisões judiciais, anúncios e até mexericos. Afixada em locais de grande circulação, a Acta Diurna tinha como propósito dar conta do quotidiano, funcionando como um instrumento de transparência – ou, ao que tudo indica, de propaganda e controlo da informação.
Inspirado neste conceito ancestral de noticiar os factos do dia, o PÁGINA UM decidiu registar a marca Acta Diurna, para lançar um podcast de comentário regular sobre a actualidade e temas que orbitam em torno das abordagens do próprio jornal. Mas não só. Também haverá espaço para outros assuntos que, por diversas circunstâncias acabam por não ser desenvolvidos em formato escrito.
O Acta Diurna será conduzido por Pedro Almeida Vieira e Elisabete Tavares, podendo contar, pontualmente, com convidados externos que tragam outras perspetivas ao debate. Não é um podcast de entrevistas, é um espaço de análise crítica, com o selo do jornalismo livre do PÁGINA UM.
O Acta Diurnaserá um espaço para quem quer pensar além das narrativas dominantes. E o novo episódio já está disponível.
Regressa o Acta Diurna, e no episódio de hoje, Pedro Almeida Vieira e Elisabete Tavares abordam três temas:
1 – O balanço das eleições legislativas, em que se analisam as causas da consolidação e do crescimento do Chega, bem como os ensinamentos a retirar para a esquerda;
2 – O desaparecimento pré-anunciado da Tesla pela imprensa há três meses, que, afinal, como previsto pelo PÁGINA UM, não passou de uma fake news;
3 – A contínua degradação da imprensa mainstream, com novos casos de jornalismo que se tem vindo a transformar num veículo de prestação de serviços — não aos leitores, mas a entidades públicas e privadas.
Inspirado no conceito ancestral de noticiar os factos do dia, o PÁGINA UM decidiu registar a marca Acta Diurna no INPI (não é apenas o Almirante Gouveia e Melo que a usa), com o intuito de lançar um podcast de comentário regular sobre a actualidade e temas que orbitam em torno das nossas abordagens.
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A Acta Diurnafoi, muito provavelmente, o primeiro jornal da História. Criado na Roma Antiga, no ano 59 a.C., por ordem de Júlio César, tratava-se de uma folha de informação pública onde eram registados e divulgados acontecimentos políticos, decisões judiciais, anúncios e até mexericos. Afixada em locais de grande circulação, a Acta Diurna tinha como propósito dar conta do quotidiano, funcionando como um instrumento de transparência – ou, ao que tudo indica, de propaganda e controlo da informação.
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