Etiqueta: Coisas & Causas

  • Um gigante abandonado… porque somos ricos

    Um gigante abandonado… porque somos ricos


    Um gigantesco prédio moderno de nove pisos está abandonado, há dez anos, ao início da Avenida da República, em Lisboa, como se fossemos todos ricos.

    A confusão entre mercado imobiliário especulativo e Economia tem embaraçado a Câmara Municipal de Lisboa, que não expropria o edifício em esqueleto para o levar a leilão. Para um privado o repor no mercado.

    O edifício pertence, segundo consta, à Sonangol, e tem um erro de construção para escritórios: o pé-direito é baixo e não permite tecto falso para cabos.

    Este enorme elefante atesta que os “xico-espertos” podem esbanjar recursos. E depois ignorar as leis mais simples do capitalismo em Lisboa: quem tem dinheiro compra, quem não tem vende.

    Os donos daquele esqueleto, que é uma ferida profunda na cidade, preferem ter um depósito bancário a céu aberto, porque o dinheiro no banco… não rende nada!

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

  • Um hotel fantasma no Parque das Nações

    Um hotel fantasma no Parque das Nações


    O Hotel Tivoli Expo – hoje Hotel Tivoli Oriente – esteve durante 11 anos registado como um simples terreno.

    O grupo Espírito Santo vendeu o Hotel Tivoli-Expo em Outubro de 2005, como se fosse um terreno, por 33,7 milhões de euros, ao Fundo Imosocial.

    Em 2006, o Relatório do Fundo publica foto do edifício, como propriedade do Imosocial, revela o “recebimento” do reembolso de IVA de 4,5 milhões de euros, referente à aquisição do Hotel Tivoli Tejo e que se encontrava a ser reclamado desde 2005”. Um ano antes da compra?

    O Hotel Tivoli-Expo tem 23 andares foi inaugurado em 2001. Seis anos mais tarde passa pela Conservatória de Freixo de Espada à Cinta. Dois dias depois por Boticas. Quatro anos depois, por Serpa, onde a notária do negócio GES-Imosocial iniciou funções. Seis meses depois, é a vez de Ferreira do Alentejo, onde uma notária das relações da primeira nasceu.

    Em 2011, o Hotel Tivoli apareceu no Fundo Imosocial, um dos sete fundos incluídos no Fundo Select do Grupo Mello.

    A Câmara não sabia dos 23 pisos? Houve certidão de habitabilidade? E os certificados obrigatórios de segurança?

    O Hotel Tivoli-Expo foi um hotel fantasma, com reconhecimento “complexo” por diversos cartórios notariais, e que merecia a atenção de quem deslinda complexos como o juiz Carlos Alexandre. Para que fiquemos esclarecidos.

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

  • Torreão do Terreiro do Paço que se afunda com desleixo

    Torreão do Terreiro do Paço que se afunda com desleixo


    Existem umas obras anunciadas há anos para o Torreão Poente da Praça do Comércio (vulgarmente conhecida por Terreiro do Paço), em Lisboa, que está a afundar-se. Vejamos o desnível patente no lado da praça. São quase 75 centímetros de diferença. A descida drástica foi travada há anos por 29 estacas de betão. Mas o Torreão vai continuar a descer lentamente.

    O Torreão Poente foi erguido na área do antigo Paço Real, arrasado pelo terramoto de 1755 e varrido depois pelo maremoto que atingiu Lisboa. E agora está rodeado eternamente de uma vedação chapeada. Mas quem quiser, pode entrar, para fazer o que quiser!

    Desde o início dos registos, este torreão já se afundou 1,40 metros. Em Junho de 2000, o torreão acelerou repentinamente o afundamento por causa de uma ruptura nas paredes do túnel do metropolitano e da estação do Terreiro do Paço, durante as obras de construção. Ocorreu, nessa altura, um enorme vácuo, quando as lamas e as águas entraram no túnel. A derrocada esteve eminente.

    O torreão foi edificado num vale fóssil, de camadas de lodos cobertas por aterros superficiais. São camadas compressíveis e provocam um afundamento constante como resultado do próprio peso do torreão.

    Dezenas de estacas de pinho verde estão nas suas fundações, mas acrescentaram-se 29 estacas de betão de 1,20 metros de diâmetro até 50 metros de profundidade, por debaixo do edifício.

    Mas o Torreão está agora ao abandono, como provam as fotos. É possível entrar e sair num espaço restrito. Um desleixo que constitui facto insólito na zona mais nobre e emblemática de Lisboa. E numa das praças mais bonitas do Mundo.

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


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  • Os ricos sem estética encavalitados nos portugueses

    Os ricos sem estética encavalitados nos portugueses


    No Dafundo, na Avenida Marginal, está o retrato dos nossos últimos 50 anos de desenvolvimento económico: meia dúzia de ricos, sem sentido do estético, encavalitados na maioria dos portugueses de bolsos vazios e longe das artes e letras.

    Por ali passam milhares de carros e passageiros nos comboios da Linha de Cascais. Todos os dias. Mas indiferentes… A ambivalência fez-nos reivindicar uma vida melhor e, ao mesmo tempo, comprar melão importado da Argentina ou camarão do Vietname. Tornámos as empresas Continente e o Pingo Doce no 5º e 6º maior importador nacionais. E exportam?… Zero!

    Engordamos os que pagam a pêra-rocha ao agricultor português a 30 cêntimos e depois a metem à venda a mais de 1,30 euros. Afogamo-nos em casas na periferia remotas, construídas a 700 euros por metro quadrados, e que pagamos de 1.500 para a frente…

    Dizem os promotores que são pechinchas, com lareira e aspiração central, no cimo de um cabeço qualquer. Produzimos apenas o trigo para duas semanas do ano. Mas o que queremos é futebol, uma cervejola e que o trabalho não falte. Porque a política que conhecemos é o “vira-o-disco-e toca o mesmo”.

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


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  • Temos 730 mil casas devolutas em Portugal

    Temos 730 mil casas devolutas em Portugal


    As casas continuam a valorizar em Portugal, apesar de termos… casas em excesso. Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) de 2019 já nos revelara a existência, no nosso país, de 730 mil casas desocupadas. A lógica do mercado obrigava os preços a cair a pique. Aproximando os valores de venda dos preços de custo. Mas não.

    Os bancos continuam a valorizar as casas a “olhómetro”. Em alguns casos, os promotores estão a vender imóveis por 10 vezes mais o valor de custo.

    São casas para estrangeiros, que compram e fecham. Transformando os imóveis em produtos financeiros, sem fiscalização. Depois, o dinheiro pago pelos compradores circula muitas vezes por off-shores, com valores distintos dos declarados em Portugal.

    Nesta espiral especulativa escandalosa, os franceses descobriram até que podem comprar várias casas em Portugal, pagando 10% dos impostos que nós pagamos. Por dez anos! E nós podemos fazer o mesmo em França? Não!

    Venderam-nos os carros, frigoríficos, varinhas mágicas, e agora estão reformados e continuam a viver encavalitados em nós. Nos nossos serviços públicos, na saúde, nas estradas, nas infra-estruturas que pagámos com língua-de-palmo.

    Ainda se podia pensar que tanta casa dava negócio à indústria portuguesa. Mas os materiais são quase todos importados. Até as sanitas e lavatórios.

    Para além da OCDE, também a União Europeia alertou em Janeiro que em Portugal existe uma gigantesca bolha imobiliária. E o Governo com maioria absoluta faz alguma coisa neste dramático sector? Nada. Porque a “culpa é da Cristas”… que já passou à História, mas continua de costas largas!

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


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