Etiqueta: Coisas & Causas

  • Em dois minutos!

    Em dois minutos!


    Ficámos a saber, pelas notícias:

    “O lançamento da nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa”, titula o JN e com razão. 

    São as nossas costas viradas para Espanha, o nosso mais importante parceiro económico. 

    Já se prevê o fim dos voos inter-capitais na Europa. Precisamos de ar puro e também falta combustível. 

    Mas imitando a visão pequenina do já-foi Passos Coelho, António Costa vai fazer um TGVzito entre Porto e Lisboa, sem paragem em Coimbra B. 

    photo of train station

    Marido de ministra saca 200 mil “, é manchete do Correio da Manhã, e um cedo prenúncio do estouro da maioria absoluta do PS. Depois do caso Medina-Figueiredo (para um cargo que afinal não era necessário) e do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, casado com a bastonária da Ordem dos Nutricionistas (sem verem incompatibilidade, mesmo quando ele foi secretário de Estado)

    “Escolas contratam docentes sem formação pedagógica”, refere o CM, que nos deixa a pensar na crucificação eterna dos professores nos últimos 40 anos, com relatórios, avaliações, testes, formações pagas dos seus bolsos e… muitas pressões. Tudo pró lixo. 

    Afinal a ideia era uma questão de estupidez e defesa das mordomias da FENPROF.

    “Câmara aposta em rendas e casas municipais”, é o que se lê no Diário de Notícias. E prova que os políticos portugueses têm medo de tocar na propriedade privada, que anda a ser esbanjada à mesa dos podres-de-rico.

    brown and white concrete houses

    Temos 730 mil casas desocupadas, segundo relatório da OCDE de 2019. Mas aqui o célebre “mercado” não funciona. 

    E os estrangeiros que compram casas à molhada. Muitos com vistos Gold, que deveriam envergonhar qualquer nação. 

    Outros, pior! Nem sequer pagam impostos durante 10 anos. 

    Se formos para os países deles, também nos tratam assim?

    “Salário mínimo vai subir mais para compensar alta da inflação”, diz o Público, que não explica que a inflação é obra, em grande parte, da especulação imobiliária. 

    Se um miúdo comprar um bilhete de 50 euros para o Festival Super Bock e vender por 70 está feito com a polícia e a ASAE.

    euro banknote collection on wooden surface

    Mas os podres-de-rico investem 1.000 euros por metro quadrado, em Lisboa, e vendem os apartamentos por 5.000 cada metro quadrado… Ah, pois! São grandes motores da Economia!

    Até o primeiro ministro António Costa já se rendeu, e já tem cinco casas…. mas a preço de saldo. 

    Porque não é parvo. Não compra gato por lebre, como disse o outro do Vale da Coelha!

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

  • O nosso lixo vale dinheiro

    O nosso lixo vale dinheiro


    Os portugueses não recebem cheta da sua participação nos lucros da Sociedade Ponto Verde.

    E não é justo, porque ao comprarmos uma garrafa de água, pagamos também o vasilhame de plástico para ser recolhido e reciclado. E isso acontece em todas atividades que produzem “lixo”.

    A Sociedade Ponto Verde recebe tanto “lixo”, que colocou dois anúncios a cobrir a primeira e nas últimas páginas do jornal Expresso, que é caro.

    assorted-color disposable cup lot

    Não está em causa atividade desta empresa, mas a necessidade de pagamento dos resíduos.

    Reciclar não é apenas, como diz a Sociedade Ponto Verde uma ambição, mas um comércio.

    Em Portugal existem, por exemplo, empresas de reciclagem de plástico, com lucros evidentes e belos automóveis à porta, como verifiquei quando fiz, há poucos anos, uma reportagem sobre o assunto.

    O título do anúncio é claro: “Sabe quem é o responsável por 81% da reciclagem das embalagens em Portugal?”

    Claro que sabemos: são os portugueses que metem as embalagens nos ecopontos. E embalagens são pagas, quando se compra um produto.

    Publicidade da Sociedade Ponto Verde no jornal Expresso.

    É necessário instituir o direito de pesagem na entrega de embalagens e de “lixo” para que aconteça uma transação justa. Porque a Sociedade Ponto Verde não é uma instituição benemérita.

    Se todos receberem a sua parte neste negócio, não ficará no chão um único pedacinho de papel.

    E nem será necessário voltar a pôr anúncio no jornal Expresso. A vida custa a todos. O lixo vale dinheiro.

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

  • Comem-nos as papas na cabeça

    Comem-nos as papas na cabeça


    O mercado não funciona em Portugal, porque o capitalismo está entupido para felicidade dos podres-de-rico portugueses.

    A prova são as 730 mil casas desocupadas, sinalizadas em relatório da OCDE de 2019. Se o mercado funcionasse, o preço das casas e as rendas estariam a baixar em flecha. É a lei da oferta e da procura.

    Em rigor, vivemos num sórdido caldo misto de salazarismo e de regime soviético. Queremos ter muitas casas para amealhar, e invejamos as cinco casas do primeiro-ministro António Costa e a casona do Robles do Bloco de Esquerda.

    brown and white concrete houses

    Hoje, temos uma maioria absoluta do Partido Socialista, mas afinal não serve para mudar as leis do arrendamento da Assunção Cristas.

    O primeiro ministro prefere andar no jigajogas dos números da inflação, do equilíbrio dos aumentos, nos cortes nas pensões. Mas não toca no essencial: o escândalo da habitação em Portugal, que até já foi reportagem na EuroNews.

    Não podemos ter medo de dizer a verdade, quer se seja socialista, popular-democrata ou cheguista. 

    O problema do nosso dia-a-dia são as escandalosas prestações e as altíssimas rendas de apartamentos, que custaram seis vezes menos o preço da avaliação. Às vezes, um décimo.

    Andamos há anos encher os bolsos a bancos, que nos emprestam dinheiro e que já emprestaram aos construtores. 

    Mas não pode haver lucro? Sim, mas em excesso é roubo!

    boy sitting on blue highchair

    Pior, depois esse dinheiro desaparece, e o Governo tem de aprovisionar alguns bancos, sacando aos rendimentos suados do trabalho dos portugueses. 

    Mas, claro!, os podres-de-rico e os Governos agora têm sempre à mão o mesmo disco riscado: a culpa é da invasão da Ucrânia, de sermos uns calões e de termos comprado uma casinha a bochechos. 

    Prometem ajudar-nos… mas continuam a comer-nos as papas na cabeça.

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


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  • Testemunhas em folhas A4

    Testemunhas em folhas A4


    A nossa democracia tem mordomias e excepções inaceitáveis nos tribunais. Por exemplo, um magistrado e uma deputada isentam-se de ir a tribunal, como meros cidadãos. Escrevem o depoimento.

    É o caso de Paulo Guerra, ex-director-adjunto do Centro de Estudos Judiciários, e de Isabel Rodrigues, advogada ligada a questões de família, antiga deputada do Partido Socialista e actual secretária de Estado da Igualdade e Migrações. Deviam sentar-se nas cadeiras do tribunal como os juízes e as partes litigantes. Vão como testemunhas, mas com um tratamento de gente especial, que não são!

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    Trata-se de um caso de um ex-juiz que se queixa de ter sido difamado numa reportagem televisiva sobre a retirada violenta de crianças a progenitores, normalmente pobres. Uma coisa que se tornou muito comum em Portugal.

    Nas imagens, o tal ex-juiz confessa nunca ter assistido a nenhuma dessas retirada violentas nos 12 anos em que exerceu o cargo, dos 70 anos de idade até aos 82, quando cessou funções.

    A República Portuguesa não pode tolerar privilégios de testemunhas abonatórias ou até de senhores juízes queixosos, que são tratados por conselheiros. 

    Um destes dias, também nos passam à frente na fila do supermercado.

    As situações de excepção da Justiça descredibilizam o Estado Democrático de Direito. Já nos bastou o juiz Rangel a pedir sentenças à medida a dois presidentes do Tribunal da Relação de Lisboa.

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    E quem eram os juízes que lavravam essas sentenças? Não se sabe. Assim como nunca soube quem eram os juízes do Tribunal Plenário de Santa Clara da ditadura de António Salazar.

    No tempo recuado de João das Regras, aos tribunais ia-se de cabeça erguida, costas direitas e sentava-se o rabo na cadeira, como contam os cronistas.

    Os tribunais são o mundo à parte? São! Com prerrogativas e leis próprias? Sim! Onde juízes julgam caixas de juízes contra jornalistas? É verdade.

    E os jornalistas lá se sentam a olhar para as testemunhas. 

    Que, neste caso, serão dois meros papéis: o senhor magistrado Paulo Guerra e a senhora secretária de Estado Isabel Rodrigues. 

    Duas folhas A4!

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

  • O “energético” senhor Macron

    O “energético” senhor Macron


    Levámos com um guardanapo encharcado na cara atirado pelo presidente francês Macron. Diz ele que afinal já não precisa de um gasoduto português para nada.

    Temos recebido de braços abertos os franceses reformados e ricos, que não pagam cheta de impostos em Portugal. Que compram todas as casas do Bairro Azul e dos outros sítios chiques, e voilà.

    De troco, Macron não considera prioritário um gasoduto com origem em Portugal, que receba os navios gigantescos de gás no porto de Sines.

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    Macron risca também Espanha, que tem 33% da capacidade de armazenagem de gás da Europa. E está ligada à Argélia, um dos maiores produtores mundiais.

    O senhor Macron prefere reactivar 27 centrais nucleares francesas, há muito fora de uso.

    Ele quer uma França imperial, ao estilo de Napoleão – que foi precursor de Hitler, que até fez um pacto germânico-soviético.

    Em 2022, sem a Grã-Bretanha, este é afinal o caldo da actual Europa.

    A atitude do presidente francês é uma enorme asneirada estratégica. É um retrocesso político estúpido. Pior, só à política da alemã Merkel, que pôs a Europa totalmente dependente da energia de Putin, durante os últimos 16 anos. Até parece de propósito.

    Esta decisão de Macron é também uma forte machadada na intelectualidade portuguesa, ainda muito magoada com as três invasões dos exércitos napoleónicos. Nunca esquecidas, e que foram autênticos pilha-galinhas, em roubos escandalosos e arrasos.

    Emmanuel Macron, presidente da França.

    Nem sequer deixaram de pé quem lhes perguntou pelo país-paraíso da “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

    Já se percebeu há muito que a nossa salvação energética está do outro lado do Mediterrâneo, na Europa Romana. Onde poderia reinar o progresso e a harmonia, sem tantos afogados que inundam a nossa consciência.

    Que raio de Europa é esta, que se diz cristã?

    Que deixa morrer milhares de homens, mulheres e crianças no nosso querido Mediterrâneo…

    Será que a França ainda não digeriu os “pieds-noir” e continua com a mania dos impérios?

    Ó senhor Macron, a história do Rei-Sol teve um final infeliz. Não aprendeu na escola?

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

  • O desamor na barra dos tribunais

    O desamor na barra dos tribunais


    Os Tribunais de Família necessitam de ser fiscalizados e com urgência. A ideia parece polémica. Mas as crianças são mais importantes.

    Uma mãe não pode perder a sua filha apenas porque um juiz de Sintra quis demonstrar “que os famosos também podem ser repreendidos pela justiça”, mesmo sem razão.

    Nem uma criança pode ser “reestruturada mentalmente” apenas porque não quer ver um progenitor, como foi lavrado em Fronteira.

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    Nem uma mãe pode perder a guarda de um filho, mas ficar com a guarda do outro, de idades idênticas e em circunstâncias iguais, como foi ordenado por um juiz em Mafra.

    Estes são alguns exemplos da situação chocante que se vive nos tribunais de família, onde alguns juízes, ao abrigo do segredo sobre a identidade das crianças, fazem o que muito bem entendem – de forma contrária ao bom senso e os bons costumes.

    Nem tão pouco um jornalista pode ser prejudicado no Tribunal de Família por tratar de casos de retirada violenta de crianças a progenitores, sem razões. Antes da reportagem, o juiz do Tribunal de Família sentenciava num sentido. Depois da emissão da reportagem as sentenças lavradas foram exatamente o contrário.

    Tenho pena de ver Assunção Esteves ter-se marimbado há anos no seu projeto de verificação pela sociedade civil de instituições fechadas, incluindo orfanatos, para abraçar o lugar de deputada e presidente da Assembleia da República.

    Os Tribunais de Família são caixotes selados e constituem uma peça importante no triste sistema português, único na Europa: 95% das crianças institucionalizadas estão em lares, só 5% estão em família de acolhimento.

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    Não há paralelo na Europa. Há três anos ainda éramos acompanhados pela Irlanda, que já inverteu a situação. Mas nós continuamos a ter 351 lares a quem o Estado paga anualmente mais de 90 milhões de euros.

    E porquê? “Porque sim!”

    Foi assim que responderam as duas técnicas que vão ser julgadas em Outubro no Tribunal de Cascais, acusadas pelo Ministério Público de terem falseado relatórios para a retirada das filhas de Ana Vilma Maximiano há cinco anos

    Cinco anos, como todos percebemos, é uma eternidade na vida de uma criança! Uma barbárie.

    Abram-se os Tribunais de Família à sociedade civil para ficarmos a saber o que se passa lá dentro. Ou têm medo?

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

  • A PIDE nos bancos

    A PIDE nos bancos


    Parece que todos os políticos portugueses estão sob suspeita. Basta ir a uma agência bancária – como eu fui, para abrir uma conta de condomínio – para constatar esse facto.

    Aconteceu-me quando me perguntaram, entre muitas coisas, se exercia cargos políticos. E justificaram o interrogatório com a simples frase: somos obrigados a sabê-lo. E como não respondi, a conta do condomínio não foi aberta.

    black and silver door knob

    As perguntas feitas pelas entidades bancárias são intrusivas. Querem também saber o estado civil dos administradores do condomínio, se há filhos, qual a composição do agregado, a situação profissional, os rendimentos, as propriedades e por aí fora. Como se o dinheiro fosse deles.

    Os Bancos ficam assim com uma base de dados, cujo objetivo não se descortina. Onde está afinal a Comissão Nacional de Proteção de Dados?

    Um português é identificado plenamente com seu cartão de cidadão – que tem gravado os números do dito, da identificação fiscal e da Segurança Social e do Utente de Saúde. Ainda se quis juntar o número da carta de condução, mas isso foi chumbado. No limite poderia ter a indicação do tipo de sangue.

    As perguntas que se fazem numa agência bancária não têm qualquer paralelo à identificação pedida por um juiz no início de um julgamento, seja ele qual for.

    Esta fúria abusiva já se espalhou a simples consultórios médicos. Num deles queriam até saber a empresa onde eu trabalhava e o cargo que exercia.

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    A questão da abertura [de conta] leva cerca de duas horas como me foi dito. Por causa das perguntas, com confirmações e reconfirmações.

    Fiquei cinco minutos, para me despedir do funcionário bancário e dos meus companheiros de administração do condomínio.

    Em rigor, esta prática, para além de abusiva, é até absurda. Se tivermos em conta a escandaleira dos banqueiros que deram sumiço, nos últimos anos, a largas dezenas de milhões de euros.

    Esses sim, andavam com a mão na massa dos portugueses.

    Já agora quais foram as perguntas feitas a esses senhores?

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

  • António Costa sorri porquê?

    António Costa sorri porquê?


    É verdade! Apanhei de trombas com o primeiro-ministro António Costa a sorrir de férias… satisfeito não sei porquê.

    Ele está na capa de uma revista cor-de-rosa, e de um jornal de escândalos que alegadamente muito batalhou para o encontrar. Como se alguém acreditasse!

    António Costa não devia deixar-se fotografar em férias, porque é assunto da sua vida privada e, sobretudo, porque a maioria dos portugueses não têm népia de férias.

    O primeiro-ministro também não devia sorrir, porque tem nas mãos o maior caos de que há memória no Serviço Nacional de Saúde, com os serviços de obstetrícia fechados em vários hospitais. E pior! Em dias previstos, o que é uma vergonha!

    Vem tudo nos jornais e passa nas TV’s, onde se revela que a maioria dos portugueses ganha menos de 800 euros por mês.

    E que as grávidas não podem ter os filhos neste e naquele hospital, como se fosse um facto normal.

    Ou ainda, por exemplo, que as famílias estão a apertar o cinto, e os supermercados a ficarem desertos por causa da inflação descontrolada.

    Ou que o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) estava para ser dirigido por uma pessoa alegadamente com um perfil duvidoso, que, entretanto, já se demitiu ou foi demitida.

    A vida do País corre muito mal. Por exemplo, com o ministro das Finanças, Fernando Medina, metido no imbróglio do Caso Sérgio Figueiredo, depois de ter deixado Lisboa na mão de especuladores imobiliários e repleta de centenas de prédios em ruínas e milhares de apartamentos desabitados.

    Infelizmente, os jornalistas estão a piar menos e entregam-se agora ao “jornalismo de precaução”, como já previa Baptista Bastos (BB), que andou a mendigar um trabalho no fim da sua brilhante carreira.  Quem não se recorda do seu livro de crónicas “As Palavras dos Outros”?

    Balsemão, antigo camarada de trabalho no Diário Popular, deu-lhe uma pequena tribuna na SIC, onde BB voltou a brilhar com a célebre pergunta: ” Onde é que estava no 25 de Abril?”

    Já ninguém quer saber dessa data histórica (com quase 50 anos) que nos devolveu à Europa democrática e moderna, mas que nos afogou em fundos comunitários que engordaram algumas pessoas, como se disse a boca cheia.

    A satisfação de António Costa em férias é pior que Cavaco Silva a comer bolo-rei de boca aberta.

    As senhoras e os senhores lembram-se?

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


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  • Patrícia Gaspar: com Portugal a arder e ela a falar! 

    Patrícia Gaspar: com Portugal a arder e ela a falar! 


    Milhares de portugueses estão a ser açoitados por pavorosos fogos e ficaram sem saber o que faz Patrícia Gaspar, secretária de Estado da Administração Interna… para os proteger.

    A senhora é uma palavrosa. Não respondeu às simples e pertinentes perguntas do jornalista da SIC.  

    Os portugueses andam açoitados por violentos fogos, em Leiria, Vila Real, Serra da Estrela, aos quais se associam os loucos pirómanos, as alterações climáticas e os interesses económicos.  

    bonfire

    Mas a secretária de Estado da Administração Interna falou, sem dizer nada. Para nosso desespero, que não percebemos a utilidade do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), um alegado sistema de interacção de socorro.  

    Foi Daniel Sanches, ministro de Santana Lopes (depois de ser diretor SIS, acompanhado de José Pestana, o homem da imagem da Polícia Judiciária, na altura), que nos meteu numa “aventura” de 540 milhões de euros. A ideia era coordenar as polícias e o socorro, mas não resultou em Pedrógão Grande, onde morreram, de forma estúpida, dezenas de pessoas. O SIRESP ardeu ali, não funcionou.  

    Depois de António Costa se tornar braço direito de José Sócrates – então primeiro-ministro –, torceu o nariz ao SIRESP, mas a coisa lá continuou.  

    Durante muitos anos, o SIRESP foi uma parceria público-privada conturbada. E ainda, em 2018, tinha como estrutura accionista a Motorola, com 14,90% (propriedade da Google!), a Esegur, com 12% (ex BES), a Datacompt, com 9,55% (ex-BPN), a Galilei, com 33% (ex-BPN) e a Portugal Telecom Participações (PT), com 30,55%.  

    Não se descobria aqui o Estado português, a não ser através da Parvalorem.  

    A dada altura, a Altice comprou a PT, que estava falida, e exerceu direitos de preferência. Portugal ficou, então, com apenas 33% de controlo do seu sistema de comunicações de segurança. A Google abocanhou 14,90%, através da Motorola, e 52,1% ficaram na mão da Altice, liderada por um português emigrante e um israelita, ao que consta ligado à Mossad, serviço secreto israelita.  

    As coisas mudaram em 2019, quando Portugal adquiriu o capital privado e transformou o SIRESP em empresa pública, com um presidente a ganhar mais de sete mil euros por mês e uma Assembleia Geral a lucrar 500 euros de senha de presença em cada reunião. Para trás, ficou a pergunta óbvia: quem lucrou com anos de sociedade anónima? Que negócio foi este?  

    A pergunta hoje é outra, que se arrasta aliás no tempo: porque razão o SIRESP continua a falhar estrondosamente?  

    Num teste realizado há dias, o SIRESP chamou a Imprensa para demonstrar a sua eficácia. Mas quem estava numa cave demorou sete longos minutos até conseguir comunicar com quem esperava no 10º andar.  

    Com tudo isto, a senhora secretária de Administração Interna, Patrícia Gaspar, bem pode falar para o boneco! Porque o País precisa de quem faça!  

    Palavras levam-nas as chamas.  

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

  • Os juízes, as crianças e os diabos de Bosch

    Os juízes, as crianças e os diabos de Bosch


    Há juízes portugueses iguais aos diabos do pintor Hieronymus Bosch, e andam à solta nos Tribunais de Família.

    O caso do menino de oito anos que prefere morrer a ser internado num orfanato, por decisão de um juiz, é agora mais um exemplo.

    Esse juiz devia ser posto no olho-da-rua de imediato! Lá porque os pais do menino não se entendem, o juiz do Tribunal de Família de Maia… zás! espeta com a criança num orfanato?!

    O caso foi chapado há dias nos jornais. E é igual ao caso de Maria de Fronteira, uma menina de sete anos internada num lar evangélico apenas por se recusar a ver o pai – uma estúpida decisão do então juiz-estagiário Nuno Bravo Negrão. Dizia ele: para “ser reestruturada mentalmente”.

    Há 12 anos fiz esta reportagem de 30 minutos na RTP, no Linha da Frente: “Filha Roubada“. E desde então tenho sido um jornalista perseguido por este sistema que tem raízes no Centro de Estudos Judiciários (CEJ). Onde pontuou o ex-juiz Armando Leandro e o ex-ministro Laborinho Lúcio.

    Voltarei a Tribunal dentro de dias. Agora porque o ex-juiz Armando Leandro se queixa da reportagem “Quanto Custa Criar“, onde diz, logo no início, que não é “um negócio”. Parecendo dar a entender que é.  Mas não é, eu ouvi!

    four children standing on dirt during daytime

    O ex-juiz disse o que quis. Mas vêm agora afirmar que… disse, mas não disse!

    E nem viu incompatibilidade em ser, em simultâneo, presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (CPCJR do Estado para a retirada de menores)… e ser presidente da CrescerSer, uma instituição privada com oito lares de acolhimento fundada por juízes, onde Joana Marques Vidal esteve metida.

    O ex-juiz Armando Leandro tinha 70 anos e acumulou funções até aos 82 anos. É obra!

    A Segurança Social e os Tribunais de Família têm enfiado muitas crianças em lares. Mas a lei é clara sobre as medidas de proteção a aplicar (artigo 35 da Lei de Proteção de Menores em Risco) ao impor uma ordem de preferência.

    Ex-juiz Armando Leandro, em 2017, quando o programa Linha da Frente, da RTP, abordou os processos de institucionalização de menores.

    Primeiro, começa-se pelo apoio junto dos pais, depois passa-se ao apoio junto de familiares e, não sendo possível nenhuma destas medidas, segue a entrega do menor a pessoa idónea ou de confiança.

    E aqui vem uma pergunta muito incómoda: enfiam-se as crianças logo numa instituição de acolhimento, porquê?

    Bem, talvez o juiz do Tribunal de Família da Maia seja primo dos diabos de Hieronymus Bosch.

    Caramba, está atrasado 506 anos!

    José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


    N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.