Categoria: Biblioteca

  • Laura Alcoba

    Laura Alcoba

    Na vigésima sétima sessão da BIBLIOTECA DO PÁGINA UM, Pedro Almeida Vieira conversa com a escritora argentina Laura Alcoba.



    Nascida em 1968, na Argentina, e exilada em França desde os dez anos, Laura Alcoba construiu uma obra literária profundamente marcada pelas sombras da história e pelos silêncios da infância. Filha de militantes perseguidos pela ditadura militar, viveu na clandestinidade com um nome falso e aprendeu cedo que o medo pode tornar-se idioma. Hoje, professora universitária em Paris e autora consagrada em língua francesa, Laura Alcoba regressa com frequência à Argentina — não apenas nos afectos, mas sobretudo na literatura.

    Na sua passagem por Lisboa, a pretexto do lançamento do seu romance Naquele dia, a sua primeira obra traduzida em português, e publicada pela Dom Quixote, Laura Alcoba conversa com Pedro Almeida Vieira numa edição especial, gravada na Livraria Bucholz, em Lisboa, para a BIBLIOTECA DO PÁGINA UM, cuja transcrição editada também aqui se apresenta.

    Naquele dia é o teu primeiro romance traduzido para Portugal e parte de um facto real, trágico e íntimo. Em que momento sentiste que essa história tão delicada, tão violenta, podia transformar-se em literatura?

    Foi algo que surgiu por etapas. Há anos, fui ver um filme do Martin Scorsese, Shutter Island [Ilha do Medo, em portyguês, de 2010]  e, ao sair da sala, tive uma sensação muito estranha: parecia que eu já conhecia aquela história. Havia uma cena em que uma mãe afogava três filhos — uma menina e dois rapazes — e isso mexeu muito comigo. Com o tempo, lembrei-me de algo que o meu pai me contou: ele conheceu uma família na qual se tinha passado um drama semelhante. E eu, em criança ou adolescente, tinha visto dois desses meninos. A mãe afogou os filhos na banheira.

    Laura Alcoba com Pedro Almeida Vieira.

    Recordaste isso depois de veres o filme?

    Laura: Sim. Lembro-me de dizer ao meu editor, anos depois: “Houve um caso terrível entre exilados argentinos, e um dia, se tiver forças, talvez escreva sobre isso.” Mas não sabia se seria capaz. Guardei isso num canto da mente. Escrevi outros livros até que, já mais recentemente, aconteceu algo muito particular, encontrei os contactos de Griselda.

    A mãe?

    Sim, e também a filha. Ambas pareciam estar à minha espera. Sabiam que eu escrevia. Foi uma sensação estranho. A verdade é que eu ainda tinha medo. Mas o encontro com Flavia, a filha, agora uma mulher de mais de 40 anos, foi decisivo. Ela tinha seis anos na altura dos acontecimentos, em 1984. Quando falámos, foi muito forte ela e me contou aquilo que se recordava naquele dia e disse-me: “Preciso que fales com a minha mãe. Preciso que escrevas este livro.” A partir desse momento, foi como se o livro tivesse começado a escrever-se por si só.

    Foi só após essa conversa com a filha que decidiste adoptar essa perspectiva narrativa mais contida, quase como em A Sangue-Frio, do Truman Capote? Ou já tinhas essa ideia antes?

    Não sei… Talvez sim, no sentido em que fiz uma investigação, como Capote. Mas o que tentei fazer foi contar essa história e, através dela, contar muitas outras. O que me interessa é o que há de universal no particular. Aqui há um momento de loucura, um infanticídio — infelizmente, algo que se repete noutros casos — e, ao mesmo tempo, há uma criança que sobrevive. É um livro sobre um crime terrível e um acto horroroso e, ao mesmo tempo, sobre a sobrevivência. Nesse dia, a criança salva-se e emerge uma luz para outra coisa. É um livro sobre a força da infância, sobre a resiliência. Não o teria escrito se fosse apenas sobre o crime.

    Claro, claro…

    Persigo esse tema da infância, sobre a sua força indestrutível, é algo que faço há anos. Aquilo que é impressionante nesta história é que Flavia se salvou e tornou-se uma pessoa extraordinária. Isso é um mistério, um milagre, é incrível. Sem essa luz no final, não teria conseguido escrever. Interessava-me essa sobrevivência.

    Depois de escreveres este livro, que trata de uma violência tão extrema — violência doméstica, de mãe contra filhos —, conseguiste compreender o acto? Escreveste-o para tentar entender?

    Acho que não. Nunca se compreende verdadeiramente. Podemos tentar aproximar-nos do que é incompreensível. Este acto continuará a sê-lo — até para a própria Griselda. Não se trata de explicar nem de justificar, mas de entrar numa zona obscura do humano e saber que, mesmo depois disso, há um “depois” possível. Sem esse “depois”, eu não teria escrito.

    E a história da salvação de Flavia é incrível. A mãe vai buscá-la à escola após matar os dois irmãos…

    Sim. A mãe chega à escola num estado completamente alterado. E a professora de Flavia, Colette, percebe que há algo errado. Recusa-se a entregar a menina. E aí põe-se em marcha outra coisa. Esse gesto salvou a vida de Flavia. Foi essa recusa que impediu que a tragédia se consumasse por completo.

    Chegaste a conhecer Colette?

    Sim. Encontrei-me com ela, com a sua companheira, com a advogada. Colette, que é a pessoa mais extraordinária que conheci na vida, teve uma intuição extraordinária. Não entregou a menina à própria mãe. Graças a isso, Griselda acabou por ir para um hospital psiquiátrico e teve um julgamento. E foi decidido que voltaria a viver com a filha, depois de sair da prisão. Na altura, eu própria teria dito que era uma loucura esse veredicto. Mas hoje, ao vê-las juntas tantos anos depois, percebo que essa aposta — difícil, quase impossível — funcionou.

    E como decidiste a forma de contar a história? Sem cair no jornalismo, sem fazer juízos morais?

    Nunca quis fazer um livro jornalístico. Havia momentos em que me parecia estar dentro de um mito. No livro, menciono o mito de Medeia — que também foi contado a Flavia. Mas o que quis foi encontrar algo profundamente humano, algo universal. Esta história, embora extrema, fala-nos de questões fundamentais: loucura, morte, mas também amor, coragem, sobrevivência.

    E conseguiste escrever tudo isso com muito pudor, sem entrar nos pormenores macabros.

    Sim. Não queria dar detalhes chocantes. O acto está presente, claro — é um abismo —, mas tentei manter a distância certa. A loucura e o mal existem. Não há explicações jurídicas ou psiquiátricas que resolvam tudo. A única coisa que podemos tentar é procurar alguma luz na escuridão.

    E esta história passa-se em Paris, entre exilados argentinos. Achas que o facto de serem exilados, sem raízes, contribuiu para a tragédia?

    Não quero reduzir tudo a isso, mas é claro que Griselda foi alguém profundamente ferido pela História. Uma mulher que sofreu abusos na infância, que viveu a repressão da ditadura. A História com H grande quebrou-a. Era como um vaso que se parte de repente.

    Escreves em francês. Mas falas castelhano com fluência. Como vives essa dualidade?

    Escrevo sempre em francês. O castelhano está em mim como um lençol freático. Toda a minha memória argentina está lá, debaixo da terra, e emerge nos livros. Não conseguiria escrever em castelhano, mas os meus livros, quando são traduzidos para essa língua, é como se voltassem à sua origem.

    E sentes que serias outra pessoa se fosses francesa nascida em França?

    Claro. Vivi na clandestinidade na Argentina, com um nome falso, escondida. Isso marcou-me para sempre. A autocensura, o medo de falar… tudo isso explorei em francês. Especialmente no livro agora traduzido em Portugal, onde os silêncios são fundamentais.

    Tens visitado a Argentina?

    Sim, regularmente. Sou recebida com muito carinho. Tenho muitos leitores.

    E como vês agora a Argentina com Milei?

    Mas a situação económica é muito difícil. E agora, com Milei, tudo se agravou. As suas medidas são brutais na assistência social. Ele quer destruir o Estado, e o Estado é o que nos permite viver juntos. As pessoas não vivem na Macroeconomia. A democracia está em perigo.

    Qual é o papel do escritor, neste contexto?

    Laura: Acho que é importante tomar a palavra, assumir uma posição. Mesmo vivendo em França, acompanho tudo com preocupação. É fácil destruir a uma velocidade estontante, difícil é reconstruir. Mas confio na resiliência da Argentina e. Como Flavia.

  • Paulo Moreiras

    Paulo Moreiras

    Na vigésima sétima sessão da BIBLIOTECA DO PÁGINA UM, Pedro Almeida Vieira conversa com a escritor (e amigo de longa data) Paulo Moreiras.



    Há escritores que impressionam pela vastidão do seu vocabulário ou pela erudição das suas referências. Outros, mais raros, conquistam os leitores pela autenticidade com que erguem uma obra onde forma e substância se entrelaçam como os aromas de um prato bem apurado. Paulo Moreiras pertence a este segundo grupo, mas bebe também no primeiro: é um escritor de corpo inteiro, daqueles que escrevem como vivem – com intensidade, com gosto, com ironia e com apurada consciência da língua como território de criação e de prazer.

    Mas Paulo Moreiras tem outras particularidades: não separa a literatura da vida, nem a vida da mesa – porque em ambas há uma celebração do humano. E é talvez por isso que o seu percurso literário, embora diverso nos géneros, revela uma coerência que só os verdadeiros artesãos da palavra conseguem manter. A sua escrita, depurada mas sensorial, combina a sofisticação estilística com um olhar agudo sobre a História e a natureza humana, frequentemente cruzando o riso e o desalento com uma elegância pouco comum no nosso panorama literário.

    Paulo Moreiras na Biblioteca do Página Um.

    Entre as suas obras mais emblemáticas, O Ouro dos Corcundas, Os Dias de Saturno e sobretudo A Demanda de D. Fuas Bragatela – talvez o mais exemplar da sua veia picaresca – são testemunhos de um autor que sabe percorrer os meandros da alma portuguesa com irreverência e ternura, evocando, por vezes, o espírito de Quevedo ou de Camilo, mas com uma voz inconfundivelmente própria. O pícaro de Paulo Moreiras – que atinge um apogeu (mas não o Apogeu) com A Vida Airada de Dom Perdigote, publicado em 2023, não é apenas o malandro que engana o mundo: é também o homem que, ao tropeçar na sua própria condição, revela os vícios e virtudes de todos nós.

    A escrita de Paulo Moreiras cheira a terra molhada, a tascas escuras, a pergaminhos esquecidos, e talvez meta peixe grelhado e ironia bem temperada. Esse mesmo requinte surge na construção das suas personagens e enredos, onde está à mesa a gastronomia, onde se revela igualmente exímio. Não é de espantar que seja presença regular no PÁGIINA UM, onde colabora com recensões que se movem entre a história dos alimentos, a crítica culinária e a memória gustativa — textos onde a erudição se mistura com o prazer do paladar, numa escrita que dá vontade de ler com os olhos e com o estômago.

    Paulo Moreiras não é apenas um autor: é um contador de histórias, um desenhador de sabores, um filósofo das pequenas coisas. E é com esse espírito — culto, mordaz, mas também afável e generoso — que chega hoje à BIBLIOTECA DO PÁGINA UM. A conversa com Pedro Almeida Vieira não é uma entrevista nem uma conferência: é um reencontro de amigos que cultivam alíngua que falamos e honram pão que comemos.

    Entre os romances patentes na Biblioteca do PÁGINA UM, Paulo Moreiras recomenda os romances ‘Eurico, o Presbítero’ (1844), de Alexandre Herculano; ‘Vida e Obras de Dom Gibão’, de João Palma-Ferreira (1987); ‘As Viúvas de Dom Rufia’ (2016), de Carlos Campaniço; e ‘O Feitiço da Índia’ (2012), de Miguel Real.

    Pormenor da biblioteca ‘caseira’ de Paulo Moreiras.
  • Maria de Deus Manso e Maria Fernanda Matias

    Maria de Deus Manso e Maria Fernanda Matias

    Na vigésima sexta sessão da BIBLIOTECA DO PÁGINA UM, Pedro Almeida Vieira conversa com as historiadoras Maria Fernanda Matias e Maria de Deus Beites Manso



    Figura tantas vezes amaldiçoada pela historiografia tradicional e alvo de uma das mais tenazes campanhas de difamação da monarquia luso-brasileira, D. Carlota Joaquina de Bourbon, consorte de D. João VI, permanece uma das personagens mais controversas da história portuguesa.

    Entre o imaginário da rainha devassa e o papel de estratega política, entre o anátema de “usurpadora” e o fascínio da mulher que se recusou a aceitar o silêncio a que era destinada, a sua vida foi palco de disputas dinásticas, jogos de poder e combates ideológicos.

    No contexto do lançamento pela Parsifal do livro ‘D. Carlota Joaquina: entre o dever e a transgressão‘, Pedro Almeida Vieira conversa, para a BIBLIOETCA DO PÁGINA UM, com as duas autoras (e historiadoras) Maria de Deus Beites Manso e Maria Fernanda Mateus, que nos oferecem um olhar multifacetado sobre esta rainha, desconstruindo mitos e resgatando a sua dimensão política, intelectual e pessoal à luz da historiografia contemporânea.

    E já também oportunidade para aprofundar o que é a História de Portugal e como os portugueses vêem agora os seus feitos num presente cada vez menos compreensível com os seus antepassados.

    Maria Fernanda Matias (à esquerda) e Maria de Deus Beites Manso (ao centro), em conversa com Pedro Almeida Vieira, na redacção do PÁGINA UM.

    Maria de Deus Beites Manso é outorada em História, é professora associada com agregação na Universidade de Évora. Investigadora integrada no Centro de Investigação em Ciência Política e investigadora colaboradora no Centro de História da Universidade de Lisboa, é autora de vasta bibliografia centrada na expansão portuguesa, na história religiosa e da mulher/género, escravatura e mestiçagens, em especial no âmbito das culturas dos povos lusófonos. Colabora regularmente com universidades em Espanha, Brasil, Macau e Japão.

    Maria Fernanda Matias é iicenciada em História, pós-graduada em Curadoria das Artes e Programação e investigadora na área da Expansão Portuguesa. A partir de 1981, exerceu funções na Fundação Calouste Gulbenkian, de que presentemente é consultora. Coordenou projetos de intervenção do património histórico de influência portuguesa no mundo, incluindo a respetiva inventariação publicada em quatro volumes. Coordenou a apresentação de exposições em países como França, Marrocos, Brasil, Indonésia ou China.

  • Patrícia Reis

    Patrícia Reis

    Na vigésima quinta sessão da BIBLIOTECA DO PÁGINA UM, Pedro Almeida Vieira conversa com a escritora e jornalista Patrícia Reis.



    Jornalista e escritora com uma carreira multifacetada, Patrícia Reis entrou em 1988 no semanário O Independente, tendo posteriormente trabalhado na revista Sábado e realizado um estágio na Time em Nova Iorque. De regresso a Portugal, integrou a equipa do Expresso, produziu o programa de televisão ‘Sexualidades’ e colaborou ainda com as revistas Marie Claire e Elle e com o jornal Público.

    Paralelamente ao jornalismo, dedicou-se à escrita literária, publicando romances como ‘Cruz das Almas’ (2004), ‘Amor em Segunda Mão’ (2006), ‘Morder-te o Coração’ (2007) – este último finalista do Prémio Portugal Telecom de Literatura –, ‘No Silêncio de Deus’ (2008) e ‘Antes de Ser Feliz’ (2009), ‘Morder-te o Coração’ (2015), ‘A Gramática do Mundo’ (2016, com Maria Manuel Viana), ’A Construção do Vazio’ (2017), ‘Da Meia-Noite às Seis’ (2019). Escreveu também biografias, incluindo as de Vasco Santana, Maria Antónia Palla, Simone de Oliveira e, recentemente, de Maria Teresa Horta. E também uma longa série de livros infantojuvenis. Tem também uma longa experiência editorial, sobretudo na revista Egoísta.

    Patrícia Reis fotografada no PÁGINA UM.

    Nesta longa conversa com Pedro Almeida Vieira – no dia seguinte à morte de Maria Teresa Horta –, Patrícia Reis fala do seu percurso profissional, da sua escrita e da escrita dos escritores (e sobretudo das escritoras) que ama e sobre a força da Literatura.

    Entre os romances patentes na Biblioteca do PÁGINA UM, Patrícia Reis recomenda os romances ‘A Voz dos Deuses’, de João Aguiar, publicado em 1984, e ‘A Corte do Norte’, de Agustina Bessa-Luís, publicado em 1987.

    Pormenor da biblioteca ‘caseira’ de Patrícia Reis.
  • Rui Zink

    Rui Zink

    Na vigésima quarta sessão da BIBLIOTECA DO PÁGINA UM, Pedro Almeida Vieira conversa com o professor universitário e escritor Rui Zink.



    Uma das figuras mais emblemáticas e provocadoras da literatura portuguesa contemporânea, Rui Zink nasceu em Lisboa em 1961, sendo um escritor que transita entre a seriedade da análise crítica e o humor irreverente que desconstrói convenções, tanto na escrita como na forma de estar na vida.

    Formado em Estudos Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa, Rui Zink seguiu carreira académica como professor universitário, leccionando na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

    Como escritor, estreou-se em 1987 com ‘Hotel Lusitano’, mas foi com ‘Apocalipse Nau’ (1996), ‘O suplente’ (2000), ‘O Anibaleitor’ (2006) e ‘A Instalação do medo’ (2012) que consolidou a sua posição enquanto autor de relevância cultural e social, reforçada ainda mais com ‘A dádiva divina’, em 2004. A sua escrita é ágil, irónica e profundamente crítica, explorando temas que vão desde os abusos de poder e os medos contemporâneos até à banalidade do quotidiano. É um mestre em provocar o leitor, ora arrancando gargalhadas inesperadas, ora colocando-o perante inquietações existenciais.

    Para além da prosa, Rui Zink aventurou-se no teatro, na banda desenhada e na literatura infantil, mostrando uma versatilidade que reflecte a sua curiosidade e criatividade insaciáveis. O humor e a inteligência, por vezes ácidas, que perpassam a sua obra fazem dele uma espécie de cronista dos absurdos e das contradições do mundo moderno.

    Rui Zink fotografado no PÁGINA UM.

    Nesta conversa com Pedro Almeida Vieira, Rui Zink fala na forma como a Literatura ‘venceu’ uma carreira desportiva, revisita o seu percurso ‘transgressor’, desde a sua juventude, e como tem vindo a ‘amadurecer’.

    Entre os romances patentes na Biblioteca do PÁGINA UM, Rui Zink sugere o romance ‘Frei Luís de Sousa’, de Alberto Freitas da Câmara, publicado em 1935 – livro que não leu, mas que recomenda por via do protagonista – e ainda ‘A voz dos deus’, de João Aguiar, publicado em 1984.

    Pormenor da biblioteca ‘caseira’ de Rui Zink.
  • Ernesto Rodrigues

    Ernesto Rodrigues

    Na vigésima terceira sessão da BIBLIOTECA DO PÁGINA UM, Pedro Almeida Vieira conversa com o professor universitário e escritor Ernesto Rodrigues.



    Transmontano, nascido em Torre de Dona Chama em 1956, Ernesto Rodrigues é uma figura de destaque da literatura e da academia portuguesa, com vasta obra ensaística, experiência em edição literária e docência na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo sido também director do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias entre 2015 e 2019.

    Além do ensaio, com ênfase sobretudo no mundo das letras e do jornalismo do século XIX, ao longo da sua vida acumula uma experiência no jornalismo literário, a partir dos anos 1970, mas tem sido muito através da Literatura que se tem destacado. Como ficcionista, começou com ‘Várias bulhas e algumas vítimas’ (1980), seguindo-se mais dois romances na década de 1980: ‘A flor e a morte’ (1983) e ‘A serpente de bronze’ (1989). A partir de 1994 publicou mais seis romances, dos quais se destacam ‘O romance do gramático’ (2011), ‘A Casa de Bragança’ (2013), ‘Uma bondade perfeita’ (2016, que ganhou o Prémio PEN Clube) e o mais recente Liliputine (2023). Tem também publicado poesia e dramaturgia.

    Além de integrar várias antologias de poesia, é também um dos poucos tradutores literários de húngaro, fruto da sua passagem como leitor de Português em Budapeste.

    Ernesto Rodrigues fotografado no PÁGINA UM.

    Sobre este seu percurso, e de tudo um pouco, desde a sua infância, nesta conversa com Pedro Almeida Vieira, Ernesto Rodrigues revisita os seus passos na Literatura, abordando desde a sua infância até temas como o estudo dos folhetins nos jornais – seu tema de doutoramento –, a sua paixão pela Hungria e a sua incansável procura pelo saber. E falam de muitas mais histórias e estórias.

    Entre os romances patentes na Biblioteca do PÁGINA UM, Ernesto Rodrigues recomenda os romances ‘O bobo’, de Alexandre Herculano – publicado originalmente em 1843 n’O Panorama e em 1878, já postumamente – e ‘O prato de arroz doce’, de Teixeira de Vasconcelos, publicado em livro em 1875.

    Pormenor da biblioteca ‘caseira’ de Ernesto Rodrigues.
  • Tiago Salazar

    Tiago Salazar

    Na vigésima segunda sessão da BIBLIOTECA DO PÁGINA UM, Pedro Almeida Vieira conversa com o jornalista e escritor Tiago Salazar.



    Contador de histórias por natureza, e por excelência, Tiago Salazar encontrou no jornalismo e na literatura as suas formas de expressão privilegiadas, embora também percorra as estradas alfacinhas mostrando as estórias e vivências de Lisboa, que já lhe serviam de mote para livros.

    Formado em Relações Internacionais, estudou Guionismo e Dramaturgia em Londres, mas durante anos o jornalismo ‘conquistou-o’, colaborando com o Diário de Notícias, a revista Grande Reportagem, e, mais tarde, a Time Out Lisboa.

    Viajante incansável, muitas das suas ‘aventuras’ acabaram em livro, como são os casos de ‘Viagens sentimentais’ (2007), ‘A casa do Mundo’ (2008), ‘As rotas do sonho’ (2010), ‘Endereço desconhecido’ (2011), partindo de um programa de televisão, e ‘Crónica da selva’ (2014).

    Mas tem sido no romance que Tiago Salazar se tem destacado, designadamente com ‘O baú contador de histórias’ (2014) e ‘A escada de Istambul’ (2016), a que se juntam, mais recentes, dois romances do género histórico: ‘O Magriço’ (2020) e ‘O pirata das Flores’ (2021).

    Tiago Salazar fotografado no PÁGINA UM.

    Nesta conversa com Pedro Almeida Vieira para a Biblioteca do PÁGINA UM, Tiago Salazar conversa sobre a sua paixão pelas viagens, pelo jornalismo e também pelas personagens que encontra ou (re)cria nos seus romances. E a conversa também para as dificuldades da escrita em Portugal, até por via de Tiago Salazar estar agora a escrever com o apoio de uma bolsa literária. Mas também fala da vida e da anarquia…

    Entre os romances patentes na Biblioteca do PÁGINA UM, Tiago Salazar recomenda os romances ‘O Grande Cagliostro’, de Carlos Malheiro Dias, publicado em 1905, ‘Hora de Sertório’, de João Aguiar, publicado em 1994, e ‘A casa do pó’, de Fernando Campos, publicado em 1986.

    Pormenor da biblioteca ‘caseira’ de Tiago Salazar.

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  • Mónica Bello

    Mónica Bello

    Na vigésima segunda sessão da BIBLIOTECA DO PÁGINA UM, Pedro Almeida Vieira conversa com a jornalista e escritora Mónica Bello.



    Iniciou-se no jornalismo em 1988, n’O Independente, onde editou o Caderno 3, tendo regressado, anos mais tarde, para assumir o cargo de directora-adjunta, e, em mais de três décadas, Mónica Bello desempenhou mais cargos de edição executiva: na revista Volta ao Mundo, no jornal Diário Económico e no site de informação Dinheiro Vivo.

    Integrou ainda a equipa fundadora do jornal i, como subdirectora, e foi ainda directora-adjunta da revista Grande Reportagem e do jornal Diário de Notícias.

    As suas vivências jornalísticas levaram-na também ao mundo dos livros. Em 2006, publicou ‘A costa dos tesouros’, sobre navios afundados e património cultural subaquático na costa portuguesa. E em 2020, publicou também ‘A vida extraordinária do português que conquistou a Patagónia’, sobre um português aventureiro no extremo meridional do continente sul-americano. De permeio, em 2012, escreveu, em co-autoria, dois livros de receitas para crianças, Este mês estreou-se, finalmente, no romance, com ‘A jóia que o rei não quis’, que ficciona uma história verdadeira envolvendo um punhal do século XIX, que pertence agora à Fidelidade, a mais antiga seguradora portuguesa em actividade.

    Mónica Bello fotografada no PÁGINA UM.

    Nesta conversa com Pedro Almeida Vieira – um reencontro depois de se terem cruzado na revista Grande Reportagem no final dos anos 90 –, Mónica Bello fala do seu percurso jornalísticas e duas suas aventuras nestas lides que a levaram a conhecer alguns dos temas que transpôs para os livros, bem como da ‘feitura’ do seu primeiro romance.

    Entre os romances patentes na Biblioteca do PÁGINA UM, Mónica Bello recomenda os romances ‘Uma fazenda em África’, de João Pedro Marques, publicado em 2012, ‘O cemitério dos eternos prazeres’, de Domingos Amaral, publicado em 2024, e ‘Equador’, de Miguel Sousa Tavares, publicado em 2003.

    Pormenor da biblioteca ‘caseira’ de Mónica Bello.

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  • Teolinda Gersão

    Teolinda Gersão

    Na vigésima sessão da BIBLIOTECA DO PÁGINA UM, Pedro Almeida Vieira conversa com a escritora Teolinda Gersão.



    Reconhecida e consagrada como uma das grandes vozes da literatura contemporânea portuguesa, Teolinda Gersão tem construído uma obra marcada pela sensibilidade e pela capacidade de explorar os meandros mais profundos da experiência humana. A Literatura, em si, é mais do que um veículo de expressão pessoal; é uma ferramenta para dar forma às múltiplas dimensões da vida, onde memória, história e identidade convergem.

    Embora oficialmente a sua estreia seja apontada ao ano de 1981 com “O Silêncio”, romance logo amplamente elogiado pela crítica, Teolinda Gersão teve uma juvenil incursão, aos 14 anos, com um livro de contos, ‘Liliana’, em 1954, cujo exemplar está patente na Biblioteca do PÁGINA UM, e que, embora não reconhecida na sua bibliografia, surge como um ponto de partida para esta longa, mas admirável conversa com Pedro Almeida Vieira.

    Teolinda Gersão fotografada no PÁGINA UM.

    Além de ser abordada uma carreira literária ímpar – que cruza fronteiras culturais e psicológicas, onde se destacam obras como ‘A Casa da Cabeça de Cavalo’, ‘Os Guarda-Chuvas Cintilantes’, A Cidade de Ulisses’ e o mais recente ‘Autobiografia não escrita de Martha Freud –, Teolinda Gersão fala do seu percurso de vida e da forma com a sua trajetória criativa se foi cruzando com o percurso académico, até lhe ter ganhado primazia.

    Nesta conversa, Teolinda Gersão revisita também as influências que moldaram a sua visão literária e pessoal, desde os anos que viveu em Berlim até à sua incursão pela literatura africana, e a visão que foi moldando sobre Portugal e os portugueses. E mostra sobretudo ser uma mulher de paixões, que se desvendam na forma como fala de determinados temas ou assuntos. Entre os romances patentes na Biblioteca do PÁGINA UM, Teolinda Gersão decidiu escolher ‘Adoecer’, de Hélia Correia, publicado em 2010, ‘Fanny Owen’, de Agustina Bessa-Luís, publicado em 1979, e a chamada ‘trilogia da mão’, de Mário Cláudio constituída por ‘Amadeo’. ‘Guilhermina’ e ‘Rosa’, publicados originalmente entre 1984 e 1986.

    Pormenor da biblioteca ‘caseira’ de Teolinda Gersão.

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  • Deana Barroqueiro

    Deana Barroqueiro

    Na vigésima primeira sessão da BIBLIOTECA DO PÁGINA UM, Pedro Almeida Vieira conversa com a escritora Deana Barroqueiro.



    Autora amplamente reconhecida pela sua habilidade em transformar episódios históricos em narrativas vibrantes, Deana Barroqueiro tem vindo a afirmar-se como uma das grandes vozes da literatura portuguesa no romance do género histórico. Para a escritora, a História não é apenas um registo do passado, mas uma fonte inesgotável de inspiração literária e um veículo poderoso para compreender as complexidades do presente.

    Nascida nos Estados Unidos, mas assumindo-se como uma orgulhosa portuguesa a 100%, Deana Barroqueiro licenciou-se em Filologia Românica e foi durante várias décadas professora do ensino secundário, tendo feito a sua estreia ‘formal’ com um admirável conjunto de romances de aventuras (para todos os públicos) com ênfase, primeiro, nos Descobrimentos, mas centrando-se depois na figura de Pêro da Covilhã.

    Mas após essas obras foi consolidando a sua carreira literária sobretudo através de romances de grande fôlego e detalhe, entre os quais se destacam ‘O espião de D. João II’, ‘D. Sebastião e o vidente’, ‘Fernão Mendes Pinto e a Peregrinação’, e ‘1640’.

    À conversa com Pedro Almeida Vieira na Biblioteca do PÁGINA UM, Deana Barroqueiro reflecte sobre o seu percurso de vida e a sua abordagem ao romance histórico, partilhando como a pesquisa rigorosa e a escrita criativa se cruzam para dar vida às histórias que apaixonam os leitores.

    Deana Barroqueiro fotografada no PÁGINA UM.

    E também fala de uma outra das suas paixões, o mundo da gastronomia, que a fez escrever ‘História dos paladares’, com o qual foi galardoada com o Prix International de la Littérature Gastronomique 2021, pela Académie Internationale de la Gastronomie.

    Entre os romances patentes na Biblioteca do PÁGINA UM, Deana Barroqueiro recomenda ‘O bobo’, de Alexandre Herculano – inicialmente publicado em 1843 na revista ‘O panorama’, e em volume em 1878 –, ‘O regicida’ e ‘A filha do regicida’, de Camilo Castelo Branco – publicados em 1874 e 1875, respectivamente –, ‘A casa do pó’, de Fernando Campos – publicado em 1987 – e ainda ‘Índias’, de João Morgado, publicado em 2016.

    Pormenor da biblioteca ‘caseira’ de Deana Barroqueiro.

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