Autor: Pedro Almeida Vieira

  • Sondagens, ou como a imprensa procura não sei bem o quê: talvez o fim

    Sondagens, ou como a imprensa procura não sei bem o quê: talvez o fim


    Na semana passada, durante o Congresso dos Jornalistas, viram-se os ditos baterem muito no peito, e jurando que a Democracia ruiria sob os escombros do Jornalismo, se este, enfim, fosse deixado colapsar pelo Estado, já que os leitores, ouvintes e telespectadores parece não serem suficientes para lhes reconhecerem valor.

    E, de repente, olho hoje para (mais uma) daquelas ‘sondagens’ e ‘inquéritos’ que vai enxameando esta, repetindo outras, época pré-eleitoral. Neste caso, foi no Correio da Manhã, mas poderia ser noutros quaisquer, como no diário que anunciava que Medina sucedia em Medina, e em muitos outros que, depois de se envergonharem perante os leitores, e contribuírem para a manipulação dos incautos, ainda se questionam estupidamente.

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    Em todo o caso, há muito que não assistia a uma tão pesarosa ‘sondagem’, que, além de enviesada nas questões (mas nisto cada um mete as perguntas que quer), retira as mais absurdas conclusões em parangonas. Neste caso, hoje, saiu um: “Portugueses voltam a preferir maioria socialista”.

    Ora, mas a partir da ficha técnica deste Barómetro Intercampus, em letras muito miudinhas, boas para míopes, mas péssimas para a credibilidade da notícia e do jornalismo, vemos que só 62 pessoas disseram que gostavam, face a outras alternativas, que houvesse uma maioria absoluta do PS. Repito: 62!

    Mas isto foi suficiente para hoje o Correio da Manhã titular: “Portugueses voltam a preferir maioria socialista”. E isto num inquérito que tinha 9 alternativas, com uma amostra de 637 entrevistas e uma taxa de resposta de 62,9%. E esta alternativa foi a mais votada teve 15,4% das respostas: as tais 62 pessoas, se considerarmos que o famoso “Ns/Nr” (Não sabe / Não respondeu) não saiu mesmo ‘vitorioso’, pois arrecadou 22,3% dos ‘votos’. E isto sabendo que a segunda alternativa mais votada foi a de “um Governo AD aliada ao Chega”, que registou 13,7% das preferências da tal amostra de 637 entrevistas das quais só 62,9% responderam e, destes, 22,3% nem quiseram ou souberam responder. Contas feitas, foram 55 pessoas.

    A terceira alternativa – “uma maioria relativa do PS, sem fazer alianças e governar com apoios pontuais” – teve, contas feitas pelo mesmo processo, as respostas concretas de 46 pessoas.

    Portanto, é com esta ‘ciência’ que andamos a brincar ao jornalismo.

    Isto, repito, foi no Correio da Manhã, mas podia pegar noutra qualquer sondagem ‘martelada’ para retirar conclusões absurdas.

    A imprensa continua, dia a dia, a enterrar a sua credibilidade, procurando não sei bem o quê: talvez o fim.


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  • OFICIAL: Cristiano Ronaldo, com 30%, destaca-se como novo ‘patrão’ da CMTV e Correio da Manhã

    OFICIAL: Cristiano Ronaldo, com 30%, destaca-se como novo ‘patrão’ da CMTV e Correio da Manhã


    Do ódio à paixão. Ou, então, à dominação. Cristiano Ronaldo é efectivamente o ‘homem forte’ da CMTV e do Correio da Manhã, órgãos de comunicação social com quem, durante anos, teve uma relação mais do que conflituosa, com processos judiciais e mesmo lançamento de microfones à água. O registo formal dos novos accionistas no Portal da Transparência dos Media, gerido pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), mostra que o mais celebrado futebolista português detêm direitos de voto de 30% na Medialivre. O accionista individual que mais se aproxima de CR7 é um dos fundadores da Cofina, Domingos Vieira de Matos, com 16%. Todos os outros, incluindo Paulo Fernandes, detém 10% ou menos. Por agora, CR7 não revela interesses em influir na gestão da nova empresa que sucede à Cofina Media, pois apenas meteu na administração, sem poderes executivos, o seu amigo Miguel Paixão dos Santos.


    Processou, amesquinhou e lançou mesmo microfones de um incómodo jornalista num passeio da selecção nacional para um lago de Lyon em 2016. Em troca, a CMTV e o Correio da Manhã foram brindando Cristiano Ronaldo, na televisão e páginas do jornal de maior audiência nacional, com a revelação de ‘escândalos’ ou fait divers voyeuristas da sua vida privada. O mais recente ‘confronto’ ocorreu já dois anos quando o Correio da Manhã revelou que a cobertura do luxuoso apartamento de CR7 junto ao Parque Eduardo VII estava ilegal, obrigando o futebolista a demolir a ‘marquise’.

    Mas, negócios são negócios, e tudo mudou com a operação de venda da Cofina Media aos seus próprios gestores e accionistas, entre os quais estavam Paulo Fernandes, o homem-forte da Altri. Desde o verão sabia-se que Cristiano Ronaldo seria um dos accionistas da ‘nova’ Cofina Media, que passou a partir deste mês a denominar-se Medialivre. Mas até agora não havia qualquer confirmação oficial da participação do futebolista nem a de outros accionistas, sobretudo quadros da Cofina Media e mesmo de actuais e antigos responsáveis da CMTV e Correio da Manhã, como Carlos Rodrigues e Octávio Ribeiro.

    Cristiano Ronaldo entrou nos media através da compra de 30% dos novos donos de dois dos órgãos de comunicação social que mais o irritaram ao longo dos anos. Interesse económico ou petit vengeance?

    Mas, a partir de agora, já se sabe porque o PÁGINA UM já confirmou essa informação no registo que conta: o Portal da Transparência dos Media gerida pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). E Cristiano Ronaldo é, de longe, o accionista de referência da Medialivre, muito à frente de qualquer outra pessoa.

    A Medialivre é, de acordo com a informação transmitida para o regulador, uma sociedade anónima praticamente detida pela holding Expressão Livre II, com 99,79% das acções, sendo a restante percentagem (0,21%) acções próprias sem direito a voto. Foi através dessa holding, como veículo financeiro, que se concretizou a compra da Cofina Media pelo grupo de gestores da própria empresa – um processo financeiro denominado Management Buy Out (MBO). E também foi no seio dessa holding que se decidiu a parte que caberia a cada um dos accionistas individuais.

    Sabia-se já, desde o Verão passado, que estavam neste MBO, a equipa de gestão da Cofina Media, quadros da empresa e um conjunto de investidores, entre os quais Luís Santana, Ana Dias, Octávio Ribeiro, Isabel Rodrigues, Carlos Rodrigues, Luís Ferreira, Carlos Cruz, Domingos Vieira de Matos, Paulo Fernandes e João Borges de Oliveira. E sabia-se que Cristiano Ronaldo, como investidor externo, tinha sido convidado e acedera a ser também um investidor.

    27 de Maio de 2021: Correio da Manhã revelou a ‘marquise’ ilegal de Cristiano no seu luxuoso apartamento em Lisboa, e não ‘descansou’ até ver a demolição.

    Mas até agora, e incluindo o momento em que foi anunciado na semana passada a nova denominação da empresa – a Medialivre, para se desligar definitivamente da marca Cofina –, não tinha sido divulgada a participação concreta das diversas empresas com interesses na holding Expressão Livre II: a Actium Capital, a Caderno Azul, a Livre Fluxo, a Sorolla e ainda a CR7, uma das sociedades anónimas de Cristiano Ronaldo.

    Ora, de acordo com uma pesquisa do PÁGINA UM aos registos da Plataforma da Transparência dos Media, uma das empresas de Cristiano Ronaldo, a CR7 S.A., detém efectivamente 30% da participação e dos direitos de voto na Expressão Livre II. Se o investimento do futebolista na compra tiver sido proporcional à posição que detém, para já teve de desembolsar 17,4 milhões de euros, ou seja, 30% dos 56,8 milhões de euros que envolveram a concretização do MBO.

    Essa participação, de entre as seis com acções naquela holding, nem é a maior, porque a Sorolla SGPS tem 32%. Porém, Cristiano Ronaldo é, na prática, a pessoa com maior poder no novo grupo de media, uma vez que a CR7 é detida quase integralmente por ele (do capital social de 500.000 euros, há outros quatro sócios, incluindo a sua filha Alana, com quotas de 1 euro), ao contrário da Sorolla.

    “O que é isso CMTV?” Em 2014, Cristiano Ronaldo recusava-se sequer a responder a perguntas. Agora, é o accionista de referência, e terá investido pelo menos mais de 17 milhões de euros para ficar com 30% direitos de voto da Medialivre.

    De facto, analisando os accionistas da Sorolla – que integram gestores da antiga Cofina Media e ainda o actual director da CMTV e Correio da Manhã, Carlos Rodrigues, e o antigo, Octávio Ribeiro –, observa-se uma grande dispersão individual, uma vez que conta com sete accionistas. Luís Santana, o gestor que liderou o processo do MBO e assumiu agora a função de CEO tem uma posição de 29% na Sorolla, o que significa assim que detém, indirectamente, um peso de apenas 9,3% na Medialivre.

    Outros dois accionistas da Sorolla têm participações de 18% (Ana Isabel Fonseca e Octávio Ribeiro) – implicando assim um peso de 5,8% na Medialivre para cada um – e mais três contam com 11% (o director do Correio da Manhã e CMTV, Carlos Rodrigues, Isabel Rodrigues e Luís dos Reis Ferreira), o que significa um peso de 3,5% para cada um. Por fim, o advogado Carlos Barbosa da Cruz – que dinamizou todos os procedimentos legais da operação de compra da Cofina Media através de MBO – tem agora 2% da Sorolla, o que significa um peso de apenas 0,6% da Medialivre.

    A pessoa que acaba por se aproximar mais da posição de Cristiano Ronaldo na Medialivre é o Domingos Vieira de Matos, um dos fundadores da Cofina, com interesses também na Greenvolt e na Ramada Investimentos e Indústria. Através da Livrefluxo, uma empresa de consultadoria do Porto criada em 2008 e da qual possui 90,09% das acções, Vieira de Matos tem uma participação de 18% na holding que agora detém a antiga Cofina Media. Significa assim que o seu peso indirecto nos destinos dos órgãos de comunicação social da Medialivre é de cerca de 16,2%.

    2016: Cristiano Ronaldo lançou, por desprezo, um microfone da CMTV num lago em Lyon. 2023: Cristiano Ronaldo é o accionista de referência da dona da CMTV.

    Os restantes dois accionistas da Expressão Livre II têm apenas 10%. Um deles é Paulo Fernandes, o CEO da Altri, através da Actium Capital, integralmente sua. Ou seja, tem um peso de 10% na Medialivre. O outro é a empresa Caderno Azul, na área da consultadoria de gestão, que é detida em 50,1% por João Borges de Oliveira, outro administrador de longa data da Cofina. Ou seja, tem 5% da Medialivre.

    Por agora, CR7 não mostra sinais de querer influenciar na gestão da Medialivre. A comissão executiva da empresa, eleita em Novembro passado, é integralmente formada, nesta fase, por accionistas da Sorolla (Luís Santana, Isabel Fonseca, Octávio Ribeiro e Isabel Rodrigues), ou seja, por pessoas com ligações fortes à antiga Cofina Media; portanto, de continuidade.

    No conselho de administração da dona da CMTV e Correio da Manhã, e de forma evidente, o ‘dedo’ de Cristiano Ronaldo apenas está presente através do seu amigo de longa data Miguel Paixão dos Santos, que é um dos oito administradores.

    O investimento de Cristiano Ronaldo para entrar na Medialivre (30% de 56,8 milhões de euros) terá sido inferior a um mês do seu salário na Arábia Saudita

    Mas essa postura discreta, sobretudo pelo peso dos 30% – que tem sempre relevância em operações de investimento –, pode mudar-se em qualquer momento. Recorde-se, por exemplo, que a família Balsemão, através da Balseger, apenas controla directa e indirectamente cerca de 36% da Impresa (dona do Expresso) e da SIC, mas põe e dispõe, há mais de duas décadas daqueles órgãos de comunicação social, incluindo a indicação dos membros do conselho de administração.

    Uma coisa é certa: será interessante acompanhar a partir de agora a cobertura noticiosa pela CMTV e Correio da Manhã da vida e façanhas de Cristiano Ronaldo, o seu novo ‘patrão’.

  • CEO da Global Media deixou Tal&Qual em falência técnica e com processo de 250 mil euros às costas

    CEO da Global Media deixou Tal&Qual em falência técnica e com processo de 250 mil euros às costas


    José Paulo Fafe ‘refundou’ o semanário Tal & Qual em 2021, mas bastaram-lhe dois anos para deixar a empresa gestora em falência técnica e um passivo de 334 mil euros. Mas também não quis mostrar à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) as contas da empresa Parem as Máquinas, que criou para gerir o semanário, nem elaborou o obrigatório relatório do governo societário. O regulador ainda andou meses a tentar ‘ajudar’ a Parem as Máquinas, mas perante o “manifesto desinteresse no cumprimento das obrigações legais”, a paciência esgotou-se. A ERC deliberou assim abrir um processo de contra-ordenação que, pela elevada gravidade, pode atingir um máximo de 250 mil euros. A comunicação da ERC para a Parem as Máquinas seguiu para o mesmo endereço da Páginas Civilizadas, o accionista maioritário da Global Media, liderada por José Paulo Fafe. Fica tudo em casa.


    O actual CEO da Global Media, José Paulo Fafe, não foi homem para deixar apenas a empresa Parem as Máquinas, detentora do semanário Tal & Qual – das quais foi gerente até Maio passado e director, respectivamente –, com dívidas de mais de 334 mil euros e em falência técnica ao fim de dois anos de existência. Deixou-lhe também um ‘legado’: um processo de contra-ordenação por violação reiterada das regras da Lei da Transparência dos Media. A coima a aplicar pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social pode chegar aos 250 mil euros, sendo que a sanção mínima é de 50 mil.

    A deliberação do regulador foi hoje divulgada, tendo sido aprovada no passado dia 6, e relata as pacientes diligências na tentativa de levar José Paulo Fafe, então gerente, a enviar os elementos financeiros da empresa do Tal & Qual, ‘refundado’ em 2021, bem como os relatórios do governo societário.

    José Paulo Fafe, ex-jornalista, ex-gerente da Parem as Máquinas e actual CEO da Global Media, que anunciou rescisões de até 200 colaboradores.

    De acordo com a deliberação, a Unidade de Transparência dos Media (UTM) da ERC começou por contactar a Parem as Máquinas no início de Abril deste ano quando foi detectada ausência completa de informação financeira relevante e o relatório do governo societário desde a sua inscrição. E adianta-se, em seguida, que após uma troca de mensagens electrónicas, “a Regulada [ou seja, José Paulo Fafe, que era então o seu representante legal] entrou em contacto com a ERC, por via telefónica”, acrescentando-se que “demonstrou falta de conhecimento e manifesto desinteresse no cumprimento das obrigações legais da transparência dos media”.

    Mesmo assim a UTM da ERC prestou-se a colaborar com José Paulo Fafe, enviando-lhe em 23 de Maio “uma minuta de Relatório de Governo Societário para auxílio da entidade [Parem as Máquinas] na respetiva elaboração”. Mas os meses foram passando, e nada.

    “À presente data, os serviços da UTM verificaram que a Regulada não tomou qualquer ação para sanar as faltas, de forma completa, nem apresentou qualquer fundamento para essas faltas, mantendo-se em incumprimento relativamente ao reporte dos elementos obrigatórios”, salienta-se na deliberação da ERC, concretizando que se verifica “a falta do reporte legalmente obrigatório dos indicadores financeiros de 2021 e de 2022, nos termos do artigo 5º da Lei da Transparência e do artigo 3º do Regulamento, e encontram-se em falta os elementos indicados no quadro 6 dos Relatórios de Governo Societário relativos aos anos de 2021 e 2022, nos termos do artigo 16º da Lei da Transparência, e, por remissão do nº 2, do artigo 5º, nº 1 a 7, do Regulamento.” E diz ainda que “falta igualmente identificar o Responsável pela Orientação Editorial da Publicação Periódica Tal&Qual e atualizar a estrutura do capital social em conformidade com o Registo Comercial”.

    Tal & Qual, ‘refundado’ em 2021 quis mostrar irreverência, enquanto, em simultâneo, nunca quis mostrar as contas exigidas pela Lei da Transparência dos Media.

    De facto, grande parte da parca informação que actualmente consta no Portal da Transparência dos Media encontra-se errada ou desactualizada, constando no registo sócios que já saíram da empresa há meses, e mesmo José Paulo Fafe surge ainda como gerente da Parem as Máquinas, apesar de já ter renunciado e deixado mesmo de ser sócio desde Outubro. Aliás, neste momento, nos registos da ERC nem sequer aparece qualquer responsável editorial do Tal & Qual, apesar de na ficha técnica deste semanário surgir o nome de Jorge Lemos Peixoto.  

    Nessa medida, não restou outra alternativa à ERC, agora liderada por Helena Sousa, do que instaurar um processo de contra-ordenação, que será agora conduzido pela Unidade de Contraordenações para a fixação da coima por uma mais que evidente violação da Lei da Transparência dos Media. Como a falta, ainda mais reiterada, e nem sequer por negligência, é considerada “muito grave”, a coima mínima prevista é de 50 mil euros, podem ir até aos 250 mil euros. A fixação da sanção dependerá também do preenchimento ou não dos elementos em falta, que são de preenchimento fácil se a Parem as Máquinas estiver para aí virada.

    Saliente-se que, apesar da formalização da sua saída da empresa Parem as Máquinas (e do Tal&Qual) em finais de Maio, e a sua subsequente entrada em Junho na gerência da Páginas Civilizadas (dominada pelo fundo das Bahamas), José Paulo Fafe nunca se desligou da realidade do Tal & Qual. Na verdade, apesar de ser gerida pela Parem as Máquinas, o título deste semanário está registado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) como pertencente à Global Media. E além disso, actualmente a Páginas Civilizadas compartilha a mesma sede, no Tagus Park, da Parem as Máquinas e do semanário Tal&Qual. Ou seja, ‘tudo em casa’.

    O francês Clement Ducasse é o beneficiário efectivo do World Opportunity Fund que controla agora a Global Media. A ERC quer que o grupo de media identifique os investidores ‘dentro’ do fundo, mas José Paulo Fafe já veio dizer que é “uma coisa de doidos”.

    Recorde-se que José Paulo Fafe deixou o semanário Tal & Qual e a Parem as Máquinas para assumir recentemente o cargo de presidente executivo da Global Media por indicação de um fundo sedeado nas Bahamas (World Opportunity Fund), que possui indirectamente a maioria do capital social do grupo que detém, entre outros, o Diário do Notícias, o Jornal de Notícias, O Jogo, o Dinheiro Vivo e a TSF, além de uma participação relevante na Lusa.

    Embora se conheça já o beneficiário efectivo do fundo bahamiano – o especulador financeiro globetrotter francês Clement Ducasse –, revelado em primeira mão pelo PÁGINA UM, a ERC tem estado a exigir à Global Media a identificação de pessoas ou entidades que tenham suficientes participações no World Opportunity Fund que impliquem direitos superiores a 5% naquele grupo de media. Na semana passada, José Paulo Fafe considerou, em entrevista ao Eco, ser “uma coisa de doidos”, a ERC exigir à Global Media “a identificação dos detentores de unidades de participação” do World Opportunity Fund, admitindo que nem ele sabe quantos depositantes tem. O azar de Fafe é que, apreciando ou não a transparência nos investimentos nos media, a lei lhe exige saber e indicar quem tem mais de 5% dos direitos de voto.

  • Ordem dos Médicos de Carlos Cortes vai a tribunal por não mostrar pareceres comprometedores escondidos por Miguel Guimarães

    Ordem dos Médicos de Carlos Cortes vai a tribunal por não mostrar pareceres comprometedores escondidos por Miguel Guimarães


    Afinal, mudam os tempos, mas mantêm-se as más vontades. O actual bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, decidiu divulgar em Setembro passado um parecer do Colégio de Pediatria, onde se desaconselhava a vacinação de jovens contra a covid-19 e criticava mesmo as pressões da indústria farmacêutica, mas continua a recusar mostrar dois pareceres de 2021 que foram ‘engavetados’ por ordem de Miguel Guimarães. Este anterior bastonário liderou uma campanha de ‘perseguição’ sobre os médicos que questionaram critérios de segurança e chegou mesmo a abrir um processo disciplinar contra o presidente do Colégio de Pediatria, Jorge Amil Dias. Em resultado desta recusa, o PÁGINA UM apresentou agora uma intimação no Tribunal Administrativo de Lisboa, através do seu FUNDO JURÍDICO.


    A Ordem dos Médicos, agora liderada por Carlos Cortes, recusa divulgar dois pareceres emitidos pelo seu Colégio de Pediatria em Julho e Outubro de 2021, no auge do polémico programa de vacinação de crianças e adolescentes contra a covid-19, que foram ‘engavetados’ pelo então bastonário Miguel Guimarães.

    Em resultado dessa recusa, o PÁGINA UM fez entrar ontem um processo de intimação no Tribunal Administrativo de Lisboa, que também requer a consulta de uma auditoria prometida no ano passado à campanha Todos por Quem Cuida.

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    A existência dos dois pareceres do Colégio de Pediatria, presidido pelo médico Jorge Amil Dias, escondidos em 2021, foi apenas conhecida através do texto do terceiro parecer sobre esta matéria, que o agora bastonário Carlos Cortes permitiu divulgar.

    Nesse terceiro parecer, com data de 13 de Setembro de 2023, além de se criticar as “manifestações públicas sobre o assunto, geralmente veiculadas ou patrocinadas pela indústria com directo interesse financeiro”, fazia-se desde logo referências aos outros dois pareceres, que aquele Colégio, “oportunamente submeteu” a Miguel Guimarães, que nunca se mostrou interessado em os divulgar, pelo contrário.

    Na verdade, embora o teor desses dois pareceres, relacionados com as vacinação de adolescentes e de crianças, não seja conhecido, Miguel Guimarães e o então Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, presidido pelo pneumologista Filipe Froes, trataram de criar uma campanha pública de perseguição e ostracismo aos profissionais de saúde que colocavam dúvidas sobre a necessidade e a segurança da vacinação de menores.

    Filipe Froes (ao centro), com fortes ligações à indústria farmacêutica, foi mandatário da candidatura de Carlos Cortes (quarto à esquerda), actual bastonário da Ordem dos Médicos.

    O próprio presidente do Colégio de Pediatria, Amil Dias, seria mesmo alvo de um processo disciplinar por via de uma queixa assinada por, entre outros, Filipe Froes, Luís Varandas e Carlos Robalo Cordeiro, todos médicos com fortíssimas relações comerciais com a indústria farmacêutica, incluindo a Pfizer, que vendeu as vacinas para os menores. O processo seria arquivado apenas em Novembro do ano passado, mas durante meses conseguiu-se criar uma aura de censura contra os médicos que desaconselhavam a vacinação generalizada para jovens.

    O acesso aos dois pareceres escondidos, que agora o PÁGINA UM requereu que o Tribunal Administrativo de Lisboa obrigue a Ordem dos Médicos a mostrar, fará luz a um dos episódios mais amorais da Medicina moderna, em que autoridades de Saúde, médicos e a generalidade da imprensa criaram na segunda metade de 2021 um ambiente de pressão psicológica para pais levarem os filhos menores a vacinarem-se para supostamente se protegerem contra uma doença que se mostrava inofensiva para jovens saudáveis, e sobre a qual não existiam estudos aprofundados sobre os efeitos adversos.

    Em Portugal, entre Setembro e Novembro de 2021 foram vacinadas com pelo menos uma dose, mais de 560 mil jovens entre os 12 e os 17 anos. No caso das crianças entre os 5 e os 11 anos, cuja campanha de vacinação decorreu a partir do final de 2021 acabaram por ser inoculadas mais de 335 mil. Saliente-se que, antes da vacinação, não se registou qualquer vítima mortal causada pelo SARS-CoV-2 nestas faixas etárias.

    Miguel Guimarães e Ana Paula Martins foram, respectivamente, bastonários das Ordens dos Médicos e dos Farmacêuticos durante grande parte da pandemia.

    Recorde-se ainda que a mais recente norma da Direcção-Geral da Saúde, de Setembro passado, apenas passou a eleger para vacinação sazonal os profissionais e residentes em lares, os prestadores de serviços e cuidadores de saúde, os maiores de 60 anos e as pessoas com graves comorbilidades.

    O PÁGINA UM também requereu ao Tribunal Administrativo de Lisboa que obrigue a Ordem dos Médicos a mostrar uma suposta auditoria à campanha Todos por Quem Cuida, que durante a pandemia arrecadou mais 1,4 milhões de euros, sobretudo proveniente de farmacêuticas, e que permitiu condições para criar um “saco azul” de mais de 968 mil euros na Ordem dos Médicos, uma vez que foram usadas facturas falsas e outros esquemas de muito duvidosa legalidade. Esta campanha foi dirigida pelas Ordens dos Médicos e dos Farmacêuticos, e aquando de uma outra intimação (ganha pelo PÁGINA UM em 2022) aquelas entidades declararam ao Tribunal Administrativo de Lisboa que estavam a realizar uma auditoria à campanha, mas nunca a divulgaram.


    N.D. Os processos de intimação do PÁGINA UM só são possíveis com o apoio dos leitores. Todos os encargos do PÁGINA UM nos processos administrativos, incluindo taxas de justiça e honorários de advogado, têm sido suportados através do FUNDO JURÍDICO. Cada processo de intimação tem um custo mínimo inicial de 500 euros, que pode ser menor ou (muito) maior em função dos eventuais recursos ou do seu desfecho (favorável ou desfavorável). Neste momento, por força de duas dezenas de processos que intentámos nos últimos 20 meses, o PÁGINA UM faz um apelo para um reforço destes apoios fundamentais para a defesa da democracia e de um jornalismo independente. Recorde-se que o PÁGINA UM não tem publicidade nem parcerias comerciais, garantindo assim a máxima independência, mas colocando também restrições financeiras. Apoie esta iniciativa de um jornal independente que não teme lutar pelo acesso à informação.

  • Cobertura do PÁGINA UM ao V Congresso dos Jornalistas: Dia 3

    Cobertura do PÁGINA UM ao V Congresso dos Jornalistas: Dia 3


    O V Congresso dos Jornalistas teve hoje o seu último dia de trabalhos, dedicado aos novos desafios da profissão, à extrema direita, à inteligência artificial e à regulação dos media, tendo havido lugar também à votação de 25 moções. Este congresso foi um evento duplamente público: teve inscrições para jornalistas e não-jornalistas, realizando-se num espaço (Cinema São Jorge, em Lisboa) pertencente à Câmara Municipal de Lisboa desde 2001. A organização exigiu um pagamento para ser realizada a cobertura noticiosa, uma decisão inédita num evento público, com a anuência do regulador dos media. Perante um evento onde a organização coloca condições monetárias para acesso às fontes de informação, o PÁGINA UM decidiu divulgar, em texto e imagem, aquilo que de mais relevante considera dever ser noticiado sobre os temas agendados, dedicando hoje um destaque às moções.


    MOÇÕES

    Filipe Santa-Bárbara, Joana Carvalho Reis e Sara de Melo Rocha: “As nossas redações espelham a diversidade do país? Não, e temos de falar sobre isso”

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    João Miguel Rodrigues: “Pelo Fotojornalismo em Portugal”

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    Sofia Craveiro: “Pela rejeição da desinformação e do clickbait expressas no Código Deontológico”

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    Filipe Teles e Micael Pereira: “In Vino Veritas”

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    Carlos Camponez e Orlando César: “120 jornalistas e trabalhadores dos media mortos no mundo, em 2023 — 95 foram mortos deste 7 de outubro de 2023 na guerra em Gaza”

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    Orlando César: “Sobre o ecossistema dos media e a deontologia”

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    Luís Filipe Simões, Diana Andringa, Pedro Coelho e Sofia Branco: “Jornalista do Jornal Expresso foi agredido na Universidade Católica”

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    Nuno Domingues: “Sobre preservação da memória audiovisual e digital”

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    Isabel Nery: “Pela saúde mental dos jornalistas”

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    Nuno Viegas: “Pela anonimização de quem comete crimes ou é deles vítima”

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    Nuno Viegas: “Por um registo de interesse público de jornalistas”

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    Sofia Branco: “Por um jornalismo ético – pelo sim e pelo não”

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    Ruben Martins: “Não pode ser negado ao jornalista em período de estágio a possibilidade de assinar as suas peças”

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    Sindicato dos Jornalistas: “Voto de louvor aos jornalistas da GMG”

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    Sindicato dos Jornalistas: “Transparência de investidores”

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    Sindicato dos Jornalistas: “Pelo que os jornalistas reivindiquem para si os dividendos das grandes plataformas digitais”

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    Sindicato dos Jornalistas: “Greve geral”

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    Luiz Humberto Marcos: “Criação de uma estrutura de Missão que integre as entidades organizadoras”

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    Aline Flor: “Não há democracia – nem jornalismo – sem igualdade”

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    Conselho Geral do Sindicato dos Jornalistas: “O Estado que queremos”

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    Ana Luísa Rodrigues: “Greve geral de jornalistas”

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    Ricardo Cabral Fernandes: “O momento é aqui e agora”

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    Rui Nunes: “Solidariedade com os camaradas palestinianos”

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    João Duarte Soares: “Só os jornalistas podem defender o jornalismo”

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    Moção conjunta: Greve Geral

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    Nascemos em Dezembro de 2021. Acreditamos que a qualidade e independência são valores reconhecidos pelos leitores. Fazemos jornalismo sem medos nem concessões. Não dependemos de grupos económicos nem do Estado. Não temos publicidade. Não temos dívidas. Não fazemos fretes. Fazemos jornalismo para os leitores, mas só sobreviveremos com o seu apoio financeiro. Apoie AQUI, de forma regular ou pontual.

  • Cobertura do PÁGINA UM ao V Congresso dos Jornalistas: Dia 2

    Cobertura do PÁGINA UM ao V Congresso dos Jornalistas: Dia 2


    O V Congresso dos Jornalistas teve hoje o seu segundo dia de trabalhos, dedicado ao âmbito do jornalismo (local e global) e sobretudo às formas de financiamento do jornalismo, destacando-se debates com directores editoriais e também um debate com deputados da Assembleia da República. Este congresso é um evento duplamente público: teve inscrições para jornalistas e não-jornalistas, realizando-se num espaço (Cinema São Jorge, em Lisboa) pertencente à Câmara Municipal de Lisboa desde 2001. A organização exigiu um pagamento para ser realizada a cobertura noticiosa, uma decisão inédita num evento público, com a anuência do regulador dos media. Perante um evento onde a organização coloca condições monetárias para acesso às fontes de informação, o PÁGINA UM decidiu divulgar, em texto e imagem, aquilo que de mais relevante considera dever ser noticiado sobre os temas agendados.


    Sobre a sessão ‘Do local ao universal

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    Sobre o painel dedicado ao financiamento do jornalismo audiovisual

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    Sobre o painel dedicado ao financiamento do jornalismo de imprensa e online

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    Sobre o painel dedicado ao papel do Estado no financiamento do jornalismo, em debate com deputados da Assembleia da República

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  • Boavista 2.0

    Boavista 2.0


    São 20h32, e estou na estação dos Restauradores. Se tudo correr bem, linha directa até à saída no Alto dos Moinhos, seguindo-se visita ao ‘guichet’ das acreditações [GRATUITAS, ouviste, Pedro Coelho?] para aceder ao estádio [pertença de uma sociedade anónima desportiva: será espaço público ou privado? tenho de ir perguntar aos membros da ERC que, desde a identificação do autárquico Cinema São Jorge como local privado, se mostram sapientíssimos nestes assuntos], e ala que se faz tarde… Prevejo demorar, neste percurso e processo, uns 30 minutos até me assentar na Varanda da Luz, onde espero, não só deliciar-me com o farnel do Benfica nem apenas com os golos do Cabral e do outro tipo que foi contratado ao Santos (e do qual não me lembro agora o nome de cabeça), desforrar-me da triste e única derrota neste campeonato, no Bessa, logo na primeira jornada.

    Vou a tempo, por certo, de assistir aos primeiros minutos… da segunda parte!!!

    Segunda parte!!! Como é possível?! Como foi possível? Como é que se eclipsou da mente o jogo hoje do Benfica. Que se passou na minha cachimónia?! Metade do jogo perdido!

    Ou antes: que grande sorte a minha; afinal, é uma vantagem trabalhar num órgão de comunicação social de redacção diminuta, onde sendo eu um cronista pouco zeloso de compromissos futeboleiros, tenho um  director a quem responder… que sou eu próprio… que, por sua vez, responde, em termos de despesas, ao gerente… que sou eu.

    Linda promiscuidade, esta minha. Deve estar o Pedro Coelho, jornalista da SIC e presidente do comité organizador do congresso dos jornalistas, a fazer ‘tssss-tssss’, abanando a cabeça em óbvia desaprovação desta minha conduta, enquanto assina as cartas de agradecimento à Brisa, à REN, à Mota-Engil, ao Santander, ao Milenium BCP, à Delta, à Mercadona… pelo financiamento concedido, e conta as notas dos jornalistas que, pagando-lhe(s) [as entidades organizadoras são o Sindicato dos Jornalistas, o Clube dos Jornalistas e a Casa da Imprensa], fazem ainda a cobertura sobre as desgraças onde muitos meteram o Jornalismo. Se a moda pega, esta Da Varanda da Luz vai passar a ser orçamentada. Adiante…

    (chego ao estádio, dois minutos antes do fim da primeira parte, já nem vale a pena subir, decido perguntar se ainda há farnel, há sim, senhor, vamos lá então subir para a Varanda da Luz, com a sandes & companhia, enquanto descem os adeptos para o intervalo, assobiando ruidosamente, acho que não pela minha chegada [a menos que todos os que assobiem sejam ‘altos quadros’ da CCPJ e da ERC]; parece-me mais por causa da equipa de arbitragem)

    Desculpado que estou por mim próprio pela falta de presença na primeira parte, que seguiu sem golos (talvez para me agradarem), espero que os leitores mostrem condescendência – ou pelo menos, a meia dúzia daqueles que me lê, sendo que uma parte deles o fazem para me criticarem de não investigar os “podres do Benfica” –, porque hoje mal dormi…

    (recomeça a segunda parte, nem sei se o Benfica jogou bem ou mal na primeira parte)

    … durante a noite e ao longo da manhã, deixei um artigo pronto a publicar sobre a Start Sines Campus (que parece estar bem da vida, depois de causar um ‘terramoto político’), meti online o oitavo episódio do podcast O Estrago da Nação (onde o Tiago Franco e o Luís Gomes), divulguei a análise ao cartaz do PSD feita pela Sara Battesti, que aconselho imenso…

    (golooooooooo… anulado! Bolas. Di Maria marca, ainda se festeja, mas o VAR chama o árbitro, que anula por mão prévia de João Mário)

    … continuando:  revi a edição da Maria Peixoto (que, entretanto, fez uma entrevista ao economista Nuno Palma, da Universidade de Manchester, a sair na próxima semana) ao texto da coluna semanal do Tiago Franco sobre a Europa, acertei com a Elisabete Tavares detalhes de um interessantíssimo projecto em mãos…

    (golooooooo… desta conta: Di Maria, com centro venenoso em arco, daqueles em que ninguém toca, muito menos o guarda-redes, com a bola a entrar no cantinho)

    … continuando: ainda fiz um ‘artigo’ sobre a cobertura ‘possível’ ao Congresso dos Jornalistas, face à minha recusa em pagar para fazer cobertura noticiosa: quatro rectângulos negros sobre os temas previstos no programa parecerem-me bem simbólicos. Ah, e também enviei a minha pronúncia à CCPJ sobre o processo disciplinar que Girão & Godinho decidiram presentear-me, e enderecei umas questões à ERC sobre umas ‘falhazitas’ que por lá constam no pouco transparente Portal da Transparência dos Media. Faltou-me tempo para paginar a Deriva dos Continentes, da Clara Pinto-Correia, que deve estar, com razão, furibunda pelo adiamento de uma necessária conversa para acertarmos umas agulhas. Sairá este sábado o texto, e a conversa.

    (lá em baixo, no relvado, a Benfica porfia mas não marca, e, tirando ali um calafrio, o Boavista não ameaça… mas nunca fiando, no Boavista, nem confiando no Benfica)

    Enfim, mas, na verdade, o meu ‘esquecimento’ da hora do jogo (ou mesmo do jogo) do Benfica não se deveu a estes afazeres, mas sim a um ‘banho de cultura’, misturado de boa conversa e melhor almoço (cabo-verdiano) com um bom punhado de boas pessoas, incluindo a ‘minha’ Elisabete e o ‘nosso’ Rui Araújo: visitei a casa-biblioteca de Daniel Nunes, um homem de uma vida excepcional e detentor de um espólio de pasmar. Tão de pasmar que, obviamente, terei de regressar, e talvez fazer mesmo umas conversas gravadas. E prolongou-se tanto esse ‘mergulho’ por conversas e livros antigos que se escafedeu o jogo…

    (goloooooooooooo…. Marcos Leonardo, que marca o segundo golo na segunda vez vestido de vermelho… já na parte final dos descontos… Consummatum est).

    E eu também. Ainda bem que jogo terminou. Estou estafado, ainda por cima venta por aqui um frio gélido, nesta Varanda da Luz, e eu quero ver se me meto na cama. Por hoje, fecho a loja. A crónica não está nenhuma ‘espingarda’, mas sempre me parece melhor do que o estado do lusitano Jornalismo. Mas, descansem: o Pedro Coelho vai salvar o Jornalismo do fosso, através da criação, como propôs num programa da RTP, de financiamentos similares aos da academia, por via de análise de projectos realizada por ‘peritos’ (quem?! A Mota-Engil? A Brisa? A REN? O Santander?…), que entregarão ou não dinheiro aos jornalistas. Já estou a imaginar uns ‘projectos’: “inspeccionar a acção do Governo”. CHUMBADO. “Fazer jornalismo credível e independente”. CHUMBADO. “Lamber botas”. APROVADO…


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  • Cobertura do PÁGINA UM ao V Congresso dos Jornalistas: Dia 1

    Cobertura do PÁGINA UM ao V Congresso dos Jornalistas: Dia 1


    O V Congresso dos Jornalistas começou formalmente hoje, com debates sobre ética, condições de trabalho, auto-censura e formação & ensino. Este é um evento duplamente público: teve inscrições para jornalistas e não-jornalistas, realizando-se num espaço (Cinema São Jorge, em Lisboa) pertencente à Câmara Municipal de Lisboa desde 2001. Perante um evento onde a organização coloca condições monetárias para acesso às fontes de informação, o PÁGINA UM decidiu divulgar, em texto e imagem, aquilo que de mais relevante considera dever ser noticiado sobre os temas agendados.


    Sobre ética

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    Sobre condições de trabalho

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    Sobre auto-censura

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    Sobre formação & ensino

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  • Emigração & Imigração & Chega & AD

    Emigração & Imigração & Chega & AD


    Com moderação de Pedro Almeida Vieira, o sétimo episódio de O Estrago da Nação põe em confronto a visão de esquerda do Tiago Franco a a visão libertária do Luís Gomes. Hoje, analisa-se a emigração de portugueses e os problemas da imigração (mas a discussão descamba para o capitalismo), seguindo-se dois temas mais políticos: o Chega a querer passar de ‘partido de protesto’ para ‘partido de Governo’, e a ‘recauchutada’ Aliança Democrática coma tripla Montenegro, Melo e Câmara Pereira.

    Acesso: LIVRE, Acesso: LIVRE, mas subscreva o P1 PODCAST com um donativo mensal de 2,99 euros. Ajude o PÁGINA UM a amplificar o seu trabalho.

  • Jornalismo: ‘o meu reino não é deste mundo’

    Jornalismo: ‘o meu reino não é deste mundo’


    O V Congresso dos Jornalistas começou hoje. É um evento duplamente público: teve inscrições para jornalistas e não-jornalistas, realizando-se num espaço público (Cinema São Jorge, em Lisboa), pertencente à Câmara Municipal de Lisboa desde 2001.

    Não sendo minha intenção participar nos trabalhos deste congresso profissional, incluindo votar moções, muni-me do Estatuto dos Jornalistas onde se diz claramente que os jornalistas não podem ser impedidos de entrar ou permanecer em locais abertos ao público quando a sua presença for exigida pelo exercício da respectiva actividade profissional. A comissão organizadora, presidida pelo jornalista da SIC Pedro Coelho, recusou conceder qualquer acreditação, exigindo um pagamento a título de inscrição.

    A posição do PÁGINA UM sobre esta matéria não se deve ao montante exigido pela Comissão Organizadora do V Congresso dos Jornalistas – 20 euros –, mas sim por uma questão de princípio.

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    O PÁGINA UM considera absurda a exigência de um qualquer pagamento, independentemente do valor, para a cobertura noticiosa de um evento de interesse público, porque isso viola o princípio sagrado do livre acesso às fontes de informação. Além de ser uma prática inédita em Portugal (a exigência de um pagamento prévio), é um absoluto absurdo que seja introduzida por jornalistas. É a própria classe jornalística que abre uma caixa de Pandora, de onde poderão sair os maiores abusos possíveis para obstaculizar o trabalho de jornalismo incómodo (uma redundância se o jornalismo for jornalismo).

    A deliberação da ERC, hoje conhecida, e solicitada pelo PÁGINA UM, é manifestamente ad hominem, no sentido de surgir de uma queixa de um órgão de comunicação social que lhe tem causada muitas arrelias –, ‘inventando’ argumentos (incluindo dizer que o Cinema São Jorge é um espaço privado, quando é da autarquia de Lisboa desde 2001) para agradar a uma ‘clique’ do Jornalismo lusitano que teve a ideia peregrina de exigir pagamento a jornalistas para fazerem cobertura noticiosa do seu evento. Tenho sérias dúvidas de que o regulador agiria da mesma forma se esta questão fosse suscitada por um órgão de comunicação social de grande dimensão.

    O meu interesse neste congresso não é pessoal, é exclusivamente jornalístico no sentido de cobertura noticiosa. Deixei de ponderar inscrever-me neste congresso – e, portanto, de dar o meu dinheiro a uma organização elitista, constituída por uma ‘clique de jornalistas’ que são o problema e não a solução para a actual crise na Imprensa – logo que ficou definido o programa, que omite duas questões relevantes: a crescente dificuldade de acesso livre aos documentos administrativos e à informação pública (de que o Estado tem sido o maior promotor) e a crescente promiscuidade do Jornalismo.

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    Aliás, como discutir este último tema num congresso onde a própria organização aceita apoio financeiro de 13 empresas e uma fundação que se encontram fora da esfera da comunicação social? O dinheiro de empresas como a Mota-Engil, a Brisa, a REN, a Fidelidade, o Santander, o Millenium BCP é apenas por ‘amor’ aos jornalistas? Ou será por ‘interesse’. Seja como for, ‘amor’ ou ‘interesse’ o simples imaginar o acto de ver Pedro Coelho a agradecer os euros entregues por estas empresas concede uma excelente explicação para a falta de reputação dos jornalistas na sociedade.

    Repito, o PÁGINA UM tinha a intenção de assistir aos debates sobre o financiamento dos órgãos de comunicação social, que, aliás, terá a presença de responsáveis editoriais (jornalistas), e não de administradores de empresas de media, e de deputados. Não o faremos. E acho que não perderemos demasiado. Em alternativa, continuaremos a analisar criticamente – uma redundância quando o Jornalismo quer mesmo ser Jornalismo – a situação da imprensa e dos seus actores, os jornalistas, a esmagadora maioria dos quais vivendo numa ‘bolha’.

    A continuarem assim, estes ditos jornalistas acordarão um dia no desemprego, ou de mão estendida para os políticos e os empresários lhes ‘salvarem’ o emprego (é apenas isso que os preocupa na actual crise), porque os leitores, esses, se divorciarão deles sem piedade. E eu não quero estar com eles nessa altura, tal como já não estou agora. O meu mundo não é, de facto, o deles, mesmo se (ainda) partilho a mesma denominação quando se classificam as profissões.


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