Autor: Pedro Almeida Vieira

  • Espanha já ‘fechou a torneira’ no Tejo, e Guadiana está à míngua

    Espanha já ‘fechou a torneira’ no Tejo, e Guadiana está à míngua

    Este ano, a seca na Península Ibérica anuncia-se ainda no Inverno. E Espanha já está a segurar toda a água que pode. Esta semana, o Tejo português esteve já sem caudal, e o Guadiana com quase nenhuma vinda do outro. O acordo ibérico em vigor só vai piorar a situação, porque tem um peculiar regime: Espanha só está obrigada a mandar água para Portugal quando não há seca.


    A Espanha está a fechar o acesso de água a Portugal através dos rios internacionais. E, paradoxalmente, se a situação de seca piorar, mais poderá estancar o fluxo de água ao nosso país, porque deixa de estar em vigor o convénio ibérico dos rios internacionais, assinado em 1998 em Albufeira, e revisto uma década depois.

    Com a perspectiva de um Inverno pouco chuvoso – Janeiro de 2022 foi o segundo mais seco do século –, e num clima mediterrânico que concentra menos de um terço da precipitação entre Março e Setembro –, os rios espanhóis, incluindo os internacionais (Minho, Lima, Douro, Tejo e Guadiana), estão já à míngua.

    As perspectivas para o futuro não são, para já, nada animadoras, sabendo-se que, por regra, nos meses entre Março e Setembro chove relativamente pouco: menos de um terço do total anual, o que significa que mesmo que a precipitação da Primavera e Verão deste ano esteja dentro dos valores médios, a seca será um cenário incontornável.

    A situação actual já é francamente má, e nem sequer tem a ver com a estratégia portuguesa de abandonar a produção de carvão e turbinar mais água. Está sim relacionada com a escassez de água vinda de Espanha.

    white sail boat on sea during foggy weather

    O último boletim hidrológico espanhol, realizado na passada terça-feira pelo Ministério para a Transição Ecológica e Recuperação Demográfica, revela que a estação hidrológica do rio Tejo, na barragem de Cedillo, à entrada de Portugal, estava a zeros, ou seja, 0,00 metros cúbicos por segundo (m3/s). No ano passado, no mesmo dia, o caudal situava-se em 374,70 m3/s.

    Para norte, na bacia do Douro, a situação também era dramática, mas ainda não de seca absoluta. Por exemplo, na barragem espanhola de Saucelle – em pleno troço transfronteiriço, perto de Freixo-de-Espada à Cinta –, os caudais no dia 15 de Fevereiro situaram-se nos 87,85 m3/s, apenas cerca de 9% dos valores registados em 2021.

    No Guadiana, apesar de Espanha ter inactiva a sua estação de Badajoz, já dentro de Portugal, em Monte da Vinha, a estação gerida pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) registava ontem um caudal médio de apenas 2,12 metros cúbicos por segundo, quando no início do ano era cerca de sete vezes superior (15,57 m3/s). No ano passado estava, nesta altura, com um caudal próximo dos 100 m3/s.

    Segundo os termos da denominada Convenção de Albufeira – assim conhecida por ter sido assinada a primeira versão naquela cidade algarvia em 1998 por António Guterres, ladeada pela então ministra do Ambiente, Elisa Ferreira, e José Maria Aznar –, as situações de seca, que remetem para a suspensão dos termos acordados, são determinadas em função das precipitações anuais ou trimestrais para as diferentes bacias hidrográficas.

    Nestas circunstâncias, se Espanha assim desejar, não tem sequer de enviar um pingo de água, porque não está obrigada a cumprir quaisquer caudais mínimos nem volumes. No caso do rio Guadiana, o regime é algo diferente, a excepção ocorre sempre que a precipitação esteja abaixo de um determinado nível e/ou o volume total armazenado em determinadas albufeiras seja inferior a um determinado volume.

    Basicamente a Convenção de Albufeira tem uma regra: quando Portugal está mesmo necessitado de água, Espanha não está obrigado a conceder-lhe. Ou, noutra perspectiva, só quando Espanha tem muita água é que tem o compromisso de enviar alguma para Portugal.

    O Ministério do Ambiente reconhece ao PÁGINA UM que “os regimes de caudais estabelecidos na Convenção não são, nos termos da própria Convenção, exigidos nos períodos de excepção, correspondentes a situações de escassez de água em que a precipitação de referência acumulada na bacia seja inferior à precipitação média acumulada no mesmo período.” E adianta que, mesmo assim, Espanha “tem demonstrado empenho em manter os regimes de caudais das situações da normalidade”, mesmo nas “nas situações em que se verifica o estado de excepção”.

    people walking on brown field near sea during daytime

    Nem sempre tem sido assim, em abono da verdade muito recentemente, no ano hidrológico de 2018-2019, um Inverno também muito seco deixou o país em seca logo em Março, com 40% do território em seca severa ou extrema. E a estação de Monte da Vinha esteve então com caudal nulo, graças aos “represamentos” em Espanha, durante 118 longos dias, entre 14 de Março e 9 de Julho de 2019. E também não incumpriu o convénio, porque estava suspenso por causa da seca.

    Em todo o caso, o Ministério do Ambiente afiança que “os caudais do primeiro trimestre do ano hidrológico em curso [Outubro a Dezembro de 2021], tanto diários, semanais e trimestral foram cumpridos”, acrescentando que “nos meses do segundo trimestre os volumes diários (só definidos para o Guadiana) e semanais (só definidos para o Douro e Tejo) estão a ser cumpridos”. No entanto, quanto ao valor trimestral, “só pode ser apurado no final de Março”, adianta fonte do gabinete de Matos Fernandes.

    O Ministério do Ambiente reitera ainda que a situação é agora “incomparavelmente mais favorável”, porque antes de 1998 “nenhuma obrigação de caudais existia”, o que é efectivamente verdade. Antes da assinatura da Convenção de Albufeira, sobretudo o Guadiana estava sujeito a frequentes cortes de caudal. Em 1995 esteve 212 dias sem caudal vindo de Espanha, e no seguinte mais 122 dias.

    Recorde-se que, na segunda metade dos anos 90 do século passado, Espanha tentou desenvolver um plano hidrológico que previa transvases de água das bacias do Norte para o Sul, através de canais, causando grande polémica tanto naquele país como em Portugal.

  • Quero o meu bife. E a minha salada. E também a minha democracia.

    Quero o meu bife. E a minha salada. E também a minha democracia.


    “Quero o meu bife”. Nos anais da pandemia, ficará certamente célebre este recente “grito de revolta” do virologista Pedro Simas, à porta do mítico Snob, clamando, e reclamando, pelo seu direito a entrar no restaurante para, enfim, deglutir uma refeição.

    O caricato deste episódio de Simas é que o impediram de entrar para comer o “seu” bife não por um imperativo da Ciência – por ele eventualmente constituir, mesmo que por hipótese académica, um perigo para outrem –, mas por uma questão administrativa. O virologista tinha tomado a terceira dose da vacina, mas ficou paradoxalmente em pé de igualdade durante duas semanas – enquanto o papel, sempre um papel, não fosse actualizado – como aqueles que tinham optado por não tomar qualquer dose. O “seu” bife acabou assim comido por alguém que tinha uma dose a menos, ou seja, por quem tivesse tomado duas doses.

    Faltou, portanto, a Pedro Simas um papel, que a máquina administrativa determinou servir como instrumento fundamental para controlo da pandemia; e a Política di-lo agora que sempre por mor da Ciência, exarada por “peritos” e por “especialistas”.

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    Mesmo quando esses “peritos” e “especialistas” andaram, como Pedro Simas, a fazer publicidade enganosa a lente de contactos;

    Mesmo quando esses “peritos” e “especialistas” são como Filipe Froes, avençados da indústria farmacêutica;

    Mesmo quando esses “peritos” e “especialistas” são como Raquel Duarte, “enterrada” no Partido Socialista até ao tutano;

    Mesmo quando esses “peritos” e “especialistas” são como Carlos Antunes, um engenheiro geográfico que andava a modelar correntes marítimas e se viu investido em modelador-mor de nunca acertadas previsões epidemiológicas;

    Mesmo quando esses “peritos” e “especialistas” são como os membros da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19, que escondem os seus pareceres e, afinal, se vai ver e baseiam as suas recomendações numa mão-cheia de nada que levariam seus alunos universitários a chumbarem com orelhas de burro;

    Mesmo quando esses “peritos” e “especialistas” são como todos aqueles que peroraram alarvidades e recusaram debater e bateram palmas ou assobiaram para o ar perante as perseguições ferozes de inquisidores-mores como o senhor urologista Miguel Guimarães, ou o opróbrio da imprensa mainstream a todos aqueles

    que, como eu, defenderam o reforço do SNS para as outras doenças, “abandonadas” pelos decisores políticos;

    que, como eu, ponderaram, desde muito cedo, ser a covid-19 uma doença sazonal, e que deveria ser abordada como tal;

    que, como eu, criticaram o alarmismo que afugentou pessoas dos hospitais, por vezes os únicos sítios onde podiam ser salvas;

    que, como eu, alertaram para a manipulação de dados pela DGS; que denunciaram o obscurantismo das autoridades no acesso a informação credível;

    que, como eu, tiveram de aguentar todos os dissabores e ofensas apenas por desejar transparência, informação e debate, mesmo se, eventualmente, para sair “derrotados” num confronto de ideias, limpo e com base em informação.

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    Tudo o que se fez durante a pandemia foi executado por políticos, mas sempre com a bênção de supostos “peritos” e “especialistas”. Sempre em nome da sacrossanta Ciência, fizeram os segundos o trabalho sujo dos primeiros, de eliminar vozes dissonantes, sempre com a colaborante imprensa mainstream e seus sacerdotes-jornalistas.

    Ora, a Ciência não é sacrossanta, nem o conhecimento científico é estático. Muito menos dogmática. Se artificialmente presa, deixa de ser Ciência. Em tempos de antanho, quando o poder – administrativo e/ou religioso – a quis estacar, vivemos tempos de trevas, de que são exemplo a Idade Média ou os períodos de controlo da Inquisição, sobretudo nos países católicos.

    O Iluminismo veio emancipar de novo a Ciência, concedeu-lhe a liberdade para ser palco de estimulantes debates, “proibindo-a” apenas de ser dogmática. A Ciência não derrota uma tese pelo dogmatismo, mas sim pelo confronto de ideias, pelo escrúpulo, pela confirmação, pela abertura do espaço para qualquer um poder ousar estar certo em minoria, ou pela humildade de um “gigante” em aceitar a hipótese de se estar completamente errado mesmo se até em maioria.

    Porém, e essa foi a mais triste e trágica consequência da pandemia, a Ciência tornou-se dogmática, inflexível, arrogante, impositiva, punitiva. Ou melhor, muitos cientistas tornaram-na. E por um simples motivo: venderam a “alma” aos políticos; e imbuídos desse “canto da sereia” do poder político não quiseram depois admitir aquilo que a Ciência deve mostrar: dinamismo, e prontidão em se corrigir.

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    O caso dos certificados digitais – os tais que impediram Simas de comer o “seu” bife – constitui, porventura, o paradigma do uso e abuso da Ciência pelos políticos, com a reprovável cumplicidade e conluio dos tais “peritos” e “especialistas”.

    Recordemos sua história dos certificados digitais, e como agora a Ciência – com os seus “peritos” e “especialistas” – estão a contribuir para um retrocesso civilizacional, para um período de discriminação, para um assalto às democracias mesmo em países onde há muito está consolidada.

    O certificado digital foi uma “invenção” da União Europeia, em meados do ano passado, para que o controlo das fronteiras, e sobretudo das viagens aéreas, se fizesse de uma forma mais fluída. A ideia aparentava sensata à luz da Ciência da época, mas também, de forma paradoxal, censurável à luz da Ciência da época.

    Por um lado, pensava-se então – e sobretudo a Ciência feita pelas farmacêuticas e das entidades reguladoras dos diversos países – que as vacinas contra a covid-19 não só constituíam uma protecção muito relevante contra as formas graves da doença (falava-se em valores muito próximos de 100%) como também reduziam enormemente (acima dos 90%) a possibilidade de se ser infectado. E, nessa linha de raciocínio, fazia todo o sentido, do ponto de vista político, a adopção de uma medida para melhorar a fluidez burocrática entre fronteiras.

    Ou seja, nesse pressuposto, o certificado digital parecia ser um melhor instrumento de controlo da pandemia do que, por exemplo, os testes PCR, uma vez que, podendo estes ser realizados até 48 horas antes, nada garantia que uma pessoa com resultado negativo no momento do teste não estivesse susceptível de infectar no momento do embarque.

    Havia, contudo, um problema na implementação dos certificados digitais (dos vacinados), e que continua a existir: a Ciência não conseguiu até agora dar resposta às incertezas de longo prazo de uma vacina tão recente. Não há resposta científica para o longo prazo, ponto final. E não havendo, e sabendo-se, pela Ciência, que as vacinas contra a covid-19 têm diferentes níveis de benefício-risco-incerteza em função da idade, do sexo e da região, não seria eticamente prudente impor vacinas e certificados. Atenção que a prudência ética salva vida.

    Por isso, colocar a exigência de vacinação contra a covid-19 ao nível, por exemplo, da vacina contra a febre amarela, exigível em viagens para certos países africanos e sul-americanos, não tem qualquer sentido científico: o risco desta segunda doença é maior e mais generalizada; e essa vacina já tem quase 85 anos, mais do que suficiente para mostrar um bom perfil de segurança.

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    Aliás, assumir que a vacina contra a covid-19 é segura porque existem outras vacinas seguras, ou apelar para acreditarmos na Ciência porque os cientistas integram um grupo de pessoas que já fizeram maravilhas pela Humanidade, é algo anticientífico.

    Por mais baixa que seja a agora a probabilidade de se errar em Ciência, é exactamente para manter residuais esses riscos que se devem manter padrões elevados de segurança e precaução. Por isso, mais precaução sobretudo em comunidades onde o risco da doença nem sequer é relevante.

    Na verdade, até vista na perspectiva da Ciência em relação à pandemia, foi exactamente por bons motivos científicos – por não serem seguros ou comprovadamente eficazes – que se abandonou ensaios clínicos de terapêuticas para a covid-19 como o uso de cloroquina e hidrocloroquina, mas também de muitos outros fármacos, como pamrevlumab, losmapimod, naproxeno, ruxolitinibe, acalabrutinib e rivaroxabana, apenas para citar alguns que se podem observar numa excelente base de dados na norte-americana National Library of Medicine.

    Antes de serem abandonados, todos estes fármacos descartados por diversas razões; e o último, um fármaco da Bayer, o estudo que mostrou ser ineficaz até foi financiado pela Fundação Melinda e Bill Gates. Significa isto que, mesmo tendo passado as três fases de testes, as actuais vacinas contra a covid-19 ainda não estão com certificação absoluta de segurança a longo prazo.

    Podem-me dizer que não haverá azar. E eu fico sempre a recordar-me de um acidente em 1999 na Petrogal de Matosinhos, com uma monobóia oceânica: a operação, só se faria uma vez, e a probabilidade de correr mal era de uma em um milhão. Correu mal, e morreu uma pessoa na praia de Leça da Palmeira. Por esse e outros motivos, não se mete uma petrolífera no meio de uma cidade por mais segura que possa parecer; e pelo mesmo motivo, a prudência (mesmo perante uma incerteza pouco provável), não se deveria assim vacinar crianças, adolescentes e jovens adultos saudáveis contra a covid-19.

    Ora, mas voltando ao tema dos certificados digitais. Com o tempo, mesmo em tempo de pandemia, a Ciência evoluiu, obteve-se conhecimento científico sobre o vírus e sobre as vacinas. Mais e melhor. Não foram boas notícias. Afinal, mostrou que as vacinas não cumpriam uma das premissas essenciais da utilidade dos certificados digitais como “arma” de controlo da pandemia: não concediam uma significativa protecção contra a infecção, mesmo confirmando-se uma redução (um pouco menos significativa e mais curta no tempo do que também previsto) do risco de doença grave e morte, tendo em conta também as variantes.

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    Ora, perante o conhecimento dinâmico da Ciência, o que fizeram os “peritos” e os “especialistas”?

    Calaram-se ou arranjaram jogos de cintura para manter o agrado dos políticos e dos jornalistas que bajulavam as suas sapiências. Deixaram de ser cientistas para serem meros políticos. Enfim, serviram os Governos dos países democráticos (ou outros não precisavam já disso) para abusarem até do objecto inicial dos certificados digitais, aplicando-os para práticas de discriminação e de segregação.

    O objectivo tornou-se claro: além de beneficiar as farmacêuticas, forçavam e coagiam os cidadãos a tomarem as vacinas. No limite, quanto mais se se vacinasse, se se vacinasse tudo, deixava de existir até um “grupo de controlo” (os não-vacinados). Ora, sem grupo de controlo não há Ciência que possa comprovar um efeito epidemiológico.

    O certificado digital – ou a obrigatoriedade de vacinação para o exercício de determinadas profissões ou acesso a certos locais – também representou uma janela de oportunidade para, de uma forma impensável numa democracia em funcionamento normal, aumentar o controlo da contestação e de movimentos sociais.

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    O caso do Freedom Convoy, em que o Governo canadiano de Justin Trudeau coloca agora entraves aos donativos de mais de cem mil doadores, acenando com o fantasma do risco de terrorismo e lavagem de dinheiro, mostra-nos uma perigosa involução das democracias ocidentais. A China não faz pior.

    [E que se pode esperar em Portugal? Que António Costa possa, de repente, suspender os donativos ao PÁGINA UM para o estrangular e terminar assim com críticas?]

    E note-se, aspecto fulcral, que o certificado digital continua sem sequer deter qualquer base científica, porquanto a sua validação sempre dependeu não de um qualquer diagnóstico (por exemplo, o valor de um teste serológico), mas sim de um prazo meramente administrativo. Primeiro foi de seis meses; agora passou para nove meses, não se conhecendo, porém, estudos científicos que lhe dêem respaldo.

    [Como aqui já referi, tendo eu perdido a validade do meu certificado digital de recuperado no início de Dezembro do ano passado – que nunca usei –, o resultado de um teste serológico (anticorpos IgG) deu 427 BAU/ml, mas mesmo que assim desejasse usá-lo, não mo concederiam].

    Durante cerca de um ano, o certificado digital serviu assim como elogiado “prémio” para quem se vacinava, e como feroz “castigo” para quem tomava a decisão de não aceitar vacinar-se, por razões aceitáveis ou estapafúrdias – dentro de um contexto de direitos e liberdades que eram aceites numa comunidade democrática antes da pandemia.

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    Os certificados digitais, à luz da verdadeira Ciência, serviram, portanto, sobretudo, para criar dois grupos de pessoas, e dificilmente esquecerei quem apoiou activamente, ou através do silêncio, a aplicação deste modelo segregacionista. Até porque a pandemia, mais o seu certificado digital, foi um veículo de abuso de autoridade – proibir liberdades e direitos por um direito de opção, consagrado em lei e na Constituição –, e mesmo de impensáveis abusos nas relações sociais.

    Um empregado de bar ou de restaurante sentia-se ufano ao “exigir” a apresentação de um certificado digital a um seu cliente frequente ou fortuito, e investido desse inusitado poder até os escorraçaria de bom grado, esquecendo os seus prejuízos, ou ignorando que papel zelosamente requerido nada significa quanto ao risco de ser infectado, e menos ainda quanto ao risco de ficar gravemente doente se estiver vacinado.

    [Acredito sempre que as pessoas que se vacinam acreditam que a vacina basta para as proteger, de contrário paradoxalmente não acreditam na protecção dada pelas vacinas].

    Esta semana, em que caiu a necessidade de apresentar um certificado digital em Portugal para aceder a certos locais, mantém-se, porém, a segregação e os seus riscos. Os “peritos” e os “especialistas” ao serviço dos Governos – e que renegaram a Ciência, apesar de a apregoarem em cada frase – continuam a escudar decisões antidemocráticas de políticas, fazendo de conta que os certificados digitais garantem coisa alguma.

    Por exemplo, defender que são essenciais para proteger idosos em lares não é Ciência. Quem visita lares e hospitais com certificado digital pode infectar, tal como aqueles sem certificado digital poderão. Defender que são essenciais como uma arma de controlo da pandemia – e daí a Comissão von der Leyen estar interessada em prolongar a sua vigência por mais um ano – constitui sobretudo um atentado à democracia, nada têm de Ciência.

    Por tudo isto, a aprovação de mais um ano de certificado digital pela Comissão Europeia – que nem sequer é um órgão democrático, mas sim eleito por uma clique de políticos, muitos dos quais nem sequer vimos ao vivo no nosso país, e que nem a nossa língua falam [e isto não é ser nem nacionalista, nem patriótico e muito menos xenófobo] – constituirá não apenas a manutenção de uma discriminação de vantagens fúteis do ponto de vista da Saúde Pública, como também o reforço de uma espada cada vez mais próxima da nuca da democracia europeia.

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    Servirá um renovado certificado digital europeu – e a sua manutenção para uso doméstico – para agravar (ainda mais numa fase claramente endémica de uma doença sazonal com um perfil bem conhecido) uma discriminação de direitos, uma forma também de se identificarem cidadãos hipoteticamente “subversivos”, ou com capacidade de pensarem (mesmo que mal) pela sua cabeça, e não em “manada” com os demais.

    Mas, para mim, o grande perigo advém de estas políticas serem suportadas por zelosos “peritos” e “especialistas” que, invocando a Ciência, a cospem, e que com os seus vómitos ajudarão a destruir a democracia em prol dos seus interesses comezinhos e mesquinhos.

    Se estes e outros não quiserem ser cúmplices de um crime, não gritem apenas “Quero o meu bife”, quando um acto administrativo parvo não os deixar entrar num restaurante. Gritem antes comigo: “Quero a minha democracia!”, e depois podemos todos ir comer um bife. Ou uma salada.

    [Eu prefiro o bife e a salada].

  • Um congresso à pala: saiba quais os pneumologistas que receberam das farmacêuticas, e quanto receberam

    Um congresso à pala: saiba quais os pneumologistas que receberam das farmacêuticas, e quanto receberam

    Nos congressos médicos não se discute apenas Ciência. Talvez se deva dizer que também se debate Ciência, porque, na verdade, esses eventos são sobretudo encontros de médicos onde se confirma a influência das farmacêuticas. O PÁGINA UM revela os números conhecidos do último Congresso Português de Pneumologia, e revela quem pagou e quem recebeu. E quanto. Basta conferir a lista no final. Por ordem alfabética. Não vai de A a Z, porque acaba em V, mas são quase quatro centenas de nomes. Há 677 pneumologistas em Portugal.


    562.381,60 euros. Este foi o pecúlio que a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) arrecadou da indústria farmacêutica apenas para a organização do seu recente congresso nacional, que se realizou entre 11 e 13 de Novembro do ano passado, num luxuoso hotel de cinco estrelas em Vilamoura.

    Cerca de dois terços (65,6%) deste pecúlio foi financiamento directo das farmacêuticas que desejaram expor o seu nome em uma das muitas iniciativas, cursos e outros eventos, onde a covid-19 foi “estrela”, embora não o tema único.

    Quase todos os eventos contaram com um patrocínio de uma farmacêutica, com excepção da esmagadora maioria dos debates sobre a pandemia, onde, talvez por pudor da organização, nenhuma das principais farmacêuticas com fármacos contra a covid-19 quis estar com o nome associado. Ficava mal para a imagem de independência, claro.

    Mas, contas feitas, houve farmacêuticas interessadas em apoiar a SPP: 13, apenas para o congresso, destacando-se a Boehringer Ingelheim (113.400 euros), seguindo-se a Pfizer (70.000 euros) e a BIAL (54.733 euros).

    A parte restante – num total de 193.413,20 euros –, gasta pelas farmacêuticas, e que acabou por entrar também nos cofres da SPP, foi para custear inscrições e a moderação de cerca de 400 participantes, quase todos pneumologistas.

    Como, segundo o Instituto Nacional de Estatística, estavam inscritos 677 pneumologistas em Portugal no ano de 2020, significa então, seguramente, que mais de metade dos médicos desta especialidade têm, em maior ou menor grau, ligações financeiras com farmacêuticas.

    E isto apenas analisando inscrições de um simples congresso, onde a “independência” se mede em querer ou não gastar umas dezenas ou centenas de euros das finanças pessoais.

    Com efeito, os pagamentos das inscrições neste congresso, em função dos eventos, situaram-se entre os 71 euros pagos pela Novartis para uma inscrição da pneumologista Andreza Lopes Machado e os 1.230 euros pagos pela BIAL à pneumologista Ana Sofia Oliveira, neste caso para lhe custear os incómodos de uma moderação.

    Aliás, no âmbito deste congresso, a BIAL também pagou 1.230 euros a Carlos Robalo Cordeiro, e a Sanofi pagou 1.159,89 euros a Filipe Froes. Estes dois pneumologistas, com históricas ligações à indústria farmacêutica, foram signatários da denúncia à Ordem dos Médicos do médico Jorge Amil Dias, presidente do Colégio de Pediatria daquela associação profissional, por delito de opinião.

    Só a Novartis – que não financiou directamente a SPP – gastou 48.294 euros no pagamento de 78 inscrições. A Boehringer Ingelheim gastou um pouco mais (49.678 euros) para desafogar as finanças de 104 profissionais da saúde, pagando-lhes as inscrições no congresso. Como também deu à SPP, de uma só assentada, 113.400 euros em patrocínios, os três “dias de festa” deste congresso resultou numa factura de 163.078 euros.

    A BIAL desembolsou também valores consideráveis, superiores a 20 mil euros, para pagar inscrições de 38 participantes, enquanto a Mylan teve de gastar pouco mais de 16 mil para deixar 50 pneumologistas satisfeitos. Note-se que houve casos de profissionais de saúde que, por se terem inscrito em mais do que um evento ou curso, recorreram a mais do que uma farmacêutica.

    Outras duas empresas deste sector – a Nippon Gases e a Gasoxmed – também pagaram inscrições acima dos 10 mil euros. A Pfizer ficou um pouco aquém: aos 70.000 euros entregues directamente à SPP, também descartou encargos a 27 pneumologistas e/ou outros profissionais de saúde, pagando-lhes inscrições.

    O PÁGINA UM não questionou especificamente a SPP para saber se houve algum participante que, enfim, tenha pago a inscrição do seu próprio bolso, mas questionou esta sociedade médica no âmbito desta investigação jornalística, pedindo-lhe igualmente informação financeira, e não obteve qualquer reacção.


    Lista completa de profissionais de saúde que receberam verbas de farmacêuticas para inscrição no XXXVII Congresso Português de Pneumologia (incluindo também apoios directos à SPP) – Fonte: Infarmed.

    Adriana Sofia Correia Dias (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Alcina Maria Vicente Tavares Barroso Vicente (Nippon Gases) – 415 euros
    Alessandra Alencastro Pinheiro (Mylan) – 250 euros
    Alexandra Margarida Félix Carvalho (Boehringer Ingelheim) – 645 euros
    Alexandra Maria Almeida Carreiro (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Amélia Simas Ribeiro (Pfizer) – 431 euros
    Ana Alves Dias da Silva (Novartis) – 939,03 euros
    Ana Catarina Costa Custodio (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    Ana Catarina Rodrigues da Costa (Gasoxmed) – 580 euros
    Ana Cristina Azenha da Silva Lucas (Mylan) – 250 euros
    Ana Cristina de Mendonça Galveia (Nippon Gases) – 375 euros
    Ana Cunha Fonseca (Boehringer Ingelheim) – 435 euros
    Ana Daniela Silva Ferreira (Nippon Gases) – 665 euros
    Ana Filipa Ascensão Alves Santos (Novartis) – 426 euros
    Ana Filipa Caldeira Damásio (Pfizer) – 403 euros
    Ana Filipa Torres Silva (Mylan) – 475 euros
    Ana Filipa Torres Silva (Mylan) – 480 euros
    Ana Inês Ferrão (Gasoxmed) – 580 euros
    Ana Isabel Batista Correia (Boehringer Ingelheim) – 467,5 euros
    Ana Isabel Carvalhal Roque Loureiro (BIAL) – 831,43 euros
    Ana Isabel Carvalho Coutinho Alves Silva (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Ana Isabel Correia Viseu (Pfizer) – 275 euros
    Ana Isabel Reis Santos (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Ana Josefina Alves Gomes (Boehringer Ingelheim) – 495 euros
    Ana Luísa Ramos Costa e Silva (Novartis) – 426 euros
    Ana Luísa Santos Fonseca (Tecnifar) – 275 euros
    Ana Mafalda Van Zeller M Basto Goncalves (Novartis) – 526 euros
    Ana Margarida Antunes Cruz (BIAL) – 521,43 euros
    Ana Margarida Correia Valente A. Matias (Boehringer Ingelheim) – 150 euros
    Ana Margarida Correia Valente Agostinho Matias (Novartis) – 426 euros
    Ana Margarida Da Silva Gomes de Sousa Pires (Pfizer) – 389 euros
    Ana Margarida Ferreira Campos (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Ana Margarida Mendes Carvalho (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    Ana Margarida Mestre (Mylan) – 475 euros
    Ana Patrícia Almeida Serra Fernandes (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Ana Paula Capitão Costa Silva (Pfizer) – 220 euros
    Ana Pedro Cunha Craveiro (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Ana Raquel Afonso Magalhaes Lopes (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    Ana Raquel Caldas Marcoa (Laboratório Medinfar) – 470 euros
    Ana Raquel Viana Silva (Novartis) – 275 euros
    Ana Rita Catarino Ferro (Gasoxmed ) – 765 euros
    Ana Rita Diegues Linhas (Laboratório Medinfar) – 200 euros
    Ana Rita Queiroz Rodrigues (Boehringer Ingelheim) – 585 euros
    Ana Rita Santos Fernandes (Boehringer Ingelheim) – 275 euros
    Ana Rita Sousa Osório (Gasoxmed ) – 865 euros
    Ana Sofia Alexandre Oliveira (BIAL) – 1230 euros
    Ana Sofia Maciel Campos Silva (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    Ana Sofia Martins Granadeiro (Novartis) – 326 euros
    Ana Sofia Moreira Pinto (Nippon Gases) – 535 euros
    Ana Sofia Silva Barroso (BIAL) – 596,43 euros
    Ana Teresa Silva Pereira Costa (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Ana Veronica Santos Cardoso (Laboratório Medinfar) – 200 euros
    Anatilde Pagaimo Trindade (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    André Filipe Morgadinho Fabiano (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    André Gouveia Santos (Mylan) – 375 euros
    Andrea Suzana Teixeira Lopes Machado (Novartis) – 71 euros
    Ângela Mafalda Mouco Martins (Nippon Gases) – 250 euros
    Ângela Maria Dias Cunha (Sanofi) – 740 euros
    Ângelo Costa Andrade (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    António Fernando Oliveira Meleiro (Novartis) – 520 euros
    António Filipe Tavares Junqueira M Serrano (Mylan) – 250 euros
    António Jaime Botelho Correia Sousa (BIAL) – 641,43 euros
    António José Santos Pinto Saraiva (Tecnifar) – 525 euros
    António José Simões Reis Martins Correia (Tecnifar) – 300 euros
    António Josué Martins Pinto (Novartis) – 700 euros
    António Manuel Fernandes Santos Costa (BIAL) – 220 euros
    António Manuel Gomes Miguel (Tecnifar) – 525 euros
    António Manuel Silva Duarte Araujo (BIAL) – 556,43 euros
    António Pedro Oliveira Ferreira Leite (Boehringer Ingelheim) – 467,5 euros
    António Pedro Sousa Fernandes (BIAL) – 629,7 euros
    Aurora Maria Caetano Lopes Bragança (Pfizer) – 481 euros
    Barbara Goncalves Rodrigues (Boehringer Ingelheim) – 515 euros
    Beatriz Martins (Novartis) – 150 euros
    Beatriz Santos Pacheco (Gasoxmed) – 495 euros
    Bebiana Conceição Fernandes Palheiros Conde (Novartis) – 800 euros
    Benedita Maria Amado Costa Neves Laranjeira (Mylan) – 325 euros
    Bernardo João Sousa Pinto (BIAL) – 391,43 euros
    Bruno Aguiar Mendes (Novartis) – 700 euros
    Bruno Gil Neto Gonçalves (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Carina Maria Rolo Silvestre (Pfizer) – 633 euros
    Carla Alves Costa Cardoso (Novartis) – 675 euros
    Carla Augusta Goncalves Rodrigues Damas (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Carla Cristina Sousa Nogueira (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Carla Marisa Fernandes Gomes (Boehringer Ingelheim) – 410 euros
    Carla Susana Maia Farinha Ribeiro (Novartis) – 700 euros
    Carlos Lopes Figueiredo (Novartis) – 700 euros
    Carlos Manuel Azevedo Alves (Nippon Gases) – 415 euros
    Carlos Miguel Gonçalves Fernandes (Mylan) – 250 euros
    Carlota José Freitas Olim (Mylan) – 250 euros
    Carolina Mariana da Silva Alves (Nippon Gases) – 555 euros
    Catarina Alexandra Bebiano Possacos (Nippon Gases) – 325 euros
    Catarina Alexandra Noga Salgueiro (Gasoxmed ) – 580 euros
    Catarina Carvalho Cordes Amaral Barata (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Catarina Costa Dias Sousa (Boehringer Ingelheim) – 515 euros
    Catarina Lacerda Couto Oliveira (Novartis) – 800 euros
    Catarina Maria Cruz Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Catarina Santos Marques (Novartis) – 325 euros
    Cátia Abreu Gonçalves (Mylan) – 250 euros
    Cátia Isabel da Silva Vieira (Grifols) – 375 euros
    Cátia Sofia Alves Pimentel (Novartis) – 500 euros
    Cecília Rodrigues Pardal (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Chantal Rodrigues Cortesao (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    Christine Silva Costa (Boehringer Ingelheim) – 150 euros
    Cláudia Catarina Ferreira Chaves Loureiro (Novartis) – 300 euros
    Cláudia Sabina Figueira Sousa (Boehringer Ingelheim) – 853,28 euros
    Cláudia Sofia Almeida Vicente (BIAL) – 341,43 euros
    Cláudia Sofia Raimundo Santos (Novartis) – 275 euros
    Cláudia Sófia Silva Martins (Pfizer) – 250 euros
    Cláudia Sófia Silva Martins (Pfizer) – 250 euros
    Cláudia Sofia Vaz Guerreiro (Novartis) – 645 euros
    Cláudia Vanessa Abreu Rocha (Mylan) – 250 euros
    Cláudia Vanessa Abreu Rocha (Mylan) – 250 euros
    Cristina Maria Sardinha Canhão Martinho (Nippon Gases) – 275 euros
    Cristina Maria Veiga Coxo (Mylan) – 375 euros
    Dália Nadina Cora (Mylan) – 475 euros
    Daniel Gonçalo Pereira Duarte (Pfizer) – 220 euros
    Daniel José Pires Coutinho (Mylan) – 220 euros
    Daniel Oliveira Reis (Nippon Gases) – 220 euros
    Daniel Pimenta Rocha (Boehringer Ingelheim) – 180 euros
    Daniel Pimenta Rocha (Nippon Gases) – 220 euros
    Daniela Costa Cardoso (Novartis) – 700 euros
    Daniela Costa Cardoso (Novartis) – 700 euros
    Daniela Maria Marques Costa Silva Alves (Janssen Cilag) – 325 euros
    Daniela Maria Sá Ferreira (Janssen Cilag) – 325 euros
    Daniela Sofia Madama Santos Silva (Merck Sharp & Dohme) – 481 euros
    David Noivo Gomes (Nippon Gases) – 635 euros
    David Tavares Teixeira Silva (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Diana Alexandra Goncalves Pimenta (Pfizer) – 581 euros
    Diana Organista Machado (Novartis) – 850 euros
    Diana Sofia Costa Moreira Amorim (Novartis) – 600 euros
    Diana Sofia Moreira Sousa (Boehringer Ingelheim) – 320 euros
    Dina Maria Nunes Matias (Novartis) – 675 euros
    Diogo Emanuel Silva Ferreira Madureira Baptista (Novartis) – 600 euros
    Diogo Lopes Alves (Boehringer Ingelheim) – 580 euros
    Diva Fátima Goncalves Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Djaline Santiago Cardoso Silva (Mylan) – 325 euros
    Duarte Ari Diogo Rocha (Gasoxmed ) – 630 euros
    Dyna Torrado Martinez (BIAL) – 596,43 euros
    Edgar Luís Frutuoso Vaz (BIAL) – 646,43 euros
    Eduarda Filipa Fernandes Martins (Mylan) – 250 euros
    Eduarda Salomé Soares Seixas (Novartis) – 775 euros
    Elin Marina Pinheiro Almeida (Pfizer) – 379 euros
    Elisabete Maria Brás Patrício (Grifols) – 375 euros
    Elsa Guerreiro Cunha Fragoso (Novartis) – 800 euros
    Esmeraldo Correia Silva Alfarroba (Boehringer Ingelheim) – 530 euros
    Eurico Alves Rodrigues Silva (BIAL) – 731,43 euros
    Fábio Nascimento Pereira (Nippon Gases) – 465 euros
    Fernanda Isabel Macedo Gamboa (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Fernanda Margarida Afonso De Sousa (Grifols) – 375 euros
    Fernanda Maria Pereira Nascimento (BIAL) – 681,43 euros
    Fernanda Paula Carvalho Santos (Janssen Cilag) – 220 euros
    Fernando Gregório Barbosa Calvário (Tecnifar) – 180 euros
    Fernando Luciano Prazeres Meneses (Boehringer Ingelheim) – 275 euros
    Fernando Pedro Ribeiro Pereira Da Silva (Nippon Gases) – 210 euros
    Filipa Lemos Aguiar (Mylan) – 325 euros
    Filipa Lemos Aguiar (Mylan) – 360 euros
    Filipa Ribeiro (Gasoxmed) – 530 euros
    Francisca Godinho de Oliveira (Novartis) – 775 euros
    Francisca Trigueiros Pincão N. Guimaraes (Boehringer Ingelheim) – 530 euros
    Francisco Cadarso Vazquez (Mylan) – 220 euros
    Francisco Manuel Gamito Ferreira Q. Guerreiro (Boehringer Ingelheim) – 530 euros
    Francisco Neri Gomes (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Francisco Ribeiro Viana Machado (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Gabriel Humberto Pulido Rueda (Mylan) – 325 euros
    Gabriela Sofia Cancela Fonseca F Santos (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Gisela Adriana Pereira Fontes (Gasoxmed ) – 580 euros
    Gloria Maria Costa Mendes Moura (Mylan) – 325 euros
    Gonçalo Carvalho Moura Portugal (BIAL) – 596,43 euros
    Guilherme Amaral Mendes (BIAL) – 646,43 euros
    Hedi Esteves Sequeira Liberato (Mylan) – 220 euros
    Helena Margarida Costa Guedes (Merck Sharp & Dohme) – 481 euros
    Helena Vasconcelos S. C. Ramos Guedes (Novartis) – 720 euros
    Henrique Cabrita Rodrigues (Novartis) – 700 euros
    Inês Antunes Cruz Goncalves Marcos (Tecnifar) – 325 euros
    Inês Da Silva Alves (Nippon Gases) – 525 euros
    Inês Domingos Neto (Pfizer) – 481 euros
    Inês Ferreira Duarte (Tecnifar) – 675 euros
    Inês Gomes Galiza (Mylan) – 325 euros
    Inês Maria Neves Soares Silva (Mylan) – 220 euros
    Inês Ribeiro (Gasoxmed ) – 495 euros
    Inês Silva Costa Castro Barreto (BIAL) – 596,43 euros
    Inês Silva Furtado (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Inês Teixeira Farinha (BIAL) – 681,43 euros
    Isabel Maria Costa Monteiro (BIAL) – 250 euros
    Isabel Ruivo Santos (BIAL) – 341,43 euros
    Ivone Jose Jardim Fernandes (BIAL) – 681,43 euros
    Ivone Maria Pascoal Pinheiro Silva (Novartis) – 275 euros
    Joana Carvalho (Pfizer) – 483 euros
    Joana Catarina Batista Canadas (Boehringer Ingelheim) – 515 euros
    Joana Catarina Fonseca Cirne (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Joana Catarina Neto Lourenço (Mylan) – 480 euros
    Joana Catarina Vale Lages (Tecnifar) – 575 euros
    Joana Correia (Novartis) – 800 euros
    Joana Filipa Reis Aguiar (Boehringer Ingelheim) – 505 euros
    Joana Isabel Grãos Lobo Pimentel (Nippon Gases) – 220 euros
    Joana Isabel Teixeira Sousa Leite (Mylan) – 325 euros
    Joana Raquel Macedo Pacheco (Boehringer Ingelheim) – 150 euros
    Joana Raquel Macedo Pacheco (Novartis) – 700 euros
    Joana Raquel Monteiro Ferra (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Joana Rita Seabra Patrício (Nippon Gases) – 555 euros
    Joana Rodrigues Barbosa (Novartis) – 700 euros
    Joana Rodrigues Ferreira De Melo (Nippon Gases) – 465 euros
    Joana Silva Arana Fonseca Ribeiro (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Joana Vieira Martins (Novartis) – 800 euros
    Joana Vieira Naia Silva (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    João António dos Santos Fernandes da Costa (Nippon Gases) – 415 euros
    João António Pires Bento (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    João Fernando Gomes Costa Cunha (BIAL) – 681,43 euros
    João Filipe Dias Cardoso (Novartis) – 800 euros
    João Galaz Tavares (Novartis) – 475 euros
    João Pedro Fernandes C. Oliveira Pereira (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    João Pedro Garcia Yglesias Oliveira (BIAL) – 596,43 euros
    João Pedro Neiva Machado (Novartis) – 600 euros
    João Ricardo Nunes Pires (Boehringer Ingelheim) – 580 euros
    Joaquim António Magalhães Castanheira Abreu (Novartis) – 325 euros
    Jorge Miguel Pires Gomes da Rosa (Gasoxmed ) – 865 euros
    José António Caiado Soares (BIAL) – 250 euros
    José António Romero Contreras (Nippon Gases) – 210 euros
    José Fernando Correia Cunha (Mylan) – 375 euros
    José Manuel Dias Pereira (Novartis) – 905,27 euros
    José Manuel Paulo da Silva (Sanofi) – 594 euros
    José Manuel Ramos Goncalves (BIAL) – 681,43 euros
    José Manuel Rodrigues Coelho (Mylan) – 325 euros
    José Manuel Rodrigues Coelho (Mylan) – 360 euros
    José Mota André (Tecnifar) – 475 euros
    José Pedro Felgar Pinto (Mylan) – 325 euros
    José Pedro Felgar Pinto (Mylan) – 180 euros
    Júlia Filipa Cunha Silva Gouveia (BIAL) – 831,43 euros
    Juliana Sofia Jesus Barata (Pfizer) – 379 euros
    Karl Jonathan Silva Cunha Granatin (Novartis) – 720 euros
    Kelly Goncalves Lopes (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Leila Amaro Cardoso (BIAL) – 250 euros
    Leonor Hora Lopes Meira (Novartis) – 275 euros
    Leonor Rocha Pinto Norton (Mylan) – 375 euros
    Letícia Pavão Balanco (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Lídia Sousa Gomes (Novartis) – 800 euros
    Lígia Fernandes (Novartis) – 950 euros
    Lilia Vanessa Maia Santos (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Liliana da Silva Gomes (Gasoxmed ) – 695 euros
    Lúcia Méndez Gonzalez (Nippon Gases) – 555 euros
    Luciana Pimenta Bento (Gasoxmed ) – 530 euros
    Luís Diogo Lazaro Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    Luís Diogo Lázaro Ferreira (Nippon Gases) – 220 euros
    Luís Filipe Crespo Goes Pinheiro (BIAL) – 646,43 euros
    Luís Filipe Oliveira Rodrigues (Pfizer) – 403 euros
    Luís Miguel Matos Carreto (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Manuel Filipe Sousa Fernandes (BIAL) – 596,43 euros
    Manuel Jorge Guerra Seada (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Manuel Luís Vasconcelos e Sousa Vasques Osório (Nippon Gases) – 755 euros
    Manuel Tiago Moreira Martins (Laboratório Medinfar) – 800 euros
    Marcia Rita Ferreira Araújo (Novartis) – 850 euros
    Margarida Inês Delgado Melo Cruz (Mylan) – 475 euros
    Margarida Inês Delgado Melo Cruz (Mylan) – 480 euros
    Margarida Isabel Geraldes Barreiros Costa Pereira (Nippon Gases) – 430 euros
    Margarida Isabel Marques Afonso (Novartis) – 590 euros
    Maria Adelina Azevedo Amorim Cordeiro (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Maria Antónia Glória Galego (Nippon Gases) – 210 euros
    Maria Aurora Lino Silva Neves (Novartis) – 1018,33 euros
    Maria Aurora Pinto Mendes (Nippon Gases) – 705 euros
    Maria Beatriz Dias Ferraz (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Maria Carmo Oliveira Cordeiro (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Maria Celeste Silva Alcobia (Mylan) – 250 euros
    Maria do Céu Vinha (Gasoxmed ) – 580 euros
    Maria Eduarda F. Vasconcelos Sequeira Pestana (BIAL) – 596,43 euros
    Maria Eduarda Milheiro Lacerda Tinoco (BIAL) – 511,43 euros
    Maria Emília Marques Alvares (Boehringer Ingelheim) – 580 euros
    Maria Fátima Lopes Teixeira (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Maria Fernanda Rocha Rodrigues (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Maria Ferreira Esteves Simoes Brandao (Novartis) – 800 euros
    Maria Gabriel Silva Goncalves Jacob (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Maria Graça Carmo Freitas Nunes Ferreira (Laboratório Medinfar) – 200 euros
    Maria Inês Luz Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 445 euros
    Maria Inês Oliveira Gomes Costa (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Maria Inês Sousa Moreira (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    Maria João Costeira (Novartis) – 600 euros
    Maria João Freitas Ferreira Araujo (Novartis) – 750 euros
    Maria João Mar Pereira Cunha (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Maria João Quitério Vieira Silva (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Maria Leopoldina Garez Gomes Turpin (Boehringer Ingelheim) – 665 euros
    Maria Lurdes Silva Ferreira (Pfizer) – 379 euros
    Maria Madalena Fernandes Emiliano (Novartis) – 700 euros
    Maria Marta Sampaio Nunes Duarte Silva (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Maria Victoria Blanco Gonzalez (Mylan) – 360 euros
    Maria Victoria Blanco Gonzalez (Mylan) – 325 euros
    Mariana Barreira Calheiros B. Cabral (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Mariana Cunha Macedo Conde (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    Mariana Lima e Castro Guimarães (Mylan) – 325 euros
    Mariana Maia e Silva (Grifols) – 325 euros
    Mariana Maia e Silvia (Nippon Gases) – 150 euros
    Mariana Monte Rocha Baltazar Coelho (Mylan) – 325 euros
    Mariana Ribeiro Marçal (BIAL) – 661,43 euros
    Mariana Santos Conceição (Pfizer) – 379 euros
    Mariana Serino Barbosa (Boehringer Ingelheim) – 515 euros
    Mariana Simões Saldanha Mendes (Nippon Gases) – 220 euros
    Marina Alexandra Pereira Bonnet (Novartis) – 720 euros
    Marina Gabriela Moreira Alves (Boehringer Ingelheim) – 150 euros
    Marina Gabriela Moreira Alves (Novartis) – 700 euros
    Mário Alexandre Oliveira Pinto (Boehringer Ingelheim) – 615 euros
    Marisa Antunes Marques (Nippon Gases) – 535 euros
    Marisa Isabel Augusto Anciaes (Boehringer Ingelheim) – 445 euros
    Marta Sofia Nobre Pereira (Novartis) – 745 euros
    Marta Sousa Sá Marques (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Marta Susana Monteiro Drumond Freitas (Novartis) – 275 euros
    Miguel Filipe Guia (Novartis) – 575 euros
    Miguel Silveira (Novartis) – 325 euros
    Miguel Trigueiro Rocha Barbosa (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    Mónica Helena Correia Pereira (Nippon Gases) – 325 euros
    Nelson David Lameirão Serrano Marçal (Novartis) – 325 euros
    Nuno Filipe Machado Faria (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    Nuno Filipe Xavier Santos Pires (Novartis) – 675 euros
    Nuno Miguel Silva Fernandes (Boehringer Ingelheim) – 645 euros
    Nuno Miguel Sousa Macedo (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Patrícia Alexandra Alves Jesus (Nippon Gases) – 605 euros
    Patrícia Alexandra Vieira Dionisio (Novartis) – 565 euros
    Paula Celestina Reis Pinto (Gasoxmed) – 580 euros
    Paula Maria Lima Cunha Vasconcelos Marques (Boehringer Ingelheim) – 645 euros
    Paula Maria Silva Freilão Ramos Cravo (Novartis) – 520 euros
    Pedro Duarte Silva Fernandes (Pfizer) – 379 euros
    Pedro Filipe Andrade Gomes Silva (Nippon Gases) – 465 euros
    Pedro Filipe Ferreira Americano (Nippon Gases) – 220 euros
    Pedro Jorge Pereira Magalhães Ferreira (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Pedro José Ramalho Rodrigues (Novartis) – 800 euros
    Pedro Miguel Cruz Mendes (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Pedro Miguel Nogueira Costa (Novartis) – 850 euros
    Pedro Ricardo Pereira Barros (Boehringer Ingelheim) – 150 euros
    Pedro Ricardo Pereira Barros (Grifols) – 325 euros
    Pedro Samuel Martinho Pereira (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Pedro Soares Branco Tavares Costa (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Rafael Noya Martinez (Mylan) – 325 euros
    Rafaela Sofia Biga Campanha (Novartis) – 550 euros
    Raquel Borrego (Gasoxmed ) – 815 euros
    Raquel Maria Reis Marques (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Raquel Matos Jesus Rosa (Boehringer Ingelheim) – 445 euros
    Ricardo Almeida Dias Mimoso Coelho (Novartis) – 500 euros
    Ricardo Belo Pereira Baguinho Quita (Boehringer Ingelheim) – 595 euros
    Ricardo Bruno Santos Silva (Boehringer Ingelheim) – 745 euros
    Ricardo Filipe Ramos Sousa (Boehringer Ingelheim) – 250 euros
    Ricardo Jorge Camara Crawford Nascimento (Laboratório Medinfar) – 750 euros
    Rita Agostinho Rodrigues N Carvalho (Mylan) – 325 euros
    Rita Luísa Santos Gerardo (Sanofi) – 735 euros
    Rita Susana Ferreira Lopes (Fresenius Kabi Pharma ) – 325 euros
    Robalo Cordeiro Lda. – Carlos Robalo Cordeiro (BIAL) – 1230 euros
    Rogério Paulo Pedreira Valente Matos (Pfizer) – 431 euros
    Rudi Mauro Pereira Fernandes (Boehringer Ingelheim) – 530 euros
    Rui Antonio Narciso Ribeiro Costa (Novartis) – 820 euros
    Rui Manuel Peixoto Costa (Merck Sharp & Dohme) – 187,98 euros
    Rui Miguel Mouro Santos Rolo (Tecnifar) – 275 euros
    Rute Alexandra Simões da Silva (Gasoxmed ) – 580 euros
    Samuel Tiago Fraga Salvador (Mylan) – 375 euros
    Sandra Afonso André (Tecnifar) – 475 euros
    Sandra Cristina Costa Figueiredo (Boehringer Ingelheim) – 220 euros
    Sandra Maria Oliveira Saleiro Ferreira (BIAL) – 220 euros
    Sara Andreia Gois Morgado (Boehringer Ingelheim) – 765 euros
    Sara Catarina Pimenta Dias (Novartis) – 850 euros
    Sara Filipa Ramos Correia Alfarroba (BIAL) – 220 euros
    Sara Isabel Braga Machado (Novartis) – 950 euros
    Sara Maria Costa Martins (Pfizer) – 379 euros
    Sara Moreira Silva Trindade Salgado (Mylan) – 220 euros
    Sergey Mikhailovich Borisushkin (Mylan) – 325 euros
    Shanshan Zhang (Gasoxmed) – 495 euros
    Sílvia Rosário Piteira Natário Lorenço (Mylan) – 250 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 150 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 200 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 300 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 6000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 3575 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 975 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 7975 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 750 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 1100 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 5500 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 7500 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (BIAL) – 20708 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Gilead) – 10000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Bristol-Myers Squibb) – 15000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Gasoxmed ) – 7500 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Laboratório Medinfar) – 6000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Laboratório Medinfar) – 6000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Pfizer) – 35000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Pfizer) – 35000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Teva Pharma) – 12000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (GlaxoSmithKline) – 25335,4 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Grifols) – 15000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Tecnifar) – 6000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Tecnimede) – 6000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (VitalAire) – 22000 euros
    Sociedade Portuguesa de Pneumologia (Boehringer Ingelheim) – 113400 euros
    Sofia Pina Borges (Mylan) – 325 euros
    Sónia Isabel Silva Guerra (Pfizer) – 379 euros
    Soraia Alexandra Reis Santos (Boehringer Ingelheim) – 645 euros
    Susana Alves Ferreira (Nippon Gases) – 325 euros
    Susana Castro Luís Lopes Moreira (BIAL) – 511,43 euros
    Susete Marli Fonseca da Cruz (Novartis) – 325 euros
    Tânia Isabel Soares Duarte (Gasoxmed ) – 665 euros
    Tânia Sofia Morgado Fatal (Nippon Gases) – 525 euros
    Telma Chantal Almeida Sequeira (Boehringer Ingelheim) – 445 euros
    Telma Silva Lopes (Boehringer Ingelheim) – 360 euros
    Teresa Mafalda Ameixial Pequito (Nippon Gases) – 250 euros
    Teresa Maria Ferreira Almeida (Novartis) – 800 euros
    Teresa Martin Rioja (Novartis) – 575 euros
    Terras e Froes Lda. – Filipe Froes (Sanofi) – 1159,89 euros
    Tiago André Silva Santos (Boehringer Ingelheim) – 645 euros
    Tiago João Pais Maricoto (BIAL) – 596,43 euros
    Tiago Manuel Pombo Alfaro (Novartis) – 315 euros
    Tiago Matos Almeida Santos Gaspar (Mylan) – 325 euros
    Tiago Sá (Novartis) – 500 euros
    Vanda Sofia Barros Areias (Nippon Gases) – 485 euros
    Vanessa Maria Ferreira Santos (Boehringer Ingelheim) – 515 euros
    Vanessa Maria Ferreira Santos (Pfizer) – 220 euros
    Vanessa Maria Ferreira Santos (Pfizer) – 220 euros
    Vânia Caldeira (Novartis) – 800 euros
    Vânia Isabel Louro Fernandes (Novartis) – 700 euros
    Vânia Patrícia Martins Rocha (Pfizer) – 250 euros
    Vânia Patrícia Martins Rocha (Pfizer) – 250 euros
    Vânia Sofia De Jesus Almeida (Gasoxmed) – 580 euros
    Vera Cláudia Oliveira Clérigo (Boehringer Ingelheim) – 445 euros
    Vera Maria Santos Baptista Martins (BIAL) – 511,43 euros
    Viktoriia Vinagre (Mylan) – 250 euros
    Vítor Fonseca (Pfizer) – 379 euros
    Vítor Miguel Nóbrega Teixeira De Jesus (Laboratório Medinfar) – 318,25 euros
    Vitória Joana Sousa Silva (Gasoxmed) – 630 euros

  • A César o que é de Cesar: a Procuradoria-Geral da República e os abusos da Igreja

    A César o que é de Cesar: a Procuradoria-Geral da República e os abusos da Igreja


    No passado dia 15 de Janeiro, o pedopsiquiatra Pedro Strecht, nomeado pela Igreja Católica para presidir à Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica (perdoem-me a redundância, mas serve para melhor salientar que o potencial criminoso escolhe a dedo uma comissão para avaliar os seus eventuais crimes, autodenominando-a de independente), anunciou que “validou, em menos de uma semana, 102 testemunhos”, que, segundo o dito, contêm “momentos de profunda dor e sofrimento”.

    E adiantou ainda que a dita Comissão – de que fazem parte Laborinho Lúcio (juiz conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça e antigo ministro da Justiça), Ana Nunes de Almeida (investigadora do Instituto de Ciências Sociais), Daniel Sampaio (psiquiatra e professor catedrático jubilado da Faculdade de Medicina de Lisboa), Filipa Tavares (assistente social e terapeuta familiar) e Catarina Vasconcelos (cineasta) – tinha já “situações agendadas para contacto pessoal”.

    man sitting on chair holding and surrounded by people

    Não colocando em causa a idoneidade destas personalidades, convém, contudo, relembrar que, desde Abril de 2019, Pedro Strecht é “membro convidado do Patriarcado de Lisboa na equipa de prevenção de abusos sexuais na Igreja”. O termo “comissão independente” surge-me aqui de utilização demasiado lata. Ou com lata.

    Esta semana foi também anunciada, pela Igreja Católica (claro!), a nomeação do ex-procurador-geral da República José Souto Moura para presidir à Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores. Segundo um comunicado da Conferência Episcopal Portuguesa, a dita Comissão “tem o objetivo de assessorar o trabalho de cada comissão diocesana, propor procedimentos e orientações comuns, ajudar em tudo o que possa proteger as vítimas e esclarecer sobre quadros normativos canónicos e civis relacionados com os processos de abuso sobre menores, tanto no que respeita ao acompanhamento da vítima como na atenção ao agressor”.

    Recorde-se também que José Souto de Moura – além de não ser recordado propriamente como um procurador-geral inflexível no seu mandato de seis anos (2000-2006) – foi, tal como Pedro Strecht, convidado pelo Patriarcado de Lisboa há três anos para integrar a equipa de prevenção de abusos sexuais na Igreja. E nessa altura, quando se jubilou, Souto de Moura anunciou que iria manter as suas ligações com “a revista Brotéria, dos jesuítas, com a Associação de Juristas Católicos [uma idiossincrasia portuguesa num Estado e numa Justiça que se quer laica, acrescento eu] e com a Comunidade Vida e Paz”.

    Enfim, já Cristo dizia, mas a Igreja Católica parece não aprender: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Ora, sendo Portugal um Estado de Direito – ou, pelo menos, alegando-se que é –, havendo separação de poderes (e desde o século XVIII a Igreja Católica deixou de ser um Estado dentro de outro Estado), não se compreende (ou melhor, compreende-se, mas não se deveria admitir) que tantas e tão doutas pessoas, algumas da Magistratura e outras da área social, disponham da sua imagem, do seu talento e do seu trabalho para contribuírem, nem que seja indirecta e involuntariamente, para uma autêntica operação de lavagem de crimes no interior da Igreja Católica em Portugal.

    Note-se: em menos de uma semana, a dita Comissão Independente, com parcos meios investigativos, validou 102 testemunhos, alguns certamente documentados, mas sempre abafados ao longo dos tempos e tempos, tanto mais que as alegadas vítimas têm já idades compreendidas entre os 30 e os 80 anos. Não há inocentes. Quem cria agora estas comissões não está inocente.

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    Que a Igreja – como entidade humana – tente fazer sempre bem o seu trabalho para se perpetuar, sabendo ultrapassar momentos difíceis, isso sabe-se, porque assim sempre fez: quem conhece alguma História da Igreja sabe bem disso. Agora, que um Estado de Direito laico deixe agora isso suceder, de forma impune, não se pode aceitar. Não se deve aceitar.

    Não se deve assim aceitar ver uma Procuradoria-Geral da República a assistir impávida e serena à criação de comissões supostamente independentes e de coordenações também supostamente independentes dentro da própria Igreja Católica – e onde se assume já que se vai trabalhar em tudo aquilo que “respeita ao acompanhamento da vítima como na atenção ao agressor” –, sem gritar “alto!, e pára o baile!; isto não é assunto de Deus; é de César!”

    Que a Igreja Católica se entretenha e nos tente entreter com as diligências que bem entender com vista a eventuais castigos divinos ou eclesiásticos, está no seu direito como entidade privada.

    Porém, sobre aquilo que faz ou sobretudo não faz a Procuradoria-Geral da República, já é algo que nos diz respeito. E pessoalmente, julgo que já deveria estar no terreno para ouvir as 102 pessoas identificadas pela tal Comissão de Pedro Strecht, e outras mais. Deveria estar já a vasculhar toda a documentação da Igreja Católica onde possa constar informação com relevância penal para identificação de crimes, e dos respectivos criminosos e seus cúmplices (que também são criminosos). E ontem já era tarde.

  • Farmacêuticas da covid-19 e gripe enchem cofres da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

    Farmacêuticas da covid-19 e gripe enchem cofres da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

    Desde o início da pandemia, e especialmente no ano passado, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia não teve mãos a medir para receber dinheiro das farmacêuticas. Em 2021, ganhou, de forma directa, tanto como era normal em dois anos. E, no último biénio, os apoios da Pfizer cresceram 3.016% em comparação com o período homólogo anterior.


    Em tempos de pandemia, desde o ano de 2020, a indústria farmacêutica reforçou os apoios financeiros à Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), sendo perfeitamente identificáveis as empresas com interesses directos em fármacos associados à covid-19 ou à gripe.

    De acordo com a análise do PÁGINA UM aos financiamentos da indústria farmacêutica no último quinquénio, através do Portal da Transparência e Publicidade do Infarmed, os apoios da Pfizer – fabricante de vacinas contra a covid-19 e do antiviral Paxlovid – cresceram 3.106% nos dois últimos anos (2020-2021) face ao período 2018-2019.

    Antes da pandemia, a farmacêutica norte-americana até tinha interesses na área da pneumologia – vendendo, por exemplo, a vacina pneumocócica – e apoiava as actividades da SPP, mas com verbas pequenas. Em 2017 concedeu 18.300 euros, no ano seguinte 6.000 euros, e em 2019 apenas 6.250 euros. Em 2020 ainda não se vislumbrou apoios de relevo, com o apoio a situar-se nos 12.000 euros.

    Porém, no ano passado, a Pfizer fez um “esforço” nunca visto: 369.650 euros, sobretudo para pagar uma inédita campanha de sensibilização para a vacinação, mas não da covid-19; foi para a vacina pneumocócica, o que não deixa de ser estranho porque essa vacina em concreto é apenas recomendada para idosos e grupos de risco.

    No entanto, também para o Congresso Nacional de Pneumologia, a Pfizer abriu os cordões à bolsa, dando um inédito apoio de 35.000 euros. Acresce a este montante, o pagamento de inscrições de 38 profissionais de saúde para este congresso que se realizou em Novembro passado, no valor de 14.820 euros, que acabaram nos cofres da SPP.

    A portuguesa BIAL também reforçou bastante os apoios no último biénio à SPP. Embora não tenha qualquer fármaco associado directamente à covid-19, esta farmacêutica possui diversos medicamentos para doenças respiratórias, entre os quais o Clavamox, um antibiótico com aplicação para as bronquites e pneumonias, muito frequentes em estados subsequentes à infecção viral pelo SARS-CoV-2.

    Se no triénio 2017-2019 os valores anuais da BIAL entregues à SPP se situaram entre os 13.530 e os 84.300 euros, nos últimos dois anos chegaram aos seis dígitos: 119.160 euros em 2020, e 166.751 euros, no ano passado. Além de apoios financeiros em congressos e outros eventos, a BIAL financiou webinares, tendo mesmo prometido em Março de 2020 criar “um fundo, com uma dotação de meio milhão de euros para as apoiar as diversas iniciativas da comunidade no âmbito do combate à pandemia covid-19”. A empresa portuguesa é agora a terceira mais generosa para a SPP no último quinquénio.

    Quem também foi bastante generosa com a SPP foi a Sanofi. Apesar do “desaparecimento” da gripe, a Sanofi viu subir o seu negócio de venda das vacinas anti-gripais em Portugal, beneficiando de recomendações, por exemplo, do presidente da SPP, António Morais, e do pneumologista Filipe Froes.

    Apoios do sector farmacêutico (em euros) à Sociedade Portuguesa de Pneumologia entre 2017 e 2021. Fonte: Infarmed.

    António Morais chegou mesmo a dizer ao Observador que a vacina da gripe “estimulava a resposta imunitária geral”, sugerindo que até poderia trazer benefícios em caso de infecção pelo SARS-CoV-2. Froes ainda foi mais taxativo: por exemplo, em Junho do ano passado, este conhecido pneumologista com ligações fortes às farmacêuticas, defendia que “a reserva das vacinas da gripe tem que ser feita [em Portugal] com a máxima antecedência de maneira a garantir um número de vacinas que, cada vez mais, é escasso perante as solicitações dos outros países”: Resultado: a DGS comprou mais vacinas contra a gripe.

    A Sanofi, que já aumentara substancialmente os apoios à SPP em 2020 (com um total de 58.889 euros) face aos anos anteriores à pandemia, ainda abriu mais a carteira no ano passado: 153.585 euros.

    A AstraZeneca também mostrou maior interesse em apoiar ainda mais a SPP, sobretudo durante o ano de 2020, quando então estava tão bem colocada como a Pfizer para a venda de vacinas contra a covid-19. No primeiro ano da pandemia concedeu apoios na ordem dos 108.900 euros, valor que desceu para os 50.750 euros em 2021.

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    Note-se, contudo, que alguns importantes eventos da SPP financiados pelas farmacêuticas acabam remetidos para o ano seguinte nos registos da Plataforma da Transparência e Publicidade do Infarmed, como sucede com grande parte dos apoios dos congressos de pneumologia que, por regra, se realizam em meados de Novembro.

    Curiosamente, a Gilead – que beneficiou de um contrato de 20 milhões de euros para a venda do antiviral remdesivir, e que teve Filipe Froes como consultor – não despendeu muito dinheiro com a SPP: apenas 17.500 euros nos últimos dois anos. Contudo, antes dessa data não lhe tinha concedido qualquer verba.

    Outras empresas não directamente relacionadas com a covid-19 acabaram também por fazer fluir mais dinheiro do que o habitual para a SPP, entre as quais a Boehringer Ingelheim.

    Com fortes interesses na venda de fármacos para tratamento de fibrose pulmonar e doença pulmonar obstrutiva crónica, esta farmacêutica alemã ainda é aquela que concedeu maiores apoios à SPP no último quinquénio (524.668 euros), mas ficou apenas em terceiro lugar no último biénio (269.600 euros), atrás da Pfizer e BIAL.

    A Novartis – que foi a segunda farmacêutica com mais dinheiro entregue à SPP durante o último quinquénio – “desinvestiu”, tendo reduzido os apoios na ordem dos 25% no último biénio em comparação com o anterior. O mesmo sucedeu com a GlaxoSmithKline, a A. Menarini e a Roche, que também diminuíram os seus apoios, em alguns casos de forma significativa, o que também é demonstrativo do mecanismo de financiamento das sociedades médicas. Ou seja, o sector farmacêutico dá agora mais ou menos em função das suas receitas e/ou dos benefícios potenciais no presente e no futuro.

    Refira-se que o PÁGINA UM contactou todas estas farmacêuticas e a SPP durante a preparação desta investigação jornalística, mas nenhuma concedeu informações nem respondeu às questões colocadas.

  • Eu, 52 anos, impuro de sangue, herético da Ciência ‘oficial’, me confesso, e também acuso…

    Eu, 52 anos, impuro de sangue, herético da Ciência ‘oficial’, me confesso, e também acuso…


    Desde Dezembro passado, só vou a restaurantes que, sujeitando-se a multas, não me pedem certificado digital. São poucos. Podia optar por um certificado falso – até fiz um com o nome e data de nascimento de Marcelo Rebelo de Sousa, talvez passasse – ou pedir um “emprestado”, mas não entro em esquemas de falsificação.

    Tive direito a um certificado digital, durante cerca de seis meses do ano passado, que nunca usei, depois de sobreviver a uma infecção por covid-19, a uma infecção bacteriana hospitalar e a uma grosseira negligência de um médico que permitiu que o fio-guia de um cateter andasse enrodilhado entre ventrículos do coração durante cinco dias, e cuja identidade a senhora Rosa Augusta Valente de Matos Zorrinho, circunstancial presidente do Conselho de Administração Central do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (certamente pela sua competência, e não pelos esponsais com o eurodeputado socialista de quem ganhou o último apelido), não me quer revelar. Não sofro de “long covid”, estragando as estimativas do Doutor Filipe Froes de que 10% dos infectados padecem de tal maleita.

    Nunca usei nem usarei, porque a minha recusa é por imperativos de Cidadania e de Ciência.

    Vamos primeiro à Cidadania, até porque manteria a recusa mesmo que tivesse optado por me ter vacinado. E fá-lo-ia se não fosse pelas razões que mais adiante indico sobre a Ciência.

    Já lá vou.

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    Nenhum cidadão decente, em pleno século XXI democrático, deveria poder aceitar sequer um certificado, digital ou analógico, com o objectivo de separar, só por si, um dos demais.

    Por vezes, há quem invoque, perante a institucionalização e aceitação quase generalizada do certificado, a perseguição perpetrada pelo nazismo aos judeus, que se iniciou também através de um documento segregacionista.

    Não sigo essa linha por duas razões: primeiro, avocar o nazismo tem como consequência que um debate sobre discriminação descarrila vertiginosamente para o Reductio ad Hitlerum; segundo, Hitler não inventou nada. E agora também não se está a inventar nada, mesmo se Hitler e as atrocidades em nome da sua loucura não tivessem jamais existido, como existiram.

    Na verdade, não precisamos em Portugal de viajar para a Alemanha Nazi, nem para a América com o seu one-drop rule, a infame regra de uma gota, que discriminava pessoas por descenderem de negros, mesmo que fossem tetravós.

    Basta recuarmos nos nossos tempos, neste mesmo território onde estamos. Durante séculos e séculos, tivemos muito dignos “inquisidores apostólicos contra a herética pravidade e apostasia” que averiguavam, judicialmente, se alguém era “legítimo e inteiro Cristão velho, e de limpo sangue, e geração”. E até ao início do século XIX português chegou-se a afastar de cargos ou confrarias aqueles que apresentassem ascendência judaica, moura ou gentia, até ao 4º grau.

    Ademais, no caso do certificado digital, estamos perante uma segregação sem sequer uma lógica ou sentido jurídico e legal: quem se vacina cumpre a lei; quem toma a decisão de não aceitar a vacina também cumpre a lei, porquanto a vacina não é obrigatória, é voluntária. Sabemos que quem incumpre as normas legais ou os códigos penais está sujeito ao pagamento de uma coima ou condenado a ser “segregado” pela sociedade, sendo-lhe retirado direitos e liberdades.

    Porém, não é isso que sucede com a vacina contra a covid-19. No caso de uma vacina, ainda mais com uma tecnologia recente, estamos ao mesmo nível de uma lei que permite que se ande em qualquer dos lados dos passeios de uma avenida.

    Seria ridículo permitir tal liberalidade – a escolha do passeio – e depois segregar quem tivesse a “ousadia” de escolher o lado esquerdo, não permitindo que entrasse em restaurantes ou visitasse um museu, apenas porque o Governo “achava” que era melhor para a comunidade que andasse pelo lado direito.

    Despachados os princípios de Cidadania, só por si suficientes, passemos para a Ciência.

    Como escritor de romances do género histórico, nas minhas deambulações pela Biblioteca Nacional amiúde me ia rindo e sorrindo durante a leitura de documentos coevos sobre usos “médicos” de antanho, suportados pela Ciência da época. Recordo, aliás, que durante a Peste Negra, no século XIV, se usaram fogueiras nas ruas e até salvas de artilharia ou música, pois julgava-se que as vibrações afastariam o ar corrupto. E até as célebres máscaras de “médicos” com bico de corvo nem sequer tinham o objectivo de “filtrar” o ar – pensava-se então que a doença se devia a miasmas e não a uma bactéria transmitida por pulgas –, tendo apenas um simbolismo místico.

    Enfim, mas também deve ter sido por simbolismo místico que as autoridades multaram trabalhadores por comerem sandes dentro do carro em plena pandemia, ou uma reformada por ir ao café comer um bolo de arroz e a meia de leite, ou um jovem por comer gomas junto a uma máquina de vending.

    E também deve ter sido por simbolismo místico que a Autoridade de Saúde Nacional é uma senhora, burocrata desde sempre, com conhecimentos de Medicina adquiridos por neurónios de paradeiro agora desconhecido, e somente usados na década de 70 do último século do milénio passado, que alardemente nem sabe utilizar um computador e com sérias dificuldades em aceitar aceder aos meus pedidos de documentos ao abrigo de uma lei da transparência da Administração Pública. By the way, na próxima quarta-feira, a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA) debruçar-se-á em mais quatro pareceres sobre recusas da DGS.

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    É esta senhora, rodeada de “especialistas” – desde um doutorado em migrações de carapaus até a um (re)conhecido pneumologista-mercenário ao serviço das farmacêuticas –, que tem ditado as regras sanitárias em tempos de pandemia, invocando a Ciência, que deveria ter, como as de Deus através de Moisés, umas tábuas onde um dos Mandamentos fosse: “Não faças mau uso do nome do Senhor, tua Ciência, porque Ele não deixará sem castigo os que fizerem mau uso do seu nome.”

    Na verdade, sobre Ciência em Tempos de Pandemia, já vimos de tudo. Já vimos o esplendor da Ciência nas máscaras que, primeiro, davam uma falsa sensação de segurança, até às declarações de um presidente da República que jurava vir a ser o “último moicano” a deixá-las, apesar de já o termos visto na semana passada a cantar o Grândola Vila Morena de (desavergonhada) face destapada na companhia de Emmanuel Macron.

    Já vimos a maravilhosa Ciência nas garantias de que os lockdowns eram fundamentais, e por isso mesmo tivemos o “milagre” português como uma evidência na Primavera de 2020, para depois termos o desastre em Janeiro de 2021, “apenas” porque nem todos seguiram o conselho de Rui Portugal, subdirector-geral da Saúde, de oferecerem compotas no Natal em “vistas rápidas no quintal de uns e de outros, ou no patamar do prédio”.

    Já vimos também a fantástica Ciência na garantia da eficácia das vacinas, primeiro, para toda e qualquer idade em quase 100%, para depois ir descendo, descendo, descendo, até que daqui a nada, para dar protecção, se tem (exageremos!) que dar tantas picas como as doses de insulina necessárias num diabético.

    Já vimos a extraordinária Ciência nas juras de uma vacina que era também muito eficiente na redução da capacidade de se ser infectado e de infectar, e daí que íamos ter de vacinar tudo e um par de botas, para criar imunidade de grupo, mas que em pouco já não era possível, e depois ainda assistimos ao maior aumento de casos com uma variante que, afinal, se disseminou mais facilmente entre os vacinados. Tudo a Ciência, maleável, justificou.

    Vamos ser claros. Não sou absolutamente nada contra vacinas – ou mais correctamente, no caso específico das destinadas contra a covid-19, o fármaco injectável –, que, em determinadas circunstâncias e para determinados grupos, pode e será uma ferramenta preventiva de doença grave e morte.

    Nem sou absolutamente nada contra – muito pelo contrário – à investigação e busca de terapêuticas contra a covid-19 ou contra qualquer outra doença. Seria um absurdo, sobretudo para quem conhece História.

    Já sou, e muito, e sobretudo por conhecer História, e a História da Ciência, contra o obscurantismo, a falta de transparência, a burocrática mesquinhez, e a sobranceria.

    Em finais de Dezembro do ano passado, e princípio de Janeiro deste ano, através do PÁGINA UM, tomei a iniciativa de patrocinar um conjunto de testes serológicos para verificar os níveis de seropositividade à covid-19 em sete pessoas, das quais cinco com infecção anterior (com níveis diferentes de gravidade), e apenas duas vacinadas (uma das quais com infecção prévia).

    Darei detalhes em breve sobre as outras situações – embora não revelando identidades –, mas no meu caso, como podem confirmar, seis meses após ter sido declarado “negativo” (curado), o valor para as imunoglobinas G IgG) no meu sangue era de 427,00 BAU/ml, muito acima do valor a partir do qual se considera positivo (33,8 BAU/ml).

    Bem sei que “a evidência científica actual ainda não nos permite afirmar que um título elevado de anticorpos IgG anti SARS-CoV-2 é garante de imunidade efetiva ou duradoura”, conforme avisa o boletim do laboratório Germano de Sousa, mas a Ciência, se estivesse a ser usada nestes tempos, dir-me-ia que este meu valor deveria valer mais do que um qualquer papelucho, um qualquer certificado de vacinação.

    Um médico decente, baseando-se na Ciência, nunca diria que eu deveria vacinar-me com estes níveis. Excepto, talvez, um que também sugerisse que o Michael Phelps, pelo sim, pelo não, deveria usar uma bóia quando se lançasse a uma piscina. Ou aqueloutro que recomendasse protector solar factor 50 a um senegalês para, enfim, precaver algum carcinoma.

    Para a Ciência, os diagnósticos pessoais são essenciais para uma decisão, e na atribuição e caducidade dos certificados digitais nunca nada houve de científico. Nada.

    Exigir a vacinação – e com isso obter-se um salvo-conduto através de um certificado digital – com base num prazo administrativo é anti-científico (excepto para as Ciências Políticas que estudam os estados ditatoriais), porque nem sequer assente em qualquer estudo científico conhecido. E mesmo que assim fosse, nunca deveria ser uma opção generalizável.

    Não é, por exemplo, por ser saber que a hipercolesterolemia está associada a ataques cardíacos a partir de uma determinada idade que se vai colocar toda a gente em dieta ou a tomar comprimidos contra o colesterol a partir de uma determinada idade; se calhar a sugestão (não imposição) por uma dieta ou por uma determinada terapêutica depende de um diagnóstico prévio. Digo eu, que não sou médico, mas uso neurónios.

    Por insistentes quatro vezes, contactei a Direcção-Geral da Saúde para que me esclarecesse sobre a existência de estudos serológicos, questionando as razões científicas para exigirem que me vacinasse se quisesse entrar num restaurante. Não responderam sequer.

    Foi um engano, um equívoco meu: na Direcção-Geral da Saúde não se faz nem se usa Ciência; “cozinham-se” argumentos, temperados por “especialistas”, que justificam uma deriva autoritária.

    Aos 52 anos, não posso ir a um restaurante por causa de um papel. E ainda me acusam de negacionista. Isto não é Ciência. Isto não é Democracia.

  • Sociedades médicas: as máquinas ligadas às farmacêuticas

    Sociedades médicas: as máquinas ligadas às farmacêuticas

    O PÁGINA UM vai fazer um diagnóstico completo aos financiamentos declarados entre farmacêuticas e sociedades médicas, vasculhando na base de dados da Transparência e da Publicidade do Infarmed, uma plataforma que deveria ser de fácil leitura e consulta, mas que tem as suas nuances. Este é o primeiro de um conjunto de artigos que mergulhará a fundo nas promíscuas relações entre médicos e farmacêuticas. Para já, fique a saber de quanto se está a falar quando se fala de dinheiro envolvido.


    São 49 milhões euros nos últimos cinco anos. Foram quase 12 milhões de euros no ano passado. Não há nem nunca houve crise para as principais agremiações de médicos e de outros profissionais de saúde, que dão pelo título de “sociedade portuguesa” de uma qualquer especialidade.

    Embora publicamente as suas opiniões, particularmente dos seus dirigentes sejam sempre vistas como independentes, na verdade as sociedades científicas de médicos e outros profissionais de saúde têm um cordão umbilical que se encontra bem preso, e que as alimenta, e que se chama indústria farmacêutica. E que tem depois retorno. Ninguém está interessado em o cortar. Até porque não há almoços de borla neste apetecível negócio. E há muitos que gostam. Menos a independência. E a deontologia.

    Um levantamento exaustivo do PÁGINA UM à Plataforma da Transparência e Publicidade do Infarmed – uma “operação” mais complexa do que seria admissível (ver texto em baixo) – identificou 94 sociedades científicas (e um pequeno montante não identificado) – congregando quase todas as especialidades médicas e de outras áreas da saúde – que receberam montantes de 135 empresas do sector farmacêutico.

    Para os últimos cinco anos, o PÁGINA UM identificou 5.745 eventos patrocinados pela indústria farmacêutica às sociedades identificadas, sobretudo para a realização de congressos, pagamento de quotas e despesas de funcionamento ou realização de campanhas de sensibilização e estudos.

    Há de tudo um pouco, embora este levantamento até exclua, porque será abordado em artigo independente, os pagamentos individuais das farmacêuticas a milhares e milhares de médicos para inscrições em congressos e conferências organizados pelas sociedades. Esse dinheiro acaba, obviamente, nos cofres das sociedades.

    Se o número de eventos impressiona pela quantidade – por exemplo, só no ano passado, o PÁGINA UM identificou 1.345 registos na base de dados do Infarmed envolvendo pagamentos de farmacêuticas às sociedades, o que representa mais de cinco por dia útil –, quando então se olha para os cifrões não restam dúvidas sobre a discreta, mas tenaz influência das farmacêuticas junto da classe médica e de outros profissionais de saúde.

    E também não ficam dúvidas sobre o carácter pouco filantropo deste sector: as farmacêuticas são pragmáticas e apostam apenas nas sociedades que as podem depois beneficiar. O jogo é simples e transparente, diga-se.

    shallow focus photography of prescription bottle with capsules

    Com efeito, analisando com detalhe a contabilidade anual das diversas sociedades – que excluem, assim, algumas poderosas agremiações, como a Associação Portuguesa de Urologia, a especialidade do actual bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães – verifica-se que as farmacêuticas olham para uns como filhos, e para outros como mendigos.

    Comecemos pelos mendigos.

    São 45 as sociedades que, no total do último quinquénio, receberam menos de 10 mil euros por ano. Seis nem sequer aos mil euros anuais chegaram. E não é por não precisarem.

    Ninguém jamais duvidará da importância do objecto social da Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Familiar, ou da Sociedade Portuguesa de Neurociências, ou da Sociedade Portuguesa de Alcoologia ou até da Sociedade Portuguesa de Virologia, ademais vendo os tempos que correm.

    Só que, para a indústria farmacêutica, estas e outras sociedades têm um problema: as respectivas especialidades receitam pouco, ou em pequena quantidade. Não dão retorno. Por isso, uma empresa como a Pfizer faz um acto de “caridade” à Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Familiar quando lhe concede 450 euros para um congresso, mas já estará a tratar de negócios quando entrega quase 370 mil euros num ano destinada a uma campanha de sensibilização da vacinação pneumocócica à Sociedade Portuguesa de Pneumologia, como fez no ano passado.

    Na verdade, algumas sociedades médicas têm tanta capacidade para atrair farmacêuticas como a luz as melgas. Muitas sociedades sabem tão bem isto que colocam previamente tabelas de preços para patrocínio de congressos, para todos os gostos e bolsos. O modus operandi mais corriqueiro passa por “oferecer” aos interessados um de três tipos de patrocínios: Platina (só há, por regra lugar para um, mas paga-se bem), Ouro (geralmente mais do que um, mas menos de cinco), e por fim Prata. Escolhendo pelo menu, as farmacêuticas sabem logo o que têm, em termos de espaço de exposição e atenção, mas também quanto lhes custa esta bondade.

    Em sociedades importantes, como por exemplo a de Cardiologia, um destes patrocínios não é coisa barata: no ano passado, a Novartis teve de pagar patrocínios deste género no valor de quase 310 mil euros. Em 2020, a AstraZeneca deu 80 mil; em 2021 ficou-se pelos 58 mil. Nenhuma das grandes farmacêuticas quer ficar para trás nas simpatias dos cardiologistas na hora dos congressos. Na lista de patrocinadores da Sociedade Portuguesa de Cardiologia contam-se 13 farmacêuticas que concederam mais de 50 mil euros apenas no ano passado.

    Financiamento das 20 principais sociedades em função dos montantes atribuídos pelas farmacêuticas entre 2017 e 2021. Fonte: Infarmed.

    Esta sociedade não surge aqui apenas como exemplo: é aquela que mais amealhou no último quinquénio: 6.817.254 euros. No ano passado atingiu o valor máximo dos últimos cinco anos (quase 1,93 milhões de euros), que deu para recuperar uma perda significativa de receitas no primeiro ano de pandemia: em 2020 “apenas” recebera 670.184 euros. Portanto, por exemplo, na hora de se falar em miocardites, convém sempre atender-se tanto às questões científicas como às de outra natureza.

    Não surpreende também que as Sociedades de Medicina Interna e de Pneumologia surjam em lugar de destaque na atracção das liberalidades das sociedades farmacêuticas. A primeira não foi muito afectada pela pandemia – mesmo assim “perdeu” no ano de 2020 entre 100 mil e 200 mil euros face ao que recebia antes da pandemia. No último quinquénio garantiu “bondades” das farmacêuticas no valor de 5,86 milhões de euros.

    Quanto à Sociedade Portuguesa de Pneumologia, o primeiro ano da pandemia não correu particularmente mal – recebeu um pouco mais de 786 mil euros –, mas 2021 superou as expectactivas, muito graças à Pfizer.

    people sitting on chair in front of computer

    O ano passado acabou com os cofres desta sociedade médica a encaixar 1.301.972 euros de 25 farmacêuticas – e quase todas nunca falham apoio em qualquer ano, ou seja, são habitués. O quinquénio 2017-2021 concluiu-se com um pecúlio de 4,35 milhões de euros das farmacêuticas.

    Também especialidades muito apetecíveis para as farmacêuticas são as de Reumatologia, de Oncologia, de Pediatria e de Gastrenterologia, cujas sociedades médicas não atingem os montantes das três que ocupam o pódio, mas não se podem queixar.

    Todas receberam, nos últimos cinco anos, apoios das farmacêuticas entre os dois e os três milhões de euros. Todas também viram o ano de 2021 terminar com mais dinheiro nos cofres, um alívio particularmente para as Sociedades Portuguesas de Reumatologia e de Gastrenterologia que tiveram um impacte negativo com a pandemia. Como em 2020 o Governo decidiu suspender muitos actos médicos, menos diagnósticos resultaram em menos receitas e em menos fármacos vendidos (ou a vender), e portanto as farmacêuticas cortaram-se na hora de entregar o cheque a estas sociedades.

    Um caso exemplar sobre os mecanismos de financiamento observa-se com a recém-criada Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde, que ainda se encontra em comissão instaladora desde 2019. Integrando profissionais com uma enorme influência na escolha dos fármacos a prescrever ou encomendar, sobretudo ao nível do Serviço Nacional de Saúde, rapidamente esta sociedade atraiu financiadores. Em 2019, por ser nova, apenas recebeu cerca de 85 mil euros, mas subiu logo para os 320 mil no primeiro ano da pandemia. Terminou o ano de 2021 com um pecúlio de um pouco superior 617 mil euros das farmacêuticas, ocupando já a sexta posição das sociedades com maior poder de atracção.

    Amanhã, o PÁGINA UM revelará, com maior detalhe, quais as farmacêuticas que financiam cada uma das sociedades, e com que valores. Este artigo constitui apenas uma mera introdução.

    NOTA: Pode aceder à síntese dos montantes arrecadados por cada uma das sociedades no quinquénio 2017-2021, provenientes das farmacêuticas, AQUI.


    Uma agulha num pardieiro


    O portal da Transparência e Publicidade do Infarmed só tem transparência no nome. E publicidade no objectivo, não alcançado. Obter a informação que o PÁGINA UM começa hoje a divulgar aparenta ser fácil, porque a base de dados é pública, mas quem não entender as nuances desta plataforma deixa escapar muita informação, ou nem sequer consegue obter uma imagem correcta da realidade.

    O problema começa logo no facto de a plataforma não ser “amigável”: não há a possibilidade de a descarregar para um Excel, por exemplo. Nem permite consulta por filtro; apenas por palavras-chave.
    Além disso, como tanto as entidades ou pessoas que recebem verbas como as entidades que concedem apoios devem fazer uma declaração nesta plataforma do Infarmed, abre-se a porta a todas as confusões.

    Seria expectável que a base de dados do Infarmed exigisse que o registo inicial da pessoa ou entidade beneficiada incluísse, por exemplo, o número de identificação fiscal, e que não permitisse outras denominações além da oficial. Como tal não sucede, multiplicam-se os registos distintos – alguns até por força de “gralhas” –, impedindo ou dificultando assim uma aferição rápida dos montantes e da quantidade de eventos com patrocínio que uma determinada sociedade obteve.

    Por exemplo, se se digitasse em Novembro do ano passado, “Sociedade Portuguesa de Cardiologia” – a sua denominação oficial – naquela base de dados surgiam 88 eventos patrocinados num total de 1.026.419 euros. Na verdade, esta Sociedade recebeu muito mais: o PÁGINA UM identificara até então, apenas para este período, 147 eventos num montante global de 1.802.377 euros. A razão era simples: existem variadas denominações distintas – e logo diversas entidades a registarem –, por vezes usando abreviaturas, exclusão de preposições ou com erros (gralhas ortográficas).

    Ao longo dos cinco anos analisados, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia apresenta 24 distintos registos. A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna não ganha à Cardiologia em apoios das farmacêuticas, mas vence folgadamente em número de registos distintos: 37. Seria fastidioso elencar todas as variações, mas pode dizer-se que vai desde a denominação correcta até “SPMI – Soc Port De Medina Interna”, passando por “SOC.PORT.MEDICINA INTERNA” e “SOCIEDADE PORTUGUESA MEDICINA” (sic).

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    Mais complexo ainda é o caso da Sociedade Portuguesa de Pediatria, porquanto, na verdade, funciona como uma espécie de confederação de distintas sociedades – 19 no total – com especialidades distintas, desde os Cuidados Intensivos Pediátricos até à Pediatria Social e a Medicina do Adolescente. Em Novembro do ano passado – quando o PÁGINA UM iniciou esta investigação – se se pesquisasse por “Sociedade Portuguesa de Pediatria”, apenas se apuraria um montante de 1.282.580 euros no último quinquénio, quando na verdade esse o montante atingira já os 2.123.852. Tal discrepância deve-se às 68 denominações distintas para registar patrocínios em eventos das SPP e/ou das suas sociedades “federadas”.

    Mesmo as pequenas sociedades estão “afectadas” por este problema. Por exemplo, quatro sociedades que, receberam desde 2017 montantes que rondam um milhão de euros surgem no portal do Infarmed com mais de duas dezenas de denominações distintas: Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde conta 26, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica tem menos uma, e a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia 23, tantas como a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo.

    No caso dos médicos e outros profissionais, os problemas são de outra índole, e que obstaculizam também a desejada transparência. Com efeito, muitos médicos são detentores de empresas – e registam nelas as verbas recebidas das farmacêuticas –, ignorando-se assim, em muitos casos, o beneficiário final. Noutras situações, não se conhece qual o nome que um determinado médico usa: pode ser o nome completo, ou o nome que mais utiliza profissionalmente.

    Na verdade, consultar esta base de dados do Infarmed é quase como ir à pesca. Ora, a transparência não é isso, até porque não há ali nada de lúdico para observar.

  • Ontário anuncia fim do certificado de vacinação para desbloquear capital do Canadá

    Ontário anuncia fim do certificado de vacinação para desbloquear capital do Canadá


    O primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, acabou de anunciar o fim do certificado de vacinas naquela província canadiana a partir de 1 de Março, anunciou o National Post.

    A decisão surge após duas semanas de intensas manifestações pacíficas sobretudo na capital do Canadá e em outras cidades, apesar de todas as tentativas do primeiro-ministro Justin Trudeau em associar os protestos a movimentos violentos, de extrema-direita e com influências de ideólogos radicais. As autoridades judiciais tinham entretanto bloqueado neste fim-de-semana a angariação de fundos da segunda plataforma de angariação (a GiveSendGo), que já amealhara 9 milhões de dólares, situação que estava a criar ainda mais críticas à forma como os Governos democráticos estão a começar a lidar com os movimentos sociais espontâneos, como é o caso do Freedom Convoy.

    Ford disse aos jornalistas que “o anúncio de hoje não é por causa do que está acontecendo em Ottawa ou Windsor, mas apesar disso”, assumindo implicitamente que houve uma cedência para protestos que se estavam a tornar insustentáveis social e politicamente.

    Na próxima quinta-feira serão já alteradas algumas restrições, entre as quais os limites de reuniões sociais, que aumentarão para 50 pessoas em ambientes fechados e de 100 pessoas ao ar livre, enquanto outros limites de capacidade serão removidos em locais como restaurantes, bares, ginásios e cinemas. O limite de pessoas em mercearias, farmácias e estabelecimentos de comércio a retalho será entretanto definida.

  • DGS esconde números, mas óbitos por todas as causas aumentaram 30% durante a pandemia

    DGS esconde números, mas óbitos por todas as causas aumentaram 30% durante a pandemia

    Governo e Direcção-Geral da Saúde sempre esconderam o verdadeiro impacte da pandemia nos lares, e as consequências da suspensão da assistência médica aos idosos. Uma análise do PÁGINA UM revela que nesses locais, desde o início da pandemia, terão morrido quase nove mil pessoas a mais face ao período homólogo anterior. Um crescimento de quase 30% que contrasta com um aumento em todo o país que rondou os 12%. Muitas das mortes em lares levaram abusivamente com o selo “covid”, bastando os óbitos terem ocorrido durante surtos.


    A Direcção-Geral da Saúde (DGS) escondeu autênticos morticínios em lares durante a pandemia, e continua a manter silêncio sobre os óbitos registados nas denominadas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI), apesar do pedido do PÁGINA UM ao abrigo da Lei do Acesso aos Documentos Administrativos (LADA).

    Uma nova queixa – a sétima, desde Novembro do ano passado – seguirá para a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos por incumprimento daquela lei da transparência e arquivo aberto da Administração Pública, que a DGS sistematicamente ignora. No entanto, de forma indirecta, o PÁGINA UM conseguiu apurar que os lares terão sido o epicentro de uma hecatombe sem precedentes, e não apenas da responsabilidade da covid-19, mas mais pela gestão destes equipamentos durante a pandemia.

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    Apesar da Orientação nº 009/2020 – assinada pela própria directora-geral da Saúde, Graça Freitas, logo no início da pandemia, em 11 de Março de 2020, e que foi actualizada em Janeiro passado – estipula procedimentos muito detalhados para a gestão da pandemia nas ERPI, que deveria incluir o registo dos surtos e óbitos; mas nunca foram divulgados quaisquer dados detalhados, nem sobre a covid-19 nem sobre mortes associadas a outras doenças.

    Aliás, Portugal sempre foi um dos poucos países europeus que nunca elaborou qualquer relatório circunstanciado sobre o impacte da pandemia nos lares.

    Pese embora essa ausência de informação promovida intencionalmente pela DGS – que sistematicamente recusa conceder acesso a qualquer documentação solicitada pelo PÁGINA UM –, o incremento da mortalidade durante a pandemia, desde 16 de Março de 2020 até 10 de Fevereiro deste ano, ficou 30% acima do período homólogo (16 de Março de 2018 até 10 de Fevereiro de 2020).

    Esta conclusão retira-se de uma análise comparativa dos dados disponíveis ao público do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO), mais concretamente sobre o local da ocorrência da morte.

    Sendo certo que estes dados disponibilizados pelo SICO ao público não identifica de forma directa os óbitos que ocorreram em lares de idosos, estes podem ser intuídos pelo local de ocorrência do óbito. No caso em concreto, os óbitos em ERPI estarão incluídos em “Outro local”, sendo que outros campos existentes são “Instituição de Saúde”, “No domicílio” e “Desconhecido”. Neste último caso, os números são relativamente pequenos (poucas centenas durante um ano).

    De acordo com a análise do PÁGINA UM, desde 16 de Março de 2020 até 10 de Fevereiro de 2022, registaram-se 34.774 óbitos em “Outro local”, quando no período homólogo anterior se contabilizaram 26.864 óbitos, ou seja, um acréscimo absoluto de 7.910 mortes, que representam um crescimento de 29,4%. Para se ter uma ideia mais exacta da autêntica hecatombe que terá ocorrido nos lares, saliente-se que as ERPI legalizadas têm apenas uma ocupação de cerca de 100 mil pessoas.

    Óbitos diários (média móvel de 7 dias) registados em “Outros locais” durante e antes da pandemia. Fonte: SICO.

    Este aumento relativo foi 2,5 vezes superior ao que se registou em instituições de saúde (subida relativa de 11,9%) e nove vezes superior ao contabilizado no domicílio (mais 3,3%). Em termos globais, no período em análise, contabilizaram-se 238.152 mortes por todas as causas (8,6% atribuídas à covid-19), um aumento de 25.404 (ou mais 11,9%) face ao período homólogo imediatamente anterior à pandemia.

    Saliente-se que estes valores de óbitos intuídos para os lares podem pecar por defeito, porquanto um número considerável de óbitos de utentes de ERPI estará contabilizado nas unidades de saúde, bastando a morte ter sido declarada no hospital durante um internamento. No entanto, também deve ser destacado que, em virtude da avançada idade, os óbitos nesta faixa etária são mais prováveis: para os maiores de 85 anos, a taxa de mortalidade no prazo de um ano ronda os 15%. Em todo o caso, a dimensão do aumento é avassaladora.

    Com efeito, desde o início da pandemia, em todos os meses de 2020 e 2021, e também em Janeiro do presente ano, se observou um significativo excesso de óbitos certificados em “Outros locais”, ou seja, maioritariamente em lares. No entanto, durante o Inverno de 2020-2021, e sobretudo em Janeiro do ano passado, assumiu proporções nunca vistas, quando aos surtos de SARS-CoV-2 sobreveio uma vaga de frio e o colapso no atendimento hospitalar.

    Diferencial de óbitos diários (média móvel de 7 dias) registados em “Outros locais” no período pandémico face ao período homólogo (Março de 2018 a Fevereiro de 2020). Fonte: SICO.

    Nesse mês, no SICO, estão registados 2.674 óbitos em “Outros locais”, ou seja, mais 87% do que em Janeiro de 2020 (1.428 óbitos) e mais 75% do que em Janeiro de 2019 (1.529 óbitos).

    Contudo, tanto antes como depois daquele funesto mês, os óbitos em “Outros locais” – e, portanto, nos lares – sempre esteve acima do esperado. De acordo com a análise do PÁGINA UM, o diferencial de mortalidade face ao período homólogo do ano imediatamente anterior à pandemia – ou seja, 2020 compara com 2018; e 2021 compara com 2019; e Janeiro e Fevereiro de 2022 compara com esses meses de 2020) – foi sempre largamente positivo. Ainda em 2020, registou-se um pico de 635 óbitos a mais em Julho, que se deveu quase em exclusivo a uma onda de calor e a inúmeras mortes de idosos por desidratação, de que o caso do lar de Reguengos de Monsaraz terá sido somente uma ponta do icebergue conhecida.

    Diferencial de óbitos por mês em “Outros locais” entre o período pandémico e o período de Março de 2018 e Janeiro de 2020. Fonte: SICO.

    Porém, mesmo com o avanço do programa de vacinação contra a covid-19 ao longo de 2021, esta faixa etária continuou a registar um excesso de óbitos, que continua ainda em 2022.

    No mês passado, houve mais 248 óbitos certificados em “Outros locais” em comparação com Janeiro de 2020, ou seja, em vésperas do surgimento do SARS-CoV-2 em Portugal. Ou seja, nem sequer se observou um “benefício” da comunidade perante a elevada mortandade na população idosa no primeiro ano da pandemia, o que revela a significativa fragilidade que este grupo etário continua a ter.

    Note-se que, apesar da elevada letalidade da covid-19 em idades avançadas – ao contrário da benignidade desta doença em crianças, adolescentes e jovens adultos –, a covid-19 não terá sido a exclusiva causa desta “razia” em lares.

    Mesmo que a DGS venha agora a divulgar números concretos sobre os lares, os óbitos ali atribuídos ao SARS-CoV-2 estarão, certamente, empolados, uma vez que no ponto 69 da Orientação nº 9 assinada por Graça Freitas, determinou-se que “todo o óbito ocorrido, durante a Pandemia covid-19, numa instituição [ERPI] com casos confirmados de covid-19 ou em utente ou trabalhador que tenha apresentado sintomas compatíveis com a doença, (…) deve ser considerado um ‘caso suspeito’ de infeção por SARS-CoV-2, até prova em contrário, isto é, apresentar resultado negativo incluindo post mortem, se aplicável, no teste laboratorial para SARS-CoV-2.”

    Como quase nunca se fizeram autópsias nestas circunstâncias, todos os idosos que morreram no decurso de surtos em lares levaram com o selo “covid-19” como causa de morte, independentemente do verdadeiro motivo do falecimento ou da eventualidade de ocorrência de negligência ou falta de assistência médica adequada.

  • Direcção-Geral da Saúde beneficiou SIC e TVI nas campanhas de publicidade

    Direcção-Geral da Saúde beneficiou SIC e TVI nas campanhas de publicidade

    Os pequenos media regionais e locais foram prejudicados pela Direcção-Geral da Saúde na distribuição das verbas para divulgação das mensagens publicitárias durante a pandemia. Quem mais beneficiou foram sobretudo os dois canais privados generalistas, a SIC e a TVI, que encaixaram 61% de todo o dinheiro gasto em anúncios sobre a covid-19. Saiba aqui quem são e quanto receberam os 284 órgãos de comunicação social ao longo dos últimos dois anos.


    Quase 75% do dinheiro total gasto pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) em campanhas relacionadas com a covid-19 foram absorvidas pelas televisões. Os canais da SIC e da TVI – que posicionaram os seus serviços noticiosos durante a pandemia com uma filosofia claramente alarmista – conseguiram captar um total de 3,11 milhões de euros nos últimos dois anos.

    Este montante representa cerca de 61% dos quase 5,11 milhões de euros disponibilizados pelo gabinete de Graça Freitas para publicidade relacionada com a pandemia. A SIC foi o canal que mais encaixou: 1.609.024,35 euros, seguindo-se a TVI, com 1.230.378,35 euros. O pódio foi também ocupado por um canal por cabo, mas a grande distância: o Correio da Manhã TV teve direito a 557.237,81 euros.

    Curiosamente, a TVI 24 – agora transformada em CNN Portugal – recebeu mesmo mais do que a RTP 1. A primeira recebeu 190.004,71 euros, enquanto a segunda 148.721,45 euros.

    SIC foi a televisão que mais dinheiro da DGS encaixou para promoção das campanhas da covid

    Desconhecem-se os critérios que presidiram à distribuição da publicidade, mas claramente a DGS preferiu campanhas audiovisuais de âmbito nacional em detrimento de campanhas destinadas à imprensa ou rádio locais e regionais.

    No segmento radiofónico, a Rádio Comercial foi aquela que mais atraiu publicidade sobre a covid-19 (80.817,97 euros), um pouco mais do que o Jornal de Notícias, a publicação da imprensa que liderou nos contratos com a DGS, que recebeu 72.138,76 euros.

    Saliente-se que estes montantes apenas parcialmente estão associados aos adiantamentos de 15 milhões de euros em publicidade feitos pelo Governo em Maio de 2020, e que tanta celeuma causou em alguns órgãos de comunicação social. Esse “bolo” não estava afecto exclusivamente a campanhas relacionadas com a covid-19, incluindo a promoção de actividades do Estado, pretendendo o Governo, com esses elevados montantes, sobretudo antecipar receitas aos órgãos de comunicação social num período que se mostrava difícil para a Economia.

    Com efeito, de acordo com a Resolução do Conselho de Ministros (RCM) de Maio de 2020, embora uma parte muito substancial desses 15 milhões de euros viesse da DGS (7 milhões de euros), os media cativavam assim, em antecipação, receitas de publicidade futura para promoção de actividades do Instituto de Turismo de Portugal e de três Secretarias-Gerais de Ministérios (Administração Interna; Trabalho, Solidariedade e Segurança Social; e Ambiente, Ordenamento do Território e Energia) – no valor de 1,5 milhões, em cada uma destas entidades –, e ainda da Presidência do Conselho de Ministros, da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral e da Secretaria-Geral da Educação e Ciência – 500 mil euros, cada.

    DGS preferiu campanhas audiovisuais.

    A RCM elencava também as verbas a receber pelas principais empresas de comunicação social de âmbito nacional, bem como as verbas a receber pelos outros órgãos de âmbito regional e local.

    De acordo com um levantamento realizado pela Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), a DGS pagou diversos montantes a 284 órgãos de comunicação social para divulgação de mensagens relacionadas com a pandemia, dos quais 139 de imprensa regional, 126 rádios locais, oito títulos de imprensa nacional, sete canais de televisão, três rádios nacionais e uma publicação digital.

    Apesar da grande quantidade de rádios locais envolvidas (que incluem, por exemplo, a TSF e a Mega 80) e de muitos títulos de imprensa regional, os montantes foram, em alguns casos, completamente irrisórios. Por exemplo, a Rádio Imagem, de Fornos de Algodres, recebeu 121,95 euros da DGS. Um total de 12 rádios ou periódicos regionais receberam menos de 500 euros, e mais 22 receberam entre 500 e 1.000 euros.

    A distribuição de “migalhas” à comunicação social de âmbitos regional e local, em confronto com a generosa entrega publicitária sobretudo às televisões, levou mesmo a ERC a tecer críticas à DGS, uma vez que não foi cumprida a legislação que determina que os órgãos de comunicação social regional e local devem ficar sempre com pelo menos 25% do custo global das campanhas publicitárias do Estado.

    Rádio Imagem, de Fornos de Algodres, encontra-se na última posição (284º lugar) dos beneficiados das campanhas da DGS com 121,95 euros.

    No caso concreto, estes órgãos de comunicação só receberam 755 mil euros (menos de 15% do total), quando deveriam receber pelo menos 1,28 milhões de euros, se se considerar os 5,1 milhões efectivamente gastos, ou pelo menos 1,75 milhões, caso a DGS tivesse gastado os 7 milhões inicialmente previstos.

    Em suma, os pequenos órgãos de comunicação social tiveram direito a menos 522 mil euros do que seria suposto, verba essa que acabou distribuída pela imprensa, rádio e sobretudo televisão de âmbito nacional.
    Por causa deste motivo, e também pelo atraso no envio de documentação – que inviabilizou uma averiguação com maior antecedência –, a ERC enviou o processo destas campanhas da DGS para o Tribunal de Contas. Contudo, esta diligência acaba por ser uma mera formalidade, porque a legislação não prevê sanções para quem não cumpra as quotas estabelecidas por lei.


    Lista de órgão de comunicação social, tipo e montante recebido (em euros)

    Fonte: ERC.


    SIC (televisão) – 1.609.024,35
    TVI (televisão) – 1.230.378,35
    Correio da Manhã TV (televisão) – 557.237,81
    TVI 24 (televisão) – 190.004,71
    RTP 1 (televisão) – 148.721,45
    SIC Notícias (televisão) – 81.033,37
    Rádio Comercial (rádio nacional) – 80.817,97
    Jornal de Notícias (imprensa nacional) – 72 138,76
    RFM (rádio nacional) – 69.349,90
    TSF Rádio Jornal Lisboa (rádio local) – 61 953,44
    Correio da Manhã (imprensa nacional) – 58.619,00
    Público (imprensa nacional) – 45.779,00
    Expresso (imprensa nacional) – 38.348,00
    A Bola (imprensa nacional) – 37.045,00
    Diário de Notícias (imprensa nacional) – 34.562,00
    M80 Rádio (rádio local) – 34.125,07
    Rádio Renascença (rádio nacional) – 33.077,86
    O Jogo (imprensa nacional) – 31.795,50
    Record Imprensa (imprensa nacional) – 20.400,00
    Mega Hits (rádio local) – 14.670,08
    EJM – Empresa Jornalística da Madeira (rádio local) – 9.842,02
    Diário do Minho (imprensa regional) – 9.799,59
    Correio dos Açores (imprensa regional) – 8.943,09
    Porto Canal (televisão) – 8.448,43
    Mirante (imprensa regional) – 7.020,00
    Diário do Sul (imprensa regional) – 6.542,38
    A Terra Minhota (imprensa regional) – 6.016,26
    ERA – Emissora Regional de Ama (rádio local) – 5.581,30
    Golo FM (digital nacional) – 5.573,54
    Rádio Clube de Lamego (rádio local) – 5.573,54
    Rádio Independente de Aveiro (rádio local) – 5.573,54
    Rádio Fundação FM (rádio local) – 5.573,54
    Rádio Altitude (rádio local) – 5.573,54
    Rádio Independente Paivense (rádio local) – 5.573,54
    Rádio Singa (rádio local) – 5.429,04
    Diário Insular (imprensa regional) – 5.372,36
    Reconquista (imprensa regional) – 5.316,22
    Rádio 94FM (rádio local) – 5.137,50
    RDS (rádio local) – 5.126,47
    Rádio Cultural de Cerveira (rádio local) – 5.012,92
    Rádio Elvas (rádio local) – 4.956,40
    Correio da Maia (imprensa regional) – 4.878,04
    Notícias de Aguiar (imprensa regional) – 4.878,04
    Voz de Lamego (imprensa regional) – 4.875,00
    O Regional (imprensa regional) – 4.782,12
    Asas do Atlântico (rádio local) – 4.739,99
    Rádio Onda Viva (rádio local) – 4.642,53
    Rádio Club de Armamar (rádio local) – 4.546,46
    Rádio Região de Basto (rádio local) – 4.455,00
    Barlavento (imprensa regional) – 4.375,61
    Rádio Local de Torres Novas (rádio local) – 4.360,16
    Jornal da Bairrada (imprensa regional) – 4.305,00
    Tribuna da Madeira (imprensa regional) – 4.292,68
    Jornal do Pico (imprensa regional) – 4.227,64
    Costa do Sol (imprensa regional) – 4.222,44
    Rádio Universidade de Coimbra (rádio local) – 4.208,13
    O Interior (imprensa regional) – 4.159,00
    Jornal de Matosinhos (imprensa regional) – 4.125,00
    Canal FM (rádio local) – 4.066,49
    Rádio Graciosa (rádio local) – 4.066,49
    Tribuna das Ilhas (imprensa regional) – 4.065,04
    Atlântico Expresso (imprensa regional) – 4.065,04
    TDS – Televisão do Sul (rádio local) – 4.063,62
    Rádio Nazaré (rádio local) – 4.038,61
    Voz Portucalense (imprensa regional) – 3.965,90
    Jornal do Algarve (imprensa regional) – 3.900,00
    O Comércio de Guimarães (imprensa regional) – 3.850,00
    Rádio Clube Paços Ferreira (rádio local) – 3.745,46
    Rádio Alentejo (rádio local) – 3.708,20
    Rádio Montalegre (rádio local) – 3.646,35
    Incentivo (imprensa regional) – 3.638,38
    O Progresso de Paredes (imprensa regional) – 3.577,24
    Rádio Douro FM (rádio local) – 3.577,24
    Jornal da Praia (imprensa regional) – 3.577,23
    Via Rápida (imprensa regional) – 3.500,00
    Entre Margens (imprensa regional) – 3 420,00
    Correio do Ribatejo (imprensa regional) – 3.414,63
    Mais Guimarães (imprensa regional) – 3.370,00
    Jornal da Marinha Grande (imprensa regional) – 3.292,68
    Rádio Horizonte Tejo (rádio local) – 3.260,42
    Rádio Clube de Pombal (rádio local) – 3.255,36
    Rádio Cais (rádio local) – 3.252,03
    Rádio Voz do Neiva (rádio local) – 3.251,25
    Rádio Iris FM (rádio local) – 3.235,23
    Foz do Mondego Rádio (rádio local) 3.211,66
    Antena Sul – Rádio Jornal (rádio local) 3.172,92
    Rádio Alto Minho (rádio local) – 3.157,27
    Rádio Clube de Angra (rádio local) – 3.157,27
    Rádio Regional de Arouca (rádio local) – 3.156,88
    Rádio Voz de Vagos (rádio local) – 3.156,79
    Urbana FM (rádio local) – 3.136,05
    Rádio Alto Ave (rádio local) – 3.120,14
    Rádio Marginal (rádio local) – 3.117,08
    Póvoa Semanário (imprensa regional) – 3.106,56
    Notícias de Coura (imprensa regional) – 3.008,13
    Semanário de Felgueiras (imprensa regional) – 3.004,07
    Postal do Algarve (imprensa regional) – 2.994,48
    Rádio Onda Livre Macedense (rádio local) – 2.976,00
    Beira Vouga (imprensa regional) – 2.916,00
    Rádio Vida (rádio local) – 2.901,84
    Rádio Santiago (rádio local) – 2.870,40
    Região de Leiria (imprensa regional) – 2.860,00
    Barcelos Popular (imprensa regional) – 2.830,00
    O Emigrante (imprensa regional) – 2.800,00
    A Comarca de Arganil (imprensa regional) – 2.800,00
    Universidade FM (rádio local) – 2.785,40
    Gazeta das Caldas (imprensa regional) – 2.780,00
    Jornal Nordeste (imprensa regional) – 2.764,23
    Alto Alentejo (imprensa regional) – 2.764,23
    Folha de Tondela (imprensa regional) – 2.737,80
    Vilacondense (imprensa regional) – 2.691,05
    Notícias de Penafiel (imprensa regional) – 2.682,93
    Terras de Sicó (imprensa regional) – 2.670,00
    O Ericeira (imprensa regional) – 2.666,66
    R80 Super Onda (rádio local) – 2.637,47
    Rádio Popular de Soure (rádio local) – 2.603,16
    Rádio Riba – Távora (rádio local) – 2.600,16
    Rádio Jornal Caminhense (rádio local) – 2.599,76
    JM (imprensa regional) – 2.599,32
    Rádio Clube de Penafiel (rádio local) – 2.599,32
    Sesimbra FM (rádio local) – 2.599,18
    Rádio Barca (rádio local) – 2.597,84
    RCA – Ribatejo (rádio local) – 2.596,02
    Rádio Bonfim (rádio local) – 2.596,02
    Rádio Beira Litoral (rádio local) – 2.592,92
    Rádio Vida Nova (rádio local) – 2.591,60
    Jornal de Tondela (imprensa regional) – 2.589,00
    Rádio Felgueiras (rádio local) – 2.581,95
    Rádio Positiva (rádio local) – 2.568,11
    Rádio Linear (rádio local) – 2.568,11
    Rádio Brigantia (rádio local) – 2.566,06
    Rádio Universitária do Minho (rádio local) – 2.564,18
    Rádio Voz de Santo Tirso (rádio local) – 2.554,34
    Rádio Vizela (rádio local) – 2.548,24
    Rádio Torre de Moncorvo (rádio local) – 2.538,00
    Jornal FM (rádio local) – 2.532,28
    A Voz da Póvoa (imprensa regional) – 2.530,00
    MAIS/Semanário (imprensa regional) – 2.513,01
    Jornal de Sintra (imprensa regional) – 2.504,07
    Região de Águeda (imprensa regional) – 2 459,77
    Notícias de Vouzela (imprensa regional) – 2 437,50
    O Paredense (imprensa regional) – 2.400,00
    Rádio Canção Nova (rádio local) – 2.347,18
    105.4 FM (rádio local) – 2.337,40
    Defesa da Beira (imprensa regional) – 2.320,00
    Voz Ribatejana (imprensa regional) – 2.300,00
    Tejo Rádio Jornal (rádio local) – 2.278,54
    Notícias do Tâmega (imprensa regional) – 2.276,41
    Algarve Resident (imprensa regional) – 2.251,38
    Rádio Voz do Entroncamento (rádio local) – 2.230,24
    Jornal Torrejano (imprensa regional) – 2.199,19
    Terras do Ave (imprensa regional) – 2.195,12
    Mais Aguiar da Beira (imprensa regional) – 2.195,12
    O Louzadense (imprensa regional) – 2.158,54
    Correio de Sintra – Imprensa (Imprensa (R) – 2.150,00
    Rádio Marcoense (rádio local) – 2.133,26
    Rádio Sol (rádio local) – 2.131,28
    Rádio Ondas do Lima (rádio local) – 2.124,43
    Rádio Voz de Basto (rádio local) – 2.107,00
    Notícias de Vila Real (imprensa regional) – 2.100,00
    Jornal Sudoeste (imprensa regional) – 2.100,00
    Rádio 93.8 ON FM (rádio local) – 2.100,00
    Digital FM (rádio local) – 2.099,14
    Rádio Voz do Marão (rádio local) – 2.096,93
    Chaves FM (rádio local) – 2.096,92
    Pampilhosa 97.8 FM (rádio local) – 2.059,07
    Oxigénio (rádio local) – 1.951,23
    Praça Pública (imprensa regional) – 1.951,22
    Avenidas Novas (imprensa regional) – 1.951,22
    Jornal da Beira (imprensa regional) – 1.951,22
    Correio de Azeméis (imprensa regional) – 1.951,22
    Jornal de Leiria (imprensa regional) – 1.951,22
    Praia Expresso (rádio local) – 1.951,21
    Jornal da Mealhada (imprensa regional) – 1.934,96
    A Voz de Chaves (imprensa regional) – 1.900,00
    Semanário Setúbal Mais (imprensa regional) – 1.890,00
    Jornal do Ave (imprensa regional) – 1.882,11
    Rádio Antena Minho (rádio local) – 1.854,68
    Defesa de Espinho (imprensa regional) – 1.843,90
    A Aurora do Lima (imprensa regional) – 1.829,27
    Notícias da Barca (imprensa regional) – 1.829,26
    RD Rádio Despertar – Voz de Estremoz (rádio local) – 1.828,68
    O Dever (imprensa regional) – 1.821,91
    Notícias de Santo Tirso (imprensa regional) – 1.800,00
    Triângulo Magazine (imprensa regional) – 1.788,61
    Rádio Terra Quente (rádio local) – 1.785,27
    Roda Viva Jornal (imprensa regional) – 1.775,61
    Labor.pt (imprensa regional) – 1.750,00
    Cidade de Tomar (imprensa regional) – 1.740,00
    Freguês de Benfica (imprensa regional) – 1.640,00
    Ilha Maior (imprensa regional) – 1.626,02
    FafeTV (rádio local) – 1.626,01
    Rádio Soberania (rádio local) – 1.565,50
    Notícias de Ourém (imprensa regional) – 1 539,92
    Record Algarve (rádio local) – 1.539,24
    Rádio Pernes (rádio local) – 1.539,24
    Jornal de Famalicão (imprensa regional) – 1.530,00
    RCS-Rádio Cultura de Seia (rádio local) – 1.508,74
    Notícias de Oeiras (imprensa regional) – 1.500,00
    O Riachense (imprensa regional) – 1.463,41
    O Ponto (imprensa regional) – 1.463,41
    Semmais Jornal (imprensa regional) – 1.463,41
    ATV Canal Alentejo (rádio local) – 1.463,41
    Guimarães Agora (rádio local) – 1.463,40
    Rádio Lafões (rádio local) – 1.463,40
    Correio Alentejo (imprensa regional) – 1.455,00
    Jornal Boa Nova (imprensa regional) – 1.414,63
    O Mirante (imprensa regional) – 1.404,00
    RCM-Rádio do Concelho de Mafra (rádio local) – 1.402,44
    Audiência Ribeira Grande (imprensa regional) – 1.400,00
    Douro Hoje (imprensa regional) – 1.390,24
    O Popular de Soure (imprensa regional) – 1.341,47
    Maré Viva (imprensa regional) – 1.341,46
    Notícias de Viana (imprensa regional) – 1.325,20
    Radioeste (rádio local) – 1.317,08
    Rádio Forum Boticas (rádio local) – 1.308,78
    Saber (imprensa regional) – 1.300,81
    Ecos de Basto (imprensa regional) – 1.300,80
    Rádio Geice (rádio local) – 1.300,42
    Rádio Regional de Valpaços (rádio local) – 1.299,98
    Rádio Regional Vimioso (rádio local) – 1.299,98
    Rádio Regional Sabrosa (rádio local) – 1.299,98
    Rádio Ansiães (Rádio (L) – 1.296,46
    Rádio Cávado (rádio local) – 1.290,98
    Rádio Popular Afifense (rádio local) – 1.290,98
    Rádio Voz do Caima (rádio local) – 1.290,98
    As Beiras (imprensa regional) – 1.268,29
    Rádio Antena Vareira (rádio local) – 1.241,33
    Notícias de Loures (imprensa regional) – 1.219,51
    Jornal Novo Regional (imprensa regional) – 1.219,51
    Magazine Serrano (imprensa regional) – 1.219,50
    Jornal Nova Aliança (imprensa regional) – 1.218,00
    Horizonte (imprensa regional) – 1.178,86
    Correio da Feira (imprensa regional) – 1.174,80
    O Concelho de Estarreja (imprensa regional) – 1.170,73
    Rádio Montemuro (rádio local) – 1.158,00
    Cerveira Nova (imprensa regional) – 1.149,59
    TVAmadora (rádio local) – 1.138,21
    Penafiel Canal (rádio local) – 1.121,95
    Notícias de Cascais (imprensa regional) – 1.100,00
    O Notícias da Trofa (imprensa regional) – 1.077,24
    Rádio Valdevez (rádio local) – 1.056,89
    RCI (rádio local) – 1.056,63
    Rádio Clube da Feira (rádio local) – 1.053,69
    Rádio Azul (rádio local) – 1.053,66
    Rádio Lezíria (rádio local) – 1.049,57
    Rádio Local de Barcelos (rádio local) – 1.049,57
    Notícias de Gouveia (imprensa regional) – 1.026,00
    Notícias de Barroselas (imprensa regional) – 1.005,28
    Farol de Esposende (imprensa regional) – 1.000,00
    Badaladas (imprensa regional) – 989,27
    Viva Cidade (imprensa regional) – 975,61
    Notícias de São Bráz (imprensa regional) – 975,61
    Rádio Vinhais (rádio local) – 975,61
    Soberania do Povo (imprensa regional) – 970,00
    RV Jornal (imprensa regional) – 914,64
    O Almeirinense (imprensa regional) – 906,59
    Benedita FM (rádio local) – 881,82
    Jornal da Batalha (imprensa regional) – 879,79
    A Defesa (imprensa regional) – 813,01
    Inês Negra (rádio local) – 805,37
    Rádio Vale do Minho (rádio local) – 805,37
    Notícias da Beira Douro (imprensa regional) – 780,49
    O Sesimbrense (imprensa regional) – 775,00
    Rádio Jornal de Setúbal (rádio local) – 723,58
    O Arrais (imprensa regional) – 695,12
    Penafiel TV (rádio local) – 650,41
    Correio do Alentejo (imprensa regional) – 640,00
    Mensageiro de Alter (imprensa regional) – 600,00
    Folha do Centro (imprensa regional) – 590,00
    Radio Voz do Douro (rádio local) – 580,00
    A Voz do Mar (imprensa regional) – 500,00
    A Voz do Operário (imprensa regional) – 487,80
    Cinco Quinas (imprensa regional) – 400,00
    O Ilhavense (imprensa regional) – 400,00
    Discurso Directo (imprensa regional) – 360,00
    Região da Nazaré (imprensa regional) – 325,20
    Radio Fóia (rádio local) – 264,76
    Rádio Clube Aguiarense (rádio local) – 243,90
    Notícias do Sorraia (rádio local) – 234,90
    Terras do Vale do Sousa (imprensa regional) – 200,00
    Ecos do Sor (imprensa regional) – 150,00
    Observador 88.1 (rádio local) – 130,54
    Rádio Imagem (rádio local) – 121,95