Autor: Luís Gomes e Pedro Almeida Vieira

  • O Estado da Nação ou o estado da podridão

    O Estado da Nação ou o estado da podridão


    Pedro Almeida Vieira e Luís Gomes reencontram-se no 13º episódio de Os economistas do diabo para falar sobre a contínua crise política e sobre o Estado da Nação em vésperas de mais um aniversário do regime democrático em Portugal. E ainda há tempo para conversas paralelas e até para se falar da candidatura de Robert Kennedy Jr às primárias das eleições norte-americanas.

    Na rubrica Memórias de elefante recordamos o debate, que se esfumou, sobre a famigerada revisão constitucional.

    Acesso: LIVRE

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  • Davos & clima & outros casos (também políticos)

    Davos & clima & outros casos (também políticos)


    Depois de ultrapassados problemas técnicos, Pedro Almeida Vieira e Luís Gomes sentam-se novamente para conversar (e gravar) sobre o World Economic Forum em Davos (e que acaba por se desviar para as alterações climáticas), e também sobre os casos políticos recentes e o papel do Estado (ou se ele é pior ou melhor do que o mercado). Uma conversa ziguezagueante, mas nunca monótona, sem papas na língua, destes Economistas do Diabo, no seu 4º episódio…

    Acesso: LIVRE

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  • Inflação, Euribor & mercados

    Inflação, Euribor & mercados


    No 3º episódio de Os Economistas do Diabo, Pedro Almeida Vieira e Luís Gomes sentam-se para conversar sobre a inflação, as consequências da subida da taxa Euribor e a evolução dos mercados financeiros. Caminharemos em 2023 para uma tempestade perfeita?

    Acesso: LIVRE

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  • Sinecuras, Graça Freitas & China, e ainda IVA em Espanha

    Sinecuras, Graça Freitas & China, e ainda IVA em Espanha


    No 2º episódio de Os Economistas do Diabo, Pedro Almeida Vieira e Luís Gomes sentam-se para conversar sobre sinecuras (e ainda o caso Alexandra Reis & Pedro Nuno Santos), Graça Freitas (e a China também) e eliminação do IVA em Espanha.

    Acesso: LIVRE

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  • Assim começam as conversas onde se promete tudo…

    Assim começam as conversas onde se promete tudo…


    Pedro Almeida Vieira e Luís Gomes sentam-se para conversar e desconversar sobre temas de Economia, Política, Sociedade e o que mais aparecer. Promete-se tudo, incluindo ausência de palavrões… Este é o primeiro episódios, ainda em fase de testes de som…

    Acesso: LIVRE

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  • As contas de merceeiro do Polígrafo em prol da narrativa oficial

    As contas de merceeiro do Polígrafo em prol da narrativa oficial


    Na passada quinta-feira, o fact-checker (verificador de factos) Polígrafo, financiado a mais de 90% pelo Facebook, escrutinou como verdadeira a afirmação do primeiro-ministro António Costa de que “Portugal desde 2015 até 2019 cresceu em média 2,8% ao ano, sete vezes mais do que nos 16 anos anteriores“.

    Alcandorados a verdade oficial pelas redes sociais, os fact-checkers têm especiais responsabilidades, e, nessa medida, deviam munir-se de maiores talentos do que um simples lápis atrás da orelha e um papel pardo de embrulhar bacalhau, como antes faziam os merceeiros.

    No Polígrafo munem-se, para um caso desta natureza, de um licenciado em Jornalismo (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra), pós-graduado em Direitos Humanos (Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra) e mestrando em Ciência Política e Relações Internacionais (Universidade Católica Portuguesa). E ainda de uma licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra e pós-graduada em Direito da Comunicação na mesma institução.

    Podia bastar, mas não basta…

    Vemo-nos, por isso, obrigados a escrutinar, primeiro, os jornalistas do Polígrafo, para a seguir determinar se António Costa disse mesmo a verdade, ou se manipulou a estatística para tornar factos numéricos numa realidade virtual que é falsa na essência.  

    Para começar, os jornalistas Gustavo Sampaio e Marina Ferreira começam mal a mostrar os seus dotes de análise. Informam eles que no período em análise o crescimento em cada ano foi o seguinte: “+2,02% em 2016, +3,51% em 2017, +2,85% em 2018 e +2,68% em 2019”, rapidamente concluem: “Média de 2,76%, percentagem muito próxima da que foi indicada por Costa no debate de ontem na Assembleia da República.

    António Costa, primeiro-ministro de Portugal.

    Chumbados logo no primeiro teste. Os estimados jornalistas do Polígrafo deveriam saber que não se aplica uma média aritmética às taxas de crescimento anuais para um dado período, mas sim deve-se calcular o crescimento acumulado, e seguidamente anualizar.

    Como somos pela pedagogia, aqui estão os passos a seguir:

    • em primeiro lugar, calcula-se o crescimento acumulado do período: (1+0,0202) × (1+0,0351) × (1+0,0285) × (1+0,0268) – 1= 11,52%;
    • em segundo lugar, calcula-se a taxa de crescimento composta anualizada para o período: (1+0,1152)0,25-1= 2,764%.
    person using black computer keyboard

    Seguidamente, os jornalistas do Polígrafo partem para a análise dos 16 anos anteriores ao período em causa: “Relativamente aos 16 anos anteriores, como disse Costa, apontando para o período entre 2000 e 2015, verifica-se um crescimento acumulado de 7,15%, o que perfaz uma média de cerca de 0,44%”, escrevem.

    Aqui, para além de voltarem a insistir no erro da média aritmética, que deveria ter sido 0,4469%, em lugar de 0,44% – provavelmente para ajudar o primeiro-ministro –, enganam-se até a definir o período em análise, que deveria ter sido entre 1999 e 2015, e não entre 2000 e 2015 – pois apenas temos 15 períodos, e não 16.

    Eis o cálculo correcto, usando dados do Pordata:

    • em primeiro lugar, calcular o crescimento acumulado do período: (1+3,82%) × (1+1,94%) × (1+0,77%) × (1-0,93%) × (1+1,79%) × (1+0,78%) × (1+1,63%) × (1+2,51%) × (1+0,32%) × (1+0,32%) × (1-3,12%) × (1+1,74%) × (1-1,7%) × (1- 4,06%) × (1-0,92%) × (1+0,79%) × (1+1,79%) -1 = 7,04%;
    • em segundo lugar, calcular a taxa de crescimento composta anualizada para o período entre 1999 e 2015: (1+0,0704)(1/16)-1= 0,426%.

    Em resumo, na comparação entre os dois períodos, ocorreu um crescimento 6,5 vezes superior e não de 7 (2,764% vs. 0,426%), tal como afirmou António Costa.

    Mas, pronto, admitamos que um fact-checker não tenha de ser muito rigoroso, e que a sorte até o tenha bafejado desta vez, dado que o valor da simples taxa aritmética é “quase igual” à taxa de crescimento acumulado anual composta – que notem, não integra a palavra média. Aliás, o valor é “quase igual” exactamente porque não houve grande oscilações na Economia, o que é sobretudo um sinal de estagnação.

    Utilizemos outro exemplo do erro do Polígrafo em usar a média (aritmética) em Economia. Se houver um decréscimo de 10% num ano, seguido de um crescimento de 11%, a média aritmética daria 0,5% por ano, mas a taxa de crescimento anual composta (e bem real) seria negativa em 0,25031%.

    Mas além de tudo isto, um jornalista – e ainda mais um fact-checker – deve sempre questionar o uso das estatísticas que os governantes lhes vendem: por essa razão, no passado, muitos os definiram como o Quarto Poder.

    Vejamos então aquilo que está em causa com os números apresentados pelo primeiro-ministro, sobre os quais o Polígrafo mostrou incapacidade de análise crítica, o que pelo menos recomendaria que estivessem quietos.

    green plant on brown round coins

    Olhemos então o “problema” de outra forma:

    • O crescimento nominal do PIB entre 2015 e 2019 foi de 19,29%, segundo o Eurostat. Ou seja, comparando o PIB a preços correntes, temos 214.374,6 milhões de Euros em 2019 vs. 179.713,2 milhões de Euros em 2015;
    • Seguidamente, apliquemos o deflator do PIB, usado pelo Banco de Portugal, para o período entre 2015 e 2019:  (1+3,3%) × (1+2,4%) × (1+3,4%) × (1+4,2%) -1 = 13,97%
    • Depois, calculemos o crescimento real entre 2015 e 2019: (1+19,29%) ÷ (1+13,97%) -1 = 4,67%;
    • No final, a taxa de crescimento anual composta para o período entre 2015 e 2019: 1,15%;
    • Se aplicarmos o mesmo raciocino para o período entre 1999 e 2015, temos: (i) um crescimento nominal de 50,26% (179.713,2 milhões de Euros vs. 119.603,3 milhões de Euros) e um deflator do período de 26,68%; o que resultaria no crescimento anual composto de 1,07% ao ano.

    Em conclusão, em lugar de 6,5 vezes, já só é um ritmo de crescimento de 1,1 vezes, deitando por terra toda a exuberância do crescimento económico da Geringonça.

    timelapse photo of train

    Afinal, o ritmo de crescimento é de 10% e não de 550%.

    Seria a mesma coisa que nos dizerem que a partir de 100 euros passávamos a ter 650 euros, quando a realidade nos mostrava que só passámos a ter 110 euros. Isto é, a diferença de 540 euros são uma miragem.

    Noutra analogia, é a mesma coisa que Costa dizer-nos que andou a 700 quilómetros por hora quando os outros andavam a 100 – e a verdade mostra-nos que ele andou apenas a 110 quando antes andaram a 100. E enquanto isto, o Polígrafo diz-nos ser verdade que Costa andou mesmo a 700 quilómetros.

    O diabo está nos detalhes. E o Polígrafo vai com eles.

  • Vacinas covid-19: um negócio da China visto pela bolsa de (falta de) valores

    Vacinas covid-19: um negócio da China visto pela bolsa de (falta de) valores


    Diz-se que a expressão “Negócio da China” surgiu a partir das viagens do famoso explorador italiano Marco Polo ao Oriente, durante o século XIII. Com as descobertas portuguesas, em particular no século XVI, após a descoberta da Rota do Cabo, o Oriente tornou-se mesmo um grande “Negócio da China”, atendendo às oportunidades de negócio altamente lucrativas, tão bem descritas no livro “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto.

    Para as principais farmacêuticas, em particular as que se dedicaram ao desenvolvimento de vacinas covid-19, os dois últimos anos foram um grande “Negócio da China”. Tudo começou com chineses a cair redondos no chão, acompanhados de gente vestida com indumentária Chernobyl – que se tornou muito popular na imprensa desde então –; depois, foram filas de camiões militares carregados de caixões no norte de Itália. O terror estava instalado. Entretanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) informava-nos da existência de uma “pandemia”: circulava um vírus chinês!

    Num ambiente crescentemente plangente e distópico, encerraram-nos em casa e impeliu-se a falência compulsiva de milhões de pequenos negócios. Ao mesmo tempo, surgia um teste para detectar o vírus chinês: o famoso PCR – o teste que, no final de 2020, até teve a sua fiabilidade posta em causa por sentença do Tribunal da Relação de Lisboa. Outras histórias.

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    Nesta pandemia tivemos uma absoluta novidade: antigamente, no caso de vírus respiratórios, bastava os sintomas e o bom senso para sabermos se estávamos doentes. Desde Março de 2020, tudo mudou. Para conhecermos o nosso estado de saúde, os Governos ordenavam que nos testássemos a toda a hora e entrássemos em quarentena apenas porque podíamos estar infectados mas assintomáticos, porque mesmo assim poderíamos infectar. O “poderia” sempre.

    Ao mesmo tempo, através de uma imprensa obnóxia, anunciavam-se milhões de casos positivos, instilando o terror em toda a população. Para os que acusavam positivo: prisão domiciliária sem um mandado judicial; a ordem de um conspícuo funcionário administrativo tornava-se suficiente.

    A degradação da nossa liberdade individual não terminou por aqui: obrigaram-nos a usar uma máscara em praticamente todos os lugares – sem uma cabal evidência científica que suportasse o seu uso universal –, que se designou pomposamente por equipamento de protecção individual (EPI).

    Mascarados, passámos a desconfiar uns dos outros; na nossa mente, quando olhávamos o próximo, dávamo-nos conta da existência de uma “pavorosa pandemia”. Mesmo nas ruas, livres e arejadas. O fim do Mundo aproximava-se!

    Apenas uma vacina podia salvar a Humanidade, garantiam-nos, apesar de há décadas não existir qualquer vacina suficientemente eficaz para doenças causadas por vírus respiratórios.

    Porém, no Novo Normal, numa questão de meses, enquanto tratamentos alternativos eram ocultados, apareceram diversas vacinas contra a covid-19, usando em diversos casos tecnologia inédita para seres humanos, e muitas dezenas de projectos, alguns de multinacionais farmacêuticas, ficaram pelo caminho. Designaram esta corrida contra o tempo por Warp Speed.

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    Em Abril de 2020, na Alemanha, a BioNTech, uma participada da Pfizer, realizou o primeiro ensaio clínico de uma vacina Covid-19, com tecnologia experimental mRNA. Apenas oito meses depois, no dia 2 de Dezembro, o Reino Unido, o primeiro país, autorizou a vacinação Covid-19 à sua população. Seguir-se-iam vários países, com destaque para os Estados Unidos, que emitiu a autorização de uso de emergência no dia 11 de Dezembro.

    Em resumo, em apenas oito meses, as farmacêuticas recebiam uma autorização de uso de emergência que as escudava de qualquer acção judicial e do pagamento de indemnizações, atendendo que não existiam quaisquer tratamentos alternativos certificados pelas autoridades – por essa razão, a ivermectina, por exemplo, foi um dos fármacos vilipendiados pela maioria da imprensa e autoridades de saúde. Ao contrário, outros, como o remdesivir, comercializado pela Gilead, foram “acarinhados” e comprados por muitos países, como Portugal, apenas dias antes de a OMS recomendar que não fossem usados em doentes-covid.

    A rapidez da aprovação das vacinas em contexto de emergência, mesmo para grupos etários onde claramente a covid-19 não constituía um perigo em pessoas saudáveis (e.g. crianças e adolescentes) manteve-se para todas as vacinas. Os Estados Unidos estão tão obcecados que se aprestam para vacinar até bebés.

    Mas vejamos como correu a “vida”, a partir de 2020, para as principais farmacêuticas, em particular para as envolvidas no desenvolvimento de vacinas covid-19, quer entre as comercializadas (e mais conhecidas) quer mesmo entre aquelas que ainda agora “nasceram” ou ainda se encontram em fase de ensaios clínicos.

    Podemos destacar, desde já, a Novavax, cuja vacina usa uma réplica da proteína S, sintetizada artificialmente do vírus, e que foi apenas aprovada na União Europeia em Dezembro do ano passado. Esta empresa norte-americana viu a cotação das suas acções em bolsa subir 2.450%! De 3,98 USD por acção para 111,51 USD por acção, num espaço de apenas um ano. Um investimento de 100 USD no final de 2019 valeria 2.550 USD no final de 2020.

    A Vaxart também subiu 1.386%, fruto do desenvolvimento de uma vacina oral para a Covid-19, ainda em fase de ensaios clínicos.

    Em particular nestas duas farmacêuticas, estas valorizações, ainda antes da sua comercialização, mostram o carácter especulativo em torno das vacinas, e que se estendeu às farmacêuticas mais conhecidas.

    Com efeito, a Moderna e BioNTech também participaram da festa: em 2020, a cotação das suas acções subiu 386% e 119%, respectivamente; tudo impulsionado por dinheiros públicos, na sua maioria provenientes da impressora de Bancos Centrais.

    Tudo isto foi muito estranho, atendendo que o desenvolvimento de uma vacina é um processo que demora entre cinco e 10 anos, segundo a insuspeita universidade John Hopkins, que taxativamente escreve o seguinte: “Um cronograma típico do desenvolvimento de uma vacina leva cinco a 10 anos, e às vezes mais para avaliar se a vacina é segura e eficaz em ensaios clínicos, concluir os processos de aprovação regulatórios e fabricar a quantidade suficiente de doses da vacina para ampla distribuição.”

    Isto era a Ciência antes de 2019: para certificar uma vacina como segura e eficaz, uma série de testes de longo prazo eram obrigatoriamente realizados. Este processo envolvia ensaios clínicos que abrangiam várias fases e estudos observacionais, envolvendo um grande número de indivíduos ao longo de períodos de tempo medidos em anos. Apenas 2% das vacinas propostas para aprovação superavam todos os testes. Hoje, nada disso acontece: as vacinas são consideradas seguras e eficazes ao final de oito meses.

    Anteriormente a 2020, mesmo após a aprovação formal, as vacinas continuavam debaixo de um escrutínio rigoroso, podendo inclusive serem retiradas do mercado, no caso do aparecimento de efeitos adversos, como foi o caso de diversas vacinas, como as contra os rotavírus e a doença de Lyme, entre outras.

    Com um processo de duvidosa credibilidade, entre o final de 2020 e Fevereiro de 2022, mais de 60% da população foi vacinada com injecções com aprovações em circunstâncias especiais, nunca antes assim concedidas. Com o negócio de vento em popa, 2021 foi novamente fantástico: Por exemplo, as cotações da BioNTech, Dynavax e Moderna subiram 243%, 243% e 164% respectivamente.

    Atentemos agora à evolução da capitalização bolsista destas empresas. Podemos observar que em 2020 e 2021 apenas 15 farmacêuticas registaram uma subida da sua capitalização bolsista superior a 300 mil milhões de Euros, 50% mais que o PIB português e cerca de seis vezes a capitalização bolsista de todas as empresas cotadas em bolsas nacionais.

    Destaque para a Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson, que viram o seu valor em bolsa subir 99, 85 e 55 mil milhões de euros respectivamente.

    Em resumo: isto foi um opíparo banquete, servido pelos contribuintes da maioria dos estados ocidentais às farmacêuticas.

    Podíamos ainda aqui referir o fiasco da imunidade de grupo, que inicialmente, mas nunca alcançado, porque nenhuma vacina conseguiu eliminar a capacidade de a pessoa que a toma em transmitir a doença ou de ser infectada por outra pessoa, mesmo se vacinada.

    Podíamos ainda salientar os efeitos adversos das vacinas contra a covid-19, em dimensão nunca antes vista em outras, como se pode confirmar facilmente no OpenVAERS, e que deveria levar à aplicação dos princípios da prevenção e da análise de benefício-risco-incerteza.

    Ou poderíamos ainda destacar que a mortalidade atribuída à covid-19 durante o Verão de 2021, já com grande parte da população vulnerável vacinada, foi superior à contabilizada no Verão de 2020, ainda sem as vacinas.

    Ou poderíamos também acrescentar o efeito da Ómicron, uma variante mais transmissível, mesmo ou sobretudo entre os vacinados, mas com menor letalidade, pelo que a descida da mortalidade neste Inverno terá sido mais devido à singularidade da nova variante (menor agressividade por afectar sobretudo as vias respiratórias superiores) do que às vacinas.

    Mas depois de se ouvir aquilo que o “insuspeito” Bill Gates disse anteontem numa conferência na Munich Security Conference, está tudo dito.

    Atente-se às suas palavras, textuais: “Infelizmente, o próprio vírus, particularmente a variante chamada Ómicron, é um tipo de vacina. Ou seja, cria imunidade de células B e células T. E fez um trabalho melhor em chegar à população mundial do que as vacinas. Se pesquisar nos países africanos, algo como 80% das pessoas foram expostas à vacina ou a várias variantes. Isso significa que risco de doença grave, que está principalmente relacionada com a idade, obesidade ou diabetes, agora é drasticamente reduzido por causa da exposição à infecção. É triste, não fizemos um bom trabalho na terapêutica. Só daqui a dois anos teremos uma boa terapêutica. As vacinas levaram-nos dois anos para chegar ao excesso de oferta. Hoje há mais vacinas do que procura por vacinas. E isso não era verdade. Na próxima vez, em vez de dois anos, deveríamos tentar fazê-las em seis meses. Certamente, algumas das plataformas padronizadas, incluindo mRNA, nos permitiriam fazer isso. Levámos muito mais tempo desta vez do que deveríamos“.

    Nada acontece por acaso no mercado bolsista.

    E, por isso, não por acaso – e Bill Gates não será a única pessoa com bons conhecimentos antecipados –, desde o início de 2022 o mercado de capitais das farmacêuticas associadas à pandemia está a dar fortes sinais de que este processo de vacinação foi um absoluto desastre. Na verdade, que toda a estratégia política de gestão da pandemia foi um desastre absoluto.

    As quedas nas cotações das acções em bolsa da quase generalidade das farmacêuticas associadas às vacinas são disso prova. Podemos observar as quedas vertiginosas que se registam já no presente ano – até ao final da sessão de 17 de Fevereiro – da Moderna, Novavax e BioNTech: 43%, 42% e 39% respectivamente.

    Note-se que, por exemplo, uma empresa que suba 100% e depois tenha uma queda de 50%, volta à casa da partida, portanto atente-se à dimensão das quedas, em prazo tão curto.

    O descalabro tem sido de tal ordem, que o CEO da Moderna, Stéphane Bancel, vendeu há dias 10 mil acções na sua posse, por um valor equivalente a 1,6 milhões de euros. Trata-se do clássico rato a abandonar barco em pleno naufrágio; mas, neste caso, o flibusteiro transporta o tesouro consigo. O que mais se poderia chamar a este saque?

    Veremos os próximos tempos, os próximos episódios.

    Se ninguém da Justiça intervir, haverá, por certo, muitos mais que entraram bem no negócio, e que agora não querem sair mal na fotografia.

    Gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário