Autor: Ana Luísa Pereira

  • Da Índia, com muita cor e outros sentidos

    Da Índia, com muita cor e outros sentidos

    Título

    A tatuadora de Jaipur

    Autora

    ALKA JOSHI (tradução: Raquel Dutra Lopes)

    Editora (Edição)

    Edições ASA (Fevereiro de 2022)

    Cotação

    18/20

    Recensão

    Nascida no Estado indiano do Rajastão, Alka Joshi vive nos Estados Unidos desde os nove anos de idade. Criou e dirigiu a sua própria empresa de publicidade, durante mais de 30 anos. Já com o bacharelato na Universidade de Stanford, Alka decidiu realizar então um mestrado em Belas Artes na Universidade da Califórnia, em escrita criativa, aos 51 anos. O incentivo dos professores encorajou-a então a ir além dos anúncios publicitários.

    E foi aos 62 anos que se sentiu autora a sério, ao lançar o seu romance de estreia, A tatuadora de Jaipur, que rapidamente se tornou num campeão de vendas nas listas do New York Times. Integrou também a lista do Reese Witherspoon Book Club e foi ainda seleccionado pelo The Center for Fiction para o prémio Primeiro Romance. Neste momento, o romance está a ser adaptado para uma série de televisão.

    Está já disponível o segundo volume – intitulado The secret keeper of Jaipur, publicado originalmente no ano passado – numa obra que constituirá uma trilogia, porque a autora anunciou, entretanto, que vem a caminho um terceiro volume. Excelentes notícias para quem já leu e apreciou A tatuadora de Jaipur.

    Foi o meu caso. Para quem aprecia ficção, este romance é o tipo de obra que se começa e, simplesmente, não se consegue parar até chegar à última página – a hesitação está apenas na vontade em adiar o fim.

    A história da personagem principal, Lakshmi, é baseada na vida da mãe da autora, uma forma de homenagem a tantas mulheres que continuam a viver condicionadas pela tradição dos casamentos combinados. E também limitadas à sua casta de origem.

    Alka Joshi enleva o leitor numa viagem: a vida de Lakshmi, uma jovem de 17 anos que fugiu de um casamento forçado, da pobreza miserável e da tradição arreigada, cuja inevitabilidade só com muito trabalho, coragem e mesmo sofrimento, e até humilhações, se quebrou.

    A fuga é, então, à violência doméstica e à falta de futuro. Recorrendo aos ensinamentos da sogra, da arte herbal, Lakshmi alia o seu talento para a pintura: aprende a arte da tatuagem de henna, para assim sobreviver à pobreza a que milhões de indianos estão subjugados.

    A descrição dos cheiros, sabores, cores e texturas é de tal modo vívida que o leitor quase sente a pele das senhoras que Lakshmi tatua. Das cortesãs, Lakshmi dá um salto e consegue alcançar as senhoras da elite, e palacianas, a quem faz as pinturas de henna, seja para chamar a boa sorte, seja para seduzir os maridos, seja para uma qualquer cerimónia ou festa das castas mais altas.

    Foi através desta arte, e do respetivo trabalho árduo em agradar às senhoras que tatua, que a personagem conseguiu poupar o suficiente para, também ela, conseguir construir a sua casa – à base de materiais quase tão ricos quanto os das suas clientes. Mas o passado está ao virar da esquina. A chegada do ex-marido, e a descoberta de uma irmã mais nova, põe um travão à sua ambição e colocam em causa treze anos de trabalho duro.

    A história de Lakshmi cativa-nos imensamente, não apenas pelo enredo, mas sobretudo pelo contexto sócio-histórico que a autora tão bem descreve. Estamos na Índia da pós-independência da coroa britânica, na década de 1950, onde a luta dos mais pobres é a da sobrevivência, enquanto a dos mais ricos é a do aumento do poder.

    A luta é, e continua a ser (ainda hoje), a das mulheres. Em muitos casos, a sua independência ainda tem como resultado a ostracização. Na procura da liberdade, assistimos ao dilema em escolher entre a tradição e a modernidade – quase sempre incompatíveis. Este romance é, em certa medida, um retrato fascinante dessas lutas, contradições num cenário tão exótico quanto cruel.

    Num ou noutro momento pressentimos uma escritora ingénua, que sente necessidade de justificar opções e comportamentos das personagens. Mas à medida que avançamos na história, esquecemos esse pormenor. E, no final, já só ansiamos pela tradução do segundo volume e pela publicação do terceiro desta trilogia, que tem tudo para se tornar num fenómeno global.

  • Uma ode à Sétima Arte

    Uma ode à Sétima Arte

    Título

    O Sr. Wilder & eu

    Autor

    JONATHAN COE (tradução: Rui Pires Cabral)

    Editora (Edição)

    Porto Editora (Março de 2022)

    Cotação

    18/20

    Recensão

    Jonathan Coe nasceu em 1961, nos subúrbios de Birmingham. A sua primeira história conhecida foi escrita aos oito anos de idade: essas primeiras páginas surgem no seu quarto romance, What a Carve Up! – aquele que o faria chegar a um público mais vasto e internacional: foi traduzido para 16 línguas.

    Com vários livros publicados, a sua obra já recebeu diversos prémios e distinções, incluindo o Prémio Literário Costa e o Prix du Livre Européen, com o livro O coração de Inglaterra; em França ganhou o Prix Médicis, pelo livro “A Casa do Sono”, tendo sido nomeado Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras. Em Itália ganhou o Prémio Flaiano e o Prémio Bauer-Ca’ Foscari.

    Razões de sobra, assim, para ser considerado um dos autores contemporâneos mais aclamados, criando-se, também por isso, algumas expectativas quando se começa a leitura do romance, O Sr. Wilder & Eu. E não serão, certamente, goradas.

    O romance começa com as memórias de Calista Frangopoulos, uma compositora grega de bandas sonoras, que, aos 57 anos, vive uma crise familiar e profissional, que a faz regressar ao passado, dando-nos, assim, a conhecer o grande realizador Billy Wilder.

    As suas recordações transportam-na para uma viagem no início da sua juventude, nos Estados Unidos, durante a qual conhece outra jovem, cujo pai é amigo de longa data de Billy Wilder. O mote para um jantar com o realizador e o seu companheiro de sempre, I.A.L. Diamond, e as respetivas mulheres.

    O glamour do cinema de Hollywood entra, assim, por acaso na vida da jovem grega, que, passado algum tempo, é contactada por Diamond para ser integrada, como intérprete, na equipa das filmagens de Os Segredos de Fedora, numa ilha grega.

    Curiosamente, a entrada da jovem Calista, na sétima arte, coincide com a tomada de consciência do fim de carreira de Billy Wilder. Na verdade, o filme em realização é, precisamente, uma metáfora a este crepúsculo, recorrendo a um dos géneros do próprio Wilder, ou seja, a cenas cómicas, como que para tornar a velhice mais leve.

    Através dos olhos de uma jovem deslumbrada, somos encaminhados para a intimidade do processo de realização; mais do que isso, para a intimidade de um dos realizadores mais proeminentes de Hollywood. “Escutamos” as histórias de vida de Wilder, contadas pelo próprio, denotando-se uma nostalgia do passado, enquanto forma de adiar o inevitável.

    A busca incessante de Wilder pela sua família, que terá sido incinerada viva nos campos de concentração nazis – uma das cenas mais fortes do livro é mesmo a descrição de Wilder em forma de argumento, aquando da sua viagem de regresso à Europa, para realizar um documentário sobre os campos de concentração.

    Esta história memorável é a resposta a uma das personagens que pretende negar que tenham morrido assim tantos judeus – a negação do holocausto que viria dar origem ao termo “negacionista”, actualmente tão em voga.

    O romance interliga várias histórias. A de Calista, que além de encantada com o cinema, vive o seu primeiro amor – e, de imediato, a sua desilusão: a vida ela própria, sem a encenação que o cinema e outros meios constroem à volta do amor.

    A da amizade de Calista com Wilder e Diamond, numa celebração à amizade intergeracional e reconhecimento da experiência e sabedoria dos mais velhos. Estes, a quem o envelhecimento faz relegar o estatuto de melhores do panorama de Hollywood para o declínio e esquecimento.

    Como lidar com o envelhecimento e com a percepção de que mais cedo do que mais tarde se será substituído pelos mais jovens: pelos barbudos, entre os quais Steven Spielberg que, neste enredo, acaba de facturar milhões de dólares com a estreia d’O tubarão.

    O romance é, também por isso, uma ode ao cinema enquanto Arte – ultrapassando a experiência de entretenimento. Essa é, aliás, uma das questões que perpassa toda a obra – revelando-se, em alguns momentos, uma nuance de ensaio sobre o fim do cinema clássico de Hollywood e sobre o papel do cinema enquanto arte interventiva.

    Ler este romance impele o leitor a revisitar a obra de Billy Wilder – como não encontrámos Os segredos de Fedora (o filme a ser dirigido neste romance), estivemos a ver a comédia Beija-me, estúpido. Isto, para dizer que as únicas interrupções justificadas são essas, as de relembrar os filmes e os actores em cena neste romance, que está próximo da classificação de obra-prima.

    Coibimo-nos de a conferir pelo modo como o autor resolve uma ou outra situação da personagem Calista Frangopoulos, cujo dilema da vida pessoal é claramente um pretexto, nem sempre bem conseguido, para nos enlevar com gentileza pela história de um dos realizadores mais extraordinários da sua época, Billy Wilder.

  • Da sociedade pandémica portuguesa – uma sátira

    Da sociedade pandémica portuguesa – uma sátira

    Título

    A despedida de Ulisses

    Autor

    FRANCISCO MOITA FLORES

    Editora (Edição)

    Casa das Letras (Março de 2022)

    Cotação

    16/20

    Recensão

    Nascido em Moura, em 1952, o escritor Francisco Moita Flores é conhecido por ter sido presidente da autarquia de Santarém (2005-2012), e colaborador em vários periódicos e televisão, comentando política nacional e temas sociais. Mas grande parte da sua vida passou pela Polícia Judiciária, embora tenha cursado História.

    Todas estas experiências lhe terão dado um repertório interminável para a ficção. São já vários os seus romances que resultaram em séries televisas e cinema, nomeadamente Os polícias, A raia dos medos, Alves dos Reis, O processo dos Távoras e A Ferreirinha.

    A despedida de Ulisses, a sua mais recente obra, mais do que um romance poderá ser entendido como uma descrição da vida portuguesa durante os primeiros meses da pandemia, causada pelo SARS-CoV-2. A crueza e o realismo custam a digerir, fazendo-nos questionar: mas não é suposto que a literatura nos transporte para outros lugares, outras paisagens, outras vidas?

    O truque de Moita Flores é, neste aspecto, brilhante. A viagem é a de um Ulisses, entre o passado ressentido – pela miséria que o obrigou a deixar os estudos durante a ditadura – e o futuro por que anseia viver com a reforma à vista. Um futuro, espera ele, inteiramente dedicado à sua paixão: a pintura.

    A pandemia, com o primeiro estado de emergência, é um boicote à sua reforma, que de idílica pouco tem. É aqui que entra a mestria de Moita Flores, que intercala os acontecimentos do “estado pandémico da nação” com as viagens interiores de Ulisses.

    A arte foi, é – e a nossa esperança é que continue a ser – o reduto da beleza, o lugar para resgatar a nossa Humanidade.

    Entre as discussões sobre onde comprar papel higiénico ou latas de atum, os pretextos para sair, como comprar brócolos, e a chegada pomposa dos ventiladores, que afinal não se sabe por onde andam os restantes trezentos e tal, Moita Flores enleva-nos com a descrição do Louvre e das sensações e emoções estéticas causadas pela contemplação d’A Origem do Mundo, de Gustave Courbet, ou a Morte da Virgem, de Caravaggio, entre muitos outros. É como se a intenção do autor fosse a de nos permitir uma pausa entre a estupidez e a miserabilidade humanas e a criação e a arte grandiosas, também humanas.

    Este é um romance que nos leva do extremo da mediocridade política portuguesa até à criatividade, bondade, dedicação e beleza que sobrevivem, em potencial, em cada um de nós. Assim nos desliguemos da televisão, das notícias, das redes sociais…

    Eis aqui um romance que perpassa, sob a forma de sátira, por algumas temáticas contemporâneas, ajudando a desconstruir e a compreender a propaganda mediática a que estamos sujeitos.

    É a quantidade de temas e a sua superficialidade, juntamente com alguns lugares-comuns, que nos inibe a uma nota mais alta. Note-se, porém, que o que Moita Flores aborda é o suficiente para que os mais atentos se revejam nas discussões pobres, que a cada momento chegam como que em vagas, para distrair e entreter os que por elas se deixam assoberbar.

    A lucidez é a da personagem principal, Ulisses, que “contracena” com a sua mulher, Florência – um triste retrato de parte da população portuguesa, cuja comicidade só não é maior pela trágica semelhança com a realidade.

  • Uma arca de vidas sem chão

    Uma arca de vidas sem chão

    Título

    A arca

    Autora

    MONICA WOOD (tradução de Maria Dias Correia)

    Editora (Edição)

    Edições ASA (Fevereiro de 2022)

    Cotação

    19/20

    Recensão

    A norte-americana Monica Wood já recebeu vários prémios, entre os quais dois pela sua contribuição para as humanidades e artes literárias: o Maine Writers & Publishers Alliance
    Distinguished Achievement Award (2018) e o Maine Humanities Council Carlson Prize (2019), respectivamente.

    Das suas muitas obras – apenas uma tinha sido antes publicada em Portugal, Um rapaz muito especial (2016),pela TopSeller – , esta é a sua favorita, de tal modo que se rendeu à republicação do original de 2002, com a integração de mais um capítulo em 2020: Não chores bebé, que constitui uma das nove histórias brilhantemente entretecidas desta edição melhorada.

    O pano de fundo deste romance é uma greve laboral de vários meses numa fábrica de papel da localidade de Abbout Falls, no Estado do Maine.

    Ao longo de 200 páginas, escutamos várias vozes sobre a greve, e outras histórias e vidas, todas interligadas de uma ou outra forma. Em cada personagem, a sua história, com maior ou menor (ou pouco) ênfase na greve, mas quase todas com alguma repercussão na sua vida decorrente dessa greve na fábrica de papel.

    O ponto de partida é a construção de uma arca como um projecto de arte, e cujo objectivo é dar mais vida a uma vida que está no fim e mais sentido a outra que perde o seu propósito.

    Em cada capítulo, um sofrimento, uma mágoa distinta, uma tentativa para encontrar uma qualquer espécie de felicidade, de preferência com o sentimento de se ser útil ou, pelo menos, importante para alguém. Várias são as histórias de vida de trabalho sem salários, casamento, divórcios, fugas e ausências.

    Este é, assim, um romance que convida à reflexão sobre os laços familiares que se perderam, que se querem recuperar ou sem esperança de serem reatados. O termo de comparação para algumas personagens é o casamento dos progenitores, sendo esta filiação uma rede sem chão, sem o apoio que se esperaria dos pais.

    Em cada personagem, em cada vida, uma perspectiva sobre o acontecimento que perpassa as vidas de todos: a greve na fábrica que é a vida de quase todos os residentes de Abbout Falls, no Maine.

    O romance aborda as condições de trabalho, o papel dos sindicatos, o trabalho enquanto condição (nem sempre) humana e a família. Uma outra versão de uma pastoral americana, sem o esplendor do sonho que deixou há muito de ser concretizado pela maioria.

    Além dos valores da família e do trabalho, o da solidariedade, que, a propósito da greve, se percebe que afinal “não é um chão, é uma escada. E as pessoas acabam em degraus diferentes”.

    Sem dúvida, uma leitura a não perder, para quem aprecia uma escrita envolvente e cativante sobre as vidas de personagens (quase) reais, com receios e angústias autênticos, em que o leitor se sentirá impelido a continuar até à última página. 

  • A construção e edificação da raça ariana

    A construção e edificação da raça ariana

    Título

    O delírio nazi: os académicos de Himmler e o Holocausto

    Autora

    HEATHER PRINGLE (tradução: Isabel Pedrome)

    Editora

    Casa das Letras (Fevereiro de 2022)

    Cotação

    18/20

    Recensão

    Heather Pringle, jornalista e escritora canadiana é uma conceituada autora, com várias obras publicadas, entre as quais se destacam The mummy congress e In the search of ancient North America. Também é editora emérita da revista de divulgação científica Hakai, e publicou vários artigos na National Geographic, para a qual trabalhou vários anos coimo freelancer

    Antes de se dedicar à escrita, Heather Pringle foi investigadora num museu e trabalhou como editora. A sua formação e gosto pela arqueologia tem sido o mote para as suas pesquisas pelos meandros da História e dos mortos.

    Vencedora de dois prémios de jornalismo científico, Heather também ganhou o prémio de não-ficção Hubert Evans com a obra, agora, publicada pela Casa das Letras, e já traduzida para sete idiomas.

    Começando com a vida e ambição de Heinrich Himmler – o segundo homem mais poderoso da Alemanha nazi –, a autora descreve as fases e respectivos intervenientes do processo de edificação do Instituto Ahnenerbe. O grande objectivo desta instituição era demonstrar a existência e a origem de uma raça humana mais digna de admiração, e até de submissão.

    Todas as pessoas, directa ou indirectamente, associadas ao Instituto foram escrupulosamente pesquisadas e documentadas. Através desta investigação minuciosa, a autora constrói uma linha condutora de todo o processo inerente às pesquisas desta instituição que, no final, terão contribuído para alcançar aquilo que Himmler mais desejava: demonstrar a existência de uma raça superior.

    Note-se, porém, que Hitler se opunha a muitos dos empreendimentos de Himmler. Na opinião do primeiro, era conveniente que se ultrapassasse a superstição e misticismo. Foi precisamente, esse, o grande esforço de Himmler, o de encontrar e fundamentar cientificamente a origem e existência de uma raça humana superior: a raça ariana.

    Aquilo que mais impressiona nesta obra é o detalhe e a profundidade. De uma forma meticulosa, Heather Pringle descreve, como quem conta uma história repleta de pormenores articulados, as vidas de cada uma das personagens, a fundação e evolução dos trabalhos do Instituto Ahnenerbe sob a alçada de Heinrich Himmler.

    O controlo do Estado foi visível na ascensão de Himmler e do nazismo, o que se viria a repercutir nas próprias universidades. Na verdade, as SS estenderam os seus tentáculos aos mais diversos sectores da vida alemã, criando aquilo os historiadores viriam a designar de “Estado dentro do Estado”. A Ciência ao serviço do Estado, a Ciência ao serviço do nazismo.

    Himmler planeava “controlar tudo o que seria ensinado nas salas de aula da universidade. Desta forma, as versões nazis da história, da pré-história, da genética e da biologia acabariam por substituir a verdadeira investigação académica” (pp. 138).

    Esta obra de 2006, recentemente traduzida para português e publicada pela Casa da Letras, é, sem dúvida, um convite à reflexão, não apenas sobre o Holocausto, mas igualmente sobre as guerras da contemporaneidade. Em particular, sobre a construção das narrativas que tentam justificar as guerras, pela parte de quem detém o poder.

    Podemos, pois, afirmar ser obra de leitura obrigatória para quem se preocupa com a busca da verdade e pela missão da Ciência. Afinal, porque, para compreender o presente e intervir para um futuro com esperança, é fundamental conhecer e compreender o passado.

    Seremos nós capazes de aprender com a História?